Em entrevista ao Terra, Gunther Rudzit apostou em envolvimento de governos em incidente
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters
O especialista em Segurança Internacional Gunther Rudzit falou ao Terra
sobre o incidente envolvendo o voo MH17, da Malaysia Airlines, que caiu
nesta quinta-feira em solo ucraniano. Rudzit descartou a possibilidade
de acidente e disse acreditar que somente um míssil de alto alcance
seria capaz de derrubar o avião.
"Para derrubar esse avião, na altura em que estava,
seria necessário mísseis de média/grande altitude. Ambos os governos têm
esse míssil", afirmou. Rudzit também descartou a possibilidade de um
grupo de rebeldes conseguir esse tipo de armamento por conta
própria. "Um grupo rebelde não consegue um equipamento desses no mercado
negro, muito menos conseguiria operá-lo", disse, antes de especular:
"é muito provável que o governo russo esteja envolvido nisso. Mas (o
envolvimento) pode ter vindo do governo ucraniano também, precisamos
esperar".
Cláudio Lucchese, diretor da revista Asas, especializada
em aviação civil e militar, tem opinião semelhante. Segundo ele, tanto
as forças armadas da Ucrânia quanto da Rússia estão equipadas com
sistemas de defesa antiaérea capazes de atingir aeronaves a essa
altitude. “Entre os mísseis que a defesa ucraniana opera, tem um sistema
de mísseis que se chama Buk-M1. Os ucranianos têm em boa quantidade,
esse míssil por exemplo consegue atingir um avião a 25 mil metros de
altura. Atingir um avião a 10 mil não ia ser nenhum problema. Hoje a
defesa aérea russa tem vários sistemas mais avançados, mas ainda opera
as versões mais novas do Buk."
Avião da Malaysia cai na Ucrânia
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Destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines que
caiu com 295 pessoas à bordo próximo ao vilarejo de Grabovo, na região
de Donetsk, na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev / Reuters
Lucchese vai além, e afirma que os indícios iniciais
apontam que o míssil disparado do solo possivelmente tenha saído de
território ucraniano, já que o local do acidente está fora do espaço
aéreo russo. A única possibilidade de uma ação da Rússia, na opinião do
especialista, seria caso o voo da Malaysia tenha sido interceptado por
um caça. "Onde ele caiu, ele não estava tão perto da fronteira para ter
sido um sistema antiaéreo russo para ter sido abatido. Ali tem duas
alternativas: ou foi o sistema antiaéreo, ou foi atingido por um míssil
disparado por outra aeronave - e aí poderia ter sido atingido por um
caça russo. Só que aí o caça teria que ter entrado no espaço aéreo
ucraniano, e até agora, apesar de seguidas acusações do governo da
Ucrânia, não há casos comprovados de invasão aérea por parte da Rússia."
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O escritor Ivan Sant'Anna, autor dos livros Caixa Preta e Perda Total,
segue a mesma linha. Entretanto, aposta que o incidente seja fruto de
um possível engano. "Muitos deles (rebeldes ucranianos) são russos de
nascimento (até o fim da União Soviética, em 1990, a Ucrânia e a
Rússia faziam parte do mesmo país) e outros são filhos de russos. Sendo
suas armas fornecidas pelos russos (que querem se apossar do leste da
Ucrânia) é possível que, por engano, tenham usado uma delas para
derrubar o avião malaio". O escritor diz acreditar, ainda, que não será a
última vez que esse tipo de incidente ocorrerá: "foi míssil mesmo (que
derrubou a aeronave). Não é a primeira nem será a útlima que um jato
comercial voando a grande altitude é derrubado por estar no lugar
errado, na hora errada".
O avião da Malaysia Airlines caiu perto da cidade de
Shaktarsk, na região de Donetsk, Ucrânia, cenário de combates entre as
forças governamentais do país e rebeldes pró-Rússia, nesta quinta-feira.
O Boeing- 777 voava de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur,
Malásia. Estavam a bordo do avião 280 passageiros e 15 tripulantes.
Segundo informações iniciais, não há sobreviventes.
A Malaysia Airlines informou, via Twitter, que perdeu
contato com o voo às 14h15 GMT (11h15 de Brasília) a cerca de 50 km da
fronteira entre Ucrânia e Rússia. O avião havia decolado de Amsterdã, na
Holanda, às 12h15 locais, e deveria chegar a Kuala Lumpur, na Malásia,
às 6h10 desta sexta-feira (18), também no horário local.
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