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terça-feira, 30 de setembro de 2014

É o imperialismo neoliberal dos "neocons", estúpido




Montreal (Prensa Latina) Sei que este título não é original, mas não importa. O essencial em um momento crucial para a história humana e a existência do planeta, como é o atual, é nomear as coisas e colocá-las em seu lugar, para que possamos nos guiar em um terreno minado de subversões para derrubar governos progressistas e provocações para lançar guerras. E tudo isto no meio do denso nevoeiro de desinformações e de uma propaganda que quer nos condicionar a ver a Rússia e a outros países como ameaçadores e "inimigos" intratáveis, justificando dessa maneira a ofensiva do imperialismo estadunidense e de seus aliados da OTAN para criar nas relações internacionais um clima de confronto similar ao da Guerra Fria com a (ex) União Soviética. Ou muito pior se incluímos nesta análise as sinistras mensagens que dão os militares, representantes de governos ou "analistas" dos think tanks do complexo militar-financeiro-industrial, insinuando que com os sistemas antimísseis dos Estados Unidos (EUA), uma guerra nuclear contra a Rússia é "ganhável".
O MESSIANISMO DO IMPÉRIO ESTADUNIDENSE

Mas antes, para definir a utopia (que na realidade é uma distopia ou anti-utopia) do império neoliberal, proponho aos leitores hispanos ir ao "pai dos burros" da Real Academia da Língua Espanhola, para consultar as treze palavras que começam pelo prefixo "oni", ou seja tudo em latim. Das treze há quatro que definem em primeiro lugar os atributos ou poderes exclusivos de Deus. O que figura em itálico é a versão do dicionário, o que segue é o que se atribui ou busca realizar o império neoliberal liderado pelos EUA.

Onímodo, dá: que abraça e compreende tudo. Até a chegada do neoliberalismo este era um atributo exclusivo de Deus. Mas como a essência do capitalismo neoliberal é de se universalizar, abarcar absolutamente tudo e não deixar outra alternativa, como dizia Margaret Thatcher, ser omnímodo é o objetivo que o imperialismo neoliberal se fixa ao buscar a dominação global e total.

Onipotência: Poder omnímodo, atributo unicamente de Deus // 2. Poder muito grande. Em sua segunda acepção a onipotência é um poder terrenal muito grande mas não onímodo, motivo pelo qual ficamos com a primeira para definir o objetivo atual do império estadunidense, cujo potencial militar pode apagar a humanidade da face do planeta, porque inclui as armas nucleares e as mais avançadas armas convencionais e não convencionais utilizáveis a partir de mil bases militares localizadas nos EUA e em 130 países estrangeiros.

Este poder é possível pela onipresença militar dos EUA em todas as regiões do mundo, por suas alianças militares coletivas (OTAN, NORAD) e os tratados de defesa bilaterais, como com o Japão, por exemplo. A onipotência é também um poder de vida ou morte, como o que se outorgou ao presidente Barack Obama sobre cidadãos de seu país ou estrangeiros, de poder atuar unilateralmente em qualquer situação: prender e sequestrar em outros países cidadãos estrangeiros para julgá-los nos EUA; reconhecer ou desconhecer referendos e governos (Kosovo sim, Criméia não); bombardear com drones e matar civis, invadir ou bombardear países (Sérvia, Líbia, Síria, Iraque...).

No campo da atividade econômica o império neoliberal busca atingir a onipotência através da aplicação universal da lei estadunidense, seja diretamente (o juiz Thomas Griesa proporciona um bom exemplo com sua decisão sobre os "fundos abutres"), por meio de acordos bilaterais ou multilaterais, e fundamentalmente através das instituições multilaterais que assumem o papel de guardiãs desta ordem.

Onipresença: Presença ao mesmo tempo em todas partes, na realidade condição só de Deus. // 2. Presença intencional de quem gostaria de estar em vários lugares e vai rapidamente aos lugares onde o requerem. Novamente, a segunda acepção é terrenal e insuficiente para definir a ambição divina do império, que efetivamente é "ubícuo" através da sociedade de consumo, dos avanços nas telecomunicações e de seu controle sobre os concentradíssimos meios de difusão. É onipresente porque está em todos os lugares e telas ao mesmo tempo, enganando, desinformando, ou mentindo com sua propaganda. Com seus satélites espiões, o GPS incorporado em telefones celulares, automóveis e demais equipamentos eletrônicos, e através da espionagem eletrônica total, que inclui seus mais fiéis e próximos aliados, o império pode nos observar dia e noite graças à NSA e seus sócios estatais e privados. Novamente, a lista é longa e se alonga.

Onisciência: Conhecimento de todas as coisas reais e possíveis, atributo exclusivo de Deus // 2. Conhecimento de muitas ciências ou matérias. De novo, a primeira acepção é mais apropriada para descrever a ambição imperial de espiar todo mundo para saber tudo sobre suas ideias, seus gostos e suas fraquezas, e roubar os segredos industriais e comerciais, como revelou Edward Snowden. A busca da onisciência tem levado os EUA a uma sociedade "orwelliana", mas serve fundamentalmente para explicar os enormes orçamentos da investigação científica e tecnológica destinada para que o Pentágono sempre disponha de novas e mais poderosas armas que assegure a onipotência do império.

Entre outros aspectos, o atributo divino da onisciência permite manter -graças à obsolescência programada pelas indústrias, cópia terrenal do atributo de Deus que nos fez mortais-, um fluxo constante de (inúteis) mercadorias que, com a aplicação do sacralizado "direito de propriedade intelectual" onipresente nos tratados comerciais, é uma fonte inesgotável para a extração de rendas em benefício dos monopólios, chamem-se Monsanto ou Microsoft.

A UNIPOLARIDADE LHES ESCAPA DAS MÃOS

A criação de uma frente de confronto com a Rússia a partir do golpe de estado na Ucrânia, e a decisão de voltar a intervir unilateralmente na Síria -armando os "rebeldes moderados" que serão os próximos extremistas, como sempre aconteceu-, e bombardear as posições dos extremistas islâmicos que buscam impor o Estado Islâmico ou Califato no Iraque e na Síria, confirma que os EUA está atuando de forma muito perigosa e irracional.

São muitos os observadores bem qualificados em matéria de relações internacionais e dos sistemas mundiais que estão desconcertados diante da ausência total de racionalidade da política imperial.

Não é possível não pensar, como muito bem demarca o sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein, que os EUA "encontra-se em séria decadência. Tudo está indo mal para eles. E no pânico, são como o motorista de um poderoso automóvel que perdeu o controle e não sabe como diminuir a velocidade. De modo que acelera e se encaminha para uma batida importante. O carro gira em todas as direções e patina. É autodestrutivo para o motorista, mas a batida também pode acarretar em um desastre para o resto do mundo".

Efetivamente, como escreve Alexander Reid Ross, "é verdade, ainda que seja muito triste. A segunda Guerra Fria já saiu para a superfície. Os think tanks estão acumulando dados para encontrar a melhor maneira de aniquilar o mundo".

Este cenário é francamente temível, mas realista se recordamos que a dissuasão que impediu que se chegasse à guerra "quente" e ao uso de armas nucleares durante a tensa Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética, foi possível porque as cúpulas políticas e militares de ambos os campos, marcadas pela experiência não longínqua da Segunda Guerra Mundial, atuavam racionalmente e faziam o possível para não tomar decisões com custos inadmissíveis.

Uma dissuasão baseada na doutrina da "destruição mútua" é agora totalmente irreal porque, como se viu, os neoconservadores do Project for the New American Century incubados no Pentágono sob a presidência de George Bush (pai), continuam desde então incorporados nas equipes que controlam a agenda da estratégia política dos EUA, que só pode ser definida como uma irracional (ou messiânica) tentativa de dominar militarmente o mundo, sem importar a que custo, para que o império neoliberal se universalize e a hegemonia seja irreversível.

O plano de hegemonía militar que sustenta a ambição imperial foi bem explicitado no documento Defense Planning Guidance for the 1994-99 do Pentágono, redigido entre 1990 e 1992 - quando a União Soviética estava já derrubada - sob a direção do subsecretário de Defesa Paul Wolfowitz, que seguia as orientações do então Secretário de Defesa, Dick Cheney.

Nesse documento secreto, segundo a matéria que o Washington Post e o New York Times fizeram em 1992, afirma-se que "não é de nosso interesse ou das outras democracias o de retornar a períodos anteriores nos quais múltiplos poderes militares balançavam uns aos outros no que eram as estruturas de segurança, enquanto a paz regional, ou inclusive global, estava em jogo".

Wolfowitz e Cheney destacam nesse documento a necessidade de "uma garantia unilateral de defesa dos EUA" aos países da Europa Central, "preferivelmente em cooperação com os países da OTAN", e contemplando o uso do poder militar dos EUA para "prevenir ou castigar" o uso de armas nucleares, biológicas ou químicas, "inclusive em conflitos que não comprometem diretamente os interesses dos EUA". Essa é atualmente a política de Obama.

A versão original desse documento do Pentágono, segundo a matéria citada, "exclui" que como parte de uma estratégia pós-Guerra Fria se aceite a existência de um "súper-poder rival", e "propugna a perpetuação" de um sistema unipolar "no qual os Estados Unidos atuarão para prevenir a ascensão de qualquer competidor em sua primazia na Europa Ocidental e no Leste da Ásia (focando inclusive) suas energias para conter as aspirações de liderança regional da Alemanha e Japão".

Nesse documento formula-se que "uma consideração dominante e subjacente à nova estratégia de defesa regional é a de que atuemos para prevenir que qualquer poder que nos seja hostil alcance um poder dominante em uma região cujos recursos podem ser suficientes, sob um controle consolidado, para gerar poder global. Essas regiões incluem a Europa Ocidental, Ásia Oriental, o território da ex-União Soviética e o Sudeste da Ásia". Novamente, essa é a política de Obama.

Em uma análise da "grande estratégia pós-Guerra Fria" dos EUA, desde Clinton a Obama (que como vimos foi em realidade marcada pelo dueto Wolfowitz-Cheney), Bastian van Apeldoorn e Naná de Graff retomam a definição de William Appleman Williams (2009) sobre um imperialismo estadunidense orientado a estabelecer uma hegemonia global através da criação de uma ordem mundial liberal de portas abertas ao capital dos EUA.

QUE TEM MUDADO NO MUNDO?

Para ver que o tem mudado no mundo teria que se traçar a história da resistência dos povos até a persistente tentativa do imperialismo de impor em escala mundial as políticas neoliberais, algo impossível neste artigo, ainda que quiçá possamos apontar algumas metas, como as fortes mobilizações em todo mundo para impedir a adoção do Acordo Multilateral sobre Investimentos (AMI) em 1998; as fortes manifestações de protesto em Seattle, EUA em 1999 contra a Organização Mundial do Comércio (OMC); os protestos que marcaram a Cúpulaa das Américas em Quebec, em 2001, onde o presidente Hugo Chávez já via, como me disse quando o entrevistei nessa oportunidade, que o Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA) dependeria não das decisões dos governos "senão da dos congressos, das assembléias, e no caso venezuelano inclusive de um referendo. Estou quase certo que na Venezuela terá que ser realizado um referendo, pelo modelo democrático participativo". Assim que a rejeição a ALCA foi consolidando-se para se consolidar em 2005 graças à nascente unidade latino-americana, que se manifesta na cúpula de Mar del Plata, sob a presidência do presidente argentino Néstor Kirchner.

Se a América latina foi a vanguarda nesta luta, isso foi consequência de que a América do Sul foi a região onde essas políticas de liberalização experimentadas a partir dos anos 60 e 70 - com os golpes de Estado ou os governos das oligarquias entreguistas - desmontaram as políticas de intervenção estatal nas economias, privatizaram as empresas estatais e entregaram nossos países para que as oligarquías locais e estrangeiras "os comessem crus"; com os conhecidos resultados a partir de 80: países desindustrializados, endividados e imersos em graves problemas econômicos e financeiros; com nossas sociedades esmagadas pelo desemprego, pela exclusão social e pela pobreza.

Outra meta importante do "débâcle" imperial foi a grande crise financeira e econômica de 2008-2009, cujas consequências econômicas, financeiras, sociais e políticas ainda persistem. E outra importantíssima é o começo de cristalização das tentativas de integração dos países emergentes - com o BRIC-BRICS (2009-2010), e em nível regional com a criação da União de Nações Sul-americanas (2008), da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) em 2011 e a realização no final de 2013 da primeira cúpula desta organização que exclui os EUA e o Canadá.

No plano político internacional, a credibilidade do supremo império é questionada em 2011 por seus dois principais aliados no Oriente Médio, Israel e Arábia Saudita, os que criticam publicamente Obama por ter permitido a derrubada do presidente egípcio Hosni Mubarak, ao que se soma o resultado final da operação na Líbia para derrocar o presidente Muhammad Kadafi, assassinado após ter sido capturado vivo, ou seja a consequente destruição da sociedade e infraestrutura desse país e a explosão de guerras que desde então as "democráticas" facções dos extremistas islâmicos livram.

Segue-lhe o fracasso, em 2013, da operação militar para derrubar o presidente sírio Bashar al Assad.

Isto foi sinal da impossibilidade de seguir forçando a criação dessa hegemonia: em 30 de agosto de 2013 o Parlamento britânico se negou a permitir que o governo conservador participasse no bombardeio da Síria, e poucos dias depois, na cúpula do G20 de São Petersburgo, o anfitrião russo Vladimir Putin, apoiado pela China e outros países do G20, propõe nesse fórum de temas econômicos que uma solução militar à crise na Síria não é aceitável. Forçado pelas iniciativas da Rússia e da Síria, Obama se vê levado a optar pela negociação, reconhecendo de fato que o mundo unipolar já não funcionava.

O sentimento de que a unipolaridade havia se volatilizado foi se reforçando no começo de 2014 pela consolidação do processo de formação de blocos regionais na Eurásia e na América latina e no Caribe, com políticas que incluem a participação dos Estados no planejamento econômico, na condução das políticas monetárias e creditícias, para se independizarem da hegemonia neoliberal.

Nesse marco há que localizar as exitosas visitas dos presidentes da Rússia e da China por países da América Latina - que deram lugar à assinatura de importantes acordos econômicos, comerciais e de investimento -, e de suas conversas com a CELAC e Unasul no marco da reunião dos países do BRICS no Brasil,

UM SETEMBRO DEMOLIDOR PARA O IMPÉRIO NEOLIBERAL?

Outro capítulo importante da crise do sistema unipolar, que pode chegar a sacudir o "estado de direito" neoliberal, é a substituição desse "estado de direito" baseado na aplicação da lei estadunidense por um "marco jurídico multilateral" das Nações Unidas.

Essa luta já começou no que diz respeito à dívida soberana, quando em 9 de setembro passado a Assembleia Geral da ONU aprovou por 124 votos a favor, 41 abstenções e 11 contra, o projeto de resolução apresentado pela República Argentina para criar um "marco jurídico multilateral para os processos de reestruturação da dívida soberana", tarefa que deverá ser completada antes de que se finalize o atual período de sessões, em setembro de 2015.

Enquanto o Congresso argentino aprovou, em 11 de setembro passado, a Lei de Pagamento Soberano, e este 24 de setembro a presidenta Cristina Fernández de Kirchner falará na Assembleia Geral da ONU para defender a posição da maioria de mais de dois terços de países.

Nesta oportunidade a Presidenta argentina chegará com o apoio moral do Papa Francisco - com quem almoçou no sábado 20 de setembro-, que "em sua alocução apostólica Evangelii Gaudium já marcou sua posição sobre este tema, criticando a "idolatria do dinheiro"e os "mecanismos sacralizados do sistema econômico imperante" que fomentam a desigualdade e "negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pelo bem comum", como recorda a jornalista Victoria Ginzberg (Un almuerzo no apto para especuladores, Página/12, 20-09-2014).

Sobre a iniciativa de Cristina Fernández na ONU o analista Luis Bruschtein escreve que faz parte dos movimentos que levaram à conformação de "grupos, mais que blocos, muito heterogêneos ideologicamente, mas que se reúnem a partir de problemáticas comuns. São novos mecanismos geopolíticos que expressam os conflitos do mundo contemporâneo e que têm substituído e/ou somado às formas mais ideológicas de outras épocas" (Página/12, Ovejitas en el prado, 20-09-2014).

Em outras palavras, a realidade do mundo atual nega a possibilidade de uma volta à hegemonia unipolar que os neoconservadores como Wolfowitz e Cheney propunham há mais de duas décadas, mas o sentimento de onipotência que prima em Washington e na OTAN nos pode levar a um desastre mundial, como adverte Wallerstein.

* Jornalista colaborador da Prensa Latina.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

EUA: Guerra ao ISIL é cortina de fumaça para guerra contra Síria e Irã


EUA: Guerra ao ISIL é cortina de fumaça para guerra contra Síria e Irã. 20940.jpeg 
A chamada "ameaça" do ISIL [ing. para "Estado Islâmico no Iraque e Levante"], ou Estado Islâmico (EI) é cortina de fumaça. A força doISIL foi deliberadamente inflada para conquistar apoio público para o Pentágono e justificar o bombardeio ilegal contra a Síria. Está também sendo usada para justificar a mobilização do que a cada dia mais claramente se vê que é montagem de ataque militar de grande escala liderado pelos EUA no Oriente Médio. O poder de fato e contingentes militares que estão sendo mobilizados excedem em muito o que seria necessário para combater simplesmente os esquadrões da morte do ISIL.

26/9/2014, Mahdi Darius NAZEMROAYA, Strategic Culture  - http://goo.gl/pYkqjX


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Por mais que os EUA tentem convencer seus cidadãos e o mundo de que não haverá tropas em solo, é muito improvável que assim seja. É muito improvável, em primeiro lugar, porque é indispensável que haja coturnos em solo para monitorar e selecionar alvos. Além do mais, Washington vê a campanha contra os combatentes do ISIL como guerra que durará anos. É puro duplifalar. O que está sendo imposto à opinião pública norte-americana e mundial é deslocamento militar permanente; no caso do Iraque é redeslocamento para lugar que os EUA já invadiram e ocuparam em 2003. A força militar que está sendo mobilizada nesse caso pode, em todos os casos, ser convertida em forças de assalto gigante contra Síria, Irã e Líbano.

Diálogo de segurança EUA-Síria e EUA-Irã?

Antes do início dos bombardeios dos EUA na Síria, circularam boatos não confirmados de que Washington teria iniciado um diálogo com Damasco, através de canais russos e iraquianos, para discutir coordenação militar e a campanha do Pentágono de bombardeio em território sírio. Ideia absolutamente impensável e completamente improvável. Agentes de confusão operavam em tempo integral para tentar dar qualquer legitimidade ao bombardeio contra a República Árabe Síria.

As 'notícias' de cooperação EUA-Síria com intermediação de russos e iraquianos são parte de uma série sinistra de desinformação e contrainformação. Antes de surgirem as 'notícias' sobre cooperação entre EUA e Síria, circularam 'notícias' sobre cooperação EUA-Irã no Iraque.

Mais cedo, Washington e a mídia norte-americana haviam tentado dar a impressão de que haveria algum acordo para cooperação militar entre os EUA e Teerã, para combater contra o ISIL e cooperarem dentro do Iraque. As 'notícias' foram amplamente refutadas nos termos mais incisivos por vários membros doestablishment político iraniano e também por comandantes iranianos de alta patente, como simples campanha de desinformação.

Depois que os iranianos indicaram claramente que as declarações de Washington não passavam de ficção, os EUA começaram a dizer que não seria adequado para o Irã unir-se à coalizão anti-ISIL. O Irã retrucou. Washington estava outra vez distorcendo os fatos; a verdade é que funcionários dos EUA várias vezes pediram que Teerã se integrasse à coalizão anti-ISIL.

Ainda antes de deixar o hospital depois de passar por uma cirurgia na próstata, o Aiatolá Ali Khamenei, o mais alto governante do Irã, disse à televisão iraniana, dia 9/9/2014, que os EUA haviam solicitado em três diferentes ocasiões, que Teerã cooperasse com Washington. Explicou que o embaixador dos EUA no Iraque fizera chegar mensagem ao embaixador do Irã no Iraque, solicitando que o Irã se unisse aos EUA naquele momento. Depois - palavras do Aiatolá Khamenei - "o mesmo [John Kerry] - que havia dito frente às câmeras e aos olhos de todo o mundo, que os EUA não queriam a cooperação do Irã - pediram através do Dr. Zarif que o Irã cooperasse com os EUA nessa questão. O Dr. Zarif negou-se a atender o pedido." E o pedido foi repetido pela vez pela subsecretária norte-americana Wendy Sherman, ao vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi.

Khamenei também disse que já descartara categórica e absolutamente qualquer cooperação com Washington nessa questão. "Absolutamente não cooperaremos com os EUA, especialmente porque as mãos dos EUA estão sujas" - repetiu o Aiatolá publicamente, ao explicar que não havia qualquer dúvida de que Washington tem as intenções mais perversas no Iraque e na Síria.

Como a Rússia, o Irã já apoia a Síria e o Iraque contra o ISIL. Também como Moscou, Teerã luta contra os terroristas, mas não se integrará a coalizão anti-ISIL de Washington.

Nova(s) invasão(ões) e golpe(s) para Mudança de Regime no em torno do óleogasoduto? 
Como se disse dia 20/6/2014, aos olhos de Washington era indispensável remover o governo federal de Nouri Al-Malaki em Bagdá, porque se recusava a unir-se ao cerco contra os sírios comandando pelos EUA; porque se mantinha aliado ao Irã; porque continuava a vender petróleo aos chineses; e a comprar armas da Federação Russa. A decisão do Iraque de Al-Maliki de integrar-se ao óleogasoduto Irã-Iraque-Síria também criava dificuldades contra os objetivos dos EUA e aliados, de (i) controlarem todo o fluxo de energia no Oriente Médio; e (ii) impedir a integração da Eurásia.[1]

O governo de Al-Maliki cometeu também dois outros pecados capitais em Bagdá, pela avaliação dos EUA. Mas essas ofensas, para serem bem compreendidas, têm de ser postas em contexto geopolítico.

Ninguém esqueceu a frase de propaganda criada no governo de Bush Filho depois do 11/9 e no início de suas guerras seriais: "Qualquer um vai para Bagdá; homem que é homem vai para Teerã". O xis da questão dessa frase belicista, construída como slogan de propaganda, é que Bagdá e Damasco já então eram vistas pelo Pentágono como rotas possíveis que levariam a Teerã.[2]

Como no caso da Síria, os pecados mortais de Al-Maliki também estavam relacionados a impedir o caminho dos EUA até Teerã. Primeiro, o governo do Iraque expulsou o Pentágono do Iraque no final de 2011, com o que removeu as tropas norte-americanas plantadas exatamente na fronteira oeste do Irã. Segundo, o governo federal iraquiano trabalhava para expulsar do Iraque militantes iranianos que se opõem ao governo iraniano e para fechar o Camp Ashraf, que sempre poderia ser usado em guerra ou em operações para mudança de regime contra o Irã.

Ashraf serviu como base para a ala militar dos Mujahidin-e-Khalq  (MEK/MOK/MKO) com base no Iraque. O grupo MEK é organização de iranianos antigoverno, que trabalha a favor do golpe para mudança de regime em Teerã. Já declarou apoio aos ataques liderados pelos EUA contra Irã e Síria.

Embora oficialmente o governo dos EUA classifique os MEK como organização terrorista, Washington já começara a aprofundar os contatos com os MEK quando norte-americanos e britânicos invadiram o Iraque. Ironicamente (e mal intencionados) EUA e Grã-Bretanha usaram o apoio aos MEK para rotular o Iraque como estado patrocinador de terroristas (?!) e, também, para justificar a invasão anglo-norte-americana ao Iraque. Desde essa época, os EUA 'alimentam' e mantêm os terroristas do MEK.

Desde 2003, os EUA financiam os MEK. Washington lhes dá proteção, porque quer conservá-los como instrumento a ser usado contra Teerã, ou para manter a opção de, algum dia, instalar o MEK no poder em Teerã, como parte de um golpe para mudança de regime contra o Irã. O MEK já foi, literalmente, incorporado na caixa de ferramentas do Pentágono e da CIA contra Teerã. Mesmo quando os EUA transferiram o controle do Camp Ashraf para o governo de Bagdá, o Pentágono manteve forças suas entre os MEK.

Eventualmente, as forças do MEK seriam, na maioria, realocadas em 2012 para a antiga base dos EUA conhecida como Acampamento Liberty. Esse Acampamento Liberty é hoje mais conhecido por um nome árabe, Acampamento Hurriya.

Scott Peterson, diretor da sucursal de Istanbul do Christian Science Monitor, explica como funcionários dos EUA começaram a realmente apoiar os MEK no início da "Primavera Árabe" de 2011. É projeto também ligado aos sonhos de Washington, de golpe para mudança de regime. Peterson escreveu que funcionários do governo dos EUA "raramente mencionam o passado violentamente anti-EUA dos MEK, e falam do grupo não como terroristas, mas como combatentes da liberdade com "valores iguais aos nossos", como 'democratas à espera' de poderem servir como uma vanguarda para mudança de regime no Irã."[3]

Washington não abandonou os sonhos de golpe para mudança de regime em Teerã

Washington não abandonou os sonhos de golpe para mudança de regime em Teerã. Seria coincidência que esteja aumentando o apoio que EUA e União Europeia dão hoje aos MEK, sobretudo quando a ameaça doISIL dentro do Iraque começa a ser comentada e noticiada publicamente?

600 deputados e políticos de quase todos os países da OTAN foram levados para participar de uma grande reunião dos MEK dia 27/6/2014, no nordeste da capital francesa, no subúrbio de Villepinte, que convocou para o golpe de mudança de regime no Irã. Os tipos mais conhecidos pela dedicação com que trabalham pró mais e mais guerras no mundo (o ex-senador dos EUA Joseph Lieberman; o porta-voz e apologista de Israel Alan Dershowhitz; ex-funcionário do governo de Bush Filho e 'especialista' contratado da Fox News John Bolton; o ex-prefeito de New York Rudy Giuliani; o ex-ministro francês e chefe da Missão Provisória da ONU para governo do Kosovo (UNIMIK) Bernard Kouchner, todos esses se reuniram com o MEK para promover o golpe para mudança de regime no Irã, e, claro, mais guerra.

Segundo o MEK, mais de 80 mil pessoas compareceram ao comício para promover a mudança de regime no Irã. Lá estavam também militantes da oposição no Iraque e Síria; todos, a pedir 'mudança de regime' também no Irã.

A ironia do 'evento' é que o dinheiro foi fornecido, praticamente todo, pelos EUA, com alguma contribuição dos aliados. Os gastos foram, sobretudo, para as iniciativas de lobby desse MEK no Congresso dos EUA e no Departamento de Estado, o que, de fato, não passa de 'reciclagem' de dinheiro. Gente como Ruddy Giuliani - provavelmente um dos mais odiados prefeitos da história da cidade de New York, até que usou a favor da própria imagem os eventos trágicos do 11/9/2001 - trabalham hoje, de fato, como lobbyistas para o MEK. "Muitos desses ex-altos funcionários do governo dos EUA - que representam todo o pleno espectro político - têm recebido dezenas de milhares de dólares só para falar bem do MEK", segundo o Christian Science Monitor.[4]

Giuliani vive a discursar em eventos pró MEK pelo menos desde 2010. Em 2011, falou num comício do MEKque promovia o golpe para mudança de regime em Teerã e Damasco. "E se fizéssemos, depois de uma Primavera Árabe, um Verão Persa?", perguntou Giuliani, retórico.[5] E a sentença seguinte de Giuliani, na mesma ocasião, nada esconde sobre o que é, de fato, a iniciativa dos EUA de apoiar o MEK: "Precisamos de mudança de regime no Irã, ainda mais do que no Egito ou na Líbia, e tanto quanto na Síria."[6]

Joseph Lieberman, amigo e parceiro na propaganda e promoção de guerras e mais guerras do senador John McCain não pôde viajar até o subúrbio parisiense em Seine-Saint-Denis, mas falou por vídeo, na reunião para mudança de regime. O Deputado Edward Royce Hello, presidente da Comissão de Assuntos Externos da Câmara de Deputados dos EUA, também falou por videoconferência a favor de mudança de regime no Irã. E o mesmo fizeram os senadores Carl Levin e Robert Menendez.

Estavam presentes grandes delegações de EUA, França, Espanha, Canadá e Albânia. Além dos já mencionados, outros norte-americanos notáveis também participaram do comício de 27/6/2014, além de vários franceses e espanhóis igualmente notáveis, e de muito notáveis euro-atlanticistas (nomes emhttp://goo.gl/pYkqjX).E não se falou só de golpe para mudança de regime; fala-se também da crise nas regiões de fronteira no Iraque e na Síria. Fox News deu cobertura especial àquele evento do MEK. Em julho, a liderança do MEKhavia condenado o apoio do Irã ao governo federal do Iraque em sua luta contra o ISIL; depois que os EUA começaram a falar de combater ISIL, calaram-se.

Antes do comício para promoção do golpe de mudança de regime, a líder dos MEKMaryam Rajavi - que osMEK indicaram presidenta do Irã desde 1993 - até se encontrou com o líder-fantoche do Conselho Nacional Sírio Ahmed Jarba em Paris, dia 23/5/2014, para discutirem cooperação.

Golpe para mudança de regime em Damasco mediante 'extensão-distorção' da 'missão' na Síria 
A campanha de bombardeio que os EUA iniciaram na Síria é ilegal e viola a Carta da ONU. Por isso o Pentágono tomou a providência de 'declarar' que a campanha de bombardeio liderada pelos EUA seria necessária, por causa de ameaça de um ataque "iminente" que estaria sendo planejado contra o território dos EUA. Isso foi feito para dar alguma cobertura pseudo legal ao bombardeio contra território sírio, servindo-se do argumento, distorcido, de que o Artigo 51 da Carta da ONU permite que estado membro ataque legalmente outro estado, se houver ameaça de ataque iminente, por aquele país, contra membro da ONU.

Barack Obama e o governo dos EUA fizeram o possível para confundir encobrir a realidade mediante alguns passos tomados para fazer crer que seria legítimo violar a lei internacional e bombardear a Síria sem autorização de Damasco. A embaixadora dos EUA Samantha Powers deu conhecimento ao representante permanente da Síria na ONU que os EUA atacariam o Governato de Al-Raqqa, informando Bashar Al-Jaafari mediante uma notificação unilateral, que absolutamente não significa que os EUA tivessem obtido o consentimento legal da Síria.

Os ataques norte-americanos contra a Síria não têm tampouco o apoio do Conselho de Segurança da ONU. Mas o governo dos EUA tentou fazer-crer que a reunião do Conselho de Segurança da ONU do dia 19/9/2014, que foi presidida por John Kerry seria sinal de que o Conselho de Segurança da ONU e a comunidade internacional estariam apoiando a campanha de bombardeamento contra a Síria.

Não foi tampouco por coincidência que, exatamente quando os EUA montavam sua coalizão multinacional para dar combate ao ISIL e àquele pseudo Califato, John Kerry mencione, convenientemente, que a Síria teria violado a Convenção das Armas Químicas (CAQ) [orig. Chemical Weapons Convention (CWC)]. Ao mesmo tempo em que admitia que a Síria não usou qualquer material proibido pela CAQ, Kerry, muito incoerentemente disse aos deputados, dia 18/9/2014, que Damasco teria desrespeitado a CAQ.

Em resumo, Washington já está dizendo absolutamente qualquer coisa, não importa o quando seja absurdo ou inverossímil, para dar início ao golpe para mudança de regime em Damasco. Se o já exposto até aqui não bastar para mostrar isso, o fato de que os EUA usarão território da Arábia Saudita para treinar ainda mais forças antigoverno sírio[7] com certeza o mostra.

Os EUA têm em vista uma campanha de bombardeio de longa duração, que também ameaça o Líbano e o Irã. Segundo o Aiatolá Ali Khamenei, os EUA planejam bombardear Iraque e Síria servindo-se do ISIL como cortina de fumaça, seguindo o modelo já usado no Paquistão. Mais corretamente, seguindo o modelo do que os EUA chamavam "AfPak". Os EUA usaram os efeitos da instabilidade que extravasaram do Afeganistão para o Paquistão, e a expansão dos Talibã, como pretexto para bombardearem o Paquistão. Iraque e Síria também já estão 'unidos' numa só zona de conflito, para o qual Ibrahim Al-Marashi criou a neologia "Siriaque" [ing. "Syraq"].

O objetivo mais amplo: impedir a integração da Eurásia

Enquanto os EUA estão ocupados fingindo que combatem os mesmos esquadrões da morte e terroristas que criaram e armaram, os chineses e seu parceiros trabalhavam muito para integrar a Eurásia. Enquanto os EUA faziam sua Guerra Global ao Terror (GGaT), a Eurásia assistia à reconstrução da Rota da Seda. Isso, afinal, é a história de fundo e o verdadeiro motivo da insistência de Washington, que não para de manter guerras em cursos e criar mais e mais novas guerras e remobilizar todo o Oriente Médio. É a razão também pela qual os EUA só fazem empurrar a Ucrânia para um confronto com a Rússia; e é também a razão para as sanções da União Europeia contra a Federação Russa.

Os EUA tentam impedir a re-emergência da Rota da Seda e a expansão dessa rede comercial. Ao mesmo tempo em que Kerry só faz tentar apavorar as pessoas com ameaças do ISIL e suas atrocidades, os chineses só fizeram ampliar seus mapas com negócios e mais negócios por toda a Ásia e o Oceano Índico. É parte da marcha para o oeste, do dragão chinês.

Paralelamente às viagens de Kerry, o presidente da China Xi Jinping visitou o Sri Lanka e foi às Maldivas. Sri Lanka já é parte do projeto chinês da Rota Marítima da Seda. As Maldivas são mais recentemente chegadas ao mesmo projeto; construíram-se acordos para incluir a ilha-nação também na rede e na infraestrutura da Rota Marítima da Seda que a China dedica-se a construir para expandir o comércio marítimo entre o Leste da Ásia, o Oriente Médio, a África e a Europa. Também não é coincidência que os dois destroieres chineses ancorados no porto iraniano de Bandar Abbas no Golfo Persa estejam fazendo manobras conjuntas com naves de guerra iranianas no Golfo Persa.

Paralela à rede leste-oeste, uma rede de comércio e transporte norte-sul está sendo também desenvolvida. O presidente Hassan Rouhani do Irã esteve no Cazaquistão recentemente, onde, com seu contraparte cazaque, Nursultan Nazarbayev, confirmaram que haverá desdobramentos comerciais importantes. Aguarda-se também a conclusão da estrada de ferro Cazaquistão-Turcomenistão-Irã, que criará uma rota de trânsito norte sul. E os dois presidentes também discutiram a cooperação entre Teerã e a União Eurasiana. Do lado ocidental do Mar Cáspio, planeja-se também um corredor paralelo norte-sul, da Rússia ao Irã atravessando a República do Azerbaijão.

As sanções anti-Rússia já começam a causar mal-estar na União Europeia, quem mais perde no processo. A Rússia já mostrou que tem opções. Moscou já começou a construir o mega gasoduto para gás natural Yakutia-Khabarovsk-Vladivostok (também chamado gasoduto Poder da Sibéria) para entregar gás à China. E a África do Sul, parceira da Rússia nos grupo BRICS, assinou acordo histórico de energia nuclear com a empresa russa Rosatom.

A importância da Rússia no cenário mundial é bem clara e vem aumentando no Oriente Médio e na América Latina. Até mesmo no Afeganistão, feudo da OTAN, a influência russa está crescendo. O governo russo compilou recentemente uma lista de mais de 100 antigos projetos soviéticos de construção, que lhe parecem importantes para serem recuperados.

Alternativa às sanções de EUA e União Europeia começa a emergir na Eurásia. Além do acordo para troca de petróleo-por-produtos que Teerã e Moscou assinaram, o ministro de Energia da Rússia Alexander Novak anunciou que Irã e Rússia já têm novos acordos no total de 70 bilhões de euros. Em breve se verá que as sanções só isolarão os EUA e a União Europeia. Os iranianos também anunciaram que estão trabalhando com seus parceiros chineses e russos para superar o regime de sanções de EUA e União Europeia.

Os EUA estão tendo de se recolher. Não podem 'pivotear-se' para o Pacífico Asiático, enquanto não resolverem as coisas no Oriente Médio e no leste da Europa, onde estão em guerra contra Rússia, Irã, Síria e seus aliados. Por isso Washington dedica-se em tempo integral a fraturar, dividir, intrigar, chantagear e corromper, no esforço para co-optar. Assim, afinal, se pode entender que os EUA não estão absolutamente preocupados em dar combate ao ISIL, que sempre serviu aos interesses dos EUA no Oriente Médio. Os EUA só têm duas principais preocupações: tentar impedir que seu império desmonte-se aos pedaços e tentar impedir a integração eurasiana.*****



[1] Mahdi Darius Nazemroaya, "America pursuing regime change in Iraq again", 20/6/2014.
[2] Mahdi Darius Nazemroaya, "The Síria Endgame: Strategic Stage in the Pentagon's Covert War on Iran", Global Research, 7/1/2013.
[3] Scott Peterson, "Iranian group's big-money push to get off US terrorist list", Christian Science Monitor, 8/8/2011.
[4] Scott Peterson, "Iranian group's big-money push to get off US terrorist list", Christian Science Monitor, 8/8/2011.
[5] Scott Peterson, "Iranian group's big-money push to get off US terrorist list", Christian Science Monitor, 8/8/2011.
[6] Scott Peterson, "Iranian group's big-money push to get off US terrorist list", Christian Science Monitor, 8/8/2011.
[7] Matt Spetalnick, Jeff Mason e Julia Edwards, "Saudi Arabia agrees to host training of moderate Syria rebels", Caren Bohan, Grant McCool, and Eric Walsh (eds.), Reuters, 10/9/2014.

Venezuela: Renovação para mudança


Caracas (Prensa Latina) Os ajustes na equipe venezuelana de governo, tanto na estrutura do gabinete como nos encarregados das diversas responsabilidades, apontam a um processo de renovação que implica ademais ajustes no caminho da transformação revolucionária do Estado.
Para o jornalista e ex-vice-presidente venezuelano José Vicente Rangel, as mudanças orientam-se para um maior dinamismo no gerenciamento público, longe da burocracia e da rotina.

No ajuste, disse, assume-se a territorialidade como questão básica para dar coesão ao país e facilitar o trabalho do Executivo, com o que o estado pode estender seus recursos em termos iguais e justos.

As ações especificadas pelo presidente da República, Nicolás Maduro, chegam depois de um processo de análise onde intervieram o gabinete ministerial e aqueles servidores públicos com responsabilidades, o que revelou a existência de restos do Estado burguês, do burocratismo e da corrupção.

Alguns dos resultados levaram a tomar decisões importantes, as quais devem organizar as diferentes dimensões do Governo, considerou o Presidente.

As medidas adotadas levaram à fusão de vários ministérios, tomando em conta interesse específicos em sua atividade, como é o caso dos de Esporte e Juventude, agora em mãos do responsável da primeira delas, Antonio Álvarez, ratificado no cargo.

Ademais, incluíram-se nessa modalidade as de Educação Universitária e Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como Moradia e Habitat e Ambiente.

Unido a isso, Maduro dispôs a conformação das vice-presidências de Segurança e Soberania Alimentar, e de Planejamento e Conhecimento, as quais se somam às de Economia e Finanças, Desenvolvimento Social e das Missões, Soberania Política e Desenvolvimento Territorial.

De maneira adicional, criou-se a Autoridade Única Nacional de Trâmites e Licenciamentos, tomando em conta que o processo de revisão revelou a existência de ao menos 4.500 procedimentos burocráticos que freiam as diversas atividades.

Tudo isso responde à necessidade de simplificar os processos e à execução das políticas de governo.

Rangel acrescentou que começa o desenvolvimento profundo de um modelo comunal para tornar realidade a participação do povo na tomada de decisões e a execução das mesmas.

O comunicador mencionou em especial a criação de uma autoridade única destinada a reduzir ao mínimo os trâmites, o que constitui um calvário para o cidadão a pé e fonte inesgotável de corrupção.

E ainda, realçou que estas mudanças constituem ademais a tentativa mais séria na Venezuela para modificar uma estrutura de Governo que opera como lastro.

Novas figuras surgiram para os ministérios de Agricultura e Terras, Petróleo e Mineração, Alimentação, Comércio, Comunas, Cultura, Saúde, Transporte Aquático e Aéreo e Relações Exteriores.

Nesse contexto, o dignitário adiantou que a refundação do governo se apoiará ademais em cinco grandes revoluções, entre elas a econômica e as do conhecimento, missões socialistas, política do Estado e construção do socialismo no âmbito territorial.

A estratégia do governo venezuelano para a transformação do Estado, dirigida a consolidar o novo modelo social no país, conta também com as estruturas do poder popular como elemento essencial de sua execução.

De acordo com as ações previstas pelas autoridades, esses mecanismos terão maior participação direta e permanente na tomada de decisões.

Maduro acrescentou que a via para avançar nessa direção contempla novas instituições, entre elas os denominados Conselhos Presidenciais de Governo Popular, conformados por representantes da cada setor que integra a sociedade.

Enquanto isso, as primeiras decisões no âmbito financeiro levaram à criação do Fundo Especial para a Ofensiva Econômica, que foi ativado com 500 milhões de dólares e três bilhões de bolívares (476 milhões de dólares).

Ademais, destinaram-se 15 bilhões de bolívares (2,38 bilhões de dólares) em linhas de crédito para empresas de manufatura, a distribuir mediante o Sistema de Banca Pública.

Nesse meio, Maduro dispôs o relançamento do Fundo Bicentenário da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba)-Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Ao anterior acrescenta-se a criação de uma conta única, denominada Fundo Estratégico de Reservas no Banco Central da Venezuela (BCV), que arrancou com 750 milhões de dólares.

* Corresponsável da Prensa Latina na Venezuela.

Exército sírio continua ofensiva na periferia de Damasco

Escrito por Bianka de Jesus

Ejército Sirio
Damasco, 29 set (Prensa Latina) As forças armadas sírias continuam hoje sua ofensiva na extensa região de Guta oriental, circundante com esta capital, que permitiu a libertação de várias localidades estratégicas.
Nas últimas horas, o exército conquistou a aldeia de al Dekhaniya depois de duas semanas de violentos confrontos, que causaram a morte de mais de 100 radicais, a maioria da Frente Islâmica.

As unidades militares também avançaram no povoado de Wadi Ein Tarma, onde perderam a vida vários extremistas de nacionalidade egípcia.

Fontes militares relataram também combates nos povoados de Harbin e Zabadani, bem como nos campos de Ab e Aliah próximo de Duma, considerado o bastião principal dos grupos radicais na região.

Outra das principais frentes na área é Jobar, um bairro localizado na periferia de Damasco, de onde os grupos extremistas disparam foguetes e granadas de morteiro contra a cidade.

As tropas governamentais libertaram na semana passada a cidade de Adra, junto com sua área industrial, depois de uma semana de combates.

Considerada estratégica por seu parque industrial, um dos principais do país, e por dominar a estrada internacional Damasco-Homs, esta localidade esteve sob controle dos islamitas desde dezembro do ano passado.

A este triunfo somou-se a ocupação em agosto da cidade de Mleha, a 10 quilômetros desta capital.

Desde o início do conflito na Síria, em março de 2011, mais de 190 mil pessoas morreram e milhões se viram obrigadas a abandonar seus lares.

sábado, 27 de setembro de 2014

Ocidente' bate em retirada na Ucrânia



'Ocidente' bate em retirada na Ucrânia. 20933.jpeg 

Considerando o muito que a Casa Branca inflou a importância da visita do presidente Petro Poroshenko da Ucrânia - até recebeu a 'rara honraria' de falar numa sessão conjunta do Congresso dos EUA, et coisa e tal - seria de imaginar-se que o governo de Barack Obama estaria entrando em surto de humor cada vez menos amistoso em relação à Rússia. Mas, não. Para comprovar, basta examinar os detalhes das declarações oficiais do presidente Obamadepois da reunião bilateral com Poroshenko na 5ª-feira passada.


Obama é político suficientemente esperto, para dar, ao que é retirada, ares de vitória. Já fez isso no Afeganistão. Está fazendo também na Ucrânia? Pode ser. Considerem, por exemplo, que Obama, que zombou do diálogo de Minsk; agora, passou a elogiar e apoiar.

Também advoga que a Ucrânia deve manter "boas relações com todos os vizinhos no ocidente e no oriente", e recomendou que a Ucrânia preserve os fortes laços econômicos e entre os dois povos, que a liga à Rússia. É Obama nova safra.

Será que estamos vendo sinais de que Obama está aconselhando Poroshenko a acertar-se diretamente com Moscou? Parece que sim. De volta a Kiev, Poroshenko revelou hoje que os EUA só fornecerão itens militares "não letais" à Ucrânia, resultado que, é claro, está longe de satisfazer a longa lista de pedidos que Poroshenko levou a Washington.

E quanto a ajuda econômica, a Casa Branca só concordou em presentear minguados $50 milhões para ajudar Poroshenko a chegar até o começo de 2015. É tragicômico, se se sabe, por informação do FMI, que a Ucrânia precisa de cerca de $19 bilhões no início do ano, se a guerra civil continuar, só como ajuda financeira para sobreviver ao primeiro semestre, além de um programa global de resgate para a Ucrânia.

Enquanto isso, o FMI já revisou suas próprias estimativas, seis meses antes do previsto, e diz agora que são necessários espantosos $55 bilhões, como ajuda financeira externa para resgatar a Ucrânia. Especialistasavaliam que, hoje, esse número pode já estar mais perto de $100 bilhões, que de $55 bilhões.

É piada macabra - oferecer reles $50 milhões, depois de ter empurrado a Ucrânia a fazer guerra contra a Rússia! De onde virão os faltantes $18450 milhões, para que a Ucrânia sobreviva mais um ano?

Ora, ora! Terão de vir da Europa, e de onde viriam? Mas de quem, na Europa? Não será da Polônia, nem da Lituânia, nem da Estônia: terá de vir da 'Velha Europa'. Na verdade, a Alemanha terá de abrir a bolsa. A chanceler Angela Merkel deve estar sapateando de fúria.

Diferente das estimativas iniciais, a contração da economia ucraniana esse ano alcançará os dois dígitos. São fatos que ajudam a entender alguns desdobramentos que envolveram a Ucrânia em semanas recentes: (a) a decisão sumária tomada pela União Europeia de congelar o tal Acordo de Associação Comercial tão apressadamente assinado com a Ucrânia, e lá deixá-lo, no mínimo, até o final de 2015; (b) o robusto apoio que a União Europeia decidiu dar ao acordo de Minsk entre Kiev e os federalistas no sudeste da Ucrânia; (c) a reunião top secret entre os ministros de Relações Exteriores de França, Alemanha e Rússia à margem da recente Conferência Internacional de Paris, em que discutiram o Estado Islâmico; (d) o reconhecimento, atrasado, mas que afinal apareceu, pela OTAN, de que a Rússia retirou tropas que havia reunido na fronteira da Ucrânia; e (e) reunião que haverá hoje, no final do dia, em New York, entre os ministros de Relações Exteriores de Rússia e EUA.

Tudo isso considerado, o presidente Vladimir Putin da Rússia pode estar obtendo mais uma vitória diplomática das grandes, agora que o 'ocidente' está obrigado a reconhecer que Moscou tem, sim, interesses legítimos envolvidos na Ucrânia. O 'ocidente' está sem saída, exceto aceitar que a economia da Ucrânia é conectada com Moscou por um cordão umbilical que não pode ser rompido; e sem a cooperação dos russos, a Ucrânia não poderá ser resgatada.

Analisado em retrospecto, Moscou fez muito bem ao decidir ignorar a mais recente rodada de sanções que a União Europeia anunciou há três semanas. Tudo indica que Poroshenko já começa a considerar a possibilidade de que Putin seja seu único interlocutor consequente, que diz e faz coisa-com-coisa.

Concorrentemente, Washington bem faria se começasse a reconhecer que entender-se com Moscou já é, na prática, uma necessidade, se quer realmente mobilizar alguma espécie de campanha internacional contra o Estado Islâmico. Sinal de que os ventos estão começando a soprar nessa direção é que o ex-secretário da Defesa britânico, e deputado conservador Liam Fox, já alertou explicitamente a Europa e os EUA, de que devem abster-se de fazer ameaças contra a Rússia, por causa da Ucrânia.

Fox disse que "entendo que é muito importante que parem de fingir que vocês [o 'ocidente'] farão ou podem fazer coisas que não farão, porque claramente não podem fazer. Insistir em falsas ameaças, me parece, é problema grave. Temos vários outros modos para lidar com a questão ucraniana." Bravo !
Que ninguém se surpreenda, portanto, se dia desses Putin entrar em cena para socorrer Obama, mais uma vez, na Síria. A Rússia pode ajudar Obama (a) a legitimar a campanha internacional contra o Estado Islâmico, garantindo aos EUA a autorização de que precisa no Conselho de Segurança da ONU; e (b) a Rússia pode ajudar os EUA nas negociações (ou na falta de negociações) entre EUA e o presidente Bashar Al-Assad da Síria. Que ninguém se engane: a posição da Rússia é absolutamente clara e inequívoca, de total apoio à campanha internacional liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico (o que se confirma aquiaqui e aqui).

A única questão importante da qual a Rússia não abrirá mão e sobre a qual não cederá   é que as operações dos EUA na Síria têm de ter o acordo do governo sírio e/ou têm de ser autorizadas por mandado da ONU; o caso é que Obama não pode requerer a autorização no Conselho de Segurança da ONU, enquanto temer o voto contra, de Moscou.

Por tudo isso, é bem provável que o gelo seja afinal superado, pelo menos na questão da Síria, hoje, na reunião que acontecerá entre Sergey Lavrov e John Kerry em New York. A Neo-Guerra Fria, que começou num bang, bem pode estar acabando num gemido.*****

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Noam Chomsky: "A era digital não muda a missão da imprensa livre"



México - La Jornada - [Tradução do Diário Liberdade]
A era digital não muda o essencial, a missão da míia comprometida e independiente, sobretudo em momentos em que se requer uma cidadania consciente e comprometida para responder aos sistemas de poder que levam o mundo à fronterira de um desastre apocalíptico, comentou Noam Chomsky em entrevista com "La Jornada".
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Apesar do sombrío panorama que pinta a conjuntura atual, Chomsky assinala que alguns raios de luz de esperança para o mundo provêm de mudanças históricas na América Latina.
Chomsky, o intelectual vivo mais citado no planeta e um dos 10 mais citados na história, é um feroz crítico do modelo neoliberal, das políticas imperiais dos Estados Unidos e de Israel contra o povo palestino, assim como do uso e abuso da comunicação e da imprensa.
No âmbito acadêmico, Chomsky não só é considerado o pai da linguística moderna, se não que como professor emérito do Instituto Tecnológico de Massachusetts também tem se destacado por suas contribuições à filosofía e às ciências sociaes.
Profundamente convencido que dizer a verdade diante do poder é obrigação moral, Chomsky desnuda o imperador todos os dias e ainda é, com seus 85 anos, um dos poucos inteletuais confiáveiss e respeitados pelas novas gerações, apesar de que está virtualmente vetado pelos meios massivos tradicionais em seu país e em outros. Portanto, é um homem perigoso para o poder, e por isso segue sendo uma voz vital para o presente e o futuro.
Chomsky, colaborador de "La Jornada" durante vários anos, ofereceu suas reflexões sobre aspectos da conjuntura em uma entrevista com o motivo do aniversario deste periódico.
–Como percebe o que alguns chaman mudanças revolucionárias no panorama da mídia com o surgimento do mundo digital, e que, segundo argumentam alguns, prometeu democratizar o jornalismo e abrir uma era de comunicação informação massiva? Alguma coisa mudou?
–Claro que existem mudanças, mas acredito que o fundamental permanece igual. A internet sem dúvida oferece uma oportunidade de acesso a uma rica variedade de informação e análise, como a produção deste tipo de material, com maior facilidade que antes. Também oferece oportunidades para a diversão, a distração, a formação de pessoas cultas, o pensamento descuidado, navegar sem propósito claro e muio mais. Uma boa biblioteca pode oferecer uma oportunidade para que alguem se conveta em um biólogo criativo oo um leitor sensivel da grande literatura, ou para perder o tiempo. Depende de como alguem escolheusar o que está disponivel. Os resultados [da noeva era digital] são mixtos.
"Para organizadores e ativistas, a internet tem sido uma ferramenta indispensável. Porem aquí requer-se também una nota de cautela. Um dos observadores mais astutos e informados do tumulto no mundo árabe, Patrick Cockburn, escreve que durante os levantamentos da primavera árabe, 'membros dla intelectualidad e [frequentemente] pareciam viver e pensar dentro da câmara de ecos da Internet. Poucos expresaram ideias praticas sobre como ir adiante' ou, poderíamos agregar, aprestaram suficiente atenâo às realidades políticas, de clase ou militares. Os resultados aí estão a vista, e essas lições podem ser generalizadas.
–Qual devería ser o papel da mídia progressista neste contexto?
–Todos permanecemos dependentes das reportagens diretas de jornalistas valentes e honestos, os que fazen seu trabalho com integridade. Nenhuuma tecnologia vai mudar isso. O papel da míia progressista é o mesmo de sempre: tentar buscar a verdade em assuntos de importância, romper a onda de propaganda e engano que está enraizada nos sistemas de poder e oferecer os meios para que as pessoas possam avançar nas lutas por libertade, justiça e até a sobrevivência frente às ameaças sinistras.
–Você insiste em abordar os efeitos devastadores das políticas do governo dos Estados Unidos e do mundo empresarial, as quais se manifestam em guerras e injustiças sociais e econômicas, e mais recentemente advertiu que isto está chegando a um ponto em que estamos pondo em risco a sobrevivência mesma da civilização. Para aqueles que observam os Estados Unidos e a América Latina neste momento, quais são os desafios mais básicos que enfrentam hoje em dia? Onde percebe o potencial mior para uma resposta diante desses desafíos?
–As ameaças são muito reais. A ameaça de destruição por uma guerra nuclear está sempre presente, e o histórcio é atemorizante. O mesmo é certo, talvez aainda com mais prominência, acerca das ameaças de uma catástrofe ambiental. Pela primeira vez na historia humana estamos frente às posibilidades de destruir as condições de uma sobrevivência decente, e os sistemas de poder estão nos levando a esse precipício.
"No entanto, existem sinais alentadores, em grande medida na América Latina, já que o que tem ocorrido em anos recentes tem um significado verdadeiramente histórico. Pela primeira vez em 500 anos, países da América Latina tem dado passos mutio sérios em direção à integración e à independência do poder imperial extrangeiro (no século pasado representado principalmente pelos Estados Unidos).
"As mudanças, que sãon espetaculares, revelam-se de várias maneiras. Não faz muito tempo, América Latina era o 'quintal' de Washington. Os países faziam o que lhes ordenava, ou, se saíam desta línha, eram submetidos a golpes militares, terror assassinatoo e destruição. Porém agora, em conferências hemisféricas, Estados Unidos e Canadá estão virtualmente ilhados.
"Un estudio reciente de los programas de rendición extraordinariade la Agencia Central de Inteligencia (CIA), una de las formas más salvajes y cobardes de tortura, encontró que colaboró gran parte del mundo, incluida Europa, pero había una excepción: América Latina. Esto es doblemente notable: primero, por la subordinación histórica de la región a Washington, y segundo, porque durante ese periodo [de subordinación] la región era uno de los centros de tortura del mundo.
"Por outro lado, segundo o Tratado de Tlatelolco, América Latina é uma das poucas regiões do mundo com uma zona livre de armas nucleares.
"Em outra área, com comunidades indígenas frequentemente como líderes, varios países latinoamericanos tem dado passos significativos para reconhecer os dereitos da natureza e buscar economias sustentáveis que freiem a precipitação para um desastre ambiental.
"Tudo isto é dramático e promissor, ainda que não sem falhas e com problemas sérios.
Os desafios que enfrentamos hoje são imensos. O maior potencial [para uma resposta] é uma cidadanía ativa e comprometida. Não existe muito tempo para perder.
–¿O qué te faz rir hoje día?
–Na cultura judía que crescí, existe u conceito de risada através de lágrimas. Lamentavelmente, o mundo oferece muitas oportunidades para esta prática.
Porém existem muitos raios de luz, e amplas razões para esperar que um mundo melhor é possível, como o Foro Social Mundial e seus ramos nos recordam continuamente. E não é acidental que suas raízes são latinoamericanas.

Rússia vai concluir até o fim do ano a entrega dos helicópteros Mi-35 ao Brasil



O helicóptero russo de combate e transporte de tropas Mi-3

Contrato de venda das 12 aeronaves russas foi assinado em 2008


O Brasil terá concluída até o final do ano a entrega dos 12 helicópteros Mi-35 de fabricação russa comprados num negócio fechado em 2008. A informação foi prestada pelo vice-diretor-geral da Rosoboronoexport, Serguei Goreslavsky, na exposição Africa Aerospace and Defence 2014, que se realiza na República da África do Sul.
Os contratos para o fornecimento ao Brasil de 12 helicópteros Mi-35 foram assinados em 2008. A entrega das aeronaves deveria ter sido concluída em 2013, mas questões técnicas provocaram o adiamento para o final deste ano.
O Vice-Diretor Goreslavsky disse também, na ocasião, que a conclusão do negócio se trata de “mais um passo para a chegada do Pantsir-S ao Brasil”, referindo-se à compra, pela Defesa brasileira, desse sistema russo de mísseis de defesa antiaérea.

A hipocrisia da Coalizão anti-Estado Islâmica(EI)



Mehdi Agha Mohammad Zanjani*
A formação da Coalizão Internacional contra o Estado Islâmico (EI) ocorre no momento em que países membros dessa Coalizão direta ou indiretamente desempenharam um papel na criação deste movimento terrorista, ajudando na sua estruração e continuando a apoia-lo de formas variadas.
Os Estados Unidos e seus aliados, com objetivo de desviar e enganar a opinião pública mundial, estão agrupando os rebeldes armados que lutam contra o governo da Síria, em “terroristas bons e maus” ou seja de radicais e moderados. E logo depois anunciaram o seu apoio abrangente aos moderados.
Em primeiro lugar, os grupos, tais como o Estado Islâmico do Iraque ou Frente Al-Nosra que agora os Estados Unidos os chamam terroristas, sempre recebiam o apoio dos EUA e seus aliados e foram criados basicamente com a ajuda desse país. Em segundo lugar, a gravidade dos crimes cometidos contra o povo e o governo da Síria pelo movimento que os Estados Unidos nomearam combatentes armados moderados, e enfatizaram em apoia-los, não são menores do que do Estado Islâmico (EI) no Iraque, e na essência e natureza, não há distinção entre o Estado Islâmico (EI). Há previsão de que muitos dos que hoje estão lutando em nome de Estado Islâmico (EI) e já agiram como Exército Livre da Síria ou Frente islâmica, com as crescentes pressões ao Estado Islâmico (EI), conservando sua natureza, aproveitam da situação e se englobam nos chamados “grupos moderados”.
A crise na Síria começou em 2011 , enquanto o Estado Islâmico (EI) foi formado em 2013. Até o anúncio da sua existência, foram praticados inúmeros crimes contra o povo e o governo da Síria, pelos grupos terroristas como Exército Livre da Síria, ou Frente Al-Nosra e Ahrar al-Sham ou por outros grupos armados cujos crimes não são menores do que o Estado Islâmico (EI) . Todos eles também foram apoiados pelos Estados Unidos e seus aliados e agora são conhecidos como moderados. Podemos enumerar e exemplificar alguns desses crimes cometidos por estes rebeldes e que ainda continuam sendo praticados:
-Execução em massa de mais de 120 soldados do exército e polícias pelo Exército Livre da Síria nos primeiros dias de conflito na região de Jisr al-Shughur na província do Idlib.
-Em 2013, nos arredores de Damascus, um grande número de civis foram queimados vivos e alguns executados ou decapitados na praça da cidade. Estes crime foram atuados pelo Al-sham e Ahrar al-Aqsa.
-Ahrar al-sham, atuamente é um membro da Frente Islâmica o qual devidamente, apoiado pos forças estrangeiro faz parte da oposição armada chamada moderados.
-Em 2011 o grupo terrorista Exército Livre da Síria na região Daraa massacrou um grande número de soldados capturados do exército Sírio.
- Na sequência do ataque químico em Khan al-Assal em 2012, na periferia de Aleppo, os inquéritos determinaram que esta ação foi feita pela Frente Al-Nosra. De acordo com Embaixador Russo na ONU, Vitali Tchurkine, especialistas russos recolheram amostras do local do ataque, em Khan al-Assal, e as provas que foram enviadas em um documento de 80 páginas ao Secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon aprovaram que os rebeldes sírios utilizavam gás Sarin no dia 19 de março de 2012 , perto de Aleppo (norte).
-O tragico crime na aldeia Holeh da província de Hama, pelo Exército Livre da Síria e a Frente Al-Nosra que massacram mais de 110 civis, a maioria deles mulheres e crianças, em suas casas.
-Ataques aos locais religiosos, incluindo a cidade cristã Malula, e a captura de freiras, todos estes crimes foram e são praticados por rebeldes sirios que os EUA alega que são elementos moderados (bom terroristas) e que devem ser armados e apoiados financeiramente.
O Estado Islâmico (EI) surgiu no início de 2013, enquanto já ele era conhecido, sob o nome Estado Islâmico no Iraque e era comandado por Abu Bakr Al-Baghdadi. Desde o início da crise ele entrou em ação praticando muitos crimes. Quem formou o grupo Frente Al-Nosra na Síria sob comando de Abu Mohammed Al Jolani foi o Abu Bakr al-Bagdadi. Em abril de 2013, Bagdadi anunciou que o Estado Islâmico do Iraque e a Frente Al-Nosra, um grupo jihadista presente na Síria, se fundiram para se converter no Estado Islâmico do Iraque e Levante, mas a Al-Nosra negou-se a aderir a este movimento e os dois grupos começaram a agir separadamente até o início de janeiro de 2014.Tudo isso aprova que EI antes da sua formação no Iraque agia e lutava na Síria com o apoio dos EUA e os seus aliados. Agora a Frente Al-Nosra é um dos principais grupos armados contra Governo Sírio que também tem o suporte externo.
Sra. Hillary Clinton, o ex Secretária do Estado norte americano, nas suas memórias sob o título “Escolhas Difíceis” escreve:” numa reunião com os parceiros estratégicos dos EUA e o países do Golfo Pérsico em Riade discutimos sobre a oposição Síria. Eu lá disse enquanto se fala de assistência, é na verdade sobre uma extensa ajuda que cada um pode prestar”. Ela falou em vários capitulos do seu livro sobre a ação americana em armação a oposição Síria que na sua visão eram bom terroristas.
Diferenciar os grupos armados na Síria é hipocrisia e enganar a opinião pública. Não existem diferenças em termos de sua fonte de alimentação financeira e intelectual, entre grupos como o Exército Livre da Síria, Frente Islâmica ou Ahrar Al-Islam. Assassinato e terror são as semelhanças entre todos estes grupos terroristas. Todos eles na sua essência procuram estabelecer o seu califado islâmico.
O Estado Islâmico(EI) não é uma criatura estranha que tenha surgido de repente. Um grande número de membros do EI são estrangeiros que entraram na Síria com assistência externa e através dos países da região ou das fronteiras de países vizinhos. Mesmo assim a maior parte dos rebeldes são sírios que lutam com o apoio externo e o seu objetivo é derrubar o regime Sírio.
Os EUA e seus aliados na OTAN anunciaram que na luta contra o terrorismo, o primeiro passo é barrar o envio de armas e recursos ao EI. Enquanto que na sua maioria, os que forneceram armamentos ou foram meios de envio dos recursos para os rebeldes, são aliados dos EUA hoje estão presentes na coalizão anti-EI.
Não existe a luta armada boa ou má. A luta armada contra um governo legitimo é terrorismo e apoia-la é ser cúmplice dessas ações terroristas.
Em conformidade com o direito internacional e da Carta das Nações Unidas em particular, é proibida a intervenção nos assuntos internos dos países. Enquanto os Estados Unidos e os aliados não só apoiaram à oposição politica na Síria, mas claramente tinham suportados os rebeldes armados e o fluxo do terrorismo. Este ato não só viola as regras internacionais, mas é participação nos crimes contra humanidade que ocorrem na Síria e no Iraque.
A República Islâmica do Irã desde o início da crise na Síria, ajudou o governo e o povo Sírio na luta contra os grupos terroristas. Desde o início, nós advertimos que esta guerra é um confronto entre o governo e os grupos terroristas Sírios e que não existe uma saudavel oposição política. Infelizmente, países que hoje se formaram coalizão anti-EI, sempre protegeram estes grupos terroristas, cometeram erros no passado, e hoje com alguns pretextos procuram lutar aparentemente com a origem de um problema que eram cúmplice e compartilharam na sua criação.
A luta contra o terrorismo deve ser baseada em uma agenda clara, lógica e realista e em coordenação com as Nações Unidas. A Coalizão na ação anti-terrorista deve colaborar com os países onde estão contaminados com os grupos terroristas e o EI. Caso contrário, considera-se uma invasão, consequentemente sem efeito, agravando ainda mais a crise.
A República Islâmica do Irã também devido à ambigüidade e pontos de interrogação na formação e conteúdo da luta contra o terrorismo que é considerado ilógico e não-realista, não se envolveu nas atividades. Ao mesmo tempo, a República Islâmica do Irã, não hesita nos esforços que possam ajudar os países que estão lutando contra terroristas, em particular, com Estado Islâmica(EI).
*Mehdi Agha Mohammad Zanjani é adido cultural da embaixada do Irã no Brasil

Fonte: PÁTRIA LATINA

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Nasrallah: "EUA é a mãe do terrorismo"



Nasrallah:  

O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nessa 3ª-feira que seu grupo jamais, em tempo algum, será parte de alguma 'coalizão' anti-ISIL comandada pelos EUA, que são a "fonte" de todo o terrorismo no mundo.


A coalizão, que já iniciou os ataques aéreos ilegais na Síria, nessa 3ª-feira, foi criada pra salvaguardar interesses exclusivos dos EUA, não para combater contra algum terrorismo como alega - disse Nasrallah, em discurso televisionado.

"Na nossa avaliação, os EUA são a mãe do terrorismo, a fonte de onde brota todo o terrorismo. Se há terrorismo no mundo, seja onde for, hoje, olhe para os EUA" - disse o secretário-geral do Hezbollah.

"Os EUA dão completo apoio ao terrorismo praticado pelo estado sionista. Os EUA apoiam Israel, militarmente, financeiramente, legalmente, ilegalmente e até asseguram a Israel o veto no Conselho de Segurança da ONU, sempre que precisarem."

Nasrallah continuou: Foram os EUA quem lançaram a bomba atômica sobre o povo do Japão. Foram os EUA que mataram incansavelmente o povo do Vietnã e em outros pontos do mundo; e são os EUA que sempre se mantiveram ao lado do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, nos 50 dias de guerra contra Gaza. Os EUA não têm qualificação ética ou moral para se apresentarem como líderes de uma coalizão para lutar contra o terrorismo."

Os comentários foram feitos depois que EUA e ditaduras árabes aliadas começaram os ataques aéreos não autorizados contra alvos jihadistas na Síria, provocando a indignação de Irã e Rússia, aliados de Damasco.

Nasrallah descartou de antemão qualquer possibilidade de sua oposição à 'coalizão' comandada pelos EUA ser apresentada como apoio ao Estado Islâmico no Iraque e Síria (ISIL); lembrou que já denunciou inúmeras vezes os mesmos extremistas e pregou que fossem eliminados.

Verdade é que muitos dos agora incluídos na coalizão anti-ISIL sempre financiaram os terroristas que hoje lutam no Iraque e na Síria, o que força os povos da região a questionar os motivos dessa repentina 'coalizão', acrescentou Nasrallah, referindo-se a Arábia Saudita e Qatar.

O Líbano é um dos dez países árabes que juraram apoio à coalizão, compromisso ao qual Nasrallah disse que sempre se opôs.

"O presidente Obama que jamais diga que o Hezbollah defendemos  minorias, sejam muçulmanos ou cristãos" - disse Nasrallah.

"É claro que jamais integraríamos uma coalizão que só serve aos interesses de EUA, não aos interesses dos povos da região."

No discurso de 15 de agosto, Nasrallah observou que os EUA só decidiram envolver-se na luta contra o ISILquando os jihadistas aproximaram-se do Curdistão Iraquiano, região estrategicamente importante para o ocidente.

Soldados libaneses capturados

Nasrallah também conclamou o Líbano a negociar "a partir de posição de força" para obter a liberdade de 26 soldados que o ISIL e a Frente al-Nusra mantém como reféns nos arredores da cidade de Ersal, no nordeste do país.

Disse que a situação dos reféns, sequestrados durante combates de cinco dias contra os jihadistas, há sete semanas, é "humilhante".

Os grupos sequestraram originalmente mais de 30 soldados das forças de segurança do Líbano. Depois do sequestro, a frente al-Nusra libertou cinco reféns e executou um. E o ISIL degolou dois.

Nasrallah disse que as negociações para obter a libertação dos reféns estavam sendo dificultadas pelo "desempenho político" de alguns partidos, interessados em obter "dividendos políticos".

"Em nome dos soldados, do exército, das respectivas famílias, do país, ponhamos de lado as diferenças políticas e os objetivos políticos" - disse ele, referindo-se a recentes declarações de membros do movimento 14 de março, que acusaram o Hezbollah de culpa nos sequestros, por causa de sua ação militar na Síria.

Disse que todos os que acusam os Hezbollah de opor-se a negociações com os jihadistas, são "mentirosos"; insistiu que o Partido de Deus sempre apoiou os esforços do governo libanês para obter a liberdade dos reféns, "desde o primeiro dia".

"Quem apareça para dizer que o Hezbollah teria rejeitado o princípio da negociação mente para promover interesses políticos partidários, não porque deem qualquer importância à vida e ao retorno dos reféns" - disse Nasrallah.

"Nós jamais rejeitamos o princípio da negociação, seja com terroristas, takfiris, não importa. Com Israel, que seja, também não importa: negociamos sempre que se trate de questão humanitária."

Mas Nasrallah disse que é lógico e faz pleno sentido que o Líbano exija, como condição para negociar, que os sequestradores parem com as execuções de reféns.

"Temos de negociar de uma posição de força, não na posição de quem chora ou suplica" - disse ele. - "Muito choro só levará a mais catástrofe. Se há esperança de que aqueles soldados voltem para suas famílias, essa esperançna está em negociarmos a partir de posição digna, não humilhada ou súplice." (Al-Akhbar)