Por: Valdir
Pereira
Nascido em
Caruaru, em Pernambuco, em 1945, com 7 anos de idade veio para São Paulo, num “pau
de arara”, indo morar em Vicente de Carvalho, no Guarujá. Quatro anos mais
tarde, mudou-se para a capital de São Paulo, Com 15 anos tornou-se aprendiz de
torneiro mecânico.Começou daí sua trajetória de operário, que se tornou líder sindical
e organizador da greves do ABC, culminando com sua eleição a presidente da Republica,
por dois mandatos.
Lula, presidente hábil e matreiro
Lula, com
seu jeitão bonachão, alegre, expansivo, sempre cativou seus aliados nos dois
mandatos que exerceu na presidência da república. Com exceção, da grande
derrota sofrida no Senado na votação da CPMF, Lula impunha seu projeto
político, na base do acordo do entendimento, graças a sua habilidade política,
aos afagos e concessões a sua base de governo.
Muitas vezes uma tapinha nas costas, um abraço, eram suficientes para aplacar
demandas de alguns, e o descontentamento de outros, que afinal, depois das
conversas mantidas com Lula, saiam do encontro satisfeitos, sorridentes, muitas
vezes com as mãos abanando. Assim era o presidente: esperto, hábil, matreiro.
Formado no
sindicato, numa época difícil de ditadura militar, adquiriu sua bagagem nos
confrontos frequentes com os empresários industriais do setor metalúrgico do
ABC, Lula adquiriu a experiência nas negociações, e o “jogo de cintura” no
trato com os empresários, obtendo inúmeras vitórias para sua categoria,
ganhando o respeito dos trabalhadores.
Temperado
nas lutas sindicais, em 1979, mobilizou e organizou as primeiras greves no ABC,
com a participação de milhares de trabalhadores. Em 1980, em pleno AI- 5,
liderou uma grande greve no ABC, que lhe rendeu a destituição do cargo de
presidente e a intervenção no sindicato, e uma prisão de 31 dias, no DOPS.
Voltando á atividade, observou que não havia representantes dos trabalhadores no
Congresso Nacional, que o motivou a criar um partido. Se associando a
intelectuais, políticos, militantes da igreja progressista e lideres de
movimentos sociais, criou em 1980 o PT. Toda essa experiência e a luta política
fizeram dele, em 1886, deputado constituinte mais votado no país e depois de
muitas batalhas, elegeu-se em 2002 e 2006, presidente do Brasil.
Dilma Roussef
Dilma, ao
contrário de Lula, originária da classe média, iniciou sua atividade política
em 1964, num colégio de Belo Horizonte, em Minas Gerais, na Política Operária
(Polop) organização de extrema esquerda, ainda muito jovem. Em 1969, ingressou
na Vanguarda Popular Revolucionária, sendo presa e torturada em 70, em São
Paulo.
Fundou, com
seu ex-marido, o PDT no Rio Grande do
Sul e posteriormente exerceu cargos importantes em Porto Alegre; foi ministra
de Minas e Energia e ministra chefe da Casa Civil, no governo Lula. Dilma tem
um perfil diferente de Lula, mais circunspecta, mais séria, muito eficiente, que
lhe rendeu a indicação para disputar a eleição presidencial em 2010, em consequência
de uma ampla coligação partidária, acabou sendo eleita.
Abacaxi como
Herança
Com a
eleição, recebeu como herança, um grande abacaxi: governar com uma base ampla,
heterogenia e muito fisiológica, ávida por cargos e espaços no governo. Esse
drama, próprio de alianças partidárias, não satisfez a nova comandante do país,
acostumada a uma gestão técnica, baseada na eficiência, se chocou com as
mazelas do poder, do desvio de verbas e corrupção nos ministérios, houve fazer
uma limpeza geral, para satisfazer o clamor popular. Os partidos atingidos se
sentiram prejudicados em perder espaço e não serem contemplados, com suas
indicações, na retomada dos postos perdidos, iniciam um movimento de rebelião e
afastamento da base governista e aproximação com a oposição, como meio de
chantagem política.
A Política
da chantagem Lula com certeza, dotado de seu carisma e pragmatismo, já teria
resolvido o problema e colocado os descontentes no eixo. Mas Dilma não é Lula.
Pensa diferente, não aceita negociar com os rebeldes e não quer se submeter as
chantagens.
Os riscos
são grandes: governar sem uma base parlamentar é temerário; muitos projetos
importantes para o país podem não ser votados, não serem apreciados ou
rejeitados no Congresso. Mas têm que se pagar pra ver.
O que não se
pode, é ver um governo perder sua autoridade, ser chantageado, se submeter à
imposição de uma maioria fisiológica, incrustada no Congresso Nacional, em
detrimento do povo que a elegeu.
Se Dilma
optar pelo enfrentamento, com certeza terá o apoio dos brasileiros.
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