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sábado, 18 de maio de 2019

Bruno Bauer e o Início do Cristianismo


Friedrich Engels
11 de Maio de 1882

Em Berlim, em 13 de abril, morreu um homem que atuou como filósofo e teólogo, mas, durante anos, dificilmente se ouvia falar dele, somente atraindo a atenção pública eventualmente como um "literato excêntrico". Teólogos oficiais, inclusive Renan, corresponderam-se com ele e, mesmo assim, mantiveram sobre ele um silêncio de morte. E ele valia mais do que todos eles e fez mais que todos eles em uma questão que também interessa a nós, Socialistas: a pergunta pela origem histórica do Cristianismo.
Por ocasião da sua morte, vamos fazer um breve relato da situação atual da questão, e da contribuição de Bauer para a sua solução.
A visão que dominou os livres-pensadores da Idade Média incluindo os Iluministas do século XVIII, de que todas as religiões eram obra de enganadores, e, portanto, o Cristianismo também, não era mais suficiente depois que Hegel fixou para a filosofia a tarefa de mostrar a evolução racional na história mundial.
É claro que se espontaneamente surgem religiões - como a adoração de feitiços dos Negros ou a religião comunal dos arianos primitivos — sem qualquer engodo inicial, entretanto, o engano, através dos sacerdotes, logo se torna inevitável no seu desenvolvimento subsequente. Apesar de toda fé sincera, religiões artificiais não podem permanecer, desde a sua fundação, sem engano e falsificação histórica. O Cristianismo, também, pode se gabar de grandes realizações a este respeito desde o início, como Bauer mostrou em sua crítica do Novo Testamento. Mas isto somente confirma um fenômeno geral e não explica o caso particular em questão.
A religião que subjugou o Império Romano e dominou sem dúvida a maior parte da humanidade civilizada por 1.800 anos, não pode ser explicada apenas declarando ser ela uma tolice resultante de fraudes. Não se pode elucidar esta questão e ter sucesso na explicação da sua origem e do seu desenvolvimento sem partir das condições históricas sob as quais surgiu e alcançou o domínio da situação. Isto se aplica ao Cristianismo. A questão a ser solucionada, então, é: como aconteceu que as massas populares no Império Romano preferiram esta tolice — que era aceita, normalmente, pelos escravos e oprimidos — a todas as outras religiões, e, finalmente porque o ambicioso Constantino viu na adoção desta religião tola o melhor meio de elevar a si mesmo ao posto de autocrata do mundo romano.
Bruno Bauer contribuiu mais para a solução desta questão que qualquer outra pessoa. Não importa quanto os teólogos meio-crentes do período da reação tenham lutado contra ele desde 1849, ele irrefutavelmente demonstrou a ordem cronológica dos Evangelhos e sua interdependência mútua, demonstrada por Wilke do ponto de vista puramente linguístico, pelo próprio conteúdo dos Evangelhos. Ele expôs a carência completa de espírito científico da vaga teoria de mito de Strauss, de acordo com a qual se pode considerar como histórico tudo quanto se gosta nas narrações do Evangelho. E, se quase nada do conteúdo inteiro dos Evangelhos é historicamente provável — de forma que até a existência histórica de Jesus Cristo pode ser questionada — Bauer tem, assim, iluminado os fundamentos para a solução da pergunta: qual é a origem das ideias e pensamentos que foram tecidos como uma espécie de sistema no Cristianismo, e como veio ele a dominar o mundo?
Bauer estudou esta pergunta até a sua morte. Sua investigação alcançou seu ponto alto na conclusão que o judeu de Alexandria, Filon, que ainda vivia por volta de 40 D.C., mas já era muito velho, foi o pai verdadeiro do Cristianismo, e que o estóico romano Sêneca era, por assim dizer, seu tio. A escrita numerosa atribuída a Filon que nos alcançou tem origem realmente em uma fusão alegórica e racionalisticamente concebida das tradições judaicas com as gregas, particularmente a filosofia estoica. Esta conciliação de perspectivas ocidentais e orientais já encerra todas as idéias essencialmente Cristãs: o pecado inato do homem, o Logos, a Palavra, que está com Deus e é Deus e que se torna o mediador entre Deus e homem: a compensação, não por sacrifícios de animais, mas trazendo-se o próprio coração a Deus, e finalmente a característica essencial que na nova filosofia religiosa, invertendo a ordem mundial anterior, busca seus discípulos entre os pobres, os miseráveis, os escravos, e os rejeitados, e menospreza o rico, o poderoso e o privilegiado, originando o preceito para menosprezar todo prazer mundano e mortificar a carne.
Por outro lado, Augusto via em si mesmo não só o Deus-homem, mas também a chamada concepção imaculada que se tornou fórmula imposta oficialmente. Ele não só teve César e ele mesmo idolatrados como deuses, mas também espalhou a noção que ele, Augustus Caesar Divus, o Divino, não era filho de um pai humano, mas que sua mãe o concebeu do deus Apolo. Mas não seria talvez o Apolo citado na canção de Heinrich Heine[Referência a Apollgott, de Heine.].
Como vemos, nós precisamos apenas da pedra fundamental e teremos o conjunto do Cristianismo em suas características básicas: a encarnação da Palavra se torna homem em uma pessoa definida e seu sacrifício na cruz traz a redenção da humanidade pecadora.
As fontes mais confiáveis não nos dão certeza sobre quando esta pedra fundamental foi introduzida nas doutrinas estóico-filônicas. Mas uma coisa é certa: não foi introduzida por filósofos, nem discípulos de Filon ou estóicos. As religiões são fundadas por pessoas que experimentam uma necessidade própria de religião e têm uma percepção das necessidades religiosas das massas. Como regra, este não é o caso dos filósofos clássicos. Por outro lado, nós observamos que em tempos de decadência geral, agora, por exemplo, a filosofia e o dogmatismo religioso geralmente aparecem em sua forma vulgar e superficial. Enquanto a filosofia grega clássica em suas últimas formas — particularmente na escola Epicurista — leva ao materialismo ateístico, a Filosofia grega vulgar leva à doutrina de um Deus único e da imortalidade da alma humana. O Judaísmo também, racionalmente vulgarizado em mistura e intercurso com estrangeiros e meio-judeus, acaba negligenciando a cerimônia e transforma o antigo deus judeu exclusivamente nacional, Jahveh, no único Deus verdadeiro, o criador de céu e Terra, e adota a ideia da imortalidade da alma, que era estranha ao Judaísmo inicial. Deste modo, a filosofia vulgar monoteísta entrou em contacto com a religião vulgar, a qual presenteou com o já elaborado Deus único. Assim, o caminho foi preparado pela elaboração entre os judeus das também vulgarizadas noções filônicas, e não dos próprios trabalhos de Filon, das quais o Cristianismo procede, como está provada pelo quase total descuido com que foi composta a maior parte do Novo Testamento, particularmente a interpretação alegórica e filosófica das narrações do Velho Testamento. Este é um aspecto ao qual Bauer não dedicou atenção suficiente.
Pode-se ter uma ideia do que era o Cristianismo em sua forma inicial lendo o chamado Livro do Apocalipse, de São João. Selvageria, fanatismo confuso, dogmas incipientes, a moral Cristã é apenas a mortificação da carne, mas há uma multidão de visões e profecias. O desenvolvimento dos dogmas e doutrinas morais pertence a um período posterior, no qual os Evangelhos e as chamadas Epístolas dos Apóstolos foram escritos. Nestas últimas — pelo menos como consideração moral — a filosofia dos estoicos, de Sêneca em particular, foi copiada sem qualquer cerimônia. Bauer provou que as Epístolas, frequentemente, copiam os antigos palavra-por-palavra; de fato, qualquer fiel nota isto, mas mesmo assim eles mantêm que Sêneca copiou o Novo Testamento, embora ele ainda não houvesse sido escrito naquele tempo. O dogma foi desenvolvido, por um lado com relação à lenda de Jesus que estava, então, se formando, e, por outro lado, na luta entre cristãos de origem judaica e de origem pagã.
Bauer também fornece dados valiosos sobre as causas que ajudaram o Cristianismo a triunfar e atingir a dominação mundial. Mas aqui o filósofo alemão é impedido por seu idealismo de ver claramente e formular precisamente. As frases frequentemente substituem a substância em pontos decisivos. Ao invés, então, de entrar em detalhes sobre as visões de Bauer, daremos a nossa própria concepção deste ponto, baseados em trabalhos de Bauer, e também em nosso estudo pessoal.
A Conquista romana dissolveu em todos os países que dominou, primeiro, diretamente, as condições políticas antigas, e depois, indiretamente, também as condições sociais de vida.
Primeiramente, substituindo a antiga organização fundamentada nas propriedades (escravidão à parte) pela distinção simples entre cidadãos romanos e peregrinos ou vassalos.
Depois, e principalmente, pelo severo tributo em nome do Estado romano. Se, debaixo do império, era fixado um limite ao interesse do estado para conter a sede de riqueza dos governadores, aquela sede foi substituída pela taxação mais efetiva e opressiva em benefício da tesouraria oficial, cujo efeito era terrivelmente destrutivo.
Em terceiro lugar, a Lei romana era, em última instância, administrada em toda parte por juízes romanos, enquanto o sistema social nativo era anulado no caso de conflitos com as prescrições da lei romana.
Estas três alavancas necessariamente desenvolveram um tremendo nivelamento de poder, particularmente quando foram aplicados por centenas de anos a populações — das quais as parcelas mais vigorosas tinham sido ou eliminadas ou escravizadas nas batalhas precedentes, acompanhando, e frequentemente seguindo, a conquista. As relações sociais nas províncias ficaram cada vez mais próximas do que dependia da capital e da Itália. A população se tornou cada vez mais nitidamente dividida em três classes, ignorando os mais variados elementos e nacionalidades: pessoas ricas, incluindo alguns escravos emancipados (cf. Petrônio), grandes proprietários de terras ou agiotas ou ambos de uma só vez, como Sêneca, o tio do Cristianismo; pessoas livres despossuídas, que, em Roma, eram alimentadas e divertidas pelo estado — mas nas províncias viviam como podiam, sem ajuda — e, finalmente, a grande massa, os escravos. Em face do Estado, isto é, do Imperador, as duas primeiras classes tinham tão poucos direitos quanto os escravos em face aos seus senhores. Do tempo de Tibério ao de Nero, em particular, era uma prática condenar cidadãos romanos ricos à morte a fim de confiscar sua propriedade. O suporte do governo era — materialmente, o exército, que era mais um exército de soldados estrangeiros contratados do que de velhos camponeses romanos, e moralmente, a visão geral de que não poderia ser de outro modo; que não era este ou aquele César, mas o império fundamentado na dominação militar que era uma necessidade imutável. Aqui não é o lugar para examinar os fatos materiais que justificam esta visão.
A perda geral de direitos e a falta de possibilidades de melhorar de condição ocasionaram um correspondente afrouxamento e desmoralização geral. Os poucos Romanos velhos, sobreviventes do tipo patrício, ou eram removidos ou mortos; Tácito foi o último deles. Os outros ficavam contentes quando podiam manter-se afastados da vida pública; toda razão para viver era juntar e desfrutar da riqueza, e praticar a fofoca e a intriga privada. Os cidadãos livres despossuídos eram pensionistas em Roma, mas nas províncias sua condição era infeliz. Tiveram que trabalhar e competir com o trabalho escravo pelo salário. Mas eram confinados nas cidades. Além deles, existiam também os camponeses das províncias, livres proprietários de terras (ambos, provavelmente, com propriedades comunais) ou, como na Gália, fiadores das dívidas dos grandes proprietários de terras. Esta classe era a menos afetada pelo motim social; também era a que resistia mais tempo ao motim religioso. [Nota de Engels: Conforme Fallmereyer, os camponeses em Main, Peloponeso, ainda ofereciam sacrifícios a Zeus no século IX.] Finalmente, existiam os escravos, destituídos de direitos e de si próprios e da possibilidade de libertação, como a derrota de Spartacus já provara; a maior parte deles, porém, foram antes cidadãos livres, ou filhos de cidadãos livres-nascidos. Deveria, então, haver ainda entre eles um ódio generalizado e vigoroso, entretanto, externamente impotente, por causa das suas condições de vida.
Devemos encontrar o tipo de ideólogo que correspondia à situação daquele momento. Os filósofos eram ou professores que ensinavam por dinheiro ou palhaços pagos para divertir os ricos. Alguns eram até escravos. Um exemplo do que se tornaram eles sob boas condições é fornecido por Sêneca. Este estoico, pastor da virtude e da abstinência, era o primeiro intrigante da corte de Nero, o que ele não poderia ser sem servilismo; ele assegurou para si presentes em dinheiro, propriedades, jardins, e palácios — e enquanto orava pelo pobre Lázaro do Evangelho, ele era, na realidade, o homem rico da mesma parábola. Até que Nero o fez solicitar ao imperador que aceitasse a devolução todos os seus presentes, pois sua filosofia era o bastante para ele. Só os filósofos completamente isolados, como Persius, tiveram a coragem de brandir a sátira acima de seus contemporâneos degenerados. Um segundo tipo de ideólogos, os juristas, eram entusiastas das novas condições porque a abolição de todas as diferenças entre Estados permitiria a eles largo escopo na elaboração de seu direito favorito, o privado, em troca de que eles prepararam para o imperador o sistema oficial de direito mais vil que já existira.
Assim como fez com as peculiaridades políticas e sociais dos vários povos, o Império Romano também foi condenado a arruinar suas religiões particulares. Todas as religiões de Antiguidade eram espontâneas, tribais, e velhas religiões nacionais, que surgiram da fusão das condições sociais e políticas dos respectivos povos. Uma vez que estas bases se romperam, e suas tradicionais formas de sociedade, suas instituições políticas herdadas e suas independências nacionais foram destruídas, a religião correspondente a estas também naturalmente desmoronou. Os deuses nacionais podiam suportar outros deuses ao lado deles, como era a regra geral da Antiguidade, mas não acima deles. O transplante de divindades Orientais para Roma era prejudicial só para a religião romana, não se verificava decadência das religiões Orientais. Assim que os deuses nacionais ficaram incapazes de proteger a independência de sua nação encontraram sua própria destruição. Este foi o caso em todos lugares (exceto com camponeses, especialmente nas montanhas). O que o iluminismo filosófico vulgar — eu quase disse Voltairianismo — fez em Roma e na Grécia, foi feito nas províncias pela opressão romana e pela substituição de homens orgulhosos de sua liberdade por submissos desesperados e malandros egoístas.
Tal era a situação material e moral. O presente era insuportável, a possibilidade do futuro tranquilo, ameaçada. E nada, além disso. Só o desespero ou refúgio no prazer sensual comum, pelo menos para aqueles que podiam dispor disto, e estes eram uma minoria minúscula. Caso contrário, nada, além de esperar o inevitável. Mas, em todas as classes existiam necessariamente as pessoas que, desesperando da salvação material, buscavam em seu lugar uma salvação espiritual, uma consolação em sua consciência para salvar-se do desespero absoluto. Esta consolação não podia ser fornecida pelos estoicos ou pela escola Epicurista, pela razão de que estes filósofos não eram voltados para consciência comum e, secundariamente, porque a conduta de discípulos destas escolas trouxe o descrédito em suas doutrinas. A consolação era um substituto, não para a filosofia perdida, mas para a religião perdida; teve que tomar uma forma religiosa, a mesma que de alguma maneira, segurou as massas até o século XVII. Precisamos notar apenas que a maioria daqueles que estavam sensíveis para tal consolação de sua consciência, para este voo do mundo externo para o interno, estavam necessariamente entre os escravos. Foi no meio desta decadência econômica, política, intelectual e moral que o Cristianismo apareceu. E entrou como uma antítese resoluta a todas as religiões anteriores.
Em todas as religiões anteriores, a cerimônia era a coisa principal. Só tomando parte nos sacrifícios e procissões, e, no Oriente, observando a dieta mais detalhada e preceitos de limpeza, podia alguém mostrar a que religião pertencia. Enquanto Roma e a Grécia eram tolerantes a respeito disto, existia no Oriente uma revolta contra as proibições religiosas que contribuíram muito para a sua queda final. Pessoas de duas das religiões diferentes, (Egípcios Persas, judeus, Caldeus) não podiam comer ou beber juntos, apresentar-se e agir juntos, ou mesmo falar um com o outro. Era certamente devido a esta segregação do homem pelo homem que o Oriente desmoronava. O cristianismo não possuía nenhuma formalidade distintiva, nem mesmo os sacrifícios e procissões do mundo clássico. Deste modo, rejeitando todas as religiões nacionais e suas formalidades comuns, e dirigindo-se diretamente a todas as pessoas sem distinção, se tornou a primeira religião mundial possível. O judaísmo também, com seu novo deus universal, fez um começo a caminho de se tornar uma religião universal; mas os filhos de Israel sempre permaneceram uma aristocracia separando os crentes e os circuncidados, e o próprio Cristianismo teve que se livrar da noção da superioridade dos cristãos judeus (ainda dominante no chamado Apocalipse, de São João) antes de poder realmente se tornar uma religião universal. O Islã, por outro lado, preservando a cerimônia especificamente Oriental, limitou a área de sua propagação ao Oriente e à África do Norte, conquistada e povoada novamente por beduínos árabes; ali ele pode se tornar a religião dominante, mas não no Oeste.
Secundariamente, o Cristianismo atingiu um tom que estava destinado a ecoar em incontáveis corações. A todas as reclamações sobre a maldade dos tempos e a angústia moral e material, a consciência cristã do pecado responde: É assim e não pode ser de outro modo; tu ardes em culpa, somos todos culpados pela corrupção do mundo, por nossa própria corrupção interna! E onde estava o homem que podia negar isto? Mea culpai A admissão da parte de cada um na responsabilidade pela infelicidade geral era irrefutável e era a pré-condição para a salvação espiritual que o Cristianismo ao mesmo tempo anunciava. E esta salvação espiritual estava tão instituída que podia ser facilmente compreendida por membros de toda a comunidade religiosa antiga. A ideia do pagamento para aplacar a deidade ofendida era conhecida em todas as religiões antigas; como a ideia do auto-sacrifício do mediador pagando de uma vez por todas os pecados da humanidade não podia ser facilmente explicada assim? O cristianismo, então, expressou claramente o sentimento universal de que os próprios homens são culpados da corrupção geral através da consciência do pecado de cada um; ao mesmo tempo, providenciou, no sacrifício da morte de seu juiz, uma saída universalmente esperada — pela salvação interna do mundo corrupto, a consolação de consciência; assim novamente o cristianismo provou sua capacidade para se tornar uma religião mundial e ser, realmente, uma religião adequada ao mundo como ele era naquele tempo.
Assim aconteceu que, entre os milhares de profetas e pregadores do deserto que enchiam aquele período de incontáveis inovações religiosas, só os fundadores do Cristianismo tiveram sucesso. Não só a Palestina, mas o Oriente inteiro fervilhou com tais fundadores das religiões, e entre eles travou-se o que pode ser chamado uma luta darwiniana pela existência ideológica. Usando principalmente os elementos mencionados acima, o Cristianismo "ganhou o dia". Como ele gradualmente desenvolveu seu caráter de religião mundial por seleção natural na luta das seitas umas contra as outras e contra o mundo pagão é explicado em detalhe pelos primeiros três séculos da história da igreja.

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