Publicado em Comunidade Josef Stalin
Tradução
de trechos das memórias de G. Zhukov, A. Malinovski, K. Rokossovski e
de A Gran Guerra Patria de la Unión Soviética – 1941-1945 – sobre a
Batalha de Moscou
"A Rússia é grande, mas não temos onde retroceder: atrás de nós está Moscou"
"No
verão e no outono de 1941, o Comitê Central do Partido, o Comitê de
Defesa do Estado e o Comando Supremo adotaram varias importantes medidas
para fortalecer a defesa da capital, formar consideráveis reservas
militares e completar o Exército de Operações com novas unidades e
material. Se adotaram medidas complementares para barrar o inimigo" (G.
Zhukov, V. II, p. 19).
"Ao
entrar o primeiro outono da guerra, a situação estratégica do Exército
Vermelho continuava sendo sumamente tensa. O Estado Maior Geral se
considerava que a tensão das operações militares nas frentes durante o
primeiro outono da guerra não seria menor que o começo da contenda. As
tropas hitlerianas não haviam perdido, todavia, todas suas vantagens.
Apesar das tremendas perdas – que desde o começo da agressão até os fins
de setembro de 1941 passaram de 530.000 homens – seguiam avançando para
o leste. O Exército fascista possuía a iniciativa estratégica, tinha
superioridade em forças e meios e conservava o domínio no ar. No
noroeste não havíamos conseguido impedir o avanço dos fascistas até a
cidade de Lenin. Começou o bloqueio de Leningrado. O sério revés sofrido
por nossas tropas no flanco sul da frente soviético-germânica criou uma
ameaça real para a região industrial de Karkov e Donbáss. Na Criméia,
nossas tropas, separadas dos vizinhos, corriam perigo.
Para o G. Q. G. e o E. M. G. o maior
cuidado era a Direção Central [Moscou]. Mantínhamos constantemente no
campo visual as ações das tropas soviéticas nesta Direção. Para o outono
se vislumbrou ali certa estabilização. Era evidente que isto se havia
produzido só depois que nossas tropas, com sua sem par firmeza na defesa
e seus resolutos contra-ataques, assestaram um golpe muito sensível às
tropas do Grupo de Exércitos Centro e frustraram seu primeiro intento de
abrir passagem sem deter-se para Moscou". (A. Vasilevski; p. 149).
"Por sua vez, o E. M. G. tinha em
conta de que a passagem do inimigo nesta direção da ofensiva à defensiva
tinha um caráter estritamente obrigatório e transitório. O centro da
luta travada continuava sendo a direção estratégica do oeste e era
precisamente ali, na direção de Moscou, onde se propunham os hitlerianos
resolverem com toda a rapidez a sorte da guerra a seu favor. O comando
político da Alemanha nazi supunha, não sem motivo, que enquanto Moscou
continuasse sendo o centro alentador e organizador da luta era
impossível vencer a União Soviética.
O comando hitleriano começou a
preparar planificadamente a ofensiva contra a capital soviética. Este
plano era parte integrante da grande ofensiva hitleriana de outono na
Frente Oriental. Seu objetivo geral consistia em conseguir, mediante
golpes resolutos em três direções estratégicas, a derrota das tropas do
Exército Vermelho, [forçá-las] à defensiva e concluir a guerra antes do
inverno. Se decidiu assestar o golpe principal, como no verão, na
direção de Moscou; ao mesmo tempo continuava as operações ofensivas para
apoderar-se de Leningrado e Rostov do Don". (Vasilevski; p. 150).
(...)
"O Comando militar hitleriano
planejou romper a defesa das tropas soviéticas com os golpes de três
potentes agrupações encouraçadas (...), cercar, nas imediações de Viazma
e Briansk, o grosso das forças das Frentes de Oeste, de Reserva e de
Briansk, e avançar depois, sem pausa alguma, sobre Moscou (...). Em uma
reunião, que se celebrou no outono de 1941, no E. M. do Grupo de
Exércitos Centro, Hitler disse que no curso dessa operação, Moscou devia
ser cercada de maneira que não pudesse abandoná-la nem um só soldado
russo, nem um só habitante, fosse homem, mulher ou criança. Qualquer
intento de sair seria reprimido pela força. Em 6 de setembro de 1941,
Hitler assinou a diretriz nº 35 para efetuar esta operação. O comando
alemão concentrou na direção de Moscou suas melhores forças para
realizá-la. (...) O inimigo concentrou contra três frentes nossas – a do
Oeste, a de Reserva e a de Briansk – 77 divisões com um total de mais
de um milhão de homens, 1.700 tanques e canhões de assalto, mais de
14.000 peças de artilharia e morteiros e 950 aviões de combate".
(...) Finalizando todos os
preparativos para a ofensiva geral na Frente Oriental, Hitler disse em
um discurso às tropas: 'Em três meses e meio serão criadas as premissas
para, de um potente golpe, abater o inimigo antes da entrada do inverno.
Tem-se feito tudo o que cabia as possibilidades humanas... Hoje começa a
última batalha decisiva deste ano'.
Moscou estava em perigo. O Comitê
Central do Partido e o Governo soviético tomaram todas as medidas para
rechaçar o golpe inimigo contra a capital. Mas nossas tropas que
operavam na direção de Moscou eram bastante inferiores em número às do
inimigo. Naquela ocasião, as Frentes do Oeste, de Reserva e de Briansk
contavam com cerca de 800.000 homens, 6.808 canhões e morteiros, 782
tanques e 545 aviões. O G. Q. G. não dispunha de reservas estratégicas
preparadas e isso não nos permitia dar passos mais decisivos. Se
adotaram medidas urgentes para criar zonas e linhas defensivas
complementares na retaguarda das tropas da Frente Ocidental, assim como
para rechaçar os ataques aéreos do adversário". (Vasilevski; pp.
150-151).
"Na manhã de 30 de setembro o 2º
grupo blindado de Guderian atacou as tropas soviéticas da Frente de
Briansk , desde a região de Shostka e Glujov em direção a Oriol,
rodeando Briansk pelo sudeste. Era o começo da operação "Tifon". Em 2 de
outubro seguiram-se dois novos potentes ataques de tanques alemães
desde Dujovschina e Roslavl à Viazma, em direções convergentes. Já nos
primeiros dias o inimigo conseguiu penetrar na defesa das tropas
soviéticas. Parecia que o comando hitleriano não tinha problemas em
avançar rapidamente: no terceiro dia, o grupo blindado de Guderian já
estava na retaguarda do 3º e do 13º Exércitos da Frente de Briansk e em 3
de outubro tomou Oriol e marchou ao longo da estrada Oriol-Tula. Em 6
de outubro outros dois grupos blindados se uniram a oeste de Viazma e
cercaram os 19º e 20º Exércitos da Frente Oeste e também o 24º e 32º
Exércitos da Frente de Reserva. Porém, posteriormente, começaram a
suceder um após outro os fracassos da "guerra relâmpago".
"Na noite de 4 para 5 de outubro, o
Comitê Estatal para a Defesa tomou uma decisão especial sobre a defesa
da capital. A linha defensiva de Mozhaisk passava a ser a linha
principal de resistência e para ela se transferiam com urgência todas as
forças e meios. Durante uma semana chegaram a Frente Oeste 14 divisões
de fuzileiros, 16 brigadas de tanques, mais de 40 regimentos de
artilharia e muitas outras unidades das distintas armas.
Para precisar a situação operativa e
ajudar os Estados Maiores da Frente Oeste e da Frente de Reserva na
criação de uma nova frente de luta, foram enviados para os locais onde
se travavam os combates V. Molotov, K. Voroshilov e A. Vasilevski,
representantes do Comitê Estatal para a Defesa e do Grande Quartel
General. Por sua recomendação, as tropas da Frente Oeste e da Frente de
Reserva se uniram em 10 de outubro em uma só Frente Oeste, cujo
comandante passou a ser o general G. Zhukov, deslocado da Frente de
Leningrado". (La Gran Guerra Patria; pp. 88-89).
(...)
"Tendo em vista que a frente ia se
aproximando de Moscou, o Comitê Estatal para a Defesa adotou em 12 de
outubro a decisão de criar outra linha defensiva nos acessos imediatos
da capital. Respondendo ao chamamento do partido, 450.000 pessoas,
principalmente mulheres, construíram posições defensivas nos acessos de
Moscou e na própria cidade. As empresas que produziam armas e munições
para os defensores da capital trabalhavam em três turnos.
Na reunião dos ativistas do partido
de Moscou, celebrada em 13 de outubro para discutir os "problemas do
dia", acordou: "mobilizar toda a organização do partido de Moscou, todos
os comunistas, o Komosomol [Organização da Juventude Comunista] e todos
os trabalhadores da capital em geral para o rechaço aos agressores
germano-fascistas, para a defesa da cidade e para a organização da
vitória".
As tropas soviéticas, cercadas
próximo a Viazma, combatiam valorosamente. Seus ataques seguiam um após
outro. Imobilizaram ali 28 divisões inimigas que durante muito tempo não
puderam continuar a ofensiva à Moscou.
As divisões blindadas avançadas de
Guderian, que iam de Oriol à Tula, foram atacadas nas proximidades de
Mtsensk pelo primeiro corpo de fuzileiros da Guarda sob o comando do
general D. Leliushenko. Os tanquistas soviéticos empregaram com êxito as
emboscadas de tanques. A demora das tropas de Guderian próximo de
Mtsensk facilitou a organização da defesa de Tula.
Numa frente ampla, desde o alto
Volga até Lgov, se lutava obstinadamente. O inimigo tomou Sychiovka e
Gzhatsk, saiu aos acessos de Kaluga e travava combates na zona de
Briansk e próximo a Mtsensk, Ponyri e Lgov. Em 14 de outubro a agrupação
de choque do inimigo, ao norte, irrompeu em Kalinin. Em 17 de outubro, o
Grande Quartel General criou a Frente de Kalinin, sob o comando do
general I. Koniev". (La Gran Guerra Patria; pp. 89-90).
"A organização do Partido da capital
prestou grande ajuda ao 16º Exército, na direção de Volokolamsk. Graças
a sua preocupação se formaram no mês de outubro dezenas de companhias e
batalhões de caçadores voluntários moscovitas, que se fundiram com o
[16º] Exército e reforçaram suas fileiras, reduzidas nos intensos e
ininterruptos combates. (...) Na manhã do dia 16 de outubro o inimigo
assestou um golpe com grandes unidades de tanques e motorizadas no
flanco esquerdo do nosso Exército, precisamente ali onde supúnhamos que
devia produzir-se e onde nos preparamos com especial atenção para
repeli-lo. (...) Travaram-se grandes combates defensivos. Os hitlerianos
lanzavam à luta poderosos grupos de 30 a 50 tanques, acompanhados por
densas fileiras de infantaria e apoiados pelo fogo de artilharia e
bombardeio aéreo. (...)
No dia 17 de outubro foi atacado o
corpo de Exército de Dovátor, ao norte de Volokolamsk. Neste mesmo dia,
na zona de Bolíchevo e no enlace com o 5º Exército, os alemães lançaram
contra o regimento da 316ª Divisão até uma centena de tanques.
Conseguiram ocupar dois povoados, obrigando a retirar-se parte de seus
defensores.
Os alemães, tratando de desenvolver o
êxito em profundidade, reforçaram a pressão, mas foram recebidos com a
artilharia, transferidas para aqui de outros setores e, depois de
sofrerem grandes perdas em tanques, se viram obrigados a retrocederem.
(...)
No dia 18, o inimigo, tratando a
qualquer preço obter êxito, lançou contra a 316ª Divisão de Fuzileiros
150 tanques e um regimento de infantaria motorizada na direção de
Ignatkovo, Zhílino e Ostáshino. Ao encontro dessa avalancha de aço foi
enviada a artilharia antitanque, as baterias de canhões e os katiuchas.
Como resultado de dois dias de
combates, 18 e 19 de outubro, os hitlerianos conseguiram fazer
retroceder, insignificantemente, as unidades da divisão de Panfílov.
Porém, o inimigo sofreu tais perdas em tanques e homens que se viu
obrigado a cessar os ataques.
A trégua durou pouco. Os combates se renovaram. Os ataques sucediam-se uns aos outros.
Ao dispor de grande superioridade de
forças, os hitlerianos, pouco a pouco, quilômetro por quilômetro,
faziam retroceder nossas tropas. Tratavam de abrir passagem para
Valokolamsk, com a ajuda de um poderoso grupo de tanques. Seus ataques
estavam constantemente apoiados pela aviação.
No dia 25 de outubro o inimigo
ocupou Bolichevo, Ostáshevo e forçou o rio Ruza. Depois de lançar ao
ataque até 125 tanques, ocupou a estação de Volokolamsk. (K.
Rokossovski, pp. 78-79-80).
"Os combates pela cidade e pela zona
de Volokolamsk entraram para a História. (...) todos – desde o soldado
raso até o chefe do Exército – fizeram o impossível para impedir que o
inimigo rompesse a defesa do Exército e o conseguimos" (K. Rokossovski,
p. 82).
"Quanto mais avançava o inimigo,
tanto mais tenaz era a resistência que lhe ofereciam as tropas
soviéticas. Depois de cruentos combates travados a noroeste de Moscou,
as tropas do 16º Exército do general K. Rokossovski detiveram, em 27 de
outubro, o inimigo na direção de Volokolamsk. Mais ao sul, na direção de
Mozhaisk, se batiam firmemente as tropas do 5º Exército. Ali, no
histórico campo de Borodino, fizeram frente ao inimigo as unidades deste
Exército, de sua 32ª Divisão de fuzileiros da Ordem da Bandeira
Vermelha, sob o comando do coronel V. Polosujin, divisão que se havia
coberto de glória na luta contra os invasores japoneses próximo do lago
Jasan, em 1938, assim como a 18º, a 19º e a 20ª brigada de tanques.
Essas tropas soviéticas, apoiadas pelo grupo de aviação do coronel N.
Sbytov, rechaçaram durante quatro dias os ataques inimigos e se
retiraram somente quando o adversário conseguiu flanqueá-las.
Enquanto em 12 de outubro, a
sudoeste de Moscou, se abandonou Kalunga, o inimigo que avançava a
Maloyaroslavets tropeçou com a firme resistência de um grupo de tropas
do 43º Exército. Com particular tenacidade, combateram o inimigo os
alunos das escolas militares de Podolsk: a de infantaria e a de
metralhadores e artilheiros. Só em 18 de outubro, após cinco dias de
combates, puderam os tanques alemães irromperem na cidade de
Maloyaroslavets.
Mais ao sul, a heróica Tula e seus
defensores constituíram uma barreira intransponível para o Grupo
blindado de Guderian. Se distinguiram pela extraordinária firmeza e
valentia manifestadas na defesa da cidade a 258ª Divisão de fuzileiros, o
Regimento operário de Tula e o 732º Regimento de artilharia antiaérea. O
comitê urbano da defesa de Tula, presidida pelo secretário do comitê
regional do PC(b) da URSS, V. Zhavoronkov, se mostrou como hábil
organizador em mobilizar os trabalhadores na defesa da cidade.
As unidades da DAA [Defesa
antiaérea] de Moscou rechaçavam com êxito as incursões da aviação
inimiga. Só um mês depois de começada a guerra, se decidiu o adversário
assestar o primeiro golpe aéreo sobre a capital soviética, porém,
conseguiram penetrar no céu de Moscou não mais que poucos aviões. Em
princípios de outubro, o sistema DAA de Moscou tinha uma organização
harmoniosa, baseada no principio de defesa circular, levando em
consideração as direções mais perigosas. Estava integrado por 700 caças
do 6º Corpo aéreo, com o qual cooperava o 1º Corpo da DAA que contava
759 canhões antiaéreos de médio calibre, 352 canhões antiaéreos de
pequeno calibre, 643 metralhadoras antiaéreas de grande calibre e 763
projetores antiaéreos. O seguinte fato mostra como combateram ao inimigo
aéreo as tropas da DAA de Moscou: de uns 2.000 aviões que participaram
das incursões sobre a capital, em outubro, somente 72 alcançaram os
objetivos de bombardeio. A capital soviética sofreu poucos danos dos
ataques da aviação germano-fascista.
Nos aziagos dias de outubro, o
Comitê Estatal para a Defesa adotou e pôs em prática a decisão sobre a
evacuação da capital das instituições governamentais, do corpo
diplomático, das empresas da indústria de guerra e dos estabelecimentos
científicos e culturais. Porém, o Bureau Político do CC do PC(b) da
URSS, o Comitê Estatal para a Defesa, o Grande Quartel General e o grupo
operativo de oficiais do Estado Maior Geral permaneceram em Moscou. A
frente se aproximou da capital e em 20 de outubro se declarou Moscou e
as zonas adjacentes em estado de sítio".
"As tropas na direção de Moscou eram
continuamente completadas ao custo das reservas do G. Q. G. e de outras
Frentes. Em fins de outubro, a frente que passava de Selizharorovo a
Tula, já se opunha ao inimigo dez Exércitos da Frente de Kalinin e da
Frente Oeste. Lutando por cada palmo de terra, os defensores de Moscou
frearam e logo detiveram o avanço dos nazistas, criando uma frente
defensiva contínua. (La Gran Guerra Patria; pp. 91-92).
"A capital soviética afrontou
valorosamente o perigo que se aproximava. Os chamamentos do Comitê
Central e do Comitê de Moscou do Partido a defender a capital eram
compreensíveis para cada moscovita, para cada combatente, para todos os
cidadãos soviéticos. Os moscovitas converteram a capital e seus acessos
em um fortaleza inexpugnável, e a defesa de Moscou constituiu uma
heróica epopéia.
Quando falamos do heroísmo realizado
na batalha de Moscou sobre-entendemos não só as ações de nosso
Exército, dos heróicos soldados, dos chefes e instrutores políticos. O
que se conseguiu na Frente do Oeste durante o mês de outubro e
posteriormente nas batalhas sucessivas, foi possível somente graças à
união e aos esforços conjuntos das tropas e da população da capital e da
região de Moscou, a eficaz ajuda que prestaram ao Exército e aos
defensores da capital, todo o país, todo o povo soviético". (Zhukov II,
p. 23).
(...)
Centenas de milhares de moscovitas
trabalhavam dia e noite na construção de fortificações que rodeavam a
capital. Somente no cinturão interior de defesa trabalharam, durante os
meses de outubro e novembro, cerca de 250.000 pessoas, 75% das quais
eram mulheres e adolescentes. Construíram 72.000 metros de fossos
antitanque, cerca de 80.000 metros de escarpas e contra-escarpas, 52.500
metros de pilares e outros muitos obstáculos, cavaram quase 128.000
metros de canais e trincheiras de comunicação. Estas pessoas removeram
com suas mãos mais de três milhões de metros cúbicos de terra". (Zhukov
II, p. 24).
"(...) O Conselho Militar da Frente do Oeste fez um chamamento às tropas em que se dizia:
'Companheiros! Na terrível hora de
perigo para nosso Estado, a vida de cada combatente pertence à Pátria.
Esta exige de cada um de nós a maior tensão de energias, valor, heroísmo
e firmeza. A Pátria nos chama a convertermo-nos em uma muralha
indestrutível e impedir que as hordas fascistas entrem em nossa amada
Moscou. Hoje se exige mais do que nunca vigilância, férrea disciplina,
organização, ações decididas, vontade inquebrantável de vitória e
disposição de sacrifício'" (Zhukov II, p. 25).
"Nos fins de outubro, as tropas
soviéticas pararam o inimigo na linha da represa do Volga, a leste de
Volokolamsk, e mais adiante pela linha dos rios Nara e Oká e, nos
acessos sudoeste de Moscou, no setor de Tula, onde o 50º Exército foi
apoiado firmemente pelos destacamentos de operários de Tula.
O balanço dos acontecimentos de
outubro foi muito duro para nós. O Exército sofreu sérias perdas. O
inimigo avançou quase 250 km, mas não conseguiu alcançar os objetivos do
plano "Tifon". A firmeza e bravura dos defensores da capital soviética e
a ajuda dos trabalhadores da retaguarda pararam as hordas fascistas. O
Grupo de Exércitos Centro viu-se obrigado a suspender temporariamente a
ofensiva. Este foi o principal resultado do período de outubro da
batalha de Moscou, muito importante e responsável em toda a luta pela
capital. (...) as tropas soviéticas resistiram firmemente às investidas
do inimigo que era superior a nós em número e armamentos e que nele
desempenhou um grande papel a firme direção do Comitê Central do Partido
e do C. D. E., com Stalin à cabeça, que exerceram infatigável atividade
na mobilização e utilização das energias do país. (Vasilevski; pp.
157-158).
"Ao falar dos dias de outubro e
novembro, tão duros e perigosos para nossa capital e para o país em
conjunto, quando o inimigo estava às portas de Moscou e Leningrado, não
posso deixar de referir à imensa transcendência que tiveram para os
moscovitas, para todo o povo soviético e as Forças Armadas, a solene
reunião do Soviet de Deputados dos Trabalhadores de Moscou,
conjuntamente com as organizações do Partido e sociais da capital,
celebrada em 6 de novembro e dedicada ao XXIV aniversário da Grande
Revolução Socialista de Outubro, e a tradicional parada militar de 7 de
novembro na Praça Vermelha. No E. M. G. apesar de ser tão grave a
situação na frente de Moscou, os ânimos eram de festa. O discurso de
Stalin na solene reunião e seu discurso veemente na Praça Vermelha
patentearam que os dirigentes soviéticos estavam tranquilos pela sorte
da capital. (...)
Os chamamentos do Partido Comunista
que se fizeram nas alocuções de Stalin – a empregar todas as forças para
a defesa da Pátria e a vitória sobre o inimigo – e a própria parada
despertaram um poderoso entusiasmo patriótico no país, alentaram a nossa
gente para novos heroísmos na frente e na retaguarda e robusteceram a
segurança na viragem inelutável na marcha da guerra" (A. Vasilevski;
pag. 159).
"O passo firme dos regimentos que,
com todo o seu equipamento de combate, desfilaram na Praça Vermelha ante
o Mausoléu de V. I. Lenin e em seguida marcharam ao front, infundiu aos
soviéticos a fé na invencibilidade e de uma viragem no curso da guerra.
A aproximação do inverno obrigava o
comando hitleriano a dar-se pressa em preparar uma nova ofensiva. Na
primeira quinzena de novembro eles reagruparam suas tropas e reforçaram
suas agrupações de choque que atuavam nos flancos, nas direções de
Volokolamsk-Klin e de Tula, inclusive quase todas as divisões de tanques
e motorizadas do Grupo "Centro".
A composição do Grupo de exércitos
"Centro" não experimentou mudanças notáveis. Integravam-no, como antes, o
9º, o 4º e o 2º Exército de campanha, o 2º Exército blindado (formado à
base do 2º grupo blindado, completado com mais de 110 tanques) e dos
grupos de tanques: o 3º e o 4º. Contava no total 73 divisões, 14 delas
blindadas e 8 motorizadas. Porém, participaram na ofensiva a Moscou
somente 51 divisões, entre elas 23 blindadas e 7 motorizadas. As demais
tropas – o 9º e o 2º Exército de campanha – estavam mobilizados na
Frente de Kalinin e na Frente Sudoeste e não puderam participar da
ofensiva.
Tampouco mudou a idéia do assalto à
Moscou: se planejava assestar golpes demolidores nos flancos da Frente
Oeste, rodear Moscou pelo norte e pelo sul e fechar o cerco a leste da
cidade.
A Frente Oeste opôs ao inimigo 53
divisões – três delas blindadas e 12 de cavalaria – e 14 brigadas de
tanques. Como antes, as tropas soviéticas sujeitavam-se aos alemães em
pessoal e armamentos. O Grupo de Exércitos "Centro" seguia conservando a
superioridade em força viva e material de guerra, sobretudo nas
direções dos golpes principais. Na direção de Klin, por exemplo, o
inimigo utilizou na ofensiva uma agrupação de 300 tanques e 910 peças de
artilharia e morteiros contra 56 tanques e 210 peças de artilharia do
30º Exército". (La Gran Guerra Patria; pp. 93-94).
"Os combatentes soviéticos –
soldados, chefes e oficiais – faziam todo o possível, e inclusive o que
parecia impossível, para deter o inimigo e cerrar-lhe o passo à capital.
Artilheiros e infantes, sapadores e pessoal de comunicações, todos
davam provas de heroísmo. Eram frequentes os casos em que os artilheiros
faziam fogo com peças avariadas; a infantaria lutava contra os tanques
utilizando granadas de mão e garrafas com líquido inflamável, conhecidas
no Ocidente sob o nome de coktail Mólotov.
A capital, com barricadas e pilares
antitanque em seus subúrbios e com seteiras nos muros dos edifícios,
tinha um aspecto severo. "A Rússia é grande, mas não temos onde
retroceder: atrás de nós está Moscou", disse o instrutor político Vasili
Klochkov durante um combate de morte próxima do baldio Dubosékovo, onde
28 combatentes da 316ª Divisão de fuzileiros do general I. Panfilov
destruíram 18 tanques inimigos numa luta desigual que durou quatro
horas. Essas palavras passaram a ser a consigna de todos os defensores
da capital.
Sob o embate de forças superiores do
inimigo, a 316ª Divisão procedeu em várias ocasiões o retrocesso, mas
nenhuma só vez se rompeu sua frente de defesa. Travaram combates de
morte contra o inimigo sob os muros de Moscou também os combatentes de
outras divisões de fuzileiros, do Grupo de cavalaria sob o comando do
general L. Dovátor, das brigadas de tanques de M. Katukov e F. Rémizov.
Mostraram firmeza em defender Moscou
as tropas da DAA, que rechaçaram exitosamente as incursões aéreas do
inimigo sobre a capital, efetuaram a proteção aérea do campo de batalha e
repeliam os ataques de tanques e infantaria inimigos. Desde o início
dos ataques aéreos à capital, os artilheiros e aviadores da DAA de
Moscou derrubaram em quatro meses mais de 1.300 aviões e rechaçaram 122
incursões em que participaram 7.146 aviões. Desses últimos, só 229, ou
seja, uns 3%, puderam alcançar a capital. Durante os combates aéreos nos
acessos de Moscou se distinguiram os pilotos V. Talalijin, autor da
primeira investida noturna na história, e A. Kátrich, autor da primeira
investida a grande altura. Em suma, os pilotos soviéticos que combateram
nos acessos aéreos de Moscou tinham a seu favor 24 investidas. Apesar
da proximidade da frente, a capital sofreu poucos danos dos piratas
aéreos fascistas.
As tropas da Frente Oeste impuseram
ao inimigo uma luta duradoura e extenuante, em que resultaram na
lentidão das forças principais do Grupo de exércitos "Centro". Inclusive
as unidades móveis do inimigo não puderam avançar mais que três a cinco
km por dia. Mas os alemães se obstinavam em continuar a ofensiva". (La
Gran Guerra Patria; pp. 94-95).
"Em fins de novembro as tropas
fascistas conseguiram avançar a noroeste da capital até o canal
Moscou-Volga e cruzá-lo em Yajroma, e no sudeste chegar ao setor de
Kashira. O inimigo não deu nem um passo mais. Perdidas suas
possibilidades ofensivas, dessangradas e extenuadas pela defesa ativa
das tropas soviéticas, as unidades do Grupo de Exércitos Centro viram-se
obrigadas a passarem à defensiva em todas as partes: em três de
dezembro, as tropas do 4º Exército alemão; em cinco de dezembro, as
tropas dos grupos de tanques 3º e 4º e também do 2º Exército de Tanques.
Assim terminou o período defensivo mais difícil para nós na batalha de
Moscou". (Vasilevski; p. 160).
"Em 3 de dezembro Halder escreveu em
seu diário que era perigoso passar à defensiva próximo à Moscou, mas já
no dia seguinte, em 4 de dezembro, teve que reconhecer que era
impossível continuar a ofensiva.
Assim concluiu o período defensivo
da batalha de Moscou. Pela primeira vez no curso da II Guerra Mundial o
Exército Soviético conseguiu o que não pode fazer nenhum exército dos
Estados capitalistas do Ocidente. Foi domado o "Tifon" hitleriano, a
última esperança dos generais nazistas em seu afã para alcançar os
objetivos do Plano 'Barbaroxa'.
Milhares de heróis conhecidos e
anônimos realizaram magníficas façanhas defendendo a Pátria socialista.
Pela firmeza e valor manifestados durante a defesa da capital, dezenas
de milhares de combatentes foram condecorados com ordens e medalhas. O
título de herói da União Soviética foi concedido a 110 soldados e
oficiais. Mais de um milhão de homens receberam a medalha "Pela defesa
de Moscou". Durante a batalha de Moscou se engrossaram as fileiras da
Guarda soviética: em novembro e nos primeiros dias de dezembro de 1941
receberam esse qualificativo – por disposição do Comissário do Povo para
a Defesa e em atenção à habilidade em defender-se firmemente e combater
o inimigo que avançava para Moscou – dois corpos de cavalaria, uma
divisão de cavalaria, uma brigada de tanques e seis regimentos de
aviação". (La Gran Guerra Patria; p. 96).
Bibliografia:
La Gran Guerra Patria de La Unión Sovietica – 1941-1945. P. Zhilin, et all; Editorial Progreso, Moscou, 1985, pp. 86-96).
Memórias y Reflexiones. Gueorgui Zhukov; V. II – capítulo XIV – Editorial Progreso, Moscou, 1991, pp. 05-67).
La causa de toda mi vida. A. Vasilevski; Editorial Progreso, Moscou, 1979, pp. 149-174).
El deber de un soldado. K. Rokossovski; Ediciones Altaya, España, 2008, pp. 78-79-80.
Tradução de Percival Alves.
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