Do Hispan TV
Tradução: Valter Xéu
O Ministro Iraniano da Defesa, brigadeiro-general Hussein Dehqan, afirmou que o país persa tornou-se a quarta potencia mundial de míssil de longo e médio alcance, depois dos Estados Unidos, Rússia e China.
O ministro persa explicou que considerando as possíveis ameaças externas contra o país, as forças armadas e a indústria bélica conseguiram aumentar o alcance dos mísseis e no momento, desenvolve mísseis furtivos e de alta precisão.
Nesse sentido, Dehqan descartar a possibilidade de que o tema sobre os misseis iranianos sejam abordados durante as próximas conversações nucleares entre Teerã e o grupo dos 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China mais a Alemanha).
O programa de mísseis iraniano se relaciona com a capacidade de defesa do Irã e só o país pode decidir a respeito e nenhum outro pode nos obrigar a sentar-se à mesa de diálogo para discutir essa questão, deixou claro o ministro.
Dehqan também assinalou que os inimigos do Irã, especialmente os EUA e o regime de Israel, nunca se atreveram a lançar um ataque contra o território persa.
Segundo o ministro, existe a possibilidade de que os Estados Unidos represente uma ameaça ao Irã, mas o importante é que o país islâmico sempre desfrutou da máxima disposição e capacidade para responder a qualquer ataque externo.
Segundo o ministro, a resistência da República Islâmica do Irã frente às politicas hegemônicas dos Estados Unidos nas ultimas décadas obrigou Washington a optar pelo dialogo com o Irã sobre seu programa nuclear.
O que levou os Estados Unidos a manter conversações com o Irã em clima de cordialidade não foi uma imposição nossa. Eles possuem uma imagem distorcida e assim, tomam posições politicas que tem provocado ódio em todo mundo e agora necessita mudar a opinião publica sobre o assunto, disse o ministro.
Dehqan assegurou que as medidas hostis que a Casa Branca tem adotado por mais de 30 anos contra a República Islâmica do Irã, todas falharam e só resultou no fortalecimento da vontade do povo persa para resistir ao inimigo.
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Pragmatismo
chinês sugere: há espaço para governos dispostos a definir políticas
segundo suas próprias estratégias, sem submeter-se ao humor dos mercados
internacionais
Por José Luis Fiori
Durante o século XX, a esquerda socialista que optou pela reforma progressiva e democrática do capitalismo nunca teve ideias próprias, ou originais, sobre política econômica. Mais do que isto, sempre que governou ou participou de governos de coalizão, depois da I Guerra Mundial, apoiou direta ou indiretamente, a política conservadora e a ortodoxia monetarista, para enfrentar as crises econômicas que se sucederam depois do conflito. Como no caso de Rudolf Hilferding, que foi ministro da Fazenda da Alemanha, em 1928, e promoveu a política monetarista rigorosa que acabou piorando a recessão, aumentou o desemprego e a própria crise, culminando com a ascensão do nazismo e de sua “economia de guerra”. E o mesmo aconteceu com o partido laborista inglês, em 1929, e com a Frente Popular francesa, em 1936, que também adotaram a cartilha ortodoxa, para enfrentar a “crise dos 30”, mas fracassam nos dois casos. A grande exceção, neste período, foi a socialdemocracia sueca, que enfrentou a mesma crise com uma política de acordo social e promoção ativa do crescimento e do pleno emprego. A despeito que seu sucesso seja inseparável do dinamismo regional produzido pela “economia de guerra” nazista. Depois da II Guerra Mundial, a esquerda democrática, socialista e europeia só aderiu à teoria e às políticas de corte keynesiano no final da década de 50. E mesmo assim, nas crises monetárias da Inglaterra e da Alemanha, de 1966 e 1972, os governos de Harold Wilson e Helmut Schimidt, respectivamente, voltaram-se para as receitas da ortodoxia monetarista, que depois se transformaram na bíblia macroeconômica do socialismo neoliberal dos anos 80/90.
Fora da Europa, e na América Latina em particular, depois da II Guerra Mundial., seus governos desenvolvimentistas foram quase sempre conservadores e patrocinaram, em geral, políticas econômicas ecléticas, mantendo um pé na ortodoxia do “tesouro”, e o outro na heterodoxia do “planejamento” ou da “assessoria econômica” da presidência, como no Brasil de Getúlio Vargas e da maioria dos seus governos militares. Mas foi só a partir da segunda metade dos anos 80, que a discussão sobre política econômica adquiriu verdadeira centralidade nos debates acadêmicos e políticos da esquerda latino-americana. No vácuo ideológico criado pela crise socialista dos anos 90, cresceu a importância dos debates macroeconômicos, desencadeando-se às vezes verdadeiras guerras religiosas dentro da esquerda em torno de divergências quase infinitesimais, aos olhos dos leigos. Neste período, o keynesianismo se transformou na língua oficial da maioria dos economistas de esquerda, que também passaram a acreditar na existência de políticas econômicas certas ou erradas, dependendo dos seus fundamentos teóricos, verdadeiros ou falsos. Apesar de a conjuntura e a história apontarem numa direção oposta, como se pode ver pelo acompanhamento das políticas econômicas das principais economias capitalistas neste momento.
Senão vejamos, mesmo que seja a “voo de pássaro”: desde a crise de 2008, os países da União Europeia adotaram políticas econômicas cada vez mais ortodoxas e rigorosas, mas seus efeitos do ponto de vista do crescimento e do emprego têm sido catastróficos; ao mesmo tempo a Inglaterra, seus antigos domínios e o os países escandinavos têm alcançado bons resultados imediatos com as mesmas políticas ortodoxas. Do outro lado deste debate, os EUA vêm tendo sucesso, neste mesmo período, com uma política monetária e fiscal absolutamente heterodoxas; a mesma política heterodoxa, entretanto que vem tendo efeitos desastrosos no Japão, do primeiro-ministro Shinzo Abe. E o mesmo está acontecendo em países de menor dimensão econômica — como Bolívia, Uruguai, Chile e Peru –, onde as políticas ortodoxas produziram resultados positivos durante alguns anos e hoje estão apresentando resultados negativos. Ou seja, do ponto de vista conjuntural, tudo indica que as políticas econômicas dos países variam no espaço e no tempo, e seu sucesso ou fracasso depende de fatores “externos” à própria política econômica, e não da verdade ou falsidade de suas premissas teóricas.
Mas o que mais contradiz este “debate epistemológico” dos economistas é o sucesso extraordinário do ecletismo chinês, que muda suas regras e instituições segundo seus objetivos estratégicos, sem produzir nenhum tipo de susto nos investidores internacionais. Para entender este fenômeno, entretanto, é preciso recorrer a um estudo mais amplo e comparado da história das grandes potências econômicas capitalistas (1). E neste caso, a conclusão do estudo parece apontar numa direção que também vai contra a convicção dos economistas: todos os “grandes ganhadores” seguiram estratégias expansivas e “mercantilistas” durante o seu período de take off, até alcançar seus principais concorrentes. Nesta trajetória ascensional, estes países adotaram várias políticas fiscais e monetárias, ortodoxas ou heterodoxas, dependendo das circunstâncias e do juízo dos seus governantes sobre os desafios aos seus projetos de expansão do seu poder e da sua riqueza. E a verdade é que em nenhum destes casos, a instabilidade ou variação das políticas econômicas de curto prazo afetou a “credibilidade” fiscal ou monetária da economia destes países, durante o tempo em que eles conseguiram vencer e seguiram se expandindo, como no caso atual da China. Ou seja, no longo prazo, a importância da variação das políticas econômicas conjunturais se dissolve, transformando-se numa variável quase irrelevante, para a história de sucesso das grandes potencias capitalistas.
Fonte:OUTRASPALAVRAS
Por José Luis Fiori
Durante o século XX, a esquerda socialista que optou pela reforma progressiva e democrática do capitalismo nunca teve ideias próprias, ou originais, sobre política econômica. Mais do que isto, sempre que governou ou participou de governos de coalizão, depois da I Guerra Mundial, apoiou direta ou indiretamente, a política conservadora e a ortodoxia monetarista, para enfrentar as crises econômicas que se sucederam depois do conflito. Como no caso de Rudolf Hilferding, que foi ministro da Fazenda da Alemanha, em 1928, e promoveu a política monetarista rigorosa que acabou piorando a recessão, aumentou o desemprego e a própria crise, culminando com a ascensão do nazismo e de sua “economia de guerra”. E o mesmo aconteceu com o partido laborista inglês, em 1929, e com a Frente Popular francesa, em 1936, que também adotaram a cartilha ortodoxa, para enfrentar a “crise dos 30”, mas fracassam nos dois casos. A grande exceção, neste período, foi a socialdemocracia sueca, que enfrentou a mesma crise com uma política de acordo social e promoção ativa do crescimento e do pleno emprego. A despeito que seu sucesso seja inseparável do dinamismo regional produzido pela “economia de guerra” nazista. Depois da II Guerra Mundial, a esquerda democrática, socialista e europeia só aderiu à teoria e às políticas de corte keynesiano no final da década de 50. E mesmo assim, nas crises monetárias da Inglaterra e da Alemanha, de 1966 e 1972, os governos de Harold Wilson e Helmut Schimidt, respectivamente, voltaram-se para as receitas da ortodoxia monetarista, que depois se transformaram na bíblia macroeconômica do socialismo neoliberal dos anos 80/90.
Fora da Europa, e na América Latina em particular, depois da II Guerra Mundial., seus governos desenvolvimentistas foram quase sempre conservadores e patrocinaram, em geral, políticas econômicas ecléticas, mantendo um pé na ortodoxia do “tesouro”, e o outro na heterodoxia do “planejamento” ou da “assessoria econômica” da presidência, como no Brasil de Getúlio Vargas e da maioria dos seus governos militares. Mas foi só a partir da segunda metade dos anos 80, que a discussão sobre política econômica adquiriu verdadeira centralidade nos debates acadêmicos e políticos da esquerda latino-americana. No vácuo ideológico criado pela crise socialista dos anos 90, cresceu a importância dos debates macroeconômicos, desencadeando-se às vezes verdadeiras guerras religiosas dentro da esquerda em torno de divergências quase infinitesimais, aos olhos dos leigos. Neste período, o keynesianismo se transformou na língua oficial da maioria dos economistas de esquerda, que também passaram a acreditar na existência de políticas econômicas certas ou erradas, dependendo dos seus fundamentos teóricos, verdadeiros ou falsos. Apesar de a conjuntura e a história apontarem numa direção oposta, como se pode ver pelo acompanhamento das políticas econômicas das principais economias capitalistas neste momento.
Senão vejamos, mesmo que seja a “voo de pássaro”: desde a crise de 2008, os países da União Europeia adotaram políticas econômicas cada vez mais ortodoxas e rigorosas, mas seus efeitos do ponto de vista do crescimento e do emprego têm sido catastróficos; ao mesmo tempo a Inglaterra, seus antigos domínios e o os países escandinavos têm alcançado bons resultados imediatos com as mesmas políticas ortodoxas. Do outro lado deste debate, os EUA vêm tendo sucesso, neste mesmo período, com uma política monetária e fiscal absolutamente heterodoxas; a mesma política heterodoxa, entretanto que vem tendo efeitos desastrosos no Japão, do primeiro-ministro Shinzo Abe. E o mesmo está acontecendo em países de menor dimensão econômica — como Bolívia, Uruguai, Chile e Peru –, onde as políticas ortodoxas produziram resultados positivos durante alguns anos e hoje estão apresentando resultados negativos. Ou seja, do ponto de vista conjuntural, tudo indica que as políticas econômicas dos países variam no espaço e no tempo, e seu sucesso ou fracasso depende de fatores “externos” à própria política econômica, e não da verdade ou falsidade de suas premissas teóricas.
Mas o que mais contradiz este “debate epistemológico” dos economistas é o sucesso extraordinário do ecletismo chinês, que muda suas regras e instituições segundo seus objetivos estratégicos, sem produzir nenhum tipo de susto nos investidores internacionais. Para entender este fenômeno, entretanto, é preciso recorrer a um estudo mais amplo e comparado da história das grandes potências econômicas capitalistas (1). E neste caso, a conclusão do estudo parece apontar numa direção que também vai contra a convicção dos economistas: todos os “grandes ganhadores” seguiram estratégias expansivas e “mercantilistas” durante o seu período de take off, até alcançar seus principais concorrentes. Nesta trajetória ascensional, estes países adotaram várias políticas fiscais e monetárias, ortodoxas ou heterodoxas, dependendo das circunstâncias e do juízo dos seus governantes sobre os desafios aos seus projetos de expansão do seu poder e da sua riqueza. E a verdade é que em nenhum destes casos, a instabilidade ou variação das políticas econômicas de curto prazo afetou a “credibilidade” fiscal ou monetária da economia destes países, durante o tempo em que eles conseguiram vencer e seguiram se expandindo, como no caso atual da China. Ou seja, no longo prazo, a importância da variação das políticas econômicas conjunturais se dissolve, transformando-se numa variável quase irrelevante, para a história de sucesso das grandes potencias capitalistas.
Fonte:OUTRASPALAVRAS