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segunda-feira, 20 de maio de 2013

AS LEIS DA DIALÉTICA

AS LEIS DA DIALÉTICA

                         

Para quem quer estudar o marxismo e pretende ter o domínio de seu sistema, é de fundamental importância que se conheça a filosofia materialista, a base do marxismo, e o método dialético de análise dos fenômenos naturais e da sociedade. Portanto é necessário conhecer as quatro leis da dialética:
1ª. A mudança dialética;
2ª. A ação recíproca;
3ª. A contradição:
4ª. A transformação da quantidade em qualidade ou a lei do progresso por saltos.
Muito importante, para complementar nosso conhecimento, devemos conhecer o MATERIALISMO HISTÓRICO  As forças motrizes da história; De onde vêm as classes e as condições econômicas.

Por ultimo, o Materialismo Dialético e as ideologias: Aplicação do método dialético as ideologias.
O que, a partir de hoje, vou disponibilizar aos interessados no marxismo, é um resumo das aulas ministradas por Politzer, na Universidade Operária de Paris, no inicio do século XX, que considero, de grande valia para os iniciantes no tema.

Primeira Lei: A MUDANÇA DIALÉTICA.

·        O que se entende pelo movimento dialético.

A primeira lei da dialética começa por constatar que «nada fica onde está, nada permanece o que é». Quem diz dialética diz movimento, mudança. Por conseguinte, quando se fala de se colocar no ponto de vista dialética, isso quer dizer colocar-se no do movimento, da mudança: quando quisermos estudar as coisas segundo a dialética, estudá-las-emos nos seus movimentos, na sua mudança.
Eis uma maçã. Temos duas maneiras de estudá-la: por um lado, do ponto de vista metafísico, por outro, do dialético.
No primeiro caso, daremos uma descrição desse fruto, a sua forma, a sua cor. Enumeraremos as suas propriedades, falaremos do seu gosto, etc. Depois, poderemos comparar a maçã com uma pera, ver as semelhanças, as diferenças e, enfim, concluir: uma maçã é uma maçã, e uma pera é uma pera. Era assim que se estudavam as coisas outrora.
Se quisermos estudar a maçã do ponto de vista dialético, colocar-nos-emos no do movimento; não do movimento da maçã quando rola e se desloca, mas do da sua evolução. Então, constataremos que a maçã madura não foi sempre o que é. Primeiramente, era uma maçã verde. Antes de ser uma flor, era um botão; e,assim, chegaremos até ao estado da macieira na primavera. A maçã não foi, pois, sempre uma maçã, tem uma história; e, de fato, não permanecerá o que é. Se cai, apodrecerá, decompor-se-á, libertará as sementes, quedarão, se tudo correr bem, um rebento, depois uma árvore. Portanto, a maçã não foi e também não ficará sempre o que é.

·       Para a dialética, não há nada de definitivo, de absoluto, de sagrado...”

Para dialética, não há nada de definitivo, de absoluto, de sagrado; apresenta a caducidade de todas as coisas e em todas as coisas, e, para ela, nada existe além do processo ininterrupto do devir e do transitório.
Eis uma definição que sublinha o que acabamos de ver, e que vamos estudar:
Para a dialética, não existe nenhum poder no mundo, nem para além dele, que possa fixar as coisas num estado definitivo, portanto, «nada de absoluto». (Absoluto significa: que não está submetido a qualquer condição; por conseguinte, universal, eterno, perfeito.)
«Nada de sagrado», isto não quer dizer que a dialética despreze tudo. Não! Uma coisa sagrada é aquela que e considera como imutável, que não se deve nem tocar nem discutir, mas só venerar. A sociedade capitalista é «sagrada», por exemplo. Pois bem! A dialética diz que nada escapa ao movimento, à mudança, às transformações da história.
«Caducidade» vem de «caduco», que significa: que cai; uma coisa caduca é a que envelhece e deve desaparecer. A dialética mostra-nos que o que está caduco já não tem razão de ser, que tudo está destinado a desaparecer. O que é jovem torna-se velho; o que hoje tem vida morre amanhã, e nada existe, para a dialética, «além do processo ininterrupto do devir e do transitório».

·       O processo.

Vemos, pois, que o movimento dialético contém em si o processo, o autodinamismo, que lhe é essencial. Com efeito, nem todo o movimento ou mudança é dialético. Se tomarmos uma pulga, que vamos estudar do ponto de vista dialético, diremos que não foi nem será sempre o que é; se a esmagarmos, certamente, haverá, para ela, uma mudança, mas será dialética? Não. Sem nós, não seria esmagada. Essa mudança não é dialética, mas mecânica.
Numa outra ordem de ideias, dizemos que há uma disciplina mecânica quando não é natural. Mas é autodinâmica quando é livremente consentida, isto é, quando vem do seu meio natural. Uma disciplina mecânica é imposta de fora; vem de chefes que são diferentes dos que comandam. (Compreendemos, então, quanto a disciplina não mecânica, a autodinâmica, não está ao alcance de todas as organizações!)
É-nos preciso, pois, evitar servir-nos da dialética de uma maneira mecânica. É uma tendência que nos vem do nosso hábito metafísico de pensar. Não é necessário repetir, como um papagaio, que as coisas não foram sempre o que são. Quando um dialético diz isso, deve procurar nos fato o que as coisas foram antes.
Porque dizer isso não é o fim de um raciocínio, mas o começo dos estudos para observar minuciosamente o que as coisas foram antes.
A dialética não é um meio de explicar e de conhecer as coisas sem as ter estudado, mas o de estudar bem e fazer boas observações, pesquisando o começo e o fim das coisas, de onde vêm e para onde vão.

Próxima postagem: 2ª Lei – A ação recíproca

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