Messias Pontes *
A nova UDN – União Democrática Nacional, albergada principalmente no PSDB, DEMO e PPS, não perde a esperança de retornar ao Palácio do Planalto. Para tanto, conta o total e irrestrito apoio da velha mídia conservadora, venal e golpista, em especial do seu núcleo, o GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão), que não perde tempo em arquitetar os mais diabólicos planos para desestabilizar o governo democrático e popular da presidenta Dilma Rousseff.
A frustração de não conseguir retornar ao poder central através do voto, como seria o ideal, mesmo se para tanto tenha de contar com a manipulação da opinião pública como fez quando foi para eleger Fernando Collor de Mello em 1989 e o outro Fernando, o Coisa Ruim em 1994 e principalmente em 1998 com o verdadeiro terrorismo midiático, não desanima essa direita que há séculos manda, desmanda, julga e condena quem quer. Por pouco não conseguiu derrubar o presidente Luis Inácio Lula da Silva em 2005, quando pediu o seu impeachment, não conseguindo porque o presidente da Câmara dos Deputados era Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que o arquivou.
Agora, com Lula fora do Poder, por que tanto interesse dos neo-udenistas em desconstruir a imagem do ex-presidente? O ex-metalúrgico se recupera de um câncer na laringe e já sinalizou que não pensa em se candidatar em 2014, pois vai apoiar a reeleição da sua sucessora. Com a popularidade ultrapassando os 80%, Dilma só não se reelegerá se morrer, se desistir – o que não é o caso – ou se houver uma hecatombe ou um golpe de Estado, o que é muito pouco provável, mas de todo não impossível.
Desconstruindo a imagem de Lula, o passo seguinte é atingir em cheio a da presidenta Dilma. Nesses quase 21 meses de governo, Dilma não teve trégua da velha mídia e acabou sendo por ela pautada e tendo de demitir oito ministros, a maioria sob falsas acusações como foi o caso do ministro dos Esportes Orlando Silva.
Baseada na experiência recente de Honduras e do Paraguai quando o golpe de Estado foi levado a efeito sem ter de bater às portas dos quartéis, mas contando com o beneplácito dos poderes Legislativo e Judiciário, a direita brasileira joga agora todas as suas fichas no poder Judiciário com o julgamento da Ação Penal 470 batizada de “mensalão” pela velha mídia. E, pelo andar da carruagem, tudo indica que o Supremo Tribunal Federal está sendo pautado pelo GAFE que já sabe até quem vai ser condenado e a pena de cada um. O alvo, no momento, é o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT, José Genoíno. Porém os neo-udenistas vão continuar insistindo em envolver Lula com o chamado “mensalão”.
O lixo do jornalismo brasileiro, apelidado de Veja, já deu o primeiro passo para forçar o Ministério Público a exigir do STF a interpelação de Lula. Diz o panfleto emplumado da Abril que possui uma gravação com depoimento do publicitário Marcos Valério afirmando que Lula de tudo sabia e que era o “comandante do mensalão”. Tudo armação das mais amadoras, pois não tem como apresentar essa gravação porque Valério não concede entrevista desde 2005.
Três derrotas consecutivas para a presidência da República é uma tragédia para as elites mais reacionárias, notadamente quando a derrota é para um retirante nordestino sem formação acadêmica. Agora, com a iminente derrota do ex-governador José Serra (o “Zé Bolinha de Papel) para a Prefeitura paulistana, o demotucanato se desespera ainda mais e não desiste de tentar um golpe branco antes de 2014. Afinal, Serra é o grande financiador dessa velha mídia. Só na campanha presidencial de 2010, Serra deu R$ 17,6 milhões por mês aos veículos emplumados para veicular a publicidade do governo de São Paulo.
As sessões do STF para julgar os denunciados na Ação Penal 470, batizada de “mensalão”, têm se transformado num espetáculo midiático, e com muitas surpresas, pois até a lei está sendo reinterpretada. Juristas respeitados já denunciam que a mais alta Corte de Justiça do País está se transformando num tribunal de exceção. A palavra da moda é “domínio do fato”. E isto é muito perigoso, muito temerário. A velha mídia bate palmas e dedica todos os espaços possíveis em seus noticiosos para exigir o julgamento sumário, em especial de José Dirceu e José Genoíno, e enaltecer ministro que até há pouco tempo desdenhava.
No momento, o mais eficaz antídoto é a democratização da comunicação através da lei de meios que nada mais é do que a regulamentação dos artigos 220 a 224 da Constituição da República, muito especialmente o § 5º do artigo 220 que reza que “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. A consciência democrática brasileira exige um novo marco regulatório para a comunicação social. Sem isto, as seis famílias que monopolizam a velha mídia vão continuar conspirando contra a democracia como fizeram em 1937, com a divulgação à exaustão do mentiroso “Plano Cohen” que levou à ditadura do Estado Novo; em 1954, quando levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídi; em 1955 quando tentou, junto com os militares reacionários, impedir a posse do presidente Juscelino Kubitschek, e em 1964 com o golpe militar de 1º de abril.
Depois de chegar a Lula, vão tentar chegar à Dilma. E aí poderá ser o início do fim de uma Era. Não é sem razão que a velha mídia justifica e enaltece os golpes de Estado em Honduras, com a deposição do presidente Manuel Zelaya, e no Paraguaia, com a deposição do presidente Fernando Lugo. Nesses dois países foi o Judiciário que chancelou o golpe.
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Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e
membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais
no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.
Apenas um reparo: no último parágrafo, por uma questão de paralelismo, a frase deveria ser “depois de chegar A Lula, vão tentar chegar A Dilma”, ambos sem artigo, ou então “Depois de chegar AO Lula, vão tentar chegar À Dilma”, ambos com artigo”.
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