A arte da guerra
O primeiro passo nessa direção seria o de ir sempre reduzindo, até ao interromper, o fornecimento do gás russo à Europa, para poder substituí-lo, principalmente, por aquele fornecido pelas companhias americanas explorando as reservas do Oriente Médio, as reservas africanas e outras, incluindo-se aqui a dos Estados Unidos, que estão se preparando para exportar gaz liquificado extraido da ardósia betuminosa. Aqui os Estados Unidos estão mostrando suas cartas. A margem de superioridade econômica dos Estados Unidos a escala mundial se reduz mais e mais. A China já está em segundo lugar com o seu gráfico mostrando um forte crescimento já equivalente a metade da dos Estados Unidos, sendo seguida aqui então pelo Japão e a Alemanha, sendo que também, em gráfico, se poderia ver que os 28 países da União Européia já ultrapassaram os Estados Unidos. Para conservar a sua supremacia econômica eles se baseiam no sector financeiro, no qual eles mantém vantagens, assim como na capacidade de suas multinacionais de conquistar novos mercados e fontes de matéria prima. Com esse objetivo Washington põe na balança o peso de sua própria superioridade militar, assim como da OTAN, a qual vem mesmo abaixo do comando deles. Nesse cenário então entra a demolição sistemática, através de instrumentos militares, de países inteiros (como na Iugoslávia, Líbia e atualmente também na Síria) e a anexação, por intermédio da OTAN de todos os países do ex-pacto de Varsóvia, assim como dois da ex Iugoslávia, e três da ex-URSS.
Na verdade esses últimos denominados serão mesmo quatro, porque a Ucrânia já estava de-facto sob o controle da OTAN, mesmo antes da crise. Será suficiente esperar as eleições de 2015 para se ter na Ucrânia um presidente que irá acelerar uma entrada entrada oficial do país na aliança. Porque se teria então tomado em Washington a decisão de organizar o golpe de estado que acabaria por derrubar o presidente Ianokovich (que estava longe de ser hostil ao ocidente) e de instalar no governo, em Quieve, os representantes os mais hostís contra a Rússia, e aos russos da Criméia e da Ucrânia do Leste? Ao que tudo indica, isso teria sido para fazer Moscou reagir e poder lançar, então sem constrangimentos, a estratégia de isolamento. Coisa não fácil: a Alemanha, por exemplo, é a maior importadora do gás russo e acabaria sofrendo danos com uma eventual interrupção de fornecimento do gás. Entretanto, Washington já se decidiu por não esperar os governos europeus para impor à Rússia as mais duras sanções. Ele já tem o ok, ou sejaa luz verde, de Roma (da qual já se conhece a fidelidade) e ele já está a caminho de entrar em um acordo com Berlin e outras capitais. O objetivo estratégico aqui seria o de criar uma frente Anti-Rússia, frente essa constituida dos EUA-UE e consolidada por um acordo de livre comércio entre esses o que permitiria aos Estados Unidos de aumentar sua influência na Europa. Tem-se nesse cenário também a estratégia de tensão na regiãoÁsia-Pacífico, onde os Estados Unidos tem em vista o conter a China. Aquele que se aproximar da Rússia, exercerá um peso crescente não só regional como também global, o que poderia fazer com que as sanções contra Moscou fossem em vão, pois essa aproximação lhe abriria uma possibilidade de um futuro comércio suplementar, ao leste, e isso seria muito importante para as exportações energéticas.
Nesse cenário e de quebra, Obama já efetuou uma visita oficial na Ásia. Entretanto, nessa o Japão se recusou a assinar um acordo de livre comércio o qual teria aberto um mercado aos produtos agrícolas dos Estados Unidos. Em compensação, a Filipina concluiu com os Estados Unidos um novo acordo de decnio que permite aos Estados Unidos aumentar sua presença militar no arquipélago, isso tendo uma função claramente anti-chinesa.
Tem-se que onde o dólar fracassa, a espada sucede.
Manlio Dinucci
Edição de terça-feira 29 de abril de 2014 do il manifestoTradução do francês por Anna Malm para Mondialisation
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