Dois
anos atrás, após ganhar cerca de 150 euros num trabalho temporário, o
aposentado Lazarishvili pagou cerca de 40 euros para restaurar a pintura
e o bronze de uma estátua de Stalin que ficava em sua cidade natal,
Telavi, na parte oriental da Geórgia. Não muito tempo depois, o governo
de direita de Saakashvili confiscou a estátua sob a alegação de que ela
representava “ideais soviéticos”.
Para Lazarishvili isso foi um tapa em
seu rosto. “Stalin foi a pessoa mais humana”, disse Lazarishvili
contemplando outra estátua de Stalin, esta na cidade de Zemo Alvani.
“Ele amaparava as pessoas pobres e nunca puniu nem 1% (um por cento)
daqueles que mereciam punição. Deveríamos imita-lo no seu cuidado com as
pessoas”.
Naquele dia a cidade de Zemo Alvani
celebrava o aniversário de Stalin com o retorno da estátua, mas em 2011 a
mesma campanha anti-soviética removeu também este monumento, além de
vários outros em diversas cidades. Os cidadãos de Alvani esconderam a
estátua em uma fábrica de sorvetes abandonada mas acabaram danificando-a
no processo.
Após as eleições de outubro último, que
varreram o partido direitista de Saakashvili do poder, os cidadãos de
Zemo Alvani se sentiram livres para restaurar a estátua e retorna-la
para o que consideravam seu devido lugar.
Eles coletaram dinheiro e reinauguraram o monumento no dia do aniversário de Stalin.
Entre o público presente havia pessoas
que viveram durante os anos de Stalin. Alguns dedicaram poemas ao líder
bolchevique, lembrando a educação gratuita no período soviético.
Havia também diversos jovens que nem
chegaram a conhecer o governo soviético, menos ainda a liderança de
Stalin, mas demonstrando enorme entusiasmo.
Levan Otiuridze, um estudante de direito
de 22 anos da Universidade de Tbilisi, afirmou que a juventude foi a
força motriz neste processo de restauração.
“Sabemos que toda essa informação
negativa sobre Stalin é fabricada”, afirmou. “Esperamos que este novo
governo respeite nossa posição, caso contrário os tiraremos de lá”.
“Eu vim aqui porque eu amo Stalin e amo o
meu povo”, disse Phatima Patishvili, moradora de Zemo Alvani. “Eu me
lembro quando tinha 12 anos o quanto minha avó chorou quando Stalin
morreu”.
A vontade do povo
Enquanto a cidade de Zemo Alvani
celebrava a restauração do monumento, a cidade de Gori, berço de Stalin,
estava em meio à reconstrução de um parque que irá abrigar sua própria
estátua do líder soviético – a mesma que foi removida da praça principal
em 2010 sob protestos da população.
Esta estátua, erigida em 1952, um ano antes da morte de Stalin, foi movida então para o Museu Joseph Stalin, em Gori.
Soso Vakhtangishvili, parlamentar eleito
no ano passado, afirma que se os moradores estão exigindo a restauração
da estátua então isso deve ser uma prioridade para o governo local.
“Se as pessoas querem a estátua de Stalin de volta o governo local deve encaminhar essa questão”, disse.
O aposentado Lazarishvili retornou à sua
cidade, Telavi, na noite seguinte à comemoração do aniversário de
Stalin em Zemo Alvani.
“Olhando para aquela estátua eu sinto que Stalin e suas ideias estão vivas”, afirmou.
Glauber Ataide
Fonte: AVERDADE
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