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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

MANDELA: OS ELOGIOS DOS SEM VERGONHA



por Georges Gastaud [*]
Caros amigos e camaradas:
Lenine dizia que a maneira com que a burguesia consegue sujar os grandes revolucionários consiste em incensá-los a título póstumo depois de os ter perseguido durante toda a sua vida. É o que acontece hoje. A burguesia mundial incensa Mandela depois de o te aprisionado durante 27 anos. Ela quer esconder que os grandes estados capitalistas, França inclusive, se desinteressaram de Mandela durante décadas. Sem vergonha, o grande patronato do nosso país importava os diamantes e as laranjas sul-africanos manchados com o sangue do apartheid.
Eis porque, não dispondo senão de dois minutos, recordarei três verdades censuradas por aqueles que não vêem em Mandela senão o grande conciliador que, a seus olhos, teria impedido a transição democrática na África do Sul de voltar-se para o que a burguesia mundial mais temia: uma África do Sul socialista. Esta está infelizmente por realizar, para reduzir as enormes desigualdades que subsistem hoje entre a burguesia branca ou negra de Pretória e o proletariado miserável de Soweto.
Chris Hani. Primeira verdade censurada: a luta anti-apartheid foi conduzida de A a Z pelo Partido Comunista da África do Sul e pelo sindicato de classe COSATU. Mandela foi membro do PC sul-africano que, pela primeira vez, levantou a bandeira da revolta negra e anti-colonial. Honra a Mandela, mas honra também a Chris Hani , dirigente negro do PC sul-africano, assassinado pelo regime racista no princípio dos anos 90. Quando haverá uma praça Chris Hani em Lens e nas cidades dos arredores?
Segunda verdade: o regime do apartheid e todos os regimes gorilas que o cercavam, o colonialismo dos fascistas portugueses em Angola e Moçambique, países reduzidos ao estado de ghettos na Rodésia e na Namíbia, nunca teria caído, dado o apoio que recebia de Reagan, de Thatcher e de Israel, se Fidel Castro não houvesse enviado à África um contingente militar internacionalista. Foi em Cuito Cuanavale , em Angola, que o exército cubano esmagou o exército do apartheid e foi só a partir desta data que a parte menos bárbara do regime racista aceitou tirar Mandela da sua prisão. O objectivo era sacrificar o apartheid para salvar a propriedade capitalista dos meios de produção, que continua hoje sempre em vigor, apesar de certos progressos democráticos evidentes mas frágeis. Honra a Cuba socialista cujo presidente era hoje o dirigente mais autorizado a prestar a Mandela uma homenagem sincera.
Terceira verdade: em França foram os comunistas, a começar por Georges Marchais, que apoiaram a luta anti-apartheid enquanto outros não se interessavam senão pelo anti-comunista Walesa ou apresentavam os talibans, atacando o regime laico de Cabul, como "combatentes da liberdade".
Termino dizendo, com Marwan Bargouti, dirigente do Fatah aprisionado em Israel, que a vitória de Mandela permanecerá incompleta enquanto o povo palestino, com o qual Nelson era solidário, for oprimido. A luta anti-apartheid não terá sido vitoria senão no dia em que, na África do Sul, a polícia do regime actual cessar de atirar sobre os mineiros negros em greve e quando, em França, o poder instituído cessar de derramar lágrimas de crocodilo enquanto expulsa crianças sem documentos à saída das escolas com o único objectivo de fazer esquecer a renúncia a mudar a sociedade.
Mandela, Chris Hani, vosso combate é mais vital do que nunca em vossa pátria, mas também, infelizmente, na nossa!

Fonte: PÁTRIA LATINA

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