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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Ex-assessora de Moro conta tudo

31.10.2018
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"A imprensa comprava tudo" são as palavras da ex-assessora de Sérgio Moro publicados na reportagem no theintercept. Agora Bolsonaro quer que ele seja Ministro? Vem aí tempestade, vem aí tempestade...
Entrevista: 'a imprensa comprava tudo.' Assessora de Sérgio Moro por seis anos fala sobre a lava jato.

30 de Outubro de 2018, 3h03
CHRISTIANNE MACHIAVELLI COSTUMA chamar cada repórter pelo nome, e não são poucos os que ela conheceu durante os seis anos em que trabalhou encastelada no vigiado e protegido prédio da Justiça Federal de Curitiba, de onde saem os despachos de busca, apreensão e prisão assinados pelo juiz Sérgio Moro.
Chris, como é conhecida, trabalhava sozinha no departamento de comunicação da Lava Jato até agosto, quando pediu demissão para abrir uma assessoria de imprensa voltada a clientes da área jurídica. Ela diz que identificou um filão de mercado no setor, e garante que não é beneficiada por ter trabalhado com Moro. "Ele é amado por uns e odiado por outros. Eu tenho que lidar com o ônus e o bônus disso."



    Ela não tinha ideia do volume de trabalho que teria pela frente quando passou no processo seletivo em 2012. Acostumada com a rotina tranquila de seu trabalho anterior, na comunicação da Igreja Metodista de Curitiba, ela passou a responder a dezenas de jornalistas todos os dias, das primeiras horas da manhã até a madrugada. Teve crises de estresse, começou a tomar remédios controlados, engordou 30 quilos.
    O trabalho de Chris era a ponta de uma estratégia costurada acima dela. A imprensa foi responsável pelo sucesso da Lava Jato. E isso não foi por acaso: Moro se inspirou na operação Mãos Limpas - que prendeu centenas de pessoas e mudou o cenário político da Itália - ao definir que, sem a imprensa, a operação morreria nos primeiros meses, como tantas outras antes dela.
    "Os responsáveis pela operação Mani Pulite [mãos limpas, em italiano] fizeram largo uso da imprensa. Com efeito: para o desgosto dos líderes do PSI [um dos partidos investigados, que acabou extinto], que, por certo, nunca pararam de manipular a imprensa, a investigação da 'mani pulite' vazava como uma peneira", escreveu Moro em um artigo de 2004, dez anos antes de dar início a operação que o tornou conhecido nacionalmente. Ele fez um copia/cola das estratégias do procurador italiano Antonio Di Pietro.
    "Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no L'Expresso, no La Republica e em outros jornais e revistas simpatizantes. Apesar de não existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os vazamentos serviram a um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva", continuou o juiz, já dando pistas de como achava que uma operação desse tipo deveria ser tratada.
    Desde o início, os órgãos da Lava Jato (Ministério Público Federal, Polícia Federal e Justiça Federal) mantiveram vivo o interesse da imprensa, alimentando os veículos sobre qualquer movimento da operação. O Brasil assistiu extasiado ao desenrolar de cada nova fase como se fosse uma novela. "E hoje, quem será preso? Quem será delatado?".
    Foi para entender os bastidores desse processo que conversei com Christianne Machiavelli, por telefone, no começo de setembro. Ela tinha esvaziado suas gavetas na Justiça Federal poucos dias antes, em 30 de agosto. Levou consigo banais livros, canecas, documentos e outros objetos pessoais. Em especial, três dicionários que ganhou de presente do pai, que carrega consigo em todos os empregos, seus amuletos.
    Por quatro anos, ela foi o único preposto entre os jornalistas e Moro - a quem ela chama de SFM, sigla para Sérgio Fernando Moro. Se tornou amiga pessoal de alguns repórteres. Os mais próximos ainda a convidam para os churrascos de confraternização de fim de ano onde todos os setoristas da cobertura se encontram - vários veículos de imprensa mantêm equipes permanentes em Curitiba só para atender à Lava Jato.
    Ler original e na íntegra
    https://theintercept.com/2018/10/29/lava-jato-imprensa-entrevista-assessora/

    segunda-feira, 22 de outubro de 2018

    Estimativas apontam liderança do Hezbollah em eleições legislativas no Líbano

    Por France Presse
     

    00:00/00:32
    Grupo xiita Hezbollah ganha espaço na eleição parlamentar do Líbano
    O movimento xiita Hezbollah segue à frente nas eleições legislativas no Líbano, as primeiras em quase uma década, enquanto o primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, e seu partido surgem como os perdedores, apontam as primeiras estimativas dos movimentos políticos. Os resultados oficiais devem ser anunciados nesta segunda.
    Realizadas no domingo, as eleições foram marcadas pela baixa participação, que chegou a 49,2%, contra os 54% de 2009, e pela emergência de candidatos da sociedade civil que desafiaram a oligarquia política tradicional e que podem ter conseguido algumas cadeiras.
    Horas depois de iniciada a apuração, as estimativas do partido xiita indicam que o movimento se impôs em quase todas as circunscrições nas quais tinha candidatos. Criado nos anos 1980, no fragor da revolução islâmica iraniana para lutar contra Israel, o Hezbollah combate atualmente na Síria ao lado do governo de Bashar al-Assad.
    Funcionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal HusseinFuncionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal Hussein
    Funcionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal Hussein
    A estimativa do primeiro-ministro Saad Hariri é de que seu movimento sunita perdeu um terço de suas cadeiras no Parlamento. Hariri disse que os resultados, que ainda não foram anunciados oficialmente, dão a seu Movimento Futuro 21 cadeiras do total de 128 do Parlamento. Na legislatura anterior, tinham 33.
    A política sectária de distribuição do poder no Líbano implica que nenhuma aliança do Parlamento de 128 cadeiras gozará de uma maioria estável. Porém, o Hezbollah, muito popular em seus bastiões, parecia consolidar sua posição em favor das alianças que poderia selar, ou renovar.
    Cartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan AmmarCartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan Ammar
    Cartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan Ammar
    Os resultados oficiais devem ser anunciados ao longo do dia, mas essas primeiras tendências deixam transparecer que o Hezbollah deve, junto com seus aliados, poder compor mais facilmente uma maioria sobre temas-chave. Entre eles, o das armas, das quais nunca se desfez desde a guerra civil (1975-1990).
    Em um contexto de fortes tensões regionais pelo papel do Irã, principal base de sustentação do movimento xiita, "o Hezbollah aparece em boa situação para ter maior influência no processo decisório" no Líbano, disse à AFP o cientista político Karim el-Mufti.
    Além disso, duas mulheres - a jornalista de televisão Paula Yacoubian e a escritora Joumana Haddad - estão posicionadas para obter uma cadeira no Parlamento. Em suas candidaturas, as duas defenderam que se desafie as dinastias políticas, as quais ambas consideram corruptas.

    Hariri perdedor

    O primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, principal figura do grupo rival, e seu partido Corrente do Futuro, estão entre os perdedores dessas legislativas.
    Saad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/ReutersSaad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/Reuters
    Saad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/Reuters
    Apoiada pela Arábia Saudita, a sigla "perderia algumas cadeiras", afirmou El Mufti, acrescentando que sua recondução ao cargo de chefe de governo "não está ameaçada".
    Esse revés acontece seis meses depois de sua renúncia - feita em Riad em abril do ano passado, mas revogada no mês seguinte após voltar a Beirute. Inconformada com os compromissos do premiê com o Hezbollah iraniano, a Arábia Saudita deixou, finalmente, o filho do ex-premiê assassinado Rafic Hariri voltar para o Líbano.

    Equilíbrio de forças

    Em Beirute, o novo equilíbrio de forças no Parlamento deixaria o Partido Cristão, do presidente Michel Aoun, com o papel de árbitro.
    "O maior ator será o grupo do presidente Aoun, que ficará entre os blocos não alinhados, e o Hezbollah se beneficiará, com isso, da ausência de uma ampla coalizão" opositora, explicou o cientista político Imad Salamey.

    Últimas legislativas

    As últimas legislativas no Líbano foram em 2009. Depois disso, o Parlamento prorrogou três vezes seu mandato, alegando riscos de segurança vinculados à guerra na Síria.
    Esperava-se uma maior participação por serem as primeiras eleições legislativas em nove anos e também por serem as primeiras eleições com um novo sistema eleitoral proporcional aprovado em 2017.
    Apesar da baixa participação, levando-se em conta que esse pleito recebeu cerca de 800 mil novos eleitores, a nova lei permite que pequenos partidos apoiados pela sociedade civil possam entrar no Parlamento.