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sábado, 4 de março de 2017

Em Jornal Israelense, Trump Condena Novas Ocupações na Cisjordânia

By Edu Montesanti
Donald Trump
Antecipando-se ao encontro com Netanyahu no próximo dia 15 de Fevereiro em Washington, pela primeira vez o presidente norte-americano comenta pessoalmente ocupações israelenses na Cisjordânia, e o faz de maneira moderadamente crítica: “Não cooperam com o processo [de paz]“
Donald Trump afirmou que as ocupações de Israel na Cisjordânia “não cooperam o processo” de paz em entrevista ao jornal Israel Hayom nesta sexta-feira, 10, primeira do presidente norte-americano a um meio de comunicação israelense desde que assumiu a Presidência no último dia 20 de janeiro.
Também foi a primeira vez que o presidente norte-americano comentou pessoalmente as ocupações, em uma entrevista bem ao seu estilo: ambíguo, superficial, com poucas palavras e esbanjando habilidade em ficar bem com todos os lados possíveis, enquanto for de seu interesse como magnata. “Toda vez que você toma a terra para ocupações, há menos terra disponível. Mas estamos prestando atenção a isso, e estamos atentos a outras opções, as quais veremos”, disse Trump, e acrescentou: “Mas não, eu não sou alguém que acredita que levar adiante essas ocupações seja boa para a paz”.
Apesar de criticas moderadas o suficiente para não colocarem em questão o que elas representam para a nação palestina e para o direito internacional, Trump afirmou que fortalecerá os laços com Israel. “Há boa química entre nós, e ele é um bom homem; quer o bem de Israel, e deseja a paz”, referindo-se ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Natanyahu.Trump prometeu que não assumirá uma postura hostil em relação a Tel Aviv. “Não condeno Israel”, entrando assim, em contradição na entrevista e aos ditos e feitos desde a campanha presidencial colocando-se como rigoroso defensor da aplicação da lei (para os inimigos, cinismo peculiar aos norte-americanos), e ignorando (em perfeita consonância com os grandes meios de comunicação internacionais, de propriedade exatamente de sionistas) que as ocupações israelenses vão muito além de construção de moradias em terras alheias: são baseadas no massacre armado com subsequente expulsão de seus proprietários, que ali habitam há séculos.O ponto em que Trump chegou mais próximo de uma crítica contundente às “políticas” (crimes de lesa-humanidade) israelenses, foi quando afirmou esperar que Israel haja de maneira racional em relação à paz, sugerindo que as ocupações não se tratam de meros “equívocos políticos”. Porém, não definiu o que significa ser mais razoável em relação aos palestinos além da ideia implícita de se deter as ocupações (o que, apenas isso, não resolverá em nada a questão).
Em outro momento da entrevista, fazendo as vezes de refém de Israel como seus antecessores na Casa Branca, o novo presidente dos Estados Unidos afirmou que o acordo nuclear com o Irã (no mínimo questionável se é justo e eficiente para a nação persa) “foi um desastre para Israel”.
Sem discutir o acordo em si e muito menos colocá-lo no contexto global, é fácil compreender por quê o mandatário republicano, também nisso, raciocina sob ponto de vista sionista: estes estão entre os três maiores lobistas da política norte-americana, junto da indústria bélica e petrolífera.
Inclusive por isso, já se pode esperar que mesmo as suaves e vazias críticas de Trump a um dos mais graves massacres pós-Segunda Guerra Mundial, seja suficiente para gerar mais uma onda de histeria entre sionistas em todo o mundo, com a mesma fúria de sempre que ataca agressivamente toda e qualquer crítica – desta vez, certamente o novo inquilino da Casa Branca será acusado de “anti-semita” por muitos, alarmados com a aparente reviravolta nos gestos de Trump a Israel em relação aos discursos que remontam a campanha presidencial.
Apesar da ambiguidade e da superficialidade, as palavras do ultra-direitista Donald Trump sobre as ocupações israelenses poderiam geram algum ânimo nos que desejam a paz no Oriente Médio.
Já o proprietário do Israel Hayom é Sheldon Adelson, homem de negócios judeu-norte-americano com fortes laços a Netanyahu e ao Partido Republicano dos Estados Unidos. Adelson doou milhões de dólares à campanha do republicano eleito, e um dos únicos doadores convidados ao juramento de posse de Trump. Há poucos dias, na terça-feira, 7, compareceu a um jantar com a esposa na Casa Branca com a família Trump.
De maneira realista, nada leva a crer que, desta vez, haverá paz e justiça entre a humanidade.
Edu Montesanti
11 de Fevereiro de 2017

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