Genocídio
desumano, ilegal e relíquia da guerra fria foram alguns dos
qualificativos para o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, escutados
desde os cinco continentes na Assembleia Geral da ONU.
Por Waldo Mendiuza * (Via Portal Vermelho)
Presidentes,
premiês e chanceleres de mais de 40 países da América Latina e do
Caribe, África, Ásia, Oceania e Europa levaram ao pódio do debate geral
da Assembleia, em seu 68º período de sessões, o reclamo contra um
bloqueio econômico, comercial e financeiro que ultrapassa o meio século
de implementação.
Durante as sete jornadas do foro (entre 24 de setembro e 1º de outubro), a recusa ao bloqueio e as demandas para que Washington o encerre, tornaram-se mais uma vez, um dos temas mais debatidos pela comunidade internacional nas Nações Unidas, assim como no ano passado.
Em algumas das falas se questionou que apesar das sucessivas resoluções da Assembleia Geral de pôr fim ao bloqueio, os Estados Unidos insistem em sua política com a ilha.
Desde 1992, foram aprovados no principal órgão da ONU textos que instam ao afastamento da unilateral medida, por seu impacto na sociedade e o desenvolvimento da maior das Antilhas, cujas autoridades estimam que os prejuízos acumulados ultrapassem amplamente o trilhão de dólares.
América Latina e Caribe
Para o chanceler da Venezuela, Elias Jaua, o caso do bloqueio americano é um daqueles que põe de manifesto "a alarmante incoerência existente no organismo mundial, por ação ou omissão".
"Por que não se aplicam sanções ao governo que mantém há mais de 50 anos um bloqueio econômico ilegal e criminoso contra o digno povo cubano, desacatando as decisões majoritárias desta Assembleia a favor do afastamento do referido assédio?", perguntou.
Na sua fala na tribuna, o presidente da Bolívia, Evo Morales, qualificou o cerco de "o pior genocídio" e também criticou a Casa Branca por não ter escutado os pronunciamentos da Assembleia.
Em seu discurso, o mandatário uruguaio, José Mujica, assinalou o "inútil e triste" de uma conduta que tem como princípio reconhecido esmagar por fome a ilha, enquanto que seu par salvadorenho, Mauricio Funes, defendeu o direito dos cubanos na procura de seu desenvolvimento e bem-estar.
Funes acrescentou: "Cuba faz parte da alma da América e o bloqueio representa um resquício do passado".
Equador, Nicarágua e várias nações caribenhas como Antigua e Barbuda, Barbados, São Vicente e Granadinas, Jamaica, Granada, São Cristóvão e Neves, Trindade e Tobago, Dominica e Santa Luzia se somaram à reclamação na plenária dos 193 membros da Assembleia.
"Exemplo atroz do desatendimento contínuo do direito internacional. Sem sombra de dúvida, diminui uma grande nação como os Estados Unidos continuar sua vingança míope contra Cuba por meio de um bloqueio econômico ilegal, fora de moda e prejudicial", afirmou Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente.
Por sua vez, a primeira-ministra de Trindade e Tobago e presidenta temporária da Comunidade do Caribe, frisou que esse bloco demanda o levantamento aos poucos do anacrônico jugo ao desenvolvimento sustentável dos cubanos.
Esgrimindo o interesse da paz e a compreensão internacional, o premiê de São Cristóvão e Neves, Denzil Douglas, convocou a Assembleia Geral da ONU a explorar "novos e imaginativos meios de convencer todos os envolvidos para fechar este desafortunado capítulo das relações hemisféricas".
"Uma ferida aberta no coração do continente, que é desnecessária e precisa ser fechada", foi como qualificou o chanceler da Santa Luzia, Alva Romanus Baptiste, ao se referir à exclusão de Cuba das relações normais e completas na região.
Ampla condenação africana
Dos vários cantos do continente africano se elevaram vozes de solidariedade com Havana e exigindo o fim do bloqueio, cuja entrada oficial em vigor se produziu em fevereiro de 1962, com a proclamação 3447 do então presidente americano, John F. Kennedy, embora as sanções tivessem começado logo depois do triunfo da Revolução de 1º de janeiro de 1959. Na sua intervenção no foro de alto nível, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, destacou "os sacrifícios do povo cubano pelos povos da África na procura da liberdade".
Nós, portanto, continuaremos a luta com eles por sua libertação econômica, sentenciou o líder sul-africano.
Seu par da Gâmbia, Yahya Jammeh, qualificou as medidas de Washington de desumanas, injustas e flagrantes violações dos direitos humanos básicos consagrados na Carta da ONU.
Também de Angola, Congo, Tanzânia, São Tomé e Príncipe, Gabão, Argélia, Namíbia, Chade, Moçambique, Níger, Seychelles e Gana foram feitos pronunciamentos contra o bloqueio.
Ásia, Oceania e Europa
Líderes e representantes do Vietnã, Sri Lanka, República Popular Democrática da Coreia, Nepal, Timor-Leste, Síria, Ilhas Salomão, Tuvalu e Belarus incluíram em suas falas a demanda do fim do bloqueio.
O presidente do Siri Lanka, Mahinda Rajapaksa, considerou perturbadora a aplicação de ações unilaterais, pelo que defendeu perante a Assembleia Geral o pleno acesso à opção econômica do povo de Cuba.
Seu homólogo do Timor-Leste, Taur Matam Ruak, afirmou que as sanções de Washington contra a ilha caribenha não têm cabimento na realidade de hoje; enquanto que o chanceler de Belarus, Vladimir Makei denunciou a ilegitimidade das medidas unilaterais e coercitivas.
Em 2012, 188 países respaldaram o texto, rechaçado pelos Estados Unidos, Israel e Palau, e a abstenção da Micronésia e Ilhas Marshall.
*Correspondente da Prensa Latina nas Nações Unidas.
Por Waldo Mendiuza * (Via Portal Vermelho)
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
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Durante as sete jornadas do foro (entre 24 de setembro e 1º de outubro), a recusa ao bloqueio e as demandas para que Washington o encerre, tornaram-se mais uma vez, um dos temas mais debatidos pela comunidade internacional nas Nações Unidas, assim como no ano passado.
Em algumas das falas se questionou que apesar das sucessivas resoluções da Assembleia Geral de pôr fim ao bloqueio, os Estados Unidos insistem em sua política com a ilha.
Desde 1992, foram aprovados no principal órgão da ONU textos que instam ao afastamento da unilateral medida, por seu impacto na sociedade e o desenvolvimento da maior das Antilhas, cujas autoridades estimam que os prejuízos acumulados ultrapassem amplamente o trilhão de dólares.
América Latina e Caribe
Para o chanceler da Venezuela, Elias Jaua, o caso do bloqueio americano é um daqueles que põe de manifesto "a alarmante incoerência existente no organismo mundial, por ação ou omissão".
"Por que não se aplicam sanções ao governo que mantém há mais de 50 anos um bloqueio econômico ilegal e criminoso contra o digno povo cubano, desacatando as decisões majoritárias desta Assembleia a favor do afastamento do referido assédio?", perguntou.
Na sua fala na tribuna, o presidente da Bolívia, Evo Morales, qualificou o cerco de "o pior genocídio" e também criticou a Casa Branca por não ter escutado os pronunciamentos da Assembleia.
Em seu discurso, o mandatário uruguaio, José Mujica, assinalou o "inútil e triste" de uma conduta que tem como princípio reconhecido esmagar por fome a ilha, enquanto que seu par salvadorenho, Mauricio Funes, defendeu o direito dos cubanos na procura de seu desenvolvimento e bem-estar.
Funes acrescentou: "Cuba faz parte da alma da América e o bloqueio representa um resquício do passado".
Equador, Nicarágua e várias nações caribenhas como Antigua e Barbuda, Barbados, São Vicente e Granadinas, Jamaica, Granada, São Cristóvão e Neves, Trindade e Tobago, Dominica e Santa Luzia se somaram à reclamação na plenária dos 193 membros da Assembleia.
"Exemplo atroz do desatendimento contínuo do direito internacional. Sem sombra de dúvida, diminui uma grande nação como os Estados Unidos continuar sua vingança míope contra Cuba por meio de um bloqueio econômico ilegal, fora de moda e prejudicial", afirmou Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente.
Por sua vez, a primeira-ministra de Trindade e Tobago e presidenta temporária da Comunidade do Caribe, frisou que esse bloco demanda o levantamento aos poucos do anacrônico jugo ao desenvolvimento sustentável dos cubanos.
Esgrimindo o interesse da paz e a compreensão internacional, o premiê de São Cristóvão e Neves, Denzil Douglas, convocou a Assembleia Geral da ONU a explorar "novos e imaginativos meios de convencer todos os envolvidos para fechar este desafortunado capítulo das relações hemisféricas".
"Uma ferida aberta no coração do continente, que é desnecessária e precisa ser fechada", foi como qualificou o chanceler da Santa Luzia, Alva Romanus Baptiste, ao se referir à exclusão de Cuba das relações normais e completas na região.
Ampla condenação africana
Dos vários cantos do continente africano se elevaram vozes de solidariedade com Havana e exigindo o fim do bloqueio, cuja entrada oficial em vigor se produziu em fevereiro de 1962, com a proclamação 3447 do então presidente americano, John F. Kennedy, embora as sanções tivessem começado logo depois do triunfo da Revolução de 1º de janeiro de 1959. Na sua intervenção no foro de alto nível, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, destacou "os sacrifícios do povo cubano pelos povos da África na procura da liberdade".
Nós, portanto, continuaremos a luta com eles por sua libertação econômica, sentenciou o líder sul-africano.
Seu par da Gâmbia, Yahya Jammeh, qualificou as medidas de Washington de desumanas, injustas e flagrantes violações dos direitos humanos básicos consagrados na Carta da ONU.
Também de Angola, Congo, Tanzânia, São Tomé e Príncipe, Gabão, Argélia, Namíbia, Chade, Moçambique, Níger, Seychelles e Gana foram feitos pronunciamentos contra o bloqueio.
Ásia, Oceania e Europa
Líderes e representantes do Vietnã, Sri Lanka, República Popular Democrática da Coreia, Nepal, Timor-Leste, Síria, Ilhas Salomão, Tuvalu e Belarus incluíram em suas falas a demanda do fim do bloqueio.
O presidente do Siri Lanka, Mahinda Rajapaksa, considerou perturbadora a aplicação de ações unilaterais, pelo que defendeu perante a Assembleia Geral o pleno acesso à opção econômica do povo de Cuba.
Seu homólogo do Timor-Leste, Taur Matam Ruak, afirmou que as sanções de Washington contra a ilha caribenha não têm cabimento na realidade de hoje; enquanto que o chanceler de Belarus, Vladimir Makei denunciou a ilegitimidade das medidas unilaterais e coercitivas.
Em 2012, 188 países respaldaram o texto, rechaçado pelos Estados Unidos, Israel e Palau, e a abstenção da Micronésia e Ilhas Marshall.
*Correspondente da Prensa Latina nas Nações Unidas.
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