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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Intelectuais argentinos alertam que país corre perigo



“O país em perigo” é o título que o “Espaço Carta Aberta” – grupo composto por intelectuais argentinos de renome que propõem o debate e a reflexão por meios de cartas abertas— utilizou em sua nova carta, em um cenário complexo em que o governo, apesar da campanha interna e externa contra ele, está conseguindo frear nas últimas horas a corrida cambial e estabilizar o dólar no preço oficial de oito pesos.
Por Stella Calloni, no La Jornada
Espaço Carta Abierta é um grupo não partidário formado por pessoas da cultura, educação, jornalismo, ciências, cinema, artes, poesia e literatura. Surgiu em 2008 quando o governo se viu ameaçado pela greve agropecuária patronal no país.
No documento, o coletivo Carta Aberta afirma que devemos estar às portas de uma nova mobilização e avançar em mecanismos que estabeleçam a gestão estatal do comércio exterior, ao pedir a defesa dos preços. Eles também mencionam recorrer à imaginação de muitos momentos históricos para novas e criativas maneiras de mobilização.
Ao coincidir com expressões similares, chamam o kirchenerismo – como se denomina popularmente a governista Frente para a Vitória – a se mobilizar e ir às ruas.
O escritor Horacio González, diretor da Biblioteca Nacional, ao ler o documento Carta Aberta argumentou que esse processo de transformação, liderado por Néstor e Cristina Kirchner, foi uma recriação das militâncias e do fervor público nacional, ancorados em uma longa memória popular que não tem donos.
Foi a primeira Assembleia deste ano, em que intelectuais e artistas acusaram um punhado de grandes empresas (Cargill, Noble Argentina, Bunge Argentina, Dreyfus, Molinos Rio de la Plata, Vicentin, Óleo Geral Dehesa Nidera e Toepfer) que exportam mais de 90% do grão, óleo e farinha de soja argentinos, base histórica da riqueza e da produção no país, de organizar uma armadinha financeira sobre o governo.
Isso o obrigou a tomar medidas difíceis e comprometedoras para o futuro do país, como a desvalorização não desejada pelo governo nem conveniente para as maiorias populares. O que consideraram grave. Não é um simples episódio da história econômica nacional. Todas as grandes organizações agropecuárias têm fortes ligações internacionais, financeiras, comunicacionais e são sempre equipadas para produzir a ilusão de que os seus interesses coincidem com os de uma grande parte das desconcertadas classes médias argentinas, diz o documento.
Nestes momentos, que caracterizam como dramáticos faz-se necessário repor nossas forças e dignidade para a luta, pois isso exigirá grandes esforços para que a desvalorização não recaia nos amplos estratos das classes populares, historicamente mais prejudicadas com este tipo de medidas.
Na situação atual, com base em diversas análises e testemunhos que foram discutidos, pediram para se avançar em mecanismos que estabeleçam a gestão estatal do comércio exterior, e uma série de outras medidas importantes.
Nosso país tem visto ciclicamente ameaçado, boicotado e truncados projetos de desenvolvimento nacionais autônomos pela restrição externa, ou seja, pela falta de divisas. Estes são o recurso chave para a continuidade e aprofundamento de dinâmicas progressivas. Portanto, é essencial subtrair a disposição sobre as mesmas da chantagem monopólica e assegurar o controle governamental, afirmaram.
Também mencionaram a necessidade de criar um movimento de opinião e mobilização social (como aconteceu com a lei de meios) que acompanhe a execução deste objetivo verdadeiramente democrático.
Argumentam ainda que a soberania na disposição das divisas requerirá avançar em outras áreas para fortalecer ou estabelecer o controle estatal e social (por exemplo, dos portos privados), o aumento da regulamentação sobre o capital especulativo e o sistema financeiro, especialmente o bancário de propriedade estrangeira, entre muitos outros.
Também alertaram sobre o perigo de tentativas de restaurar o antigo país oligárquico que está pronto para mostrar seus dentes de ferro, que seriam suas ferramentas de ajuste.
Tradução:
Da Redação do Portal Vermelho

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