O governo bolivariano da Venezuela
publicou nesta terça-feira (17/03) uma carta ao povo dos Estados Unidos
no jornal “New York Times” onde desmente a afirmação feita pelo
presidente Obama de que o país seria “uma ameaça à segurança nacional
dos EUA” e exige a revogação das sanções recentemente impostas pela Casa
Branca numa clara tentativa de se meter nos assuntos internos da
Venezuela. Confira a carta assinada pelo presidente Nicolás Maduro.
Carta ao povo dos Estados Unidos: A Venezuela não é uma ameaça
Somos o povo de Simón Bolívar, que acredita na paz e no respeito a todas as nações do mundo.
Liberdade e Independência
Há mais de dois séculos, nossos pais
fundaram uma República sobre a base de que todas as pessoas são livres e
iguais perante a lei.
Nossa nação sofreu os maiores sacrifícios
para garantir aos americanos do sul o direito de hoje eleger seus
governantes e aplicar suas próprias leis.
Por isso, sempre recordamos o legado
histórico de nosso mestre Simón Bolívar, homem que dedicou sua vida para
que nós herdássemos uma Pátria de justiça e igualdade.
Acreditamos na Paz, na Soberania Nacional e na Lei Internacional
Somos um povo pacífico. Em dois séculos
de independência nunca atacamos outra nação. Somos um povo que vive numa
região de paz, livres de armas de destruição em massa e com liberdade
para praticar todas as religiões. Defendemos o respeito à lei
internacional e à soberania de todos os povos do mundo.
Somos uma sociedade aberta
Somos um povo trabalhador, que cuida de
sua família e professa a liberdade de culto. Entre nós vivem imigrantes
de todo o mundo, que são respeitados em sua diversidade. Nossa imprensa é
livre e somos entusiastas usuários das redes sociais da internet.
Somos amigos do povo dos Estados Unidos da América
A história de nossos povos tem estado
conectada desde o início de nossas lutas para conquistar a liberdade.
Francisco de Miranda, herói venezuelano, compartilhou com George
Washington e Thomas Jefferson, durante os primeiros anos da nascente
nação estadunidense, os ideais de justiça e liberdade, que foram
conceitos fundamentais em nossas lutas independentistas. Nós
compartilhamos a ideia de que a liberdade e a independência são
elementos fundamentais para o desenvolvimento de nossas nações.
As relações entre nossos povos sempre
foram de paz e respeito. Historicamente temos compartilhado relações
comerciais em áreas estratégicas. A Venezuela tem sido um fornecedor
responsável e confiável de energia para o povo norte-americano. Desde
2005, a Venezuela proporciona “heating oil” (petróleo usado para
aquecimento. NT) subsidiado para comunidades pobres nos Estados Unidos
por meio de nossa empresa CITGO. Este aporte tem ajudado dezenas de
milhares de cidadãos estadunidenses a sobreviver em condições difíceis,
dando-lhes um alívio muito necessário e um apoio em tempos de
necessidade, mostrando como a solidariedade pode construir alianças
poderosas além das fronteiras.
Entretanto, incrivelmente, o governo dos EUA nos declara uma ameaça para a segurança nacional e a política exterior do país
Em um ato desproporcional, o governo de
Obama se declarou em emergência porque considera a Venezuela uma ameaça
para sua segurança nacional (Ordem Executiva, 15/09/2015). Essas ações
unilaterais e agressivas realizadas pelo governo dos Estados Unidos
contra nosso país não apenas são infundadas e violam os princípios
básicos da soberania e a livre determinação dos povos sob a lei
internacional, como também têm sido rechaçadas por unanimidade pelos 33
países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e
pelos 12 Estados membros da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). Em
uma declaração feita em 14 de março de 2015, a UNASUL reiterou seu
firme rechaço a estas medidas coercitivas que não contribuem para a paz,
a estabilidade e a democracia em nossa região, e exigiu que o
presidente Obama revogue sua ordem executiva contra a Venezuela.
Rechaçamos o unilateralismo e a extraterritorialidade
O presidente dos Estados Unidos, sem
autoridades para intervir em nossos assuntos internos, de forma
unilateral iniciou uma série de sanções contra funcionários venezuelanos
e abriu as portas para continuar com este tipo de sanções, interferindo
em nossa ordem constitucional e em nosso sistema de justiça.
Defendemos um mundo pluripolar
Acreditamos que o mundo deve reger-se
pelas normas do Direito Internacional. Sem intervenções de outros países
nos assuntos internos dos demais. Com a convicção de que relações de
respeito entre as nações são o único caminho para consolidar a paz e a
convivência, bem como consolidar um mundo mais justo.
Honramos nossas liberdades e manteremos nossos direitos
Nunca antes na história de nossas nações
um presidente estadunidense tentou governar os venezuelanos por decreto.
É uma ordem tirana e imperial que nos arrasta aos dias mais obscuros
das relações dos Estados Unidos com a América Latina e o Caribe.
Por nossa longa amizade, alertamos aos
nossos irmãos estadunidenses, amantes da justiça e da liberdade, da
agressão ilegal que está cometendo o governo em seu nome. Não
permitiremos que nossa amizade com o povo dos Estados Unidos seja
afetada por esta decisão absurda e sem fundamento do presidente Obama.
Por isso, demandamos:
- Que cessem as ações hostis do governo dos EUA contra o povo e a democracia na Venezuela.
- Que se revogue a ordem executiva que declara a Venezuela uma ameaça, como solicitou a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
- Que se suspendam as injuriantes sanções contra honrados funcionários venezuelanos que apenas obedeceram nossa Constituição e nossas leis.
Nossa soberania é sagrada
O lema dos fundadores dos Estados Unidos é
repetido hoje com a mesma dignidade pelo povo de Simón Bolívar. Em nome
de nosso amor em comum pela independência nacional, esperamos que o
governo do presidente Obama reflita e retifique este passo em falso.
Estamos convencidos que a defesa de nossa
liberdade é um direito ao qual não renunciaremos jamais, pois aqui
também está o futuro da humanidade. Como bem dizia Simón Bolívar, “a
liberdade do Novo Mundo é a esperança do universo”.
“A Venezuela não é uma ameaça, é uma esperança” – Simón Bolívar
“Independência ou nada”.
Nicolás Maduro Moros, presidente da República Bolivariana da Venezuela
Fonte: AVERDADE
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