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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Xi Jinping: O homem que lidera a reforma da China para uma nova época


2018-12-19 17:03:03丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 19 dez (Xinhua) -- O vice-editor Wang Jun é o principal autor do livro "Um Estudo do Pensamento de Xi Jinping sobre a Reforma e Abertura".
Papéis e documentos fazem pilhas em seu escritório. São o que sua equipe coletou para a pesquisa que resultou no livro.
"Xi Jinping é um homem dedicado de todo coração à reforma e abertura", disse Wang, presidente da Academia de Ciências Sociais de Guangdong.
DETERMINADO A REFORMAR
Quando a China começou a reforma e abertura em 1978, Xi estava estudando engenharia química na Universidade Tsinghua. Seu pai, Xi Zhongxun, era naquela época o chefe do Partido na Província de Guangdong.
O pai tinha altas esperanças para a reforma. Ele buscou a permissão de Deng Xiaoping para "tomar o primeiro passo" para criar uma zona econômica especial que abriria novo terreno para a reforma.
A coragem e o sentimento de missão do pai deixaram uma impressão profunda no filho.
No início da década 1980, quando Xi Zhongxun foi promovido para Beijing, Xi Jinping foi enviado para trabalhar no distrito de Zhengding, Província de Hebei. Ele iniciou seus experimentos de reforma lá, começando com o teste de contrato de terra rural, sendo o primeiro em Hebei a adotar esta prática já testada nas províncias do sul do país.
A reputação de Xi como um reformador era reforçada à medida que ele avançava em sua carreira política. Em Ningde, Xiamen e Fuzhou, da Província de Fujian, na Província de Zhejiang e Município de Shanghai, ele iniciou estratégias de reforma inovadoras para lidar com diferentes tipos de desafios.
"Em um sentido real, Xi vem de uma família de reformadores. Mais importante, Xi é profundamente comprometido à reforma", disse Robert Kuhn, um importante especialista dos EUA sobre a China e presidente da Fundação Kuhn.
"A reforma de Xi é derivada de sua experiência", disse Shi Zhihong, ex-vice-diretor do Departamento de Pesquisa de Políticas do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC). "Ele sabia que os caminhos antigos rígidos não levariam a nenhum lugar e que a reforma era um dever."
"QUINTA MODERNIZAÇÃO"
Em 15 de novembro de 2012, Xi se reuniu com a imprensa logo depois de ser eleito o secretário-geral do Comitê Central do PCC. Ele falou da necessidade de seguir a reforma e abertura para continuar a liberar as forças produtivas sociais, resolver as dificuldades das pessoas em vida e trabalho e ficar comprometido com o caminho de prosperidade comum.
Xi foi a Guangdong em sua primeira viagem de inspeção no país depois de assumir o mais importante posto do Partido. Não foi por coincidência que em 1992 Deng visitou Guangdong em sua bem conhecida "viagem ao sul". As palavras de Deng durante a viagem foram instrumentais para avançar na reforma e abertura.
Em sua visita em 2012, Xi prestou homenagem à estátua de bronze de Deng. "A reforma e abertura é uma medida de que depende o sucesso ou fracasso e que decide o destino da China", disse Xi. "Não há nenhuma pausa ou recuo."
Xi insistiu que a reforma deve ser adequada às próprias necessidades da China por mudança e que a China não reformaria para fazer outros felizes. "Apenas os que usam sabem se os sapatos são adequados ou não", comentou.
A meta geral do aprofundamento da reforma é melhorar e desenvolver o sistema do socialismo com características chinesas e modernizar o sistema e a capacidade da China para a governança.
Esse objetivo principal é descrito pelos observadores como o esforço da "Quinta Modernização" da China.
Zheng Yongnian, diretor do Instituto do Leste Asiático na Universidade Nacional de Cingapura, disse que Xi respondeu às questões relacionadas ao que deve se mudar, como deve se mudar na nova rodada da reforma e quem fará a implementação.
LIDERAR POR AÇÃO
Xi foi chefe de um grupo dirigente para aprofundar a reforma abrangente. Quando foi transformado num comitê, ele permaneceu como o chefe.
Xi passou por cada versão dos principais documentos da reforma, acrescentando suas perspicácias pessoais e buscando por importantes progressos.
Xi liderou a reforma em múltiplas frentes para alcançar avanços: as disparidades entre as populações urbanas e rurais foram reduzidas, a política de dois filhos foi iniciada e impulsionada para render resultados, o gasto excessivo nas contas do governo foi controlado, e os interesses estabelecidos, quebrados.
O progresso da reforma abrange um escopo expansivo de áreas.
Em economia, ele fez o julgamento de nova normalidade, iniciou a reforma estrutural no lado da oferta e traçou uma linha clara entre o governo e o mercado.
Em ciência, ele estabeleceu a meta de se transformar a China em um dos centros de ciência e uma alta terra de inovação do mundo.
Ele liderou a luta anticorrupção para formar uma maré esmagadora e teve uma vitória arrebatadora.
Ele lançou uma importante reforma institucional para reorganizar os órgãos do Partido e do Estado, incluindo o estabelecimento da Comissão Nacional de Supervisão e da Comissão para a Governança Baseada na Lei do Comitê Central do PCC.
O progresso da reforma é informado em outras frentes: as pessoas têm uma confiança cultural mais forte e um sentimento de realização; os sistemas da proteção ambiental melhoraram; e as forças armadas foram reformadas.
Nos cinco anos desde o fim de 2012, mais de 1,5 mil medidas da reforma foram emitidas. A reforma acelerou o ritmo depois do 19º Congresso Nacional do PCC no fim de 2017.
CONECTAR O MUNDO
A reforma da China beneficiou o mundo. A China contribuiu para o crescimento mundial com uma média anual de 18,4% nos últimos 40 anos, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas.
Em 2017, a China respondeu por 27,8% do crescimento econômico mundial, mais que o total dos EUA e Japão.
Enfrentando protecionismo crescente e uma economia mundial estagnada, Xi propôs fomentar um novo tipo de relações internacionais com características de cooperação de ganhos recíprocos e seguir o princípio de alcançar crescimento compartilhado por discussão e colaboração em engajamento na governança mundial.
Uma importante característica da reforma de Xi é a integração da promoção da reforma doméstica com a participação na reforma da governança global, disse Shi.
A proposição de Xi de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade reflete a busca de valores comuns, acrescentou Shi.
A degradação ecológica é um importante desafio mundial. Xi participou da Conferência de Mudança Climática da ONU em Paris em novembro de 2015. A China foi um dos primeiros países a assinar o Acordo de Paris sobre a mudança climática. Xi entregou pessoalmente os instrumentos da China de juntar-se ao Acordo de Paris para o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em setembro de 2016.
Xi trouxe a abertura da China para um novo patamar. Ele projetou e impulsionou a abertura da primeira exposição de nível nacional com tema de importação do mundo.
"A abertura traz progresso enquanto o isolamento leva ao atraso", disse Xi.
A CAMINHO
"Xi transformou a China a um ritmo surpreendente", comentou Geoff Raby, em sua coluna na Australian Financial Review. "Com mais de US$ 8 mil per capita, a China está atualmente na parte superior da faixa de economia de renda média do Banco Mundial, e cerca de 40% disso foi acrescentado durante o mandato de Xi."
A reforma de Xi colocou uma base firme para o rejuvenescimento da nação chinesa. Será a primeira vez na história humana que um país de mais de 1 bilhão de pessoas marcha na modernização como um todo.
A reforma da China inspirou o mundo: os países em desenvolvimento podem embarcar num novo caminho à modernização que é diferente do Ocidente. Quebrou as mentalidades de "fim da história" e "centrada no Ocidente".
A reforma está ainda em andamento. Xi tem muitos desafios adiante. Com grande coragem, ele está pronto para liderar o Partido e o país para avançar com a reforma.
"Muitos progressos foram obtidos nos últimos anos", disse Xi. "Mas muito ainda pode ser alcançado à medida que embarcamos na nova jornada."
2018-12-19 17:03:03丨portuguese.xinhuanet.com

sábado, 29 de dezembro de 2018

China realiza importante reunião econômica para planejar 2019

2018-12-22 01:43:03丨portuguese.xinhuanet.com
CHINA-BEIJING-XI JINPING-ECONOMY-MEETING (CN)

 (Xinhua/Li Xueren)
Beijing, 21 dez (Xinhua) -- A Conferência Central de Trabalho Econômico, realizada anualmente, ocorreu em Beijing entre quarta e sexta-feiras, com os líderes chineses traçando o rumo para a economia em 2019, um ano chave para que o país atinja sua meta de construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos até 2020.
Em um discurso pronunciado na conferência, Xi Jinping, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), presidente chinês, e presidente da Comissão Militar Central, revisou o trabalho econômico do país em 2018, analisou a atual situação econômica e fez a disposição para o trabalho econômico em 2019.
A China respondeu com eficácia às mudanças profundas no ambiente externo este ano, enfrentou desafios com um trabalho sólido, alcançou os objetivos da macro regulação relativamente bem e teve um bom começo nas três batalhas duras contra os principais riscos, pobreza e poluição, segundo um comunicado emitido após a reunião.
Ao mesmo tempo, o país aprofundou a reforma estrutural no lado da oferta, impulsionou a reforma e abertura com maiores esforços, lidou adequadamente com as fricções econômicas e comerciais sino-americanas, melhorou o bem-estar do povo e manteve um desenvolvimento econômico sustentável e saudável, bem como a estabilidade social no geral.
O país "deu novos passos para concluir a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos", disse o comunicado.
"As conquistas que fizemos não vieram facilmente", afirmou.
No último ano, a liderança compreendeu mais profundamente sobre o trabalho econômico sob as novas circunstâncias, segundo o documento.
Ele disse que o país deve defender a liderança centralizada e unificada do Comitê Central do PCC; avaliar as circunstâncias atuais a partir de uma perspectiva de longo prazo e ter uma visão clara sobre as perspectivas de desenvolvimento promissoras de longo prazo do país; fazer uma macro regulação precisa, ajustar ativamente as políticas e melhorar a coordenação das políticas; responder oportunamente às preocupações da sociedade e orientar as expectativas do mercado de maneira direcionada; e desempenhar plenamente a iniciativa de todas as partes para formar sinergia.
"Embora reconheçamos plenamente as conquistas, devemos ter em mente os novos e preocupantes desenvolvimentos em meio a uma operação econômica geralmente estável. O ambiente externo é complicado e severo, e a economia enfrenta uma pressão para baixo", segundo o comunicado.
No entanto, o documento descreveu os problemas como parte do desenvolvimento, observando que a China ainda está e estará por um longo tempo em um período importante de oportunidades estratégicas para o desenvolvimento.
O mundo está enfrentando mudanças sem precedentes em um século, trazendo tanto desafios como oportunidades, disse o comunicado.
Para transformar a pressão em ímpeto para o desenvolvimento de alta qualidade, a China deve acelerar a otimização e a atualização de sua estrutura econômica, fortalecer a capacidade de inovação tecnológica, aprofundar a reforma e abertura, impulsionar o desenvolvimento sustentável, e participar da reforma do sistema de governança econômica global.
Garantir o trabalho econômico saudável é especialmente importante para 2019, que marca o 70º aniversário da fundação da República Popular da China e é chave para a construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, disse o comunicado.
A China fortalecerá os ajustes anticíclicos em sua macropolítica, continuará implementando a política fiscal proativa e a política monetária prudente, fará ajustes preventivos e finos nas políticas em tempos adequados, e garantirá a demanda agregada estável, segundo o comunicado.
Medidas mais corajosas e efetivas devem ser tomadas para implementar a política fiscal proativa, com uma maior escala de cortes de impostos e tarifas e um aumento relativamente substancial na emissão de bônus dos governos locais com propósitos especiais, disse o documento.
A China manterá a política monetária prudente "não muito estrita nem muito relaxada" enquanto mantém a liquidez no mercado em um nível razoavelmente amplo, segundo o comunicado.
Os mecanismos de transmissão da política monetária serão aperfeiçoados enquanto a proporção de financiamento direto será aumentada para tornar o financiamento mais acessível e disponível para o setor privado e as pequenas empresas.
Reformas em diversas áreas como empresas estatais, taxação e financiamento, terra, acesso ao mercado assim como gestão social serão impulsionadas adiante, enquanto o ambiente institucional será melhorado para incentivar a concorrência justa e facilitar o desenvolvimento acelerado de pequenas e médias empresas.
Políticas sociais devem ser criadas para ajudar os mais necessitados, enquanto alta prioridade será dada ao emprego, de acordo com o comunicado.
A China deve aderir à reforma estrutural no lado da oferta para lidar com os principais problemas econômicos e mais frequentemente recorrer aos métodos orientados pelo mercado e baseados na lei, segundo o comunicado.
Os ajustes estruturais prévios devem ser reforçados, com esforços contínuos para reduzir as indústrias de excesso, aliviar todos os tipos de encargos empresariais e direcionar mais energia às áreas fracas como a de infraestrutura.
As micro-entidades de mercado serão mais motivadas e energizadas, com o estabelecimento de regras de mercado justas, abertas e transparentes e um ambiente empresarial baseado na lei.
A China trabalhará para promover a inovação tecnológica e fomentar novos aglomerados industriais, estabelecer um sistema de mercado unificado e aberto com competição ordenada, e estimular o setor financeiro a servir melhor a economia real.
A conferência indicou que o país conquistou "uma vitória inicial nas suas três duras batalhas" contra os riscos, a pobreza e a poluição este ano, e mais esforços dirigidos serão realizados em 2019.
A China irá aderir à desalavancagem estrutural, prevenir a volatilidade financeira anormal e tratar adequadamente dos riscos de dívida dos governos locais. E as áreas com pobreza extrema e grupos especiais receberão mais apoio do governo.
Enquanto mais esforços e insumos devem ser feitos no controle da poluição, os departamentos governamentais precisam levar em consideração todos os fatores e ajudar as empresas a encontrar soluções.
Os elaboradores de políticas planejaram as principais tarefas econômicas para o próximo ano na reunião.
O desenvolvimento da manufatura de alta qualidade será destacado na agenda de trabalho, segundo o comunicado, sublinhando os esforços inabaláveis para tornar o país um manufator de qualidade e a integração da manufatura avançada e do setor de serviços moderno.
Ao tratar rapidamente das empresas zumbi, a China fomentará novas tecnologias, novas formas organizacionais e novos aglomerados industriais.
A capacidade de inovação tecnológica manufatureira será reforçada com o estabelecimento de uma plataforma aberta, coordenada e efetiva para a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia genérica.
As pequenas e médias empresas receberão maiores apoios na inovação, e a proteção e utilização dos direitos de propriedade intelectual serão fortalecidas.
Com um dos maiores mercados do mundo, a China deve continuar emitindo seu potencial para expandir o seu mercado doméstico, segundo o comunicado.
Ao acelerar o desenvolvimento da indústria de serviços, incluindo educação, assistência à infância, cuidado aos idosos, saúde pública, cultura e turismo, a China necessita melhorar seu ambiente de consumo e aumentar o poder de compra.
Com seu enorme potencial na demanda por investimento, o país deve reforçar o importante papel do investimento, facilitar a atualização de tecnologias e equipamentos de manufatura, acelerar o uso comercial das redes 5G, e criar uma infraestrutura para a inteligência artificial, a internet industrial e a internet das coisas.
O país também deve encorajar o investimento no transporte interurbano, logísticas e infraestrutura municipal, fortalecer a construção da infraestrutura rural e instalações de serviços públicos, e melhorar a disposição a desastres naturais.
Quanto à revitalização rural, a China deve dar prioridade ao desenvolvimento da agricultura e economia rural, melhorar a estrutura agrícola e aumentar a oferta de produtos agrícolas de alta qualidade e verdes, segundo o comunicado.
A China precisa dar mais importância às novas entidades de negócios como fazendas familiares e cooperativas de agricultores para aliviar as dificuldades na agricultura familiar.
O país também deve promover a reciclagem do lixo, conduzir a revolução dos banheiros e continuar aprofundando a reforma do sistema de terra rural.
A reunião pediu uma reforma acelerada das empresas estatais, destacando esforços para fortalecer o capital de propriedade estatal, reestruturar as empresas com investimento do capital de propriedade estatal, e avançar a reforma de propriedade mista.
A reforma da estrutura acionária da China Railway Corporation deve ser acelerada, segundo o comunicado.
A reunião também pediu apoio às empresas privadas através da criação de um ambiente legal e proteção da segurança de vida e propriedade dos empresários privados.
A reforma financeira deve ser aprofundada com a reestruturação do sistema financeiro como o foco. A infraestrutura financeira necessita ser melhorada, e as capacidades de supervisão e serviços, fortalecidas.
Os mercados de capitais devem ser desenvolvidos com regras mais padronizadas, transparência, abertura, vitalidade e resiliência.
A reunião pediu a aceleração do lançamento do quadro de inovação científica e tecnológica na Bolsa de Valores de Shanghai e a experimentação de sistema de registro.
Esforços também devem ser feitos para avançar a abertura integral. O acesso ao mercado deve ser facilitado. O tratamento nacional de pré-estabelecimento e o sistema de gestão de lista negativa devem ser implementados para proteger os interesses das empresas estrangeiras na China, especialmente os direitos de propriedade intelectual.
A reunião pediu maiores esforços para aumentar as importações e exportações, fomentar um mercado de exportação mais diversificado, e cortar os custos institucionais dos procedimentos de importação.
"É necessário construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, e também é necessário para a China participar proativamente da reforma da Organização Mundial do Comércio, e promover a liberalização e facilitação do comércio e investimento", disse.
"É necessário implementar o consenso atingido pelos chefes de Estado da China e dos Estados Unidos na Argentina para avançar as negociações econômicas e comerciais bilaterais."
A reunião pediu esforços para melhorar o bem-estar do povo.
A estabilização do emprego deve ser colocada em posição de destaque e mais canais devem ser abertos para ajudar os universitários graduados, trabalhadores rurais migrantes e veteranos rurais a encontrar empregos.
Mais investimento deve ser destinado à educação pré-escolar, à educação de primeira infância nas áreas rurais pobres, e à educação profissionalizante.
Mais esforços também devem ser feitos para garantir a segurança alimentar e de medicamentos, a segurança no trabalho e no trânsito.
A reunião pediu um mecanismo de longo prazo para manter o desenvolvimento saudável do mercado imobiliário e a adesão ao princípio de que "as casas são para morar, não para especular".

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

1 a cada 5 jovens dos EUA consideram Josef Stálin e Kim Jong-Un ‘Heróis’



Atualizado: há 15 horas


Um em cada cinco jovens (especificamente millennials) coloca Josef Stálin e Kim Jong-Un na categoria de “heróis”, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quinta-feira.

A pesquisa demonstrou um aumento na aceitação do socialismo e do comunismo entre os millennials americanos e foi publicada pelo grupo anticomunista conhecido como "Fundo Memorial às Vítimas do Comunismo".
Metade dos millennials e um terço dos americanos prefeririam residir em uma nação socialista ou comunista em vez de uma democracia capitalista, também, de acordo com a mesma pesquisa.
“Um em cada cinco (23%) dos americanos entre 21 e 29 anos considera o líder soviético Josef Stalin um 'herói'; 26% para Vladimir Lênin; 23% para Kim Jong-Un”, observa o estudo.
Além disso, mais de um quinto da geração do milênio pesquisada teve uma opinião positiva de Karl Marx.
"Os millennials estão cada vez mais se afastando do capitalismo e em direção ao socialismo e até mesmo ao comunismo como uma alternativa viável", disse Marion Smith, diretora executiva da Victims of Communism, no comunicado de imprensa obtido pela The Daily Caller News Foundation.
“Essa virada preocupante destaca o analfabetismo histórico disseminado na sociedade americana em relação ao socialismo e ao fracasso sistêmico de nosso sistema educacional de ensinar os estudantes sobre o genocídio, a destruição e a miséria causada pelo comunismo desde a Revolução Bolchevique há cem anos", disseram.
Enquanto 56% dos "baby boomers" aprovaram o capitalismo em comparação com 26% que favoreceram o socialismo, 39% dos millennials entrevistados tiveram uma impressão positiva do socialismo.
Mas enquanto 53% dos millennials entrevistados acreditam que a economia dos EUA os prejudicou, dois terços dos membros da geração Z de 16 a 20 anos acreditam que o sistema econômico do país os beneficia.
Em primeira mão no português pelo Jornal A Pátria, com informações The Daily Caller

sábado, 24 de novembro de 2018

O Partido Comunista do Brasil em 1968


Augusto C. Buonicore Publicado em 23.11.2018
O ano de 1968 foi marcado pela primeira grande crise do regime militar. Acontecimentos como esse impactam fortemente os partidos políticos, especialmente os que procuram representar os interesses nacionais e populares. Este artigo tratará da atuação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) naquela rica conjuntura. A história desta organização continua sendo um dos buracos da historiografia da esquerda brasileira, apesar dos avanços ocorridos nestes últimos anos.



Leiam também o artigo PCdoB e o Movimento Estudantil em 1968.
O PC do Brasil, reorganizado em 1962, se caracterizou, num primeiro momento, pela tentativa de reafirmação da estratégia revolucionária como meio para se conquistar um novo regime político, democrático e popular. Esta foi a maneira encontrada para demarcar campo com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o maior partido da esquerda marxista do país à época.

Neste esforço de diferenciação, o PCdoB acabou, muitas vezes, caindo em posições táticas esquerdistas e sectárias diante das demais forças políticas e sociais nacional-populares. Foi apenas às vésperas do golpe militar de 1964 que esse rumo foi corrigido. Mas era tarde demais para que a autocrítica pudesse ser traduzida em políticas concretas. A contrarrevolução já estava nas ruas.
Apesar dos erros cometidos, a intentona de 1964 fez crescer o respeito pelo Partido Comunista do Brasil. Afinal, ele havia passado grande parte do seu tempo criticando aqueles que apregoavam “a revolução através das reformas” e defendiam o caráter democrático do capitalismo e das forças armadas. O golpe militar, no essencial, refutou todas essas teses.
O PC Brasileiro passou a viver uma grave crise interna. Importantes dirigentes e comitês partidários criticavam abertamente sua política, tachando-a de reformista. Estas mesmas acusações vinham sendo feitas pelos reorganizadores do PCdoB desde 1958. Por isso, foram os primeiros a se beneficiar dos contratempos vividos pelo partido comandado por Prestes.
Guilhardini
Entre 1964 e 1965 o Comitê dos Marítimos do PCB, dirigido por José Maria Cavalcante e Luís Guilhardini, integrou-se ao PCdoB. Um ato que se revestiu de grande valor simbólico, pois se tratava de uma base operária muito importante e com grande tradição de luta. Seus membros desempenhariam um papel inestimável no processo de expansão do Partido para vários estados brasileiros, especialmente no Nordeste. Nesta mesma época, dezenas de militantes trocaram o PCB pelo PCdoB. Esse fenômeno ocorreu no Ceará, Maranhão e em Minas Gerais.
Não somente membros do PCB vieram engrossar as fileiras do PCdoB. Nele integrar-se-iam vários militantes pertencentes às antigas Ligas Camponesas de Francisco Julião. Esse processo iniciara-se um pouco antes do golpe militar. Entre os nomes que ingressaram estavam o de Tarzan de Castro.
Em 1966 o pequeno e aguerrido PCdoB já estava organizado nacionalmente e em condições de realizar uma conferência nacional, a primeira depois de 1962. Neste conclave foi aprovado o documento União dos brasileiros para livrar o país da crise, da ditadura e da ameaça neocolonialista. O objetivo central dos comunistas era construir uma tática adequada para o combate à ditadura militar recém-implantada. Apenas um programa revolucionário, que apontasse o objetivo final e os rumos mais gerais do movimento revolucionário, era insuficiente. Seria preciso encontrar as formas e os meios de aproximação dos objetivos estratégicos. Ou seja, era necessário construir uma tática adequada àquele momento histórico, marcado pela existência de uma ditadura militar antipopular e antinacional.
A resolução política da VI Conferência (1966) dizia que “estava colocada na ordem do dia a necessidade de organizar a mais ampla união patriótica que - sob o lema de independência, progresso e liberdade – pudesse aglutinar em um impetuoso movimento nacional as forças populares e as correntes democráticas”. Continuava o texto: “Qualquer que seja a filiação partidária, a tendência filosófica ou religiosa, a classe ou camada social a que pertençam, os verdadeiros patriotas têm o dever irrecusável de se unir para a ação comum contra os inimigos da democracia e da soberania nacional”.
O PCdoB defendia a derrubada revolucionária da ditadura militar e a implantação de “um governo democrático, representativo de todas as forças patrióticas, cuja primeira e grande atribuição seria convocar uma Assembleia Nacional Constituinte”. Por fim, apontava o caminho da “guerra popular” e a prioridade do trabalho no campo. Neste aspecto era possível constatar a forte influência da revolução chinesa e do pensamento de Mao Tse-Tung na elaboração partidária.
O Partido não era imune às pressões externas pelo desencadeamento imediato da luta armada e às influências das ideias foquistas, muito difundidas na América Latina. Durante os debates internos sobre os caminhos da revolução brasileira, surgiu um grupo intitulado Ala Vermelha (AV), criticando a aparente “inação” partidária diante da luta armada, já anunciada e desencadeada por alguns outros grupos de esquerda. Por este mesmo motivo, se desprendeu do PCdoB um pequeno grupo de militantes do Nordeste que fundaria o Partido Comunista Revolucionário (PCR). À frente das duas cisões estavam elementos provenientes das Ligas Camponesas que haviam feito recentemente cursos político-militares na China.
O que os dissidentes da Ala e do PCR não sabiam era que a direção do PCdoB havia iniciado os preparativos para montagem da guerrilha rural e o desencadeamento da guerra popular. Formara, inclusive, uma comissão militar – encabeçada por João Amazonas e Maurício Grabois – e, secretamente, deslocara militantes para o interior do país à procura de áreas adequadas à implantação do movimento guerrilheiro. Estavam lançando a semente da futura resistência armada no Araguaia, iniciada em abril de 1972.
Portanto, nesses anos, a direção do PCdoB foi obrigada a travar uma luta político-ideológica em duas frentes. De um lado, contra o chamado reformismo e, de outro, contra as concepções esquerdistas e militaristas, que negavam a política de frente única e pretendiam a imediata deflagração da luta armada nas cidades.
Às vésperas de seu congresso, ocorrido em 1967, a crise do PC Brasileiro atingiu seu auge. A direção perdeu votações nos comitês e conferências estaduais de São Paulo e da Guanabara. Os confrontos entre dirigentes em torno da linha política levaram à cisão e à formação de diversas organizações, como a Ação Libertadora Nacional (ALN), o Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) e o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Deste processo participaram dirigentes históricos como Carlos Marighella, Mário Alves, Jover Telles, Jacob Gorender, Joaquim Câmara Ferreira, Apolônio de Carvalho, Armando Frutuoso. Um grande número de lideranças jovens vinculadas ao movimento estudantil seguiu esses líderes.
Armando Frutuoso, dirigente do Comitê Estadual da Guanabara
Nesse momento parte do Comitê Estadual do PCB da Guanabara se integraria ao PCdoB. Assim, este Partido aumentaria significativamente sua influência num dos principais estados da Federação. Mais à frente analisaremos esse processo de incorporação.
Radicalizar ampliando e ampliar radicalizando
No mês de novembro de 1967, veio a público um alentado documento intitulado O Partido Comunista do Brasil na luta contra a ditadura militar. Suas páginas apontavam claramente os inimigos principais a serem derrotados: “O povo brasileiro, na luta por sua completa emancipação, defronta-se com diversos inimigos. Mas não pode atacar todos simultaneamente (...). Na presente situação, o inimigo principal a combater são o imperialismo norte-americano e seus sustentáculos internos, que encontram na ditadura sua expressão política”.
Essa linha estratégica determinaria a posição dos comunistas diante das demais forças oposicionistas, inclusive burguesas. Em 1966 formou-se a Frente Ampla, uma articulação entre diversas personalidades políticas que haviam se destacado na cena política durante o regime deposto pelo golpe militar. Ela unia pessoas de trajetórias distintas – e mesmo contrapostas –, como Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Contudo, certas correntes de esquerda buscavam restringir a frente única contra a ditadura apenas aos setores operários e populares. Tal postura levava-as a hostilizar abertamente a Frente Ampla, acusando-a de servir ao regime discricionário. Ao contrário da extrema-esquerda, o PCdoB considerava positiva a formação daquela articulação política oposicionista, apesar de suas limitações. “A Frente ampla, afirmava a resolução de 1967, é uma tentativa de unir forças para modificar o sistema ditatorial vigente em benefício das correntes políticas alijadas do poder com o golpe militar”. Ela visava à “realização de eleições diretas, através das quais pretendem chegar ao poder”.
Assim, “o MDB e a Frente Ampla desempenhariam determinado papel na luta contra a ditadura”, contribuindo objetivamente para o seu maior isolamento. As forças populares e operárias deveriam, sempre que possível, aliarem-se à oposição liberal-burguesa sem, no entanto, se subornarem política e ideologicamente a ela. O PCdoB criticou aqueles que “confundiam amplitude da frente única com direção burguesa”. Para ele a direção do processo revolucionário deveria estar nas mãos do proletariado, pois a burguesia tendia a conciliar-se “com os inimigos do povo, capitular e conduzir este movimento (revolucionário) ao fracasso”.
Logo após as grandes manifestações de protestos contra a morte de Edson Luís em 28 de março de 1968, a ditadura fechou a Frente Ampla e proibiu que a imprensa vinculasse qualquer informação sobre os políticos ligados a ela, especialmente os que haviam sido banidos. Ironicamente, ela era acusada de fomentar as manifestações de rua e a radicalização política. Alguns meses depois, Lacerda também seria cassado e detido.
O PCdoB buscava, na medida de suas forças, impulsionar a oposição liberal-burguesa e os movimentos sociais. Ao mesmo tempo, secretamente, preparava-se para a “guerra popular” que deveria ser desencadeada no campo brasileiro. “A tática do Partido”, afirmava, “exige que sua atividade se realize fundamentalmente no interior do país (...) (pois) os homens do campo constituem a força básica da revolução, mas também porque o interior é o cenário mais favorável à luta armada”. Desde 1966, após a VI Conferência, começou um fluxo crescente de militantes em direção às zonas rurais. Esta tendência se acentuaria ainda mais depois da promulgação do AI-5 em dezembro de 1969.
Num documento divulgado em julho daquele ano, o PCdoB explicaria os pressupostos de sua tática revolucionária. Afirmava ele: “é indispensável ampliar sempre o movimento de massas e ao mesmo tempo radicalizá-lo (...). Há os que propugnam apenas a radicalização, sem ter em conta a amplitude do movimento (...). E há os que só pensam na amplitude sem considerar a necessidade de elevar o nível das lutas. Ambas as tendências são profundamente prejudiciais. Uma conduz ao isolamento e a outra à capitulação”. Esta política seria magistralmente sintetizada na fórmula dialética: “ampliar radicalizando e radicalizar ampliando”.
O PCdoB diante da cisão do Movimento Comunista
No grande confronto político e ideológico que dividiu o movimento comunista internacional no início da década de 1960, o PCdoB se alinhou ao lado da China contra as posições soviéticas. Desde então, a postura assumida diante do conflito sino-soviético passou a nortear as relações entre os partidos comunistas. Neste assunto não poderia haver nenhuma vacilação e nem espaço para posições intermediárias ou conciliadoras. Abriu-se o caminho para o fortalecimento de posições sectárias entre as organizações revolucionárias e isso trouxe grandes prejuízos ao movimento comunista internacional.
Nos primeiros anos de sua reorganização, a revolução cubana foi uma forte referência para os dirigentes do PCdoB. Mas após 1964 houve uma reaproximação entre Cuba e a URSS. O novo arranjo de forças mundial levou a ilha revolucionária a se afastar rapidamente da China e dos partidos a ela vinculados, inclusive o PCdoB.
As relações entre Cuba e China se tornaram cada vez menos amistosas. Em 1966, Fidel Castro acusou Mao Tse-Tung de tentar pressioná-lo politicamente, através da diminuição da exportação de arroz para a ilha. Os chineses, por sua vez, argumentaram que a redução se devia a catástrofes naturais que atingiram a agricultura chinesa. O PCdoB e os partidos denominados marxista-leninistas defenderiam a posição oficial do governo chinês.
Por esse motivo, os partidos pró-China – e críticos a URSS – não foram convidados para a Conferência Tri-Continental (1966) e nem para o Congresso da Organização Latino-Americana de Solidariedade, OLAS (1967). Em março de 1966, o PCdoB aprovou uma carta aberta a Fidel Castro, criticando as posições assumidas por Cuba em relação a China socialista. Selava-se, assim, o distanciamento entre os dois partidos comunistas, que duraria mais de 20 anos.
Os dirigentes do PCdoB passaram a desenvolver uma crítica sistemática à concepção da revolução latino-americana emanada de Cuba. Assim os comunistas do Brasil resumiriam essa teoria: “Apregoa que a revolução nos países (latino-americanos) é socialista e que se travará, como processo único, em todo o Continente. Considera que é desnecessário a existência do partido revolucionário da classe operária (...). Do ponto de vista militar, defende a teoria do foco (...). Segundo esta ideia, é suficiente um punhado de elementos corajosos e bem armados, em lugares inacessíveis, para levar adiante a revolução”.
Os teóricos do foco menosprezariam o fato de que “esses grupos (armados) deveriam estar profundamente identificados com as aspirações populares, em particular da região onde operam, necessitam atuar em função dos interesses das massas, contribuir para despertar sua consciência política e ajudar na sua organização”. Essa, portanto, seria a diferença fundamental entre o foquismo e a teoria da guerra popular prolongada, defendida pelos chineses.
O PC do Brasil critica a tese de que a revolução em toda a América Latina já seria socialista: “Quando se coloca, na atual etapa da luta, o socialismo como objetivo imediato, na prática, restringe-se o campo das forças revolucionárias e amplia-se o do imperialismo”. O próprio exemplo cubano demonstraria que “não foi com bandeiras socialistas que ali se iniciou e se tornou vitoriosa a revolução”.  O partido defendia a tese da revolução ininterrupta por etapas.
A teoria da revolução única continental, para ele, seria estranha à tradição marxista-leninista: “O problema nacional é um dos fatores básicos da luta emancipadora nas nações oprimidas pelo imperialismo. Todo país tem suas peculiaridades, sua formação histórica e suas tradições, sua cultura e composição étnica, seus hábitos e costumes. Todo povo terá que encontrar as formas específicas de abordar a revolução”. Por último, e não menos importante, critica duramente a subestimação dos foquistas em relação ao papel do Partido de vanguarda (marxista-leninista) nas revoluções latino-americanas.
Os dirigentes do PCdoB desenvolveriam suas críticas ao foquismo e apresentariam suas teses sobre os caminhos da revolução brasileira, fundamentalmente, em dois documentos: Alguns problemas ideológicos da revolução na América Latina (maio/1968) e Guerra Popular – Caminho da luta armada no Brasil (janeiro/1969). No Brasil as teses foquistas influenciariam fortemente a ALN, a VPR, o MR-8 e, em menor medida, o PCBR.
Sob o signo de Mao Tse-Tung
Nesse período vivíamos o auge da influência das teses chinesas no interior do PCdoB. Mao Tse-Tung era considerado o “maior marxista-leninista da era presente” e a “grande revolução cultural proletária” (1966-1976) tida como uma etapa superior da luta pelo socialismo na China e no mundo.
Em fevereiro de 1968, o jornal A Classe Operária, órgão oficial do PCdoB, publicou o artigo Grandes Êxitos da Revolução Cultural. Seu autor, Pedro Pomar, era um dos principais dirigentes partidários. “A revolução cultural proletária”, escreveu ele, “veio demonstrar a importância histórico-mundial do pensamento de Mao Tse-Tung, como o marxismo-leninismo do nosso tempo (...). Os comunistas brasileiros (...) erguem, cada vez mais alto, a bandeira vermelha do pensamento Mao Tse-Tung, que descortina para o povo o caminho da revolução e da guerra revolucionária de libertação”.
O Partido editaria o livro Viva a vitória da Guerra Popular! Lin Piao, seu autor, era um dos principais incentivadores da Revolução Cultural Proletária e propagandista do pensamento de Mao Tse-Tung. Nesta obra, apresentava, de maneira sistemática, a teoria maoísta da Guerra Popular prolongada. Sua originalidade era advogar como centro da estratégia revolucionária o cerco das cidades pelo campo. Considerava este esquema, utilizado vitoriosamente na China, como uma fórmula geral (universal) para todas as revoluções na periferia do capitalismo, seja na Ásia, África ou América Latina. Este modelo revolucionário influenciou a elaboração estratégica do PCdoB naqueles anos.
As formulações chinesas, como as teorias foquistas, tendiam a subestimar as particularidades nacionais dos países capitalistas periféricos. Ambas acabavam colocando um sinal de igualdade entre formações econômicas e sociais tão diferentes como as existentes no Vietnã, em Angola, Brasil e Argentina. A aplicação mecânica desses modelos levaria à derrota as forças revolucionárias em várias partes do mundo.
Dois acontecimentos internacionais iriam azedar ainda mais as relações entre URSS e China. No mês de agosto de 1968, tropas soviéticas ocuparam a Tchecoslováquia e interromperam o processo chamado de “Primavera de Praga” – uma tímida tentativa de liberalizar o regime e de se aproximar do Ocidente capitalista. Os comunistas tchecos diziam estar implantando um “socialismo com face humana”. Os soviéticos viram essas medidas como perigosas ameaças à sua hegemonia no Leste europeu.
O PC da China e o Partido do Trabalho da Albânia (PTA), mesmo não tendo nenhuma admiração pelos reformistas tchecos, condenaram a invasão soviética. Numa recepção ao embaixador vietnamita, o primeiro-ministro chinês Chu En-Lai utilizou o controverso – e errôneo – termo “social-imperialismo” para se referir à política externa soviética. A Albânia, por sua vez, se retirou do Pacto de Varsóvia. No mesmo diapasão, o PCdoB lançou uma dura nota intitulada Agressão criminosa. “Com esta atitude injustificável”, dizia ela, “os revisionistas mostraram sua verdadeira fisionomia. Não passam de imperialistas e fascistas mascarados como defensores do socialismo”. Um claro exagero.
O conflito entre a URSS e a China atingiu o seu ápice no início de 1969, quando chegaram a ocorrer conflitos armados na fronteira desses dois países socialistas. Na contenda os russos tomaram uma pequena ilha chinesa no rio Ussuri. Excepcionalmente, estabeleceu-se um aliança tácita entre a URSS e os EUA. Mao Tse-Tung chegou a temer por um ataque nuclear soviético, com consentimento estadunidense.
A crítica chinesa ao suposto revisionismo do PCUS se transformou em antissovietismo. O “social-imperialismo” passou a ser considerado o principal inimigo dos povos, pois estava numa fase de ascensão. O imperialismo estadunidense, por sua vez, não passaria de um “tigre de papel”, decadente. Um pouco mais tarde, isso criaria as condições para uma aproximação entre China e EUA. O presidente Nixon visitaria Pequim em 1972.
PCdoB e PCBR: a luta pela Guanabara
Como vimos anteriormente,o PCB entrou numa profunda crise após o golpe militar de 1964. Contudo, seria apenas em 1967 que ele terminaria em nova cisão. Vários dirigentes históricos seriam expulsos e caminhariam para construir suas próprias organizações revolucionárias ou aderir às já existentes.
Em outubro, organizou-se uma reunião nacional da autodenominada Corrente Revolucionária. Ela inicialmente visava a articular a participação dos dissidentes no 6º Congresso do PCB. Prestes conseguiu impedir que isso ocorresse e expulsou sumariamente os descontentes do partido.
No transcorrer desse processo, em fevereiro de 1968, reuniram-se clandestinamente vários dirigentes da Corrente Revolucionária – Jacob Gorender, Apolônio de Carvalho e Mário Alves – e do PCdoB – João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar. Na pauta constava a discussão sobre os problemas da tática e da estratégia revolucionária e a possível unificação dos dois agrupamentos. A reunião foi cordial, mas não chegaram a um acordo.
(Foto: Jover Telles)
Entre os dissidentes da Guanabara, se fortaleceu a posição de que se deveria caminhar para a incorporação ao PC do Brasil. Entretanto, ao contrário do que pretendiam, a Conferência Nacional da Corrente Revolucionária resolveu pela formação de um outro partido: o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Descontente com essa decisão, a autodenominada Maioria Revolucionária do Comitê Regional da Guanabara rompeu com os organizadores do novo partido e aprovou o documento Um reencontro histórico. Nele é proposta a incorporação dos seus militantes ao PCdoB. À frente deste processo estavam Manoel Jover Telles, Armando Frutuoso e Lincoln Bicalho Roque. Alguns anos mais tarde, os dois últimos seriam assassinados pela ditadura militar e o primeiro entraria para a história como traidor.
Ainda hoje, existe uma polêmica em relação a quantas pessoas teriam, de fato, ficado com o PCdoB. O insuspeito Apolônio de Carvalho, fundador do PCBR, afirmou que: “mais de 80% dos militantes – com destaque para os setores operários e populares – optaram pela unificação com o PCdoB”. Isso, com certeza, representou um grande reforço partidário num dos mais importantes estados da Federação.
Em julho o Comitê Central do PCdoB divulgou sua carta aos comunistas divergentes do PC Brasileiro no estado da Guanabara. Ela afirmava: “sua adesão ao PC do Brasil é, em verdade, um reencontro entre velhos camaradas. Durante alguns anos, as fileiras partidárias estiveram desfalcadas de inúmeros elementos da Guanabara que, por equívoco, se mantiveram no PC Brasileiro, mas que, posteriormente, tiveram capacidade de se rebelar contra o revisionismo. Agora é o momento de ocupar novamente o honroso posto de combate nas hostes do PC do Brasil”.
O documento criticava as posições assumidas pelo PCBR em seu congresso de fundação: “A linha (...) exposta em seu documento básico, é de equidistância entre o PCUS, que lidera o revisionismo em todo o mundo, e o PC da China, que defende consequentemente os princípios revolucionários do marxismo-leninismo. Esta ‘independência’ não passa de terceira posição, de atitude centrista tão prejudicial quanto à dos revisionistas”. A direção do PCBR, por sua vez, responderia com o documento Reencontro histórico ou mera mistificação. O linguajar duro – e deselegante – desses documentos partidários reflete o espírito da época.
O AI-5 – Desce o pano
O ano de 1968 chegaria ao fim com a decretação do Ato Institucional nº 5 em 13 de dezembro – que representaria um “golpe dentro do golpe”. A ditadura entraria então numa nova fase, mais agressiva. O regime militar foi superando a aguda crise vivida naquele tumultuado ano. Superou através do recrudescimento da violência policial e, também, pelo rápido crescimento econômico. Entramos, a partir de 1969, na chamada era do “milagre econômico” e do “nacionalismo autoritário”.
A esquerda revolucionária, inclusive o PCdoB, teve muita dificuldade para compreender o novo momento histórico. Tendeu, em geral, a subestimar a força da ditadura militar e lançou-se numa luta heroica, mas desigual. A maioria de suas organizações acabou sendo destroçada pela repressão. O PCdoB foi um dos poucos que conseguiu sobreviver àqueles anos de chumbo.

* Este texto foi publicado originalmente no Portal Vermelho em setembro de 2008.
** Augusto Buonicore é historiador, mestre em Ciência Política pela Unicamp e diretor de publicações da Fundação Maurício Grabois. E autor dos livros Marxismo, história e a revolução brasileira; Meu Verbo é Lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas; e Linhas Vermelhas: marxismo e os dilemas da revolução, publicados pela Fundação Maurício Grabois e Editora Anita Garibaldi.

Bibliografia sobre o PCdoB em 1968 
BUONICORE, Augusto. O PCdoB e o movimento estudantil em 1968. In Portal Grabois
CARVALHO, Apolônio. Vale a pena sonhar. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
COELHO, Maria Francisca Pinheiro. José Genoíno: escolhas políticas. São Paulo: Centauro, 2007.
FREITAS, Mariano. Nós, os estudantes. Fortaleza:Livro técnico, 2002.
GORENDER, Jacob. Combate nas trevas. São Paulo: Ática, 1987.
PARANÁ, Denise. Entre o sonho e o poder: a trajetória da esquerda brasileira através das memórias de José Genoíno. São Paulo: Geração Editorial, 2006.
SANTOS, Andréa Cristiana. Ação entre amigos: história da militância do PCdoB em Salvador (1965-1973). Dissertação de Mestrado de História Social. Salvador: UFBA. 2004.
SANTOS, Nilton. História da UNE. Vol. 1, depoimentos de ex-dirigentes. São Paulo: Livramento, 1980.

Documentos consultados
Maioria Revolucionária do Comitê Regional da Guanabara. Um reencontro histórico. O Isqueiro, edição especial, junho de 1968. Anexo BNM – AEL-IFCH/Unicamp.
PCBR. Um reencontro histórico ou simples mistificação. Mimeografado (1968). Anexo BNM – AEL-IFCH/Unicamp.
PCdoB. Agressão criminosa – declaração sobre a invasão da Tchecoslováquia. A Classe Operária, setembro de 1968.
____. Alguns problemas ideológicos da revolução na América Latina (maio/1968). In:Guerra Popular: Caminho da luta armada no Brasil. Lisboa: Maria da Fonte, 1974.
____. Ampliação e radicalização (julho/1968). In:Política e Revolucionarização do Partido. Lisboa: Maria da Fonte, 1977.
____. Apoiar decididamente a grande revolução cultural proletária (abril/1967). In:A Linha Política Revolucionária do Partido Comunista do Brasil. Lisboa: Maria da Fonte, 1974.
____. Cerrar fileiras em torno do Partido Comunista do Brasil (junho/1968). In:Política e Revolucionarização do Partido. Lisboa: Maria da Fonte, 1977.
____. Guerra Popular: Caminho da luta armada no Brasil (janeiro/1969). In:Guerra Popular: Caminho da luta armada no Brasil. Lisboa: Maria da Fonte, 1974.
____. O marxismo-leninismo triunfará na América Latina – Carta aberta a Fidel Castro (março/1966). In:A Linha Política Revolucionária do Partido Comunista do Brasil. Lisboa: Maria da Fonte, 1974.
____. O Partido Comunista do Brasil na luta contra a ditadura militar (novembro/1967). In:Guerra Popular: Caminho da luta armada no Brasil. Lisboa: Maria da Fonte, 1974.
____. A política estudantil do Partido Comunista do Brasil. In:Política e revolucionarização do Partido. Lisboa: Maria da Fonte, 1977.
____. União dos Brasileiros para livrar o país da crise, da ditadura e da ameaça neocolonialista. In:A linha política revolucionária do Partido Comunista do Brasil (M-L). Lisboa: Maria da Fonte, 1974.
POMAR, Pedro. Grandes Êxitos da Revolução Cultural. A Classe Operária, fevereiro de 1968.
ROCHA, Ronald; MONTEIRO, João de Paula; KOBASCHI, Nair. Contribuição ao XXX Congresso da UNE: Combate intransigente à ditadura e ao imperialismo.Mimeografado.Anexo BNM – AEL-IFCH-Unicamp.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Losurdo: "A Geopolítica da internet"




O Google desafia o governo da República Popular da China: a grande imprensa de "informação" aplaudiu sem reservas o rigor moral e a coragem duma multinacional disposta a pagar caro em termos econômicos para não se submeter às imposições da censura e reafirmar o direito humano à livre informação. Na verdade, embora de modo muito reduzido, também se fizeram ouvir algumas vozes apelando a uma maior prudência: teria havido apenas nobres motivações para explicar a posição do Google ou também haveria considerações de outra natureza? O grandioso gesto podia ser apenas um golpe de teatro numa habilidosa campanha de relações públicas: virar as costas desassombradamente a um mercado, embora prometedor, mas em que a concorrência local é feroz e conquistadora, pode vir a ser benéfico para a imagem e para os lucros da multinacional americana, abrindo-lhe o caminho para uma expansão noutros países e a nível mundial… A geopolítica, pelo contrário, continua a estar ausente, apesar de, para um observador mais atento, ser ela o autêntico protagonista.

Para o verificarmos, demos um salto atrás de cerca de sessenta anos e concentremo-nos num incidente, reconstruído aqui a partir dum recente artigo de Alessandra Farkas no Corriere della Sera.

“Uma misteriosa epidemia de loucura coletiva”
A 16 de Agosto de 1951, fenômenos estranhos e inquietantes vieram perturbar Pont-Saint-Esprit, "uma aldeia tranquila e pitoresca" situada "a sudeste da França". Sim, "a região foi sacudida por uma misteriosa epidemia de loucura coletiva. Morreram pelo menos cinco pessoas, dezenas foram parar ao hospício, centenas mostraram sinais de delírio e de alucinações […...] Muitas delas foram parar ao hospital com uma camisa-de-forças". O mistério, que durante muito tempo rodeou este ataque de "loucura coletiva" já se dissipou: tratou-se duma "experiência efetuada pela CIA, com a Divisão Especial de Operações (SOD), a unidade secreta do exército dos EUA de Fort Detrick em Maryland"; os agentes da CIA «contaminaram com LSD o pão vendido nas padarias da região», provocando os resultados que descrevemos acima. Estamos no início da guerra-fria: claro que os Estados Unidos eram aliados da França, mas foi exatamente por isso que esta se prestou às experiências de guerra psicológica que obviamente tinham como objetivo o "campo socialista" (e a revolução anticolonialista) mas dificilmente podiam ser efetuadas nos países situados por detrás da cortina de ferro.

Então a pergunta que se põe é esta: a excitação das massas só podia ser provocada através da via farmacológica? Os acontecimentos que, no final da guerra-fria, varreram o «campo socialista», de resto amplamente desacreditado e enfraquecido, dão que pensar. A 17 de Novembro de 1989, a «revolução de veludo» triunfava em Praga, com uma palavra de ordem que se pretendia inspirada em Gandhi: «Amor e Verdade». Na realidade – confessa hoje o International Herald Tribune – o papel decisivo foi desempenhado pela difusão duma notícia falsa segundo a qual um estudante tinha sido "brutalmente assassinado" pela polícia. Se, no caso da Checoslováquia foram suficientes duas "pequenas" manipulações (por um lado a transfiguração dos líderes da revolta em seguidores devotos de Ghandi no culto da verdade e da não-violência, por outro a produção inteligente e a difusão de «notícias» destinadas a suscitar a indignação das massas), a promoção da revolta que derrubou a ditadura de Ceausescu na Romênia, semanas depois foi mais complicada. A encenação, nas suas linhas gerais, não varia: tratou-se sempre de desacreditar e até mesmo de diabolizar o poder a derrubar, para o transformar num alvo fácil da indignação das massas alimentada sabiamente e sem sombra de escrúpulos. Pois é, mas como atingir esse objetivo na situação concreta da Romênia no final de 1989? A partir de certa altura, os meios de comunicação ocidentais começaram a difundir maciçamente na população romena, e a bombardeá-la mesmo, com informações e imagens do «genocídio» perpetrado em Timisoara pela polícia de Ceausescu. O que é que aconteceu na realidade? Passemos a palavra a um prestigiado filósofo (Giorgio Agamben) que não é propriamente um crítico da ideologia dominante mas que sintetizou de modo magistral a questão que estamos a tratar:

"Pela primeira vez na história da humanidade, cadáveres acabados de enterrar ou alinhados nas mesas das morgues foram desenterrados à pressa e torturados para, em frente das câmaras, simular o genocídio que devia legitimar o novo regime. O que o mundo inteiro teve debaixo dos olhos em direto nos ecrãs da televisão, como sendo verdade era a não verdade absoluta; e embora a falsificação por vezes fosse evidente, era de qualquer modo autenticada como uma verdade pelo sistema mundial dos meios de comunicação, para que se tornasse claro que a verdade passara a ser apenas um momento do movimento necessário da falsidade".

O fim da guerra-fria não era o fim do Grande jogo. Para os EUA, não bastava liquidar o "campo socialista" e desmembrar a União Soviética; também era preciso promover e impor na Europa oriental a ascensão ao poder de líderes completamente ligados a Washington. Na Geórgia, a certa altura até Edouard Chevardnadze (até então estimado e apreciado no ocidente pelo papel "democrático" que tinha desempenhado ao lado de Gorbatechev na dissolução do "campo socialista" e, posteriormente, ultrapassando o próprio Gorbatchev, na dissolução da União Soviética) se tornou num líder indesejável e a substituir.

Foi a tarefa confiada à famosa «revolução das rosas». Concentro-me nalguns dos seus momentos chave, servindo-me da reconstrução aparecida numa reputada revista francesa de geopolítica. Televisões georgianas nas mãos da oposição e dos meios de comunicação ocidentais empenharam-se numa campanha conjunta e infindável:

"A corrupção do regime é apresentada sob todos os seus aspectos. Não hesitando o recurso à mentira em caso de necessidade. Em meados de Novembro, revistas alemãs afirmam que pessoas próximas de M. Chevardnadze lhe compraram uma luxuosa moradia na cidade termal de Baden-Baden, no sul da Alemanha. A Bild afirma que a residência está avaliada em 11 milhões de euros. A informação não é confirmada. Não interessa […...] Uma das nossas fontes informar-nos-á posteriormente que a foto apresentada foi recolhida ao acaso na Internet".

Depois da proclamação dos resultados eleitorais que confirmam a vitória de Chevardnadze e que são acusados de fraudulentos pela oposição, esta decide organizar uma marcha em direção a Tbilissi, que deveria confirmar "a chegada simbólica e pacífica à capital de todo o país em fúria». Embora convocados em todos os cantos do país com grande apoio de meios propagandistas e financeiros, nesse dia apareceram para a marcha entre 5000 a 10.000 pessoas: «para a Geórgia, isso não era nada"! Mas, graças a uma encenação sofisticada e altamente profissional, a cadeia de televisão mais vista do país consegue transmitir uma mensagem totalmente diferente:

"A imagem está aqui, poderosa, a de todo um povo que segue o seu futuro presidente". A partir daí, as autoridades políticas são consideradas ilegítimas, o país fica desorientado e confuso, e a oposição mais arrogante e mais agressiva do que nunca, tanto mais que os meios de comunicação internacionais e as chancelarias estrangeiras a encorajam e a protegem. O golpe de estado está maduro, vai levar ao poder Mikhaïl Saakashvili, que fez os seus estudos nos EUA, fala um inglês perfeito e está em posição de compreender rapidamente as ordens dos seus superiores.

As «guerras na Internet»
Até agora temos visto a transformação da «não verdade absoluta» em «verdade verdadeira» e incontestável passar em primeiro lugar nos «ecrãs da televisão» enquanto que o papel da Internet era secundário e negligenciável. Mas é interessante assinalar que, a partir do fim dos anos 90, no International Herald Tribune um jornalista (Bob Schmitt) observava: "As novas tecnologias alteraram a política internacional". Aqueles que estavam em posição de as controlar viam aumentar desmesuradamente o seu poder e a sua capacidade em desestabilizar países mais fracos e tecnologicamente menos avançados.

Com efeito, com a chegada e a generalização da Internet, do Facebook, do Twitter, apareceu uma nova arma, susceptível de modificar profundamente as relações de força no pano internacional. Isto já não é um segredo para ninguém. Atualmente, nos EUA, um rei da sátira televisiva como Jon Stewart proclama: "Mas porque é que estamos a enviar exércitos se é mais fácil deitar abaixo uma ditadura via Internet do que comprar um par de sapatos?" O significado militar das novas tecnologias está aqui explicitamente sublinhado e reivindicado: sem tocar no direito de Washington a julgar e a condenar de modo soberano, a partir de agora é possível recorrer a armas novas e mais sofisticadas para punir os culpados e os rebeldes.

Mas a Internet não é ela mesma a expressão da liberdade de expressão? Os que argumentam isto são só os menos dotados (e os menos escrupulosos). Na realidade – reconhece Douglas Paal, ex-colaborador de Reagan e de Bush sénior – a Internet é atualmente "gerada por uma ONG que não passa de uma emanação do Departamento do Comércio dos EUA". Mas trata-se apenas de comércio? O semanário alemão Die Zeit pede esclarecimentos a James Bamford, um dos maiores especialistas sobre os serviços secretos americanos: "Os chineses também receiam que empresas americanas como o Google sejam em última análise instrumentos dos serviços secretos americanos em território chinês. Será isso uma atitude paranoica?" "De modo nenhum» é a resposta imediata. Pelo contrário – acrescenta o especialista – até «organizações e instituições estrangeiras estão infiltradas» pelos serviços secretos americanos, que estão sempre em condições de interceptar comunicações telefônicas em todos os cantos do planeta e devem ser considerados como «os maiores piratas informáticos do mundo".

A partir da agora – afirmam ainda no Die Zeit dois jornalistas alemães – não há quaisquer dúvidas:

«Os grandes grupos Internet tornaram-se num instrumento da geopolítica EUA. Anteriormente, eram necessárias laboriosas operações secretas para apoiar movimentos políticos em países longínquos. Atualmente basta muitas vezes um pouco de técnica da comunicação manobrada a partir do ocidente […] O serviço secreto tecnológico dos EUA, a National Security Agency, está em vias de montar uma organização totalmente nova para as guerras na Internet».

À luz de tudo isto, convém reler certos acontecimentos recentes de explicação difícil. Em Julho de 2009 ocorreram incidentes sangrentos em Urumqi e em Xinjiang, uma região da China habitada sobretudo por ouigours. São explicados pela discriminação e pela opressão à custa de minorias étnicas e religiosas? Não parece muito plausível uma abordagem desse tipo, pelo menos a julgar pelo que refere o correspondente de Pequim de La Stampa (Francesco Sisci):

"Numerosos hans de Urumqi queixam-se dos privilégios de que os ouigours desfrutam. De facto, estes, enquanto minoria nacional muçulmana, têm condições de trabalho e de vida muito melhores que os seus colegas hans, em igualdade de situação. Os ouigours, no seu escritório, têm autorização para suspender o seu trabalho várias vezes por dia para efectuar as cinco orações muçulmanas diárias tradicionais [...…] Além disso, podem não trabalhar à sexta-feira, dia santo muçulmano. Em teoria, deviam compensar ao domingo. Mas ao domingo os escritórios estão fechados […] Um outro ponto doloroso para os hans, submetidos à dura política de unificação familiar que continua a impor um filho único, é que os ouigours podem ter dois ou três filhos. E, enquanto muçulmanos, têm subsídios para além do salário dado que, como não podem comer carne de porco, têm que recorrer ao carneiro que é mais caro".

Isto não bate certo com a acusação feita pela propaganda ocidental de que o governo de Pequim quer eliminar a identidade nacional e religiosa dos ouigours. Então, como é?

Reflictamos sobre a dinâmica dos incidentes. Numa cidade do litoral chinês onde, apesar das diferentes tradições culturais e religiosas pré-existentes, os hans e os ouigours trabalham lado a lado, espalha-se de repente o boato segundo o qual uma rapariga han foi violada por operários ouigours; daí ocorrem incidentes durante os quais são mortos dois ouigours. O boato que provocou essa tragédia era falso mas eis que logo a seguir se espalha um segundo boato ainda mais grave e ainda mais funesto: a Internet difunde na sua rede a notícia segundo a qual na cidade do litoral chinês teriam sido mortos centenas de ouigours, massacrados pelos hans sob a indiferença e até mesmo a complacência da polícia. Resultado: tumultos étnicos no Xinjiang, que provocam a morte de quase 200 pessoas, desta vez quase todas hans.

Pois bem, estaremos na presença duma intriga infeliz e casual de circunstâncias ou da difusão de boatos falsos e tendenciosos com vista ao resultado que se constatou efetivamente na sua sequência? Volta assim à nossa memória a "experiência feita pela CIA" no verão de 1951, que provocou "uma misteriosa epidemia de loucura coletiva" na "pitoresca e tranquila aldeia" de Pont-Saint-Esprit. E de novo nos vemos obrigados a fazer a pergunta inicial: a "loucura coletiva" pode ser produzida apenas por via farmacológica ou pode ser hoje também o resultado do recurso a "novas tecnologias" da comunicação de massas?

Quem são os “ciberidiotas?
Uma coisa é certa: aqueles que são os alvos das «guerras na Internet» não ficam de braços caídos: como em todas as guerras os fracos procuram compensar a sua desvantagem aprendendo com os mais fortes. E eis que esses gritam com escândalo: "No Líbano” – podemos ler no Corriere della Sera de 20 de Março – «aqueles que dominam os meios de comunicação noticiosos e as redes sociais não são as forças políticas pró-ocidentais que apoiam o governo de Saad Hariri, mas os ‘Hezbollah". Esta observação origina um suspiro de desânimo: ah como seria bom se, como aconteceu com a bomba atômica e com as armas (propriamente ditas) mais sofisticadas, e também com as «novas tecnologias» e as novas armas da informação e a desinformação de massas, fossem os países que infligem um martírio interminável ao povo palestino e que querem continuar a exercer uma ditadura terrorista no Médio Oriente, a deter o monopólio! O facto é – lamenta-se Moises Naïm, director da «Política Externa« – que os EUA, Israel e o ocidente já não lidam com os "ciberidiotas de antigamente". Estes "contra-atacam com as mesmas armas, exercem a contra-informação, envenenam os poços": uma verdadeira tragédia do ponto de vista dos paladinos da "liberdade de informação" e do "pluralismo".

Infelizmente, os estrategas e os ideólogos do Pentágono e do Departamento de Estado ainda podem encontrar atualmente alguns motivos sólidos de consolação: em vez de estarem dispersos, os ciberidiotas mostram-se mais vivos do que nunca à "esquerda": estão empenhados em apresentar as manobras turvas do Google como o desafio lançado pelo David da liberdade e da verdade contra o Golias da autocracia e da censura!

Textos citados:
• Thomas FISCHERMANN, encontro com James BAMFORD, “Passen Sie auf, was Sie tippen”, in Die Zeit de 18 Fevereiro 2010, pp. 20-21.
• Alessandra FARKAS, “La Cia drogò il pane dei francesi. Svelato il mistero delle baguette che fecero ammattire un paese nel ‘51”, (A CIA drogou o pão dos franceses. O mistério das baguetes que enlouqueceram uma aldeia em 1951), in Corriere della Sera de 13 Março 2010, p. 25.
• Thomas FISCHERMANN, Götz HAMANN, “Angriff aus dem Cyberspace”, in Die Zeit de 18 Fevereiro 2010, pp. 19-21.
• Massimo GAGGI, “Un’illusione la democrazia via web. Estremisti e despoti sfruttano Internet” (Uma ilusão a democracia via Internet. Extrémistas e déspotas exploram a Internet), in Corriere della Sera de 20 Março 2010, p. 21.
• Domenico LOSURDO, “La non-violenza. Una storia fuori dal mito, Roma-Bari, Laterza”, 2010, cap. IX (para a Checoslováquia, a Roménia e para o quadro geral).
• Maurizio MOLINARI, encontro com Douglas PAAL, “Questo è l’inizio di uno scontro tra due civiltà” (Isto é um choque entre duas civilizações ), in La Stampa de 23 Janeiro 2010, p. 7.
Bob SCHMITT, The Internet and International Politics, in The International Herald Tribune de 2 Abril 1997, p. 7.
• Francesco SISCI, “Perché uno han non sposerà mai una uigura” (Porque é que un Han nunca casará com uma Ouigour), in La Stampa de 8 Julho 2009, p. 17.


por Domenico Losurdo, filósofo, Professor da Universidade de Urbino

Este texto foi publicado na revista Belfagor. Rassegna di varia umanità, dirigida por Carlo Ferdinando Russo, 31 Julho 2010, p. 489-494. Rome.

Tradução de Margarida Ferreira, em ODiaro.info


terça-feira, 30 de outubro de 2018

Ex-assessora de Moro conta tudo

31.10.2018
Ex-assessora de Moro conta tudo. 29803.jpeg
"A imprensa comprava tudo" são as palavras da ex-assessora de Sérgio Moro publicados na reportagem no theintercept. Agora Bolsonaro quer que ele seja Ministro? Vem aí tempestade, vem aí tempestade...
Entrevista: 'a imprensa comprava tudo.' Assessora de Sérgio Moro por seis anos fala sobre a lava jato.

30 de Outubro de 2018, 3h03
CHRISTIANNE MACHIAVELLI COSTUMA chamar cada repórter pelo nome, e não são poucos os que ela conheceu durante os seis anos em que trabalhou encastelada no vigiado e protegido prédio da Justiça Federal de Curitiba, de onde saem os despachos de busca, apreensão e prisão assinados pelo juiz Sérgio Moro.
Chris, como é conhecida, trabalhava sozinha no departamento de comunicação da Lava Jato até agosto, quando pediu demissão para abrir uma assessoria de imprensa voltada a clientes da área jurídica. Ela diz que identificou um filão de mercado no setor, e garante que não é beneficiada por ter trabalhado com Moro. "Ele é amado por uns e odiado por outros. Eu tenho que lidar com o ônus e o bônus disso."



    Ela não tinha ideia do volume de trabalho que teria pela frente quando passou no processo seletivo em 2012. Acostumada com a rotina tranquila de seu trabalho anterior, na comunicação da Igreja Metodista de Curitiba, ela passou a responder a dezenas de jornalistas todos os dias, das primeiras horas da manhã até a madrugada. Teve crises de estresse, começou a tomar remédios controlados, engordou 30 quilos.
    O trabalho de Chris era a ponta de uma estratégia costurada acima dela. A imprensa foi responsável pelo sucesso da Lava Jato. E isso não foi por acaso: Moro se inspirou na operação Mãos Limpas - que prendeu centenas de pessoas e mudou o cenário político da Itália - ao definir que, sem a imprensa, a operação morreria nos primeiros meses, como tantas outras antes dela.
    "Os responsáveis pela operação Mani Pulite [mãos limpas, em italiano] fizeram largo uso da imprensa. Com efeito: para o desgosto dos líderes do PSI [um dos partidos investigados, que acabou extinto], que, por certo, nunca pararam de manipular a imprensa, a investigação da 'mani pulite' vazava como uma peneira", escreveu Moro em um artigo de 2004, dez anos antes de dar início a operação que o tornou conhecido nacionalmente. Ele fez um copia/cola das estratégias do procurador italiano Antonio Di Pietro.
    "Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no L'Expresso, no La Republica e em outros jornais e revistas simpatizantes. Apesar de não existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os vazamentos serviram a um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva", continuou o juiz, já dando pistas de como achava que uma operação desse tipo deveria ser tratada.
    Desde o início, os órgãos da Lava Jato (Ministério Público Federal, Polícia Federal e Justiça Federal) mantiveram vivo o interesse da imprensa, alimentando os veículos sobre qualquer movimento da operação. O Brasil assistiu extasiado ao desenrolar de cada nova fase como se fosse uma novela. "E hoje, quem será preso? Quem será delatado?".
    Foi para entender os bastidores desse processo que conversei com Christianne Machiavelli, por telefone, no começo de setembro. Ela tinha esvaziado suas gavetas na Justiça Federal poucos dias antes, em 30 de agosto. Levou consigo banais livros, canecas, documentos e outros objetos pessoais. Em especial, três dicionários que ganhou de presente do pai, que carrega consigo em todos os empregos, seus amuletos.
    Por quatro anos, ela foi o único preposto entre os jornalistas e Moro - a quem ela chama de SFM, sigla para Sérgio Fernando Moro. Se tornou amiga pessoal de alguns repórteres. Os mais próximos ainda a convidam para os churrascos de confraternização de fim de ano onde todos os setoristas da cobertura se encontram - vários veículos de imprensa mantêm equipes permanentes em Curitiba só para atender à Lava Jato.
    Ler original e na íntegra
    https://theintercept.com/2018/10/29/lava-jato-imprensa-entrevista-assessora/

    segunda-feira, 22 de outubro de 2018

    Estimativas apontam liderança do Hezbollah em eleições legislativas no Líbano

    Por France Presse
     

    00:00/00:32
    Grupo xiita Hezbollah ganha espaço na eleição parlamentar do Líbano
    O movimento xiita Hezbollah segue à frente nas eleições legislativas no Líbano, as primeiras em quase uma década, enquanto o primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, e seu partido surgem como os perdedores, apontam as primeiras estimativas dos movimentos políticos. Os resultados oficiais devem ser anunciados nesta segunda.
    Realizadas no domingo, as eleições foram marcadas pela baixa participação, que chegou a 49,2%, contra os 54% de 2009, e pela emergência de candidatos da sociedade civil que desafiaram a oligarquia política tradicional e que podem ter conseguido algumas cadeiras.
    Horas depois de iniciada a apuração, as estimativas do partido xiita indicam que o movimento se impôs em quase todas as circunscrições nas quais tinha candidatos. Criado nos anos 1980, no fragor da revolução islâmica iraniana para lutar contra Israel, o Hezbollah combate atualmente na Síria ao lado do governo de Bashar al-Assad.
    Funcionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal HusseinFuncionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal Hussein
    Funcionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal Hussein
    A estimativa do primeiro-ministro Saad Hariri é de que seu movimento sunita perdeu um terço de suas cadeiras no Parlamento. Hariri disse que os resultados, que ainda não foram anunciados oficialmente, dão a seu Movimento Futuro 21 cadeiras do total de 128 do Parlamento. Na legislatura anterior, tinham 33.
    A política sectária de distribuição do poder no Líbano implica que nenhuma aliança do Parlamento de 128 cadeiras gozará de uma maioria estável. Porém, o Hezbollah, muito popular em seus bastiões, parecia consolidar sua posição em favor das alianças que poderia selar, ou renovar.
    Cartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan AmmarCartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan Ammar
    Cartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan Ammar
    Os resultados oficiais devem ser anunciados ao longo do dia, mas essas primeiras tendências deixam transparecer que o Hezbollah deve, junto com seus aliados, poder compor mais facilmente uma maioria sobre temas-chave. Entre eles, o das armas, das quais nunca se desfez desde a guerra civil (1975-1990).
    Em um contexto de fortes tensões regionais pelo papel do Irã, principal base de sustentação do movimento xiita, "o Hezbollah aparece em boa situação para ter maior influência no processo decisório" no Líbano, disse à AFP o cientista político Karim el-Mufti.
    Além disso, duas mulheres - a jornalista de televisão Paula Yacoubian e a escritora Joumana Haddad - estão posicionadas para obter uma cadeira no Parlamento. Em suas candidaturas, as duas defenderam que se desafie as dinastias políticas, as quais ambas consideram corruptas.

    Hariri perdedor

    O primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, principal figura do grupo rival, e seu partido Corrente do Futuro, estão entre os perdedores dessas legislativas.
    Saad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/ReutersSaad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/Reuters
    Saad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/Reuters
    Apoiada pela Arábia Saudita, a sigla "perderia algumas cadeiras", afirmou El Mufti, acrescentando que sua recondução ao cargo de chefe de governo "não está ameaçada".
    Esse revés acontece seis meses depois de sua renúncia - feita em Riad em abril do ano passado, mas revogada no mês seguinte após voltar a Beirute. Inconformada com os compromissos do premiê com o Hezbollah iraniano, a Arábia Saudita deixou, finalmente, o filho do ex-premiê assassinado Rafic Hariri voltar para o Líbano.

    Equilíbrio de forças

    Em Beirute, o novo equilíbrio de forças no Parlamento deixaria o Partido Cristão, do presidente Michel Aoun, com o papel de árbitro.
    "O maior ator será o grupo do presidente Aoun, que ficará entre os blocos não alinhados, e o Hezbollah se beneficiará, com isso, da ausência de uma ampla coalizão" opositora, explicou o cientista político Imad Salamey.

    Últimas legislativas

    As últimas legislativas no Líbano foram em 2009. Depois disso, o Parlamento prorrogou três vezes seu mandato, alegando riscos de segurança vinculados à guerra na Síria.
    Esperava-se uma maior participação por serem as primeiras eleições legislativas em nove anos e também por serem as primeiras eleições com um novo sistema eleitoral proporcional aprovado em 2017.
    Apesar da baixa participação, levando-se em conta que esse pleito recebeu cerca de 800 mil novos eleitores, a nova lei permite que pequenos partidos apoiados pela sociedade civil possam entrar no Parlamento.