Por Valdir Pereira
Hoje, sem muita inspiração, me ocorreu avaliar
superficialmente o liberalismo moral que campeia a sociedade moderna.
Costumes rígidos que norteavam a minha geração,
mais ou menos comportada, onde relações sexuais se consumavam geralmente nos
casamentos, salvo algumas exceções. As molecadas jovens pouco namoravam ou
aproveitavam a missa aos domingos para assédios fortuitos as meninas. Vez ou
outra participavam de bailinhos, geralmente em casas de amigos, pois salões
eram vistos como inadequados. As amizades com as meninas, praticamente não
existiam. Nas escolas, nos colégios os gêneros estudavam separados, não se
misturavam até nos recreios, não se falavam.
Dois clubes predominavam o clube do bolinha e o
da luluzinha. Homem com homem, mulher
com mulher.
Essa
situação imposta pelos costumes, sofre radical mudança com o desenvolvimento
social. O trabalho das mulheres nas fábricas. Depois em outras atividades
econômicas aproximaram os gêneros e a liberação geral. Se antes nem votar
podiam, os novos tempos possibilitaram a mulher ser votada.
A chamada liberação feminina gerou novos costumes. As baladas servem para
encontros fortuitos de sexo, sem qualquer compromisso. Sexo ao acaso, muitas
vezes imprudentes, sem proteção. É a nova ordem que manda. É o liberou geral,
chegando ao sexo em grupos.
Diante da atual situação me ocorreu citar
pequenos trechos da ampla obra de Engels, baseada também nos estudos de Morgam
que, pelos estudos que fez, muito contribuiu
na confecção do livro A
origem da Família, da Propriedade e do Estado. Qualquer semelhança com a
atualidade é mera coincidência.
A
Família Sindiásmica
A família sindiásmica aparece no limite entre o
estado selvagem e a barbárie, no mais das vezes
durante a fase superior do primeiro, apenas em
certos lugares durante a fase inferior da segunda. É a forma de família
característica da barbárie, como o matrimônio
por grupos é a do estado selvagem e a monogamia é a da civilização. Para
que a família sindiásmica evoluísse até chegar a uma monogamia estável, foram
necessárias causas diversas daquelas cuja ação temos estudado até agora. Na
família sindiásmica já o grupo havia ficado reduzido à sua última unidade, à
sua molécula biotômica: um homem e uma mulher.
Faltava
apenas uma coisa: a instituição que não só assegurasse as novas riquezas
individuais contra as tradições comunistas da constituição gentílica, que não
só consagrasse a propriedade privada, antes tão pouco estimada, e fizesse dessa
consagração santificadora o objetivo mais elevado da comunidade humana, mas
também imprimisse o selo geral do reconhecimento da sociedade às novas formas
de aquisição da propriedade, que se desenvolviam umas sobre as outras - a
acumulação, portanto, cada vez mais acelerada, das riquezas -; uma instituição
que, em uma palavra, não só perpetuasse a nascente divisão da sociedade em
classes, mas também o direito de a classe possuidora explorar a não-possuidora
e o domínio da primeira sobre a segunda.
E essa instituição nasceu. Inventou-se
o Estado
A GENS ENTRE OS CELTAS E ENTRE OS GERMANOS -
Aqui, vamos nos limitar a umas breves notas sobre a gens entre os celtas
e os germanos.
As leis célticas mais antigas que chegaram até nossos dias mostra os a
gens ainda em pleno vigor. Na Irlanda ainda sobrevive, na consciência popular,
instintivamente, pois os ingleses a destruíram pela violência.
Na Escócia, em meados do século XVIII, estava em pleno florescimento; e
só morreu por obra das leis, dos tribunais e das armas inglesas.
A FORMAÇÃO DO ESTADO ENTRE OS GERMANOS- Se foram
capazes de preservar - pelo menos nos três países mais importantes (na
Alemanha, na Inglaterra e no norte da França) - uma parte do autêntico regime
da gens, transplantando-o ao Estado feudal sob a forma de marcas, dando aos
camponeses oprimidos, mesmo durante a mais cruel servidão medieval, uma coesão
local e meios de resistência que não tiveram os escravos da antigüidade e não
tem o proletariado moderno - a que se deve isso senão à sua barbárie, ao
sistema exclusivamente bárbaro de colonização por gens ?
Tudo que
era força e vitalidade, naquilo que os germanos infundiram no mundo romano,
vinha da barbárie. De fato, só bárbaros poderiam rejuvenescer um mundo senil
que padecia de uma civilização moribunda. E a fase superior da barbárie, à qual
tinham chegado e na qual estavam vivendo os germanos, era precisamente a mais
propícia à promoção deste processo. Isso explica tudo.
A FAMÍLIA
MONOGÂMICA
Nasce, conforme indicado acima, de forma sucinta,
da família sindiásmica, no período de transição entre a fase média e a fase
superior da barbárie. Seu triunfo definitivo é sintoma da civilização nascente.
Baseia-se no predomínio do homem; sua finalidade expressa é a de procriar
filhos cuja paternidade seja indiscutível; exigência para assegurar seus
direitos de posse dos gens de seu pai.
Ao homem
se concede o direito a infidelidade conjugal. Quanto a mulher, por acaso
recorda os antigas práticas sexuais e intenta renová-las, é castigada mais rigorosamente
do que em qualquer época anterior.
Entre os
gregos, encontramos, com toda sua severidade, a nova forma de família. Enquanto
a situação das deusas na mitologia, como assinala Marx, que nos fala de um período
anterior em que as mulheres ocupavam uma posição mais livres e de maior
consideração, nos tempos heróicos já vemos a mulher humilhada.
A
existência da escravidão junto a monogamia, a presença de jovens e belas
cativas que pertencem, de corpo e alma, ao homem, é o que imprime, desde a
origem um caráter especifico á monogamia que é monogamia só para a mulher, e
não para o homem. E na atualidade, conserva-se esse caráter.
Outra
coisa mais diversa se passava entre os jônios, para os quais é característico o
regime de Atenas.
As
donzelas aprendiam apenas a fiar, tecer e coser, e quanto muito a ler e
escrever. Eram praticamente cativas e Sá
lidavam com outras mulheres. Habitavam um aposento separado, situados no alto
ou atrás da casa; os homens não entravam ali com facilidade. Aristófanes fala
de cães molossos para espantar adúlteros e vigiar as mulheres, havia eunucos-
os quais, desde os tempos de Heródoto, eram fabricados em Quios para serem
comerciados e não serviam apenas aos bárbaros.
Apesar do
rigor das regras, a infidelidade feminina acontecia virtualmente às escondidas
do marido, como ocorre atualmente.
A
alavanca que impulsionou o processo até os tempos contemporâneos, alem da
divisão social do trabalho e criação do estado, deve-se a formatação do sistema
monogâmico da aliança entre famílias, com o casamento, que assegura o direito a
herança; a proteção da mulher e dos filhos.
Quanto à
liberação do comportamento sexual da mulher, nos dias atuais, no meu
entendimento, fatores diversos, entre os quais a poliandria, que vigeu no
período de nossa história primitiva, parece ressurgir como um fenômeno contraditório
que se aplicam as características do capitalismo, imoral e corrupto.
E, como
sempre, o gênero masculino não encontra resistência aos seus apetites,
motivados pelo alto grau de testosterona, encontra facilidades consentidas, em
nome de uma pseudo- liberdade feminina.
O homem
não fica grávido, engravida!
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