Translate

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Estimativas apontam liderança do Hezbollah em eleições legislativas no Líbano

Por France Presse
 

00:00/00:32
Grupo xiita Hezbollah ganha espaço na eleição parlamentar do Líbano
O movimento xiita Hezbollah segue à frente nas eleições legislativas no Líbano, as primeiras em quase uma década, enquanto o primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, e seu partido surgem como os perdedores, apontam as primeiras estimativas dos movimentos políticos. Os resultados oficiais devem ser anunciados nesta segunda.
Realizadas no domingo, as eleições foram marcadas pela baixa participação, que chegou a 49,2%, contra os 54% de 2009, e pela emergência de candidatos da sociedade civil que desafiaram a oligarquia política tradicional e que podem ter conseguido algumas cadeiras.
Horas depois de iniciada a apuração, as estimativas do partido xiita indicam que o movimento se impôs em quase todas as circunscrições nas quais tinha candidatos. Criado nos anos 1980, no fragor da revolução islâmica iraniana para lutar contra Israel, o Hezbollah combate atualmente na Síria ao lado do governo de Bashar al-Assad.
Funcionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal HusseinFuncionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal Hussein
Funcionários eleitorais contabilizam votos das eleições legislativas no Líbano — Foto: AP Photo/Bilal Hussein
A estimativa do primeiro-ministro Saad Hariri é de que seu movimento sunita perdeu um terço de suas cadeiras no Parlamento. Hariri disse que os resultados, que ainda não foram anunciados oficialmente, dão a seu Movimento Futuro 21 cadeiras do total de 128 do Parlamento. Na legislatura anterior, tinham 33.
A política sectária de distribuição do poder no Líbano implica que nenhuma aliança do Parlamento de 128 cadeiras gozará de uma maioria estável. Porém, o Hezbollah, muito popular em seus bastiões, parecia consolidar sua posição em favor das alianças que poderia selar, ou renovar.
Cartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan AmmarCartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan Ammar
Cartazes de campanha eleitoral são vistos do lado de fora de centro eleitoral em dia de eleições legislativas em Beirute, no Líbano — Foto: AP Foto/Hassan Ammar
Os resultados oficiais devem ser anunciados ao longo do dia, mas essas primeiras tendências deixam transparecer que o Hezbollah deve, junto com seus aliados, poder compor mais facilmente uma maioria sobre temas-chave. Entre eles, o das armas, das quais nunca se desfez desde a guerra civil (1975-1990).
Em um contexto de fortes tensões regionais pelo papel do Irã, principal base de sustentação do movimento xiita, "o Hezbollah aparece em boa situação para ter maior influência no processo decisório" no Líbano, disse à AFP o cientista político Karim el-Mufti.
Além disso, duas mulheres - a jornalista de televisão Paula Yacoubian e a escritora Joumana Haddad - estão posicionadas para obter uma cadeira no Parlamento. Em suas candidaturas, as duas defenderam que se desafie as dinastias políticas, as quais ambas consideram corruptas.

Hariri perdedor

O primeiro-ministro sunita, Saad Hariri, principal figura do grupo rival, e seu partido Corrente do Futuro, estão entre os perdedores dessas legislativas.
Saad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/ReutersSaad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/Reuters
Saad Hariri acena para apoiadores de sua residência após chegar a Beirute, em 22 de novembro — Foto: Mohamed Azakir/Reuters
Apoiada pela Arábia Saudita, a sigla "perderia algumas cadeiras", afirmou El Mufti, acrescentando que sua recondução ao cargo de chefe de governo "não está ameaçada".
Esse revés acontece seis meses depois de sua renúncia - feita em Riad em abril do ano passado, mas revogada no mês seguinte após voltar a Beirute. Inconformada com os compromissos do premiê com o Hezbollah iraniano, a Arábia Saudita deixou, finalmente, o filho do ex-premiê assassinado Rafic Hariri voltar para o Líbano.

Equilíbrio de forças

Em Beirute, o novo equilíbrio de forças no Parlamento deixaria o Partido Cristão, do presidente Michel Aoun, com o papel de árbitro.
"O maior ator será o grupo do presidente Aoun, que ficará entre os blocos não alinhados, e o Hezbollah se beneficiará, com isso, da ausência de uma ampla coalizão" opositora, explicou o cientista político Imad Salamey.

Últimas legislativas

As últimas legislativas no Líbano foram em 2009. Depois disso, o Parlamento prorrogou três vezes seu mandato, alegando riscos de segurança vinculados à guerra na Síria.
Esperava-se uma maior participação por serem as primeiras eleições legislativas em nove anos e também por serem as primeiras eleições com um novo sistema eleitoral proporcional aprovado em 2017.
Apesar da baixa participação, levando-se em conta que esse pleito recebeu cerca de 800 mil novos eleitores, a nova lei permite que pequenos partidos apoiados pela sociedade civil possam entrar no Parlamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário