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sexta-feira, 30 de março de 2018

De onde vem a religião?




De Valdir Pereira – notas e anotações sobre o pensamento filosófico do homem e o surgimento das religiões.

Engels deu-nos, sobre este assunto, uma resposta muito clara: «A religião nasce das concepções restritas do homem». (Restrito é tomado, aqui, no sentido de limitado.)
Para os primeiros homens, esta ignorância é dupla: ignorância da natureza, ignorância deles próprios. É preciso pensar constantemente nessa dupla ignorância, quando se estuda a história dos homens primitivos.
Na antiguidade grega, que consideramos já como uma civilização avançada, tal ignorância parece-nos infantil, por exemplo, quando se vê que Aristóteles pensava que a terra era imóvel, que era o centro do mundo, e à sua volta giravam planetas. (Estes, que via em número de 46, estavam fixos, como pregos num teto, e era esse conjunto que girava à volta da terra...)
Os Gregos pensavam, também, que havia quatro elementos: a água, a terra, o ar e o fogo, e que não era possível decompô-los. Sabemos que tudo isso é falso, uma vez que decompomos, agora, a água, a terra e o ar, não considerando o fogo como um corpo da mesma ordem.
Acerca do próprio homem, os Gregos eram também muito ignorantes, uma vez que não conheciam a função dos nossos órgãos, e consideravam, por exemplo, o coração como o centro da coragem!
Se a ignorância dos sábios gregos, que consideramos já como mais avançados, era tão grande, como seria, então, a dos homens que viveram milhares de anos antes deles? As concepções que os homens primitivos tinham da natureza e deles próprios eram limitadas pela ignorância. Mas tentavam, apesar de tudo, explicar as coisas. Todos os documentos que possuímos sobre os homens primitivos dizem-nos que estavam muito preocupados com os sonhos. Vimos, como tinham resolvido este problema dos sonhos pela crença na existência de um «duplo» do homem. No início, atribuíam a esse duplo uma espécie de corpo transparente e leve, com uma consistência ainda material. Só muito mais tarde, nascerá no seu
espírito a concepção de que o homem tem nele um princípio imaterial, que lhe sobrevive, um princípio espiritual (a palavra vem de espírito, que, em latim, quer dizer sopro, o sopro que se vai com o último suspiro, quando se entrega a alma a Deus, só subsistindo o «duplo»). É, então, a alma que explica o pensamento, o sonho.
Na idade média, tinha-se concepções bizarras sobre a alma. Pensava-se que, num corpo gordo, havia uma
alma diminuta e, num corpo franzino, uma grande alma; é por isso que, nessa época, os ascetas faziam longos e frequentes jejuns, para ter uma grande alma, fazer uma morada grande para ela.
Admitindo, sob a forma do duplo transparente, depois sob a da alma, princípio espiritual, a sobrevivência do homem após a morte, os homens primitivos criaram os deuses.
Acreditando, primeiramente, em seres mais poderosos do que os homens, existindo sob uma forma ainda material, chegaram, insensivelmente, à crença em deuses, existindo sob a forma de uma alma superior à nossa. E é deste modo que, depois de ter criado uma multidão de deuses, cada um com a sua função definida, como na antiguidade grega, chegaram à concepção de um só Deus. Então, foi criada a religião monoteísta atual. Assim, vemos que, na origem da religião, mesmo sob a sua forma atual, esteve à ignorância.
O idealismo nasce, pois, das concepções limitadas do homem, da sua ignorância; enquanto que o materialismo, pelo contrário, do recuo desses limites.
Vamos assistir, no decurso da história da filosofia, a essa luta contínua entre o idealismo e o materialismo.
Este quer fazer recuar as fronteiras da ignorância, e isto será uma das suas glórias e um dos seus méritos. O idealismo, pelo contrário, e a religião que o alimenta fazem todos os esforços para manter a ignorância e tirar proveito desta ignorância das massas, para lhes fazer admitir a opressão, a exploração e a submissão

I— Duas maneiras de explicar o mundo.
Vimos que a filosofia é o «estudo dos problemas mais gerais», e que tem por fim explicar o mundo, a natureza, o homem.
Se abrirmos um manual de filosofia burguesa, ficamos espantados com o grande número de filosofias diversas que aí se encontram. São designadas por múltiplas palavras, mais ou menos complicadas, terminando em «ismo»: o criticismo, o evolucionismo, o intelectualismo, etc., e esta quantidade cria a confusão. A burguesia, aliás, nada fez para esclarecer a situação, antes pelo contrário. Mas, podemos já fazer
a triagem de todos esses sistemas, e distinguir duas grandes correntes, duas concepções nitidamente opostas:
a) A concepção científica.
b) A concepção não científica do mundo.

II. — A matéria e o espírito.
Quando os filósofos tentaram explicar o mundo, a natureza, o homem, tudo o que nos rodeia, enfim, foram levados a fazer distinções. Nós próprios constatamos que há coisas, objetos que são materiais, que vemos e tocamos. Depois, outras realidades que não vemos e não podemos tocar, nem medir, como as nossas ideias.
Classificamos, portanto, assim as coisas: por um lado, as que são materiais; por outro, as que não o são, e pertencem ao domínio do espírito, do pensamento, das ideias.Foi assim que os filósofos se encontraram em presença da matéria e do espírito.

III. — O que é a matéria? O que é o espírito?
Acabamos de ver, de uma maneira geral, como se foi levado a classificar as coisas, conforme são matéria ou espírito.
Mas devemos estabelecer que esta distinção se faz sob diversas formas e com palavras diferentes.
É assim que, em vez de falar do espírito, falamos, afinal, do pensamento, das nossas ideias, da nossa consciência, da alma, assim como, falando da natureza, do mundo, da terra, do ser, é da matéria que se trata.
Assim, ainda quando Engels, no seu livro «Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã», fala do ser e do pensamento, o ser é a matéria; o pensamento, o espírito.
Para definir o que é o pensamento ou o espírito, o ser ou a matéria, diremos:
O pensamento é a ideia que fazemos das coisas; algumas dessas ideias vêm-nos ordinariamente das nossas sensações e correspondem a objetos materiais; outras, como as de Deus, filosofia, infinito, do próprio pensamento, não correspondem a objetos materiais. O essencial, que devemos ajustar aqui, é que temos ideias, pensamentos, sentimentos, porque vemos e sentimos.
A matéria ou o ser é o que as nossas sensações e percepções nos mostram e apresentam, é, duma maneira geral, tudo o que nos rodeia, a que se chama o «mundo exterior». Exemplo: a minha folha de papel é branca.
Saber que é branca é uma ideia, e são os meus sentidos que me dão tal ideia. Mas a matéria é a própria folha.
É por isso que, quando os filósofos falam das relações entre o ser e o pensamento, ou entre o espírito e a matéria, ou entre a consciência e o cérebro, etc., tudo isso diz respeito à mesma pergunta, e significa: qual é, da matéria ou do espírito, do ser ou do pensamento, o termo mais importante? Qual é o que é anterior ao outro? Tal é a interrogação fundamental da filosofia.



terça-feira, 27 de março de 2018

O que é marxismo?


Abaixo um artigo escrito por Lênin, em 1913, no qual ele explica de forma didática o que é o Marxismo, quais suas fontes e suas principais partes constitutivas.


As três fontes e as três partes constitutivas do Marxismo
(V. I. Lenin, Março de 1913)

A doutrina de Marx suscita em todo o mundo civilizado a maior hostilidade e o maior ódio de toda a ciência burguesa (tanto a oficial como a liberal), que vê no marxismo um a espécie de "seita perniciosa". E não se pode esperar outra atitude, pois, numa sociedade baseada na luta de classes não pode haver ciência social "imparcial". De uma forma ou de outra, toda a ciência oficial e liberal defende a escravidão assalariada, enquanto o marxismo declarou uma guerra implacável a essa escravidão. Esperar que a ciência fosse imparcial numa sociedade de escravidão assalariada seria uma ingenuidade tão pueril como esperar que os fabricantes sejam imparciais quanto à questão da conveniência de aumentar os salários dos operários diminuindo os lucros do capital.

Mas não é tudo. A história da filosofia e a história da ciência social ensinam com toda a clareza que no marxismo não há nada que se assemelhe ao "sectarismo", no sentida de uma doutrina fechada em si mesma, petrificada, surgida à margem da estrada real do desenvolvimento da civilização mundial. Pelo contrário, o gênio de Marx reside precisamente em ter dado respostas às questões que o pensamento avançado da humanidade tinha já colocado. A sua doutrina surgiu como a continuação direta e imediata das doutrinas dos representantes mais eminentes da filosofia, da economia política e do socialismo.

A doutrina de Marx é onipotente porque é exata. É completa e harmoniosa, dando aos homens uma concepção, integral do mundo, inconciliável com toda a superstição, com toda a reação, com toda a defesa da opressão burguesa. O marxismo é o sucessor legítimo do que de melhor criou a humanidade no século XIX: a filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês.

Vamos deter-nos brevemente nestas três fontes do marxismo, que são, ao mesmo tempo, as suas três partes constitutivas.

I

A filosofia do marxismo é o materialismo. Ao longo de toda a história moderna da Europa, e especialmente em fins do século XVIII, em França, onde se travou a batalha decisiva contra todas as velharias medievais, contra o feudalismo nas instituições e nas ideias, o materialismo mostrou ser a única filosofia consequente, fiel a todos os ensinamentos das ciências naturais, hostil à superstição, à beatice, etc. Por isso, os inimigos da democracia tentavam com todas as suas forças "refutar", desacreditar e caluniar o materialismo e defendiam as diversas formas do idealismo filosófico, que se reduz sempre, de um modo ou de outro, à defesa ou ao apoio da religião.

Marx e Engels defenderam resolutamente o materialismo filosófico, e explicaram repetidas vezes quão profundamente errado era tudo quanto fosse desviar-se dele. Onde as suas opiniões aparecem expostas com maior clareza e pormenor é nas obras de Engels Ludwig Feuerbach e Anti-Dübring, as quais - da mesma forma que o Manifesto Comunista - são os livros de cabeceira de todo o operário consciente.

Marx não se limitou, porém, ao materialismo do século XVIII; pelo contrário, levou mais longe a filosofia. Enriqueceu-a com as aquisições da filosofia clássica alemã, sobretudo do sistema de Hegel, o qual conduzira por sua vez ao materialismo de Feuerbach. A principal dessas aquisições foi a dialética, isto é, a doutrina do desenvolvimento na sua forma mais completa, mais profunda e mais isenta de unilateralidade, a doutrina da relatividade do conhecimento humano, que nos dá um reflexo da matéria em constante desenvolvimento. As descobertas mais recentes das ciências naturais - o rádio, os elétrons, a transformação dos elementos - confirmaram de maneira admirável o materialismo dialético de Marx, a despeito das doutrinas dos filósofos burgueses, com os seus "novos" regressos ao velho e podre idealismo.

Aprofundando e desenvolvendo o materialismo filosófico, Marx levou-o até ao fim e estendeu-o do conhecimento da natureza até o conhecimento da sociedade humana. O materialismo histórico de Marx é uma conquisto formidável do pensamento científico. Ao caos e à arbitrariedade que até então imperavam nas concepções da história e da política, sucedeu uma teoria científica notavelmente integral e harmoniosa, que mostra como, em conseqüência do crescimento das forças produtivas, desenvolve-se de uma forma de vida social uma outra mais elevada, como, por exemplo, o capitalismo nasce do feudalismo.

Assim, como o conhecimento do homem reflete a natureza que existe independentemente dele, isto é, a matéria em desenvolvimento, também o conhecimento social do homem (ou seja: as diversas opiniões e doutrinas filosóficas, religiosas, políticas, etc.) reflete o regime econômico da sociedade. As instituições políticas são a superestrutura que se ergue sobre a base econômica. Assim, vemos, por exemplo, como as diversas formas políticas dos Estados europeus modernos servem para reforçar a dominação da burguesia sobre o proletariado.

A filosofia de Marx é o materialismo filosófico acabado, que deu à humanidade, à classe operaria sobretudo, poderosos instrumentos de conhecimento.

II

Depois de ter verificado que o regime econômico constitui a base sobre a qual se ergue a superestrutura política, Marx dedicou-se principalmente ao estudo deste regime econômico. A obra principal de Marx, O Capital, é dedicada ao estudo do regime econômico da sociedade moderna, isto é, da sociedade capitalista.

A economia política clássica anterior a Marx tinha-se formado na Inglaterra, o país capitalista mais desenvolvido. Adam Smith e David Ricardo lançaram nas suas investigações do regime econômico os fundamentos da teoria do valor-trabalho. Marx continuou sua obra. Fundamentou com toda precisão e desenvolveu de forma consequente aquela teoria. Mostrou que o valor de qualquer mercadoria é determinado pela quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário investido na sua produção.

Onde os economistas burgueses viam relações entre objetos (troca de umas mercadorias por outras), Marx descobriu relações entre pessoas. A troca de mercadorias exprime a ligação que se estabelece, por meio do mercado, entre os diferentes produtores. O dinheiro indica que esta ligação se torna cada vez mais estreita, unindo indissoluvelmente num todo a vida econômica dos diferentes produtores. O capital significa um maior desenvolvimento desta ligação: a força de trabalho do homem torna-se uma mercadoria. O operário assalariado vende a sua força de trabalho ao proprietário de terra, das fábricas, dos instrumentos de trabalho. O operário emprega uma parte do dia de trabalho para cobrir o custo do seu sustento e de sua família (salário); durante a outra parte do dia, trabalha gratuitamente, criando para o capitalista a mais-valia, fonte dos lucros, fonte da riqueza da classe capitalista.

A teoria da mais-valia constitui a pedra angular da teoria econômica de Marx.

O capital, criado pelo trabalho do operário, oprime o operário, arruína o pequeno patrão e cria um exercito de desempregados. Na indústria, é imediatamente visível o triunfo da grande produção; mas também na agricultura deparamos com o mesmo fenômeno: aumenta a superioridade da grande exploração agrícola capitalista, cresce o emprego de maquinaria, a propriedade camponesa cai nas garras do capital financeiro, declina e arruína-se sob o peso da técnica atrasada. Na agricultura, o declínio da pequena produção reveste-se de outras formas, mais esse declínio é um fato indiscutível.

Esmagando a pequena produção, o capital faz aumentar a produtividade do trabalho e cria uma situação de monopólio para os consórcios dos grandes capitalistas. A própria produção vai adquirindo cada vez mais um caráter social - centenas de milhares e milhões de operários são reunidos num organismo econômico coordenado - enquanto um punhado de capitalistas se apropria do produto do trabalho comum. Crescem a anarquia da produção, as crises, a corrida louca aos mercados, a escassez de meios de subsistência para as massas da população.

Ao fazer aumentar a dependência dos operários relativamente ao capital, o regime capitalista cria a grande força do trabalho unido.

Marx traçou o desenvolvimento do capitalismo desde os primeiros germes da economia mercantil, desde a troca simples, até às suas formas superiores, até à grande produção.

E de ano para ano a experiência de todos os países capitalistas, tanto os velhos como os novos, faz ver claramente a um numero cada vez maior de operários a justeza desta doutrina de Marx.

O capitalismo venceu no mundo inteiro, mas, esta vitória não é mais do que o prelúdio do triunfo do trabalho sobre o capital.

III

Quando o regime feudal foi derrubado e a "livre" sociedade capitalista viu a luz do dia, tornou-se imediatamente claro que essa liberdade representava um novo sistema de opressão e exploração dos trabalhadores. Como reflexo dessa opressão e como protesto contra ela, começaram imediatamente a surgir diversas doutrinas socialista. Mas, o socialismo primitivo era um socialismo utópico. Criticava a sociedade capitalista, condenava-a, amaldiçoava-a, sonhava com a sua destruição, fantasiava sobre um regime melhor, queria convencer os ricos da imoralidade da exploração.

Mas, o socialismo utópico não podia indicar uma saída real. Não sabia explicar a natureza da escravidão assalariada no capitalismo, nem descobrir as leis do seu desenvolvimento, nem encontrar a força social capaz de se tornar a criadora da nova sociedade.

Entretanto, as tempestuosas revoluções que acompanharam em toda a Europa, e especialmente em França, a queda do feudalismo, da servidão, mostravam cada vez com maior clareza que a luta de classes era a base e a força motriz de todo o desenvolvimento.

Nenhuma vitória da liberdade política sobre a classe feudal foi alcançada sem uma resistência desesperada. Nenhum país capitalista se formou sobre uma base mais ou menos livre, mais ou menos democrática, sem uma luta de morte entre as diversas classes da sociedade capitalista.

O gênio de Marx está em ter sido o primeiro a ter sabido deduzir daí a conclusão implícita na história universal e em tê-la aplicado consequentemente. Tal conclusão é a doutrina da luta de classes.

Os homens sempre foram em política vítimas ingênuas do engano dos outros e do próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprendem a descobrir por trás de todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou de outra classe. Os partidários de reformas e melhoramentos ver-se-ão sempre enganados pelos defensores do velho, enquanto não compreenderem que toda a instituição velha, por mais bárbara e apodrecida que pareça, se mantém pela força de umas ou de outras classes dominantes. E para vencer a resistência dessas classes só há um meio: encontrar na própria sociedade que nos rodeia, educar e organizar para a luta, os elementos que possam - e, pela sua situação social, devam - formar a força capaz de varrer o velho e criar o novo.

Só o materialismo filosófico de Marx indicou ao proletariado a saída da escravidão espiritual em que vegetaram até hoje todas as classes oprimidas. Só a teoria econômica de Marx explicou a situação real do proletariado no conjunto do regime capitalista.

No mundo inteiro, da América ao Japão e da Suécia à África do Sul, multiplicam-se as organizações independentes do proletariado. Este se educa e instruir-se travando a sua luta de classe; liberta-se dos preconceitos da sociedade burguesa, adquire uma coesão cada vez maior, aprende a medir o alcance dos seus êxitos, temperam as suas forças e cresce irresistivelmente.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Cuba lança novas plataformas de alta tecnologia como parte da modernização tecnológica de TI


2018-03-23 15:23:48丨portuguese.xinhuanet.com
por Raimundo Urrechaga
Havana, 22 mar (Xinhua) -- Desde 2015, Cuba avançou na modernização de sua sociedade com novas tecnologias e maior acesso à internet para facilitar a interação entre instituições governamentais e entidades produtivas e de serviços com a população.
Embora ainda em fase inicial, especialistas em ciência da computação, telecomunicações e engenheiros têm trabalhado para desenvolver novas alternativas tecnológicas que permitam aos cubanos acessar aplicativos e sites para diferentes propósitos.
"É um grupo de plataformas úteis que temos desenvolvido para ajudar a vida dos cidadãos. Eles já foram programados e esperamos que este ano governos locais, instituições e cubanos comuns os usem", disse Medardo Morales, diretor da empresa cubana de tecnologia da informação para defesa (Xetid).
Morales detalhou que essas plataformas desenvolvidas pela Xetid incluem comércio eletrônico, pagamentos, produção e serviços, procedimentos legais, governos locais, entretenimento e informações e gerenciamento de empresas.
Em um recente intercâmbio com cerca de 1.700 participantes de 32 nações que participaram esta semana da 17ª Convenção de TI e Feira de Cuba de 2018, Morales enfatizou que todos esses aplicativos e sites foram projetados na ilha.
"Nós os criamos com um forte conceito de soberania tecnológica e levando em conta todas as questões de segurança cibernética, garantindo que todas essas aplicações e plataformas tenham alta interoperabilidade técnica", disse ele.
O funcionário cubano enfatizou que eles trabalharam para desenvolver aplicativos tecnológicos úteis voltados para o benefício da população e o trabalho de instituições locais e governamentais.
No entanto, para Morales, as tecnologias sozinhas não resolvem nenhum problema porque o sucesso na aplicação de qualquer inovação tem um alto componente sociológico.
Neste sentido, Alberto Quinones, diretor de TI do Banco Central de Cuba, disse que a instituição tem o desafio de se aproximar da sociedade e implementar novas tecnologias no setor bancário.
Em 2017, 90% das operações com cartões de débito em Cuba eram para extrair dinheiro em caixas eletrônicos ou agências bancárias.
"É um desafio derrubar essa cena e promover o uso de canais virtuais ou eletrônicos disponíveis hoje para clientes cubanos. Eles são muito mais eficientes e mais rápidos do que o uso do dinheiro", disse ele.
O Quinones também considerou que constitui mais um passo na inclusão financeira para que mais pessoas tenham acesso mais fácil e seguro a novas soluções tecnológicas que já estão em prática há vários anos e outras que acabaram de ser implementadas.
O sistema financeiro cubano desenvolveu várias estratégias, desde serviços bancários simples, particularmente destinados ao envelhecimento da população, até a compra de milhares de terminais de ponto de venda (PDV) para lojas, novos caixas eletrônicos com inúmeras funções e desenvolvimento de aplicativos móveis para bancos.
Atualmente existem 936 máquinas ATM operando na ilha por uma taxa de cerca de oito por 100.000 cubanos, embora este ano elas aumentem consideravelmente após um acordo assinado em 2017 com um provedor chinês.
Também duas novas tecnologias neste tipo de equipamento foram introduzidas no ano passado, um caixa de reutilização de dinheiro e o ATM multifuncional, ambos fornecidos pela empresa chinesa GRG Banking Equipment.
O primeiro permite saques em dinheiro e depósitos e é uma máquina de autoatendimento que quase não requer intervenção humana. Enquanto isso, os caixas eletrônicos multifuncionais podem realizar várias tarefas, mas na ilha, agora ele é usado para troca de moeda estrangeira.
"Hoje, no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, há 4 caixas eletrônicos desse tipo, onde moradores e visitantes podem trocar dólares americanos ou canadenses, assim como o euro pelo peso conversível cubano (CUC)", disse ele.
Quinones também apontou novos canais eletrônicos que foram introduzidos recentemente, para e-commerce e aplicativos para bancos, embora eles ainda estejam em um período inicial de teste.
Por meio de um aplicativo bancário móvel, os cubanos já podem pagar suas contas (gás, eletricidade, água e telefone), além de transferir dinheiro entre contas bancárias e pagar seus impostos.
Além disso, novos sites para diferentes serviços de celulares e telefone e um dos supermercados de Havana também estão disponíveis para os moradores fazerem suas compras on-line.
Como suporte para todos esses canais eletrônicos estão os cartões de débito, que de acordo com Quinones, até o final de fevereiro os bancos locais já haviam emitido mais de 4 milhões, representando cerca de 45% da população da ilha elegível para abrir qualquer tipo de conta bancária.
"O Banco Central de Cuba, em conjunto com instituições financeiras, tem trabalhado para conseguir uma maior utilização de recursos bancários e nosso objetivo é continuar aumentando o número de pessoas que podem acessar esses serviços financeiros", disse a autoridade.
Iniciativas que estão ligadas a outras instituições governamentais implicam na realização da modernização tecnológica da sociedade cubana.
Os investimentos neste setor são totalmente financiados pelo governo cubano, representando um verdadeiro desafio para inserir rápida e maciçamente novas tecnologias devido às limitações financeiras da ilha.
No entanto, altos funcionários e até mesmo o primeiro vice-presidente do país, Miguel Díaz-Canel, reiteraram que Havana tem a vontade política de continuar desenvolvendo o uso de tecnologias de informação e comunicação, mesmo com restrições econômicas.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Por que o Socialismo?





Em homenagem ao aniversário de seu nascimento , publico o Artigo escrito por Albert Einstein especialmente para o primeiro número da revista norte-americana Monthly Review, Nova Iorque, Maio de 1949.

Albert Einstein

Será aconselhável para quem não é especialista em assuntos econômicos e sociais exprimir opiniões a propósito do socialismo
? Eu creio que sim, por várias razões.
Consideremos primeiro a questão do ponto de vista do conhecimento científico. Pode parecer que não há diferenças metodológicas fundamentais entre a astronomia e a economia: em ambos os campos os cientistas procuram descobrir
leis com aceitação geral para um grupo circunscrito de fenômenos de modo a tornar a interligação destes fenômenos tão claramente compreensível quanto possível.
Mas, na realidade, estas diferenças metodológicas existem. A descoberta de leis gerais no campo da economia é complicada pela circunstância de que os fenômenos econômicos observados são com freqüência influenciados por muitos outros fatores, que são muito difíceis de avaliar separadamente. Além disso, a experiência acumulada desde o início do chamado período civilizado da história da humanidade – como é bem conhecido – tem sido largamente influenciada e limitada por causas que não são, de modo nenhum, exclusivamente econômicas por natureza. Por
exemplo, a maior parte dos principais Estados ficou a dever a sua existência à conquista. Os povos conquistadores estabeleceram-se, legal e economicamente, como a classe privilegiada do país conquistado. Ficaram com o monopólio da propriedade da terra e nomearam um clero entre as suas próprias fileiras. Os sacerdotes, que controlavam a educação, tornaram a divisão de classes da sociedade numa instituição permanente e criaram um sistema de valores pelos quais, desde então, o povo se tem guiado, em grande medida inconscientemente, no seu
comportamento social.
Mas a tradição histórica, digamos, faz parte do passado; em parte alguma se superou verdadeiramente a fase do desenvolvimento humano, que Thorstein Veblen2 chamou de «predatória». Os fatos econômicos observáveis pertencem a essa fase e mesmo as leis que podemos determinar a partir deles não são aplicáveis1 a outras fases. Uma vez que o verdadeiro objetivo do socialismo é precisamente superar e ir além da fase predatória do desenvolvimento humano, a ciência econômica no seu estado atual pouca luz pode lançar sobre a sociedade socialista do futuro.
Em segundo lugar, o socialismo orienta-se por um objetivo ético-social. A ciência, contudo, não pode criar objetivo e, muito menos, incuti-los nos seres humanos; quando muito, a ciência pode fornecer os meios para atingir determinados objetivos. Mas os próprios objetivos são concebidos por personalidades com ideais éticos elevados e – se estes ideais não forem nados-mortos, mas vitais e vigorosos – são adotados e levados avante por aqueles muitos
seres humanos que, semi-inconscientemente, determinam a evolução lenta da sociedade.
Por estas razões devemos precaver-nos para não sobreestimarmos a ciência e os métodos científicos quando se trata de problemas humanos; e não devemos presumir que os peritos são os únicos que têm o direito a expressarem-se sobre questões que afetam a organização da sociedade.
Inúmeras vozes têm afirmado desde há algum tempo que a sociedade humana atravessa uma crise, que a sua estabilidade foi gravemente abalada. É característico deste tipo de situação que os indivíduos se sintam indiferentes ou mesmo hostis em relação ao grupo, pequeno ou grande, a que pertencem. Para ilustrar o meu pensamento, permitam-me que refira aqui uma experiência pessoal. Falei recentemente com um homem inteligente e cordial sobre a ameaça de outra guerra, que, na minha opinião, colocaria em sério risco a existência da humanidade, e observei que só uma organização supra-nacional ofereceria proteção contra esse perigo. Imediatamente o meu visitante, muito calma e friamente, disse-me: «Porque se opõe tão profundamente ao desaparecimento da raça humana?»
Estou certo de que há um século ninguém teria feito tão ligeiramente uma afirmação deste tipo. É uma afirmação de um homem que se esforçou em vão para atingir um equilíbrio interior e que perdeu mais ou menos a esperança de o
conseguir. É a expressão de uma solidão e um isolamento penosos de que tanta
gente sofre hoje em dia. Qual é a causa? Haverá uma saída?
É fácil levantar estas questões, mas é difícil responder-lhes com algum grau de segurança. No entanto, devo tentar o melhor que posso, embora esteja consciente do fato de que os nossos sentimentos e esforços são muitas vezes contraditórios e obscuros e que não podem ser expressos em fórmulas fáceis e simples.
O homem é simultaneamente um ser solitário e um ser social. Enquanto ser solitário, tenta proteger a sua própria existência e dos que lhe são próximos, satisfazer os seus desejos pessoais, e desenvolver as suas capacidades inatas.
Enquanto ser social procura ganhar o reconhecimento e afeição dos seus semelhantes, partilhar os seus prazeres, confortá-los nas suas tristezas e melhorar as suas condições de vida. É apenas a existência destes esforços diversos e
freqüentemente conflituosos que explica o carácter especial do ser humano, e a sua combinação específica determina em que medida um indivíduo pode alcançar um equilíbrio interior e contribuir para o bem-estar da sociedade.
É perfeitamente possível que a força relativa destes dois impulsos seja, em grande parte, determinada por hereditariedade. Mas a personalidade que finalmente emerge é largamente formada pelo ambiente em que o indivíduo
se encontra por acaso durante o seu desenvolvimento, pela estrutura da sociedade em que cresce, pela tradição dessa sociedade, e pela apreciação que faz de determinados tipos de comportamento. O conceito abstrato de «sociedade» significa para o ser humano individual as soma total das suas relações diretas e indiretas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações a interiores. O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas
depende tanto da sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou
compreendê-lo, fora do quadro da sociedade. É a «sociedade» que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, a linguagem, formas de pensamento e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível pelo labor e realizações de muitos milhões de indivíduos no passado e no presente, que se escondem sob a pequena palavra «sociedade».
É evidente, por conseguinte, que a dependência do indivíduo em relação à sociedade é um fato natural que não pode ser abolido – tal como no caso das formigas e das abelhas. No entanto, enquanto todo o processo de vida das formigas
e abelhas é estabelecido, nos mais ínfimos pormenores, por instintos hereditários rígidos, o padrão social e o relacionamento dos seres humanos são muito variáveis e susceptíveis de mudança. A memória, a capacidade de fazer novas combinações, o dom da comunicação oral tornaram possíveis desenvolvimentos entre os seres
humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Estes desenvolvimentos manifestam-se nas tradições, instituições e organizações; na literatura; nas obras científicas e de engenharia; nas obras de arte. Isto explica, num certo sentido, como pode o homem influenciar a sua vida através da sua própria conduta e como, neste processo, o pensamento e a vontade conscientes podem desempenhar um papel.
Através da hereditariedade, o homem adquire à nascença uma constituição biológica que devemos considerar fixa ou inalterável, incluindo os desejos naturais que são característicos da espécie humana. Além disso, durante a sua vida, adquire uma constituição cultural que adota da sociedade através da comunicação e através de muitos outros tipos de influências. É esta constituição cultural que, no decurso do tempo, está sujeita à mudança e que determina, em larga medida, a relação entre o indivíduo e a sociedade. A antropologia moderna ensina-nos, através da investigação comparativa das chamadas culturas primitivas, que o comportamento social dos seres humanos pode apresentar grandes diferenças, em função dos padrões culturais dominantes e dos tipos de organização que predominam na sociedade. É nisto que podem assentar as suas esperanças aqueles que se esforçam para melhorar a sorte do homem: os seres humanos não estão condenados, por causa da sua constituição biológica, a aniquilarem-se uns aos
outros ou à mercê de um destino cruel auto-infligido.
Se nos interrogarmos sobre como deveria mudar a estrutura da sociedade e a atitude cultural do homem para tornar a vida humana tão satisfatória quanto possível, devemos estar permanentemente conscientes do fato de que há
determinadas condições que não podemos alterar. Como atrás mencionamos, a natureza biológica do homem, para todos os fins práticos, não está sujeita à mudança. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos e demográficos dos
últimos séculos criaram condições que se manterão.
Em populações com uma densidade relativamente elevada, que dispõem de bens indispensáveis à sua existência, é absolutamente necessário haver uma divisão extrema do trabalho e um aparelho produtivo altamente centralizado. O tempo em que os indivíduos ou grupos relativamente pequenos podiam ser completamente auto-suficientes – que
visto à distância parece tão idílico – pertence definitivamente ao passado. Não é grande exagero dizer-se que a humanidade constitui já hoje uma comunidade planetária de produção e consumo.
Chego agora ao ponto em que posso indicar sucintamente o que para mim constitui a essência da crise do nosso tempo. Trata-se da relação do indivíduo com a sociedade. O indivíduo tornou-se mais consciente que nunca da sua dependência relativamente à sociedade. Mas não sente esta dependência como um bem positivo, como um laço orgânico, como uma força protetora, mas antes como uma ameaça aos seus direitos naturais, ou ainda à sua existência econômica. Além disso, a sua posição na sociedade é tal que os impulsos egoístas do seu ser estão constantemente a ser acentuados, enquanto os seus impulsos sociais , que são por natureza mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, seja qual for a sua posição na sociedade, sofrem este processo de deterioração. Inconscientemente prisioneiros do seu próprio egoísmo, sentem-se inseguros, sós, e privados do gozo
cândido, simples e não sofisticado da vida. O homem só pode encontrar sentido na vida, curta e perigosa como é, através da sua devoção à sociedade.
A anarquia econômica da sociedade capitalista, tal como existe atualmente, é, na minha opinião, a verdadeira origem do mal. Vemos diante de nós uma enorme comunidade de produtores cujos membros procuraram incessantemente despojar cada qual dos frutos do seu trabalho coletivo – não pela força, mas, em geral, em
total conformidade com as regras legalmente estabelecidas. A este respeito, é importante compreender que os meios de produção – ou seja, toda a capacidade produtiva necessária para produzir bens de consumo, bem como novos bens de capital – podem ser legalmente, e na sua maior parte são, propriedade privada de indivíduos.
Para simplificar, no debate que se segue, chamarei «operários» a todos aqueles que não partilham a posse dos meios de produção – embora isto não corresponda exatamente à utilização habitual do termo. O detentor dos meios de produção está em posição de comprar a força de trabalho do operário. Ao utilizar os meios de produção, o operário produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista.
O ponto essencial deste processo é a relação entre o que o trabalhador produz e o que lhe é pago, ambos medidos em termos de valor real. Na medida em que o contrato de trabalho é «livre», o que o trabalhador
recebe é determinado não pelo valor real dos bens que produz, mas pelas suas necessidades mínimas e pela
quantidade de força de trabalho de que o capitalista necessita em relação ao número de operários que procuram emprego. É importante compreender que, mesmo em teoria, o salário do operário não é determinado pelo valor do seu
produto.
O capital privado tende a concentrar-se em poucas mãos, em parte por causa da concorrência entre os capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores à custa de outras mais pequenas. O resultado destes desenvolvimentos é uma oligarquia de capital privado cujo enorme poder não pode ser eficazmente controlado mesmo por uma sociedade que tem uma organização política democrática. Isto é verdade, uma vez que os membros dos órgãos legislativos são escolhidos pelos partidos políticos, largamente financiados ou influenciados por outras vias pelos capitalistas privados que, para todos os efeitos práticos, separam o eleitorado da legislatura. A conseqüência é que os representantes do povo não
protegem suficientemente os interesses das camadas desfavorecidas da população.
Além disso, nas condições existentes, os capitalistas privados controlam inevitavelmente, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil para o cidadão, e na maior parte dos casos completamente impossível, chegar a conclusões objetivas e fazer uso inteligente dos seus direitos políticos.
A situação que prevalece numa economia baseada na propriedade privada do capital caracteriza-se por dois princípios centrais: primeiro, os meios de produção (capital) são privados e os detentores utilizam-nos da forma que lhes convém; segundo, o contrato de trabalho é livre. É claro que neste sentido não existe uma sociedade capitalista pura. Deve-se notar, em particular, que, através de longas e duras lutas políticas, os trabalhadores conseguiram obter para certas categorias deles formas melhoradas de «contrato de trabalho livre». Mas, vista no seu conjunto, a economia atual não difere muito do capitalismo «puro».
A produção realiza-se tendo em vista o lucro e não o uso. Não há nenhuma garantia de que todos aqueles que tenham capacidade e queiram trabalhar possam encontrar emprego; existe quase sempre um «exército de desempregados». O
operário receia constantemente perder o seu emprego. E dado que os desempregados e os operários mal pagos consomem pouco, a produção de bens de consumo é restringida, e a conseqüência são grandes privações. O progresso
tecnológico resulta freqüentemente em mais desemprego em vez de um aligeiramento da carga de trabalho para todos. O objetivo do lucro, em conjunto com a concorrência entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais graves. A concorrência sem limites conduz a um enorme desperdício do trabalho e ao estropiamento da consciência social dos indivíduos que mencionei atrás.
Considero este estropiamento dos indivíduos como o pior mal do capitalismo.
Todo o nosso sistema educativo sofre deste mal. Uma atitude exageradamente competitiva é incutida no aluno, que é educado para venerar o poder aquisitivo como preparação para a sua futura carreira.
Estou convencido que só há uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para objetivos sociais. Nesta economia, os meios de produção são detidos pela própria sociedade e são utilizados de forma planificada. Uma economia planificada, que ajuste a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre aqueles que
podem trabalhar e garantiria o sustento a todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, procuraria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa atual sociedade.
No entanto, é necessário lembrar que uma economia planificada não é ainda o socialismo. Uma economia planificada pode ser acompanhada por uma completa sujeição do indivíduo. A realização do socialismo exige a resolução de alguns problemas políticos e sociais extremamente difíceis: como é possível, com uma centralização em grande escala do poder econômico e político, evitar que a burocracia se torne onipotente e arrogante? Como se pode proteger os direitos do indivíduo e assegurar um contrapeso democrático ao poder da burocracia?
A clareza sobre os objetivos e problemas do socialismo é da maior importância na nossa época de transição. Visto que, nas atuais circunstâncias, a discussão livre e sem entraves destes problemas constitui um tabu poderoso, considero a fundação desta revista como um serviço público importante.


Artigo escrito por Albert Einstein especialmente para o primeiro número da revista norte-americana Monthly Review, Nova Iorque, Maio de 1949. (Texto traduzido e publicado pelo site resistir.info, em 4.07.2002: resistir. info/mreview/ porque_o_socialismo.html. (N. Ed.)2 Veblen, Thorstein Bunde (1857-1929), economista e sociólogo norte-americano, segundo o qual as instituições da economia são influenciadas por dois instintos de base, o instinto artesão e o instinto predador. Pelo primeiro, o homem enriquece-se pelo seu trabalho, enquanto pelo segundo procura desapossar os outros dos seus bens e dos resultados do seu trabalho. (N. Ed.). 2

segunda-feira, 12 de março de 2018

Xi enfatiza a defesa e o desenvolvimento do socialismo com características chinesas

  2018-01-08 丨portuguese.xinhuanet.com
CHINA-BEIJING-XI JINPING-WORKSHOP (CN)

(Xinhua/Ju Peng)
Beijing, 8 jan (Xinhua) -- O presidente chinês Xi Jinping pediu na sexta-feira que os funcionários de alto escalão preservem e desenvolvam persistentemente o socialismo com características chinesas e promovam o "grande novo projeto da construção do Partido".
Xi, também secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) e presidente da Comissão Militar Central, fez o comentário na inauguração de um seminário que reuniu membros e membros suplentes recém-eleitos do Comitê Central do PCC e funcionários de nível provincial e ministerial.
O seminário focou no estudo e implementação do "Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época" e o espírito do 19º Congresso Nacional do PCC.
"O Socialismo com Características Chinesas na Nova Época deve ser defendido solidamente já que ele é tanto avanço como continuação das grandes revoluções sociais do povo lideradas pelo PCC", disse Xi. "A história e a realidade provaram que um longo processo histórico é necessário caso uma revolução social queira declarar uma vitória final."
"Podemos identificar a essência de muitos problemas somente por recordar o caminho percorrido, compará-lo com outros, olhar o caminho na frente e também entender de onde viemos e para onde queremos ir."
O Socialismo com Características Chinesas não cai do céu, mas sim emerge das práticas de 40 anos da reforma e abertura e a prática de exploração desde a fundação da República Popular da China há quase 70 anos, disse ele.
Ele também é resultado da prática dos 97 anos das grandes revoluções sociais do povo sob a liderança do PCC, do processo histórico de mais de 170 anos durante o qual a nação chinesa tornou-se próspera e da herança e desenvolvimento da civilização chinesa nos últimos 5 mil anos, acrescentou Xi.
"É extremamente difícil ober o resultado", disse o presidente.
O sucesso do socialismo científico na China tem grande importância para o marxismo, o socialismo científico e o socialismo no mundo. É mais fundamental para o PCC erguer ao alto a grande bandeira do socialismo com características chinesas a fim de realizar a sua missão histórica na nova época, disse Xi.