A distorção, antes apontada por 247 (saiba mais 
aqui), foi agora confirmada pela própria ombudsman da Folha, a jornalista Vera Guimarães Martins.
No texto 
"Diferente do informado", ela coloca os pingos nos is.
"É 
obrigação do bom jornalista produzir títulos atraentes, capazes de 
fisgar o interesse do leitor. Já é um problema quando, no afã de cumprir
 bem a tarefa, o titulador (que nem sempre é o repórter que escreveu o 
texto) exagera no 'esquenta' e, além da atenção, atrai também a ira de 
quem se sente enganado por um enunciado que vende gato por lebre. A 
manchete do último dia 22 – 'Dirceu recebia parte de propina paga ao PT,
 afirmam delatores' – foi mais do que um desses casos clássicos de 
exagero. Foi erro sem sombra de dúvida, gerado desde o título interno da
 reportagem", diz ela.
"A 
manchete tem alguns problemas, mas os principais cabem num resumo: quem 
informou não é delator e quem é delator não informou o que está na 
título. E, claro, se a fonte é uma só, usa-se o singular", afirma. "A 
afirmação de que os pagamentos à consultoria de Dirceu eram descontados 
das propinas da Petrobras foi feita pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da 
UTC, que ainda não fechou acordo de delação premiada – o que faz toda a 
diferença."
Vera 
Guimarães também questiona o erro no que diz respeito à Camargo, bem 
como o espaço dedicado pela Folha para a correção. Leia abaixo:
"A reportagem também relata que um 
representante da Camargo Corrêa, nome não divulgado, afirmou, nas mesmas
 circunstâncias, que a empreiteira contratou os serviços de Dirceu 
porque tinha medo de que a recusa prejudicasse os negócios que mantinha 
com a Petrobras. Ele, sim, é delator, mas sua história é outra. A 
Secretaria de Redação diz que houve um erro de enunciado, de 
responsabilidade da Redação, mas avalia que o conteúdo da reportagem 
valia mesmo manchete. Como já escrevi antes, erros prejudicam o jornal, 
mas, por improváveis e absurdos que possam parecer, acontecem. O que 
acho mais lamentável é que a correção tenha sido feita em uma nota de 
dez linhas na seção Erramos."
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