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quarta-feira, 28 de março de 2012

Qual a diferença entre um Lula matreiro e uma Dilma turrona


Por: Valdir Pereira


Nascido em Caruaru, em Pernambuco, em 1945, com 7 anos de idade veio para São Paulo, num “pau de arara”, indo morar em Vicente de Carvalho, no Guarujá. Quatro anos mais tarde, mudou-se para a capital de São Paulo, Com 15 anos tornou-se aprendiz de torneiro mecânico.Começou daí sua trajetória de operário, que se tornou líder sindical e organizador da greves do ABC, culminando com sua eleição a presidente da Republica, por dois mandatos.
                      Lula, presidente hábil e matreiro
Lula, com seu jeitão bonachão, alegre, expansivo, sempre cativou seus aliados nos dois mandatos que exerceu na presidência da república. Com exceção, da grande derrota sofrida no Senado na votação da CPMF, Lula impunha seu projeto político, na base do acordo do entendimento, graças a sua habilidade política, aos afagos  e concessões a sua base de governo. Muitas vezes uma tapinha nas costas, um abraço, eram suficientes para aplacar demandas de alguns, e o descontentamento de outros, que afinal, depois das conversas mantidas com Lula, saiam do encontro satisfeitos, sorridentes, muitas vezes com as mãos abanando. Assim era o presidente: esperto, hábil, matreiro.
Formado no sindicato, numa época difícil de ditadura militar, adquiriu sua bagagem nos confrontos frequentes com os empresários industriais do setor metalúrgico do ABC, Lula adquiriu a experiência nas negociações, e o “jogo de cintura” no trato com os empresários, obtendo inúmeras vitórias para sua categoria, ganhando o respeito dos trabalhadores.
Temperado nas lutas sindicais, em 1979, mobilizou e organizou as primeiras greves no ABC, com a participação de milhares de trabalhadores. Em 1980, em pleno AI- 5, liderou uma grande greve no ABC, que lhe rendeu a destituição do cargo de presidente e a intervenção no sindicato, e uma prisão de 31 dias, no DOPS. Voltando á atividade, observou que não havia representantes dos trabalhadores no Congresso Nacional, que o motivou a criar um partido. Se associando a intelectuais, políticos, militantes da igreja progressista e lideres de movimentos sociais, criou em 1980 o PT. Toda essa experiência e a luta política fizeram dele, em 1886, deputado constituinte mais votado no país e depois de muitas batalhas, elegeu-se em 2002 e 2006, presidente do Brasil.
                                                       Dilma Roussef
Dilma, ao contrário de Lula, originária da classe média, iniciou sua atividade política em 1964, num colégio de Belo Horizonte, em Minas Gerais, na Política Operária (Polop) organização de extrema esquerda, ainda muito jovem. Em 1969, ingressou na Vanguarda Popular Revolucionária, sendo presa e torturada em 70, em São Paulo.
Fundou, com seu  ex-marido, o PDT no Rio Grande do Sul e posteriormente exerceu cargos importantes em Porto Alegre; foi ministra de Minas e Energia e ministra chefe da Casa Civil, no governo Lula. Dilma tem um perfil diferente de Lula, mais circunspecta, mais séria, muito eficiente, que lhe rendeu a indicação para disputar a eleição presidencial em 2010, em consequência de uma ampla coligação partidária,  acabou sendo eleita.

                                Abacaxi como Herança
Com a eleição, recebeu como herança, um grande abacaxi: governar com uma base ampla, heterogenia e muito fisiológica, ávida por cargos e espaços no governo. Esse drama, próprio de alianças partidárias, não satisfez a nova comandante do país, acostumada a uma gestão técnica, baseada na eficiência, se chocou com as mazelas do poder, do desvio de verbas e corrupção nos ministérios, houve fazer uma limpeza geral, para satisfazer o clamor popular. Os partidos atingidos se sentiram prejudicados em perder espaço e não serem contemplados, com suas indicações, na retomada dos postos perdidos, iniciam um movimento de rebelião e afastamento da base governista e aproximação com a oposição, como meio de chantagem política.
A Política da chantagem Lula com certeza, dotado de seu carisma e pragmatismo, já teria resolvido o problema e colocado os descontentes no eixo. Mas Dilma não é Lula. Pensa diferente, não aceita negociar com os rebeldes e não quer se submeter as chantagens.
Os riscos são grandes: governar sem uma base parlamentar é temerário; muitos projetos importantes para o país podem não ser votados, não serem apreciados ou rejeitados no Congresso. Mas têm que se pagar pra ver.
O que não se pode, é ver um governo perder sua autoridade, ser chantageado, se submeter à imposição de uma maioria fisiológica, incrustada no Congresso Nacional, em detrimento do povo que a elegeu.
Se Dilma optar pelo enfrentamento, com certeza terá o apoio dos brasileiros.

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