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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Colômbia, da violência à guerra sem fim

 

Em outubro deste ano iniciarão em Oslo, Noruega, as conversas em torno de uma agenda de paz colombiana. Diferentemente dos diálogos anteriores que pleiteavam apenas uma trégua entre Estado e guerrilhas, esta agenda de negociações promete questionar pontos estruturais da realidade do país, como a propriedade sobre a terra, o bipartidarismo político, a participação política, a força do narcotráfico, dentre outros. Situação do país foi tema de debate em simpósio realizado na Universidade de São Paulo.


São Paulo - A mesa Colômbia: da “violência” à guerra sem fim, realizada no simpósio internacional "A Esquerda na América Latina", ocorrido entre os dias 11 e 13 de setembro na Universidade de São Paulo (USP), reuniu Yuri Martins Fontes, Ana Carolina Ramos e Pietro Lora Alarcón para discutir a situação de conflito no país latinoamericano.

Em outubro deste ano iniciarão em Oslo, Noruega, as conversas em torno de uma agenda de paz colombiana. Diferentemente dos diálogos anteriores que pleiteavam apenas uma trégua entre Estado e guerrilhas, esta agenda de negociações promete questionar pontos estruturais da realidade do país, como a propriedade sobre a terra, o bipartidarismo político, a participação política, a força do narcotráfico, dentre outros.

O professor de Direito pela PUC-SP, Pietro Alarcón, descreveu a conjuntura atual que atravessa a Colômbia nos últimos meses com a criação da agenda de paz entre Estado e as guerrilhas junto das expectativas em torno das discussões que serão realizadas. A exposição de Alarcón buscou desenvolver as imbricações que a cultura política de intolerância e extrema violência, comuns em resoluções de conflitos no país, degeneram as possibilidades de avanços em questões urgentes e assinalou que enquanto tais questões não forem tocadas de forma madura por esta agenda de negociações de paz, melhor ter-se uma postura bastante realista perante a mesma.

A doutoranda em história econômica pela Universidade de São Paulo, Ana Carolina Ramos, abordou questões históricas da estrutura do país a fim de lançar luz sobre questionamentos atuais, analisou o período de governo em que a Frente Nacional governou por 16 anos o Estado colombiano a partir de 1958, através de bipartidarismo político de coalização entre os partidos conservador e liberal que transcorreu a maior parte do tempo em Estado de Sítio e a estreita relação mantida entre os anos de governo da Frente Nacional com a formação dos movimentos guerrilheiros. Dados oficiais do Estado apontam que 4.966 assassinatos de dirigentes políticos foram cometidos nesta época, em média um dirigente morto a cada 24 horas durante um regime autointitulado democrático.

O doutorando em história social pela Universidade de São Paulo, Yuri Fontes, apresentou sua experiência vivida durante os meses que passou em um acampamento das FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, em meados dos anos de 2002. Durante sua exposição, Fontes apontou os diversos grupos que compõe e auxiliam as FARC, através do exército de paramilitares, milícias civis à paisana, colaboradores civis não armados e o Partido Comunista colombiano clandestino. Fontes também abordou a questão da forte ingerência norte- americana no país, ao receber o maior volume de recursos financeiros estadunidenses, após Israel, e, mesmo assim, amargar uma das maiores desigualdades sociais da América Latina.

Carta Maior

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