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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Onyx diz que governo vai rejeitar ajuda financeira do G7 para combater queimadas

"Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa", disse o ministro Onyx Lorenzoni, que seguiu o roteiro de ataque camuflado de suposta 'defesa da soberania', enquanto a floresta brasileira arde em chamas, com mais de 26 mil focos de incêndios


PSL desautoriza Onyx e expõe racha na articulação política do governo (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - Em meio a uma das maiores queimadas já enfrentadas pelo país, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo rejeitará a ajuda do G7 para combater as queimadas na Amazônia, anunciada nesta segunda-feira (26) pelo presidente da França, Emmanuel Macron.
"Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa", disse o ministro, que seguiu o roteiro de ataque camuflado de suposta 'defesa da soberania', enquanto a floresta brasileira arde em chamas, com mais de 26 mil focos de incêndios.
"O Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio em uma igreja que é um patrimônio da humanidade e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colônias francesas", disse Onyx, ao blog do colunista Gerson Camarotti, do G1.
Apesar dos fatos apontarem negligência do governo Bolsonaro em conter a ação criminosa de fazendeiros e grileiros, inclusive apontada por documentos que mostram que os pedidos de ajuda de órgão como Ibama e Ministério Público Federal foram ignorados pelas Forças de Segurança Nacional, o ministro  Onyx disse que o Brasil pode ensinar "a qualquer nação" como proteger matas nativas.
"Aliás, não existe nenhum país que tenha uma cobertura nativa maior que o nosso", bravateou. "O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron. Aliás, coincidentemente com altas taxas internas de rejeição", acrescentou.

Fonte: Brasil247

terça-feira, 13 de agosto de 2019

ANARQUISMO


Doutrina e movimento que rejeitam o princípio da autoridade política e sustentam que a ordem social é possível e desejável sem essa autoridade. O principal vetor negativo do anarquismo dirige-se contra os elementos essenciais que constituem o ESTADO moderno: sua territorialidade e a consequente noção de fronteiras; sua soberania, que implica jurisdição exclusiva sobre todas as pessoas e propriedades dentro de suas fronteiras; seu monopólio dos principais meios de coerção física, com o qual busca manter essa soberania tanto interna como externamente; seu sistema de direito positivo que pretende sobrepor-se a todas as outras leis e costumes, e a ideia de que a nação é a comunidade política mais importante. O vetar positivo do anarquismo volta-se para a defesa da “sociedade natural”, isto é, de uma sociedade autorregulada de indivíduos e de grupos livremente formados. Embora o anarquismo se baseie em fundamentos intelectuais liberais, entre os quais, notadamente, a distinção entre Estado e sociedade, o caráter multiforme da doutrina torna difícil distinguir com clareza diferentes escolas de pensamento anarquista. Mas uma distinção importante é a que se estabelece entre o anarquismo individualista e o anarquismo socialista. O primeiro enfatiza a liberdade individual, a soberania do indivíduo, a importância da propriedade ou da posse privada e a iniquidade de todos os monopólios: pode ser considerado um liberalismo levado às suas consequências extremas. O “anarcocapitalismo” é uma variação contemporânea dessa escola (ver Pennock e Chapman, 1978, caps.12-14). O anarquismo socialista, ao contrário, rejeita a propriedade privada juntamente com o Estado, como a principal fonte da desigualdade social. Insistindo na igualdade social como a condição necessária para a máxima liberdade individual de todos, o ideal do anarquismo socialista pode ser caracterizado como a “individualidade na comunidade”. Ele representa uma fusão do liberalismo com o socialismo: socialismo libertário. A primeira exposição sistemática de ideias anarquistas foi feita por William Godwin (1756- 1836), e algumas de suas concepções podem ter influenciado os socialistas cooperativistas inspirados por Owen. Mas o anarquismo clássico, como parte integrante, embora contenciosa, do movimento socialista mais amplo, foi inspirado originalmente pelas ideias mutualistas e federalistas de PROUDHON. Proudhon formulou uma abordagem essencialmente cooperativista do socialismo, mas insistia em que o poder do capital e o poder do Estado eram sinônimos e portanto o proletariado não poderia vir a emancipar-se por meio do uso do poder de Estado. Estas últimas ideias foram vigorosamente divulgadas por BAKUNIN, sob cuja liderança o anarquismo se desenvolveu em fins da década de 1860 como sério rival do socialismo marxista no plano internacional. Ao contrário de Proudhon, Bakunin defendia a expropriação violenta e revolucionária da propriedade capitalista e da propriedade fundiária, o que levaria a alguma modalidade de coletivismo. O sucessor de Bakunin, o príncipe russo Piotr Alekseievitch Kropotkin (1842-1921), ressaltou a importância da ajuda mútua como fator da evolução social e foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da teoria do comunismo anarquista, de acordo com a qual “tudo pertence a todos” e a distribuição baseia-se exclusivamente nas necessidades. Em seu ensaio L’État, son rôle historique, publicado em francês em 1906, Kropotkin realizou uma análise penetrante da bête-noire dos anarquistas. A estratégia de Bakunin previa levantes espontâneos das classes oprimidas, tanto de camponeses como de trabalhadores industriais, em insurreições generalizadas no curso das quais o Estado seria abolido e substituído por comunas autônomas, ligadas federalmente em níveis regional, nacional e internacional. A COMUNA DE PARIS de 1871 – saudada por Bakunin como “uma negação ousada e franca do Estado” – aproximou-se desse modelo anarquista de revolução. No período subsequente ao seu esmagamento – que, segundo Engels, seria devido à falta de centralização e de autoridade e à sua dificuldade em valer-se com o desembaraço necessário de sua autoridade coercitiva –, cresceu a tendência para o socialismo com Estado, tanto do tipo marxista como do tipo reformista. Alguns anarquistas adotaram então a tática da “propaganda pelo ato” – atos de assassinato de grandes figuras políticas e de terrorismo contra a burguesia – com o objetivo de estimular insurreições populares. A consequente repressão ao movimento levou outros anarquistas a desenvolverem uma estratégia alternativa, ligada ao SINDICALISMO. O objetivo era transformar os sindicatos em instrumentos revolucionários do proletariado em sua luta contra a burguesia, e fazer deles, e não das comunas, as unidades de base de uma ordem socialista. Pretendia-se que a revolução viesse a tomar a forma de uma Greve Geral, durante a qual os trabalhadores assumiriam o controle dos meios de produção, da distribuição e da troca e aboliriam o Estado. Foi através do sindicalismo que o anarquismo exerceu, no período entre 1895 e 1920, a sua maior influência sobre os movimentos, trabalhista e socialista. Essa influência durou mais tempo na Espanha onde, durante a Guerra Civil (1936-1939), os anarcossindicalistas tentaram colocar em prática sua concepção da revolução. Desde o declínio do sindicalismo, o anarquismo teve uma influência apenas limitada sobre os movimentos socialistas, mas houve um renascimento notável das ideias e tendências anarquistas (nem sempre reconhecidas como tal) nos movimentos da Nova Esquerda na década de 1960. Atualmente, o anarcopacifismo, influenciado por uma tradição de anarquismo cristão, embora inspirado sobretudo pelas técnicas de ação direta não violenta popularizadas por M.K. Gandhi (1869-1948), é uma tendência significativa dos movimentos pela paz do Ocidente. Tanto o anarquismo individualista como o anarquismo socialista, expressos por Max Stirner (1805-1856), Proudhon e Bakunin, foram considerados suficientemente importantes para merecerem críticas detalhadas de Marx e Engels (ver Thomas, 1980), que, de um modo geral, concebiam o anarquismo como um fenômeno pequeno-burguês, ao qual aliava-se, no caso de Bakunin, o aventureirismo demagógico característico dos intelectuais déclassés e do LUMPEMPROLETARIADO. Enquanto tendência “sectária” obsoleta no interior do movimento socialista, o anarquismo refletia o protesto e o inconformismo da pequena burguesia contra o desenvolvimento do capitalismo em grande escala e o Estado centralizador que salvaguarda os interesses da burguesia. Esse protesto tomava a forma de negação, não de um qualquer Estado real, verdadeiramente existente, mas de “um Estado abstrato, o Estado enquanto tal, um estado que não existe em parte alguma” como escreveu Marx em A Aliança da Democracia Social e a Associação Internacional dos Trabalhadores (1873, seção II). E, o que é mais importante, o anarquismo negava o que havia de mais essencial, segundo a concepção de Marx e Engels, na luta pela emancipação da classe operária: a ação política de um partido independente da classe operária voltado para a conquista, e não para a destruição imediata, do poder de Estado. “Para os comunistas, escreveu Engels, a abolição do Estado só faz sentido enquanto resultado necessário da abolição das classes, pois, com o desaparecimento dessas, a necessidade do poder organizado de uma classe para subjugar as outras automaticamente desaparece também” (Marx, Engels, Lênin, 1972, p.27). O anarquismo sobreviveu a tais críticas e continua sendo uma importante fonte para a crítica da teoria e da prática marxistas. A opinião bastante generalizada de que os comunistas marxistas e os anarquistas concordam quanto ao fim (uma sociedade sem classes e sem Estado), mas divergem sobre os meios para alcançar esse fim, parece infundada. De nível mais profundo, a discordância versa sobre a natureza do Estado, sobre sua relação com a sociedade e com o capital, e sobre como a política, enquanto uma forma de alienação, pode ser transcendida.

GO Bibliografia: Ansart, Pierre, Marx et l’anorchisme, 1969 • Apter, David & James Joll (orgs.), Anarchism Today , 1971 • Guérin, Daniel, L’anarchisme, 1965; Anarchism, 1970 [O anarquismo: da doutrina à ação, 1968] • Kropotkin, P.A., Selected Writings an Anachism and Revolution, 1970 • Marx, Engels & Lenin, Anarchism and Anarcho-Syndicalism, 1972 • Nattaf, A., La révolution anarchiste, 1968 • Pennock, J.R. & J.W. Chapman (orgs.), Anarchism, 1978 • Tarizzo, D., L’anarchie, 1979 • Ternon, Y., Makhno, La révolte anarchiste, 1981 • Thomas, Paul, Karl Marx and the Anarchists, 1980 • Woodcock, George, Anarchism, 1963.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O AGNOSTICISMO




Ao rejeitar qualquer esforço muito laborioso para negar a existência de Deus, Engels parece julgar essa tarefa não só pouco convincente, como também uma perda de tempo (AntiDuhring, parte I, cap.IV). Para ele e para Marx, a religião, exceto como fenômeno histórico e social, não era muito mais do que uma história da carochinha. A posição agnóstica de conservar o espírito aberto em relação ao assunto ou de admitir Deus como uma possibilidade não provada não era de tipo a ser levada muito a sério por eles. Marx e Engels consideraram a Reforma como “revolucionária” porque representou o desafio de uma nova classe ao feudalismo, mas também, a longo prazo, porque a derrocada da velha Igreja abria caminho para uma secularização gradual do pensamento entre as classes alfabetizadas, passando a religião a ser considerada, cada vez mais, apenas como uma questão privada. Marx escreveu em 1854, num ensaio intitulado “A decadência da autoridade religiosa”, publicado como artigo de fundo do jornal New York Daily Tribune , que, a partir da Reforma, as pessoas alfabetizadas” começaram a livrar-se individualmente de todas as crenças religiosas”: na França como nos países protestantes, a partir do século XVIII aproximadamente, quando a filosofia conquistou seu lugar de maneira definitiva. O deísmo era, a seus olhos, muito semelhante ao agnosticismo, uma forma cômoda de livrar-se de dogmas desgastados. Por ter alarmado as classes superiores, a Revolução Francesa provocou uma transformação, grande mas superficial, e uma aliança explícita entre tais classes e as Igrejas, que as agitações de 1848 fizeram reviver. Mas esta era já, então, uma aliança precária, e a autoridade eclesiástica só era reconhecida pelos governos na medida em que isso lhes era conveniente. Marx ilustrou essa situação mostrando como, na Guerra da Crimeia, deflagrada em 1854, em que a Grã-Bretanha e a França tomaram o partido da Turquia, os cleros protestante e católico desses países viram-se obrigados a orar pela vitória de infiéis contra cristãos. Isso, na opinião de Marx, faria de tais cleros, no futuro, ainda mais claramente, criaturas dos políticos. Segundo Engels, os estrangeiros cultos que se transferiam para a Inglaterra em meados do século surpreendiam-se com a solenidade religiosa ainda encontrada entre as classes médias naquele país, mas as influências cosmopolitas já estavam começando a se fazer sentir e a ter o que ele chamou de efeito civilizador em Sobre o materialismo histórico. A decadência da fé, que poetas como Tennyson e Arnold lamentaram com acentos patéticos, tocava-o pelo lado cômico. O agnosticismo passou a ser tão respeitável quanto a Igreja Anglicana, escreveu ele em 1892, e muito mais do que o Exército da Salvação; não passava, na realidade, de um materialismo “envergonhado” (“Introdução” a Do socialismo utópico ao socialismo científico). Engels analisou o agnosticismo em seu sentido filosófico, de incerteza quanto à realidade da matéria ou de causação, e foi dessa maneira que a expressão foi usada mais comumente pelos marxistas que vieram depois dele. Lênin, em particular, em sua polêmica contra o empiriocriticismo (1908, cap.II, 2) esforçou-se por sustentar que as novas ideias de Mach e de sua escola positivista não eram realmente diferentes das velhas ideias que haviam tido origem com Hume e que Engels havia combatido como uma forma perniciosa de agnosticismo. Admitir que nossas sensações têm origem física, mas tratar como questão aberta a possibilidade de que nos proporcionem informações corretas sobre o universo físico, era, na opinião de Lênin, apenas jogar com as palavras. (Ver também FILOSOFIA.)
VGK
Bibliografia: Lenin, V.I., Materialism and Empirio-criticism, 1908 (1962) [Materialismo e empiriocriticismo, 1975].

Fonte: Dicionário do Pensamento Marxista

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Zizek: por que os EUA podem guinar à esquerda


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Tradução: Antonio Martins
Em Outras Palavras
Nos Estados Unidos, muitos dos chamados membros “moderados” do Partido Democrata preferem que Donald Trump mantenha a presidência, a uma vitória de Bernie Sanders ou de outro autêntico partidário de posições à esquerda. Neste sentido, são espelhos dos republicanos ligados ao establishment — como George W. Bush e Colin Powell –, que expressaram publicamente seu apoio a Hillary Clinton, nas eleições de 2016.
Num dos debates acalorados prévios à escolha do candidato democrata, semana passada, o ex-governador do Colorado, John Hickenlooper, advertiu que “poderíamos entregar a eleição para Donald Trump”, caso o partido adote posições radicais – como o Green New Deal, o programa de assistência médica pública e gratuita para todos, proposto por Bernie Sanders e outras iniciativas que mudam paradigmas.
O debate que se seguiu expôs claramente os dois campos no Partido Democrata: os “moderados” (que representam o establishment do partido, cuja face principal é Joe Biden) e os democratas socialistas (Bernie Sanders, talvez Elizabeth Warren e as quatro congressistas apelidadas por Trump de “esquadrão democrata” [Dem Squad], cuja face mais popular é agora Alexandria Ocasio-Cortez.
Esta disputa é provavelmente a mais importante batalha política que ocorre hoje, em qualquer parte do mundo.
Poder parecer que os moderados têm uma posição convincente. Afinal, os socialistas democráticos não são, claramente, radicais demais para conquistar a maioria dos eleitores? A verdadeira batalha não é pelos eleitores indecisos (e moderados), que nunca apoiariam uma muçulmana, como Ilhan Omar, cujos cabelos são cobertos por um véu? E o próprio Trump não sabe disso, tendo inclusive atacado o “esquadrão” e obrigado o conjunto do Partido Democrata a solidarizar-se com as quatro garotas, elevadas ao status de símbolos partidários?
Para os centristas do Partido Democrata, o importante é livrar-se de Trump e retornar à hegemonia normal, liberal-democrata, que as eleições de 2016 desfizeram.

Déjà Vu

Infelizmente, esta estratégia já foi testada: Hillary Clinton seguiu-a, e uma vasta maioria da mídia julgou que ela não poderia perder, porque Trump seria inelegível. Até mesmo dois ex-presidentes republicanos, Bush pai e filho, apoiaram-na, mas ela perdeu para Trump. Sua vitória solapou o establishment a partir da direita.
Agora, não seria a hora de e esquerda democrata fazer o mesmo? Como Trump há três anos, ela tem chance real de vencer.
Trata-se, é claro, de uma perspectiva que coloca o conjunto do establishment em pânico. Os economistas do mainstream preveem o colapso econômico dos EUA no caso de uma vitória de Sanders, e os analistas políticos de establishment temem a emergência de um socialismo de Estado totalitário. Ao mesmo tempo, esquerdistas moderados simpatizam com os objetivos dos socialistas democráticos mas advertem que, infelizmente, são irrealistas. Algo inteiramente novo está ocorrendo nos Estados Unidos
O mais animador, na ala esquerda do Partido Democrata é o fato de ela ter deixado para trás as águas paradas do Politicamente Correto, que afloraram recentemente nos excessos do movimento “Me Too”. Embora apoiem firmemente as lutas feministas e antirracistas, os integrantes desta ala estão focados em temas sociais como assistência universal à Saúde e as ameaças ecológicas.
Estão muito longe de ser socialistas loucos, interessados em transformar os EUA numa nova Venezuela. Simplesmente levam aos EUA um pouco da boa e velha social-democracia europeia. Basta um rápido olhar a seu programa para que fique muito claro: eles não representam ameaça maior às liberdades ocidentais que  Willy Brandt ou Olof Palme.

Tudo mudou

Mas ainda mais importante é que eles não são a única voz da jovem geração radicalizada. Suas faces públicas – quatro jovens mulheres e um velho homem branco – já contam uma história diferente. Sim, eles demonstram claramente que a maioria da jovem geração nos EUA está cansada do establishment em todas as suas versões. Também é cética sobre a possibilidade do capitalismo, tal com o conhecemos, lidar com os problemas que enfrentamos. Para eles, a palavra socialismo já não é um tabu.
Entretanto, o verdadeiro milagre é o fato de muitos que se somaram aos “velhos homens brancos”, como Sanders, serem integrantes da geração mais antiga de trabalhadores comuns, gente que frequentemente tendia a votar no Partido Republicano ou mesmo em Trump.
O fenômeno em curso é algo que os partidários das Guerras Culturais e das políticas identitárias consideravam impossível: antirracistas, feministas e ecologistas somando forças com o que era considerado a “maioria moral” de trabalhadores comuns. Bernie Sanders – e não a “nova” extrema direita – é a verdadeira voz da maioria moral, se é que este termo tem algum sentido positivo.
Portanto, a possível ascensão dos democratas socialistas não favorece a reeleição de Trump. Na verdade, John Hickenlooper e outros moderados estavam enviando uma mensagem a Trump, do debate. O que queriam dizer é: “podemos ser seus inimigos, mas tudo o que queremos é a derrota de Bernie Sanders. Não se preocupe. Se ele ou alguém semelhante for o candidato do Partido Democrata, não o apoiaremos. Nós, secretamente, preferimos que você ganhe”.