Em Havana, ex-presidente Lula encontra estudantes
brasileiros de Medicina; em 2014, 350 alunos do país serão graduados nas
escolas da ilha socialista; cursos foram gratuitos; maioria do grupo de
brasileiros que vai se formar em julho (foto) pretende se inscrever na
volta no Programa Mais Médicos; "vocês são motivo de orgulho para todos
nós", disse Lula; ele afirmou que não se pode "transformar a medicina em
mercantilismo"; programa mostra nova face com formação no exterior que
dará retorno ao país
26 de Fevereiro de 2014 às 16:56
247 – O país que ofereceu quatro mil médicos
para atuar em regiões carentes e com demanda de profissionais no Brasil
forma, hoje, cada vez mais estudantes de medicina brasileiros. Cuba dará
o diploma, apenas em 2014, a 350 dos nossos jovens, que cursaram a
faculdade na ilha sem pagar nada.
Em passagem pela capital, Havana, nesta terça-feira 25, o
ex-presidente Lula se encontrou com um desses grupos, que será graduado
em julho desse ano e disse que pretende voltar para trabalhar no Brasil,
por meio do programa Mais Médicos. "Parabéns, vocês são motivo de
orgulho para nós", comentou o ex-presidente.
A contratação de médicos cubanos virou polêmica no Brasil, mesmo que
eles carreguem o título de ter iniciado a chamada medicina familiar e
comunitária – prática em que os médicos são muito mais próximos das
famílias, visitam residências e conseguem desenvolver, assim, a política
da prevenção.
Em agosto do ano passado, o governo brasileiro fez um acordo com a
OPAS (Organização Panamericana da Saúde) para contratar quatro mil
cubanos. Em janeiro, o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
admitiu a possibilidade de esse número aumentar, a fim de que se alcance
a meta de 13 mil médicos no programa até março.
As críticas contra as contratações miravam, entre outros pontos, o
salário recebido pelos cubanos, que recebem cerca de R$ 400,
diferentemente de outros médicos estrangeiros, que ganham a íntegra do
salário pago pelo governo, de R$ 10 mil. No caso dos cubanos, a
diferença do dinheiro é enviada para a ilha.
Muitos médicos de Cuba atuando no Brasil, porém, entenderam a
contratação como uma forma de ajudar seu país. "Não interessa o salário,
trabalhamos por amor" e "nós não vamos mudar nenhum sistema social, mas
contribuir" foram algumas declarações dadas por profissionais cubanos
no Brasil. "E a minha família recebe uma ajuda do governo de Cuba,
justamente porque estou aqui", disse Idania Garrido, que trabalha no
Distrito Federal.
Exercer a medicina como missão de ajudar a sociedade parece uma visão
que já contaminou, positivamente, os estudantes brasileiros em Cuba. Os
estudantes disseram ontem a Lula querer retornar ao Brasil para
participar do programa e atuar em comunidades carentes com uma prática
mais humanista da medicina.
"Eu espero que quando retornarem ao Brasil, voltem com muita vontade
de trabalhar. Nem sempre vai ser fácil, mas quando vocês vieram para cá,
vieram com esse objetivo, de serem médicos, de sobreviver da medicina,
mas sem transformar a medicina em mercantilismo", comentou o
ex-presidente.
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