Na reunião da Comissão da Cooperação Técnico-Militar da Rússia em dezembro do ano passado, o presidente Vladimir Putin disse que um dos aspetos importantes para aumentar as exportações de armamento russo seriam as obras conjuntas de pesquisa científica e produção conjunta de produtos bélicos. Destacou a atenção especial dessa atividade no âmbito do BRICS.
Um forte progresso estes dias teve lugar no caso do Brasil. Em dezembro do ano passado, no resultado da visita da presidente Dilma Rousseff a Moscou entre a empresa russa "Russian Technologies" e a brasileira Odebrecht Defesa e Technologia foram assinados dois acordos importantes: sobre a criação de uma joint venture que iria montar linha de helicópteros multiuso Mi-171 e sobre a manutenção da unidade dos helicópteros de combate Mi-35M (devem ser entregues 12 maquinas). Também foi anunciada a visita em janeiro de uma delegação brasileira a Rússia para discutir a compra dos sistemas de defesa aérea russos.
A delegação foi chefiada pelo Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas do Brasil, general José Carlos de Nardi. Estava acompanhado por especialistas da Odebrecht (produção própria de mísseis Mectron), a Embraer Defesa (produz radares Orbisat) e Avibrás (fabrica mísseis e o principal sistema de artilharia brasileiro, o Astros). Segundo RIA-Novosti, o general afirmou as partes estarem preparando um contrato de compra de duas baterias de mísseis portáteis anti-aéreos Igla e três baterias de sistemas de defesa aérea, Pantsir-S1 com transferência de tecnologia para posterior fabricação deles no Brasil. Estima-se que o contrato corresponda a mais de um bilhão de dólares. Segundo o jornal Folha de São Paulo o contrato será assinado durante a visita do primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev ao Brasil nos finais de fevereiro. O jornal brasileiro opina que o sistema de defesa anti-aérea do Brasil é a parte mais fraca da defesa geral e chama os sistemas russos de "os mais modernos e eficientes" armas do mundo.
"O acordo sobre a transferência de tecnologia para a fabricação doméstica é um passo mutuamente benéfico. Como o Brasil será capaz de licenciar a montagem do mesmo Pantsir, sem que seja declarado um concurso internacional para a compra de sistemas de defesa aérea, que é obrigatório no caso da aquisição dos produtos importados, portanto os sistemas fabricados domesticamente serão considerados como sua própria produção ", — disse ao jornal" Kommersant " uma fonte próxima ao Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar (BTC). "A vantagem da Rússia é que vamos receber um bom dinheiro. A situação no mercado de armas é tal que os tender estão morrendo, muitos estão dispostos a trabalhar apenas com a criação de joint ventures. Não podemos ignorar isso", - concluiu.
A cooperação com o Brasil tem um futuro fote, uma vez que não se trata só de rearmamento , mas também da criação com a participação russa do novo organograma de defesa aeroespacial do Brasil. Uma apresentação sobre matéria foi feita para o Brasil pela empresa de pesquisa cientifica russa "Antey-Almaz". O projeto propõe que o país deva ser dividido em 5 distritos de defesa aérea usando armas apenas russas em três níveis — de alto, médio e curto alcance, representado, respectivamente, sistemas S-300 (C-400), várias modificações de sistemas de "Buk" e "Tor".
A questão é se o Brasil terá o investimento, pergunta o jornal Folha. Dilma antes da visita a Moscou tinha visitado Paris, onde anunciou o congelamento do tender de 5 bilhões de dólares para a compra de 36 caças. Mas para a Rússia é a decisão favorável, uma vez que as campanhas dela não tinham participado dele. Agora, dado o fato de que a Rússia decidiu transferir tecnologias, abrem novas oportunidades para a participação do concurso do caça Su-35M, se o Brasil o renovasse. Falando do financiamento do novo sistema de defesa anti-aérea brasleira, é óbvio que o jogo vale a pena por causa das vantagens inegáveis de sistemas russos. Assim, o co-fundador do centro analítico Air Power Australia, Dr. Carlo Kopp acredita que os aviões de combate americanos F-15, F-16 e F/A-18, bem como novo Joint Strike Fighter, não têm chances de sobrevivência contra os sistemas anti-aéreos russos. "É difícil dizer exatamente que elementos dos sistemas de defesa anti-aérea russos dão-lhes uma grande vantagem, pois a maioria deles funcionam em conjunto. São muito perigosos mísseis de longo alcance 48N6E2/E3 e 40N6 e o novo radar multimodo de capacidade multimissão capaz de resistir a maior parte das nossas radiointerferências, "- disse em entrevista a Lenta. ru.
"Os novos sistemas móveis como Favorit, Triumf, Antey-2500, os sistemas de proteção de radar contra antimísseis e bombas guiadas, incluindo os sistemas autônomos de defesa aérea Tor-M2E e Pantsir-S1, também representam sérios obstáculos à supressão de defesa aérea inimiga "- resumiu Kopp. Não é por acaso que é cada vez maior o número dos países (China, Irã, Índia, Síria, Iraque) quer comprar sistemas de defesa anti-aérea russos.
Cooperação técnico-militar entre o Brasil e da Rússia efetua-se segundo o acordo intergovernamental de 2008. Segundo empresa "Russian Technologies", no período entre 2008 e 2012 ao Brasil foram entregues armas e equipamento militar correspondente a um total de 306,7 milhões de dólares. De acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), em 2008-2011, a Rússia tem fornecido equipamento militar ao Brasil por US $ 127 milhões em preços de 1990 (218,6 milhões em preços de 2011, de acordo com a CPI Inflation Calculator). Em quatro anos, o Brasil recebeu da Rússia 150 mísseis antitanque 9M114 "Storm", 250 sistemas portáteis de defesa anti-aérea "Igla-S" e nove helicópteros Mi-35M.
Lyuba Lulko
Pravda.Ru
Nenhum comentário:
Postar um comentário