Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Na primeira quinzena de outubro têm
início em Oslo, Noruega, os diálogos pela paz que serão travados entre governo
da Colômbia e guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc) com a finalidade de encerrar o conflito armado interno que perdura há 50
anos no país. Chamados a participar deste importante momento para a história colombiana,
os integrantes do Exército de Libertação Nacional (ELN) se manifestaram segunda-feira
criticando o ‘marco jurídico para a paz’ e deixando incertezas sobre sua
participação nos diálogos.
Em carta aberta à organização de
Direitos Humanos ‘Colombianos e Colombianas pela Paz’, o Comando Central do ELN
não afirma claramente se vai ou não se unir ao processo de diálogo com o
governo colombiano, mas dá indícios de que isto pode acontecer ao citar que o
conjunto do povo colombiano com suas organizações e mobilizações será quem
definirá o rumo do processo entre as Farc e o governo e "muito possivelmente
com o ELN”. "Como ELN, ratificamos a disposição a assumir com
vocês e outras organizações a discussão de medidas para a humanização da
guerra, estamos abertos para escutar e acolher suas observações críticas”, manifestaram
em resposta à organização.
Em 27 de
agosto, quando o presidente colombiano Juan Manuel Santos anunciou a negociação
com as Farc, estendeu também o chamado a segunda maior guerrilha do país, em
atividade há 48 anos. Apesar desta convocação, o ELN acredita que o diálogo
rumo à paz deve envolver mais atores sociais, entre os quais deve figurar,
principalmente, a sociedade civil colombiana.
"O espaço idôneo para nos
encontramos é em torno das mesas e espaços de conversa de paz, que concebemos
como um processo dinâmico e aberto a toda a nação, onde as aspirações de paz
das maiorias superem as ameaças de uma minoria decidida a bloquear qualquer
fórmula de entendimento e assim prolongar a guerra”, esclarece o comandante Nicolás
Rodríguez Bautista.
Além desta reivindicação, o conteúdo
da carta também é de críticas. Para o ELN, o ‘marco jurídico para a paz’ é
contraditório. O mecanismo é composto basicamente de quatro artigos que buscam
instaurar um instrumento de justiça de transição caso algum grupo armado ilegal
venha a se desmobilizar. Tem como ponto chave o tratamento diferenciado que a
lei dará aos "diferentes grupos armados’ e agentes do Estado que estejam envolvidos
no conflito armado.
Para o ELN, este marco jurídico para
a paz dá abertura à impunidade de crimes cometidos contra o povo por políticos,
militares, policiais e paramilitares, além de não reconhecer plenamente a
realidade do crime político e do direito internacional.
"Tal Marco Jurídico, que é
evidentemente contraditório, não consultou a opinião pública da insurgência,
parte natural no desenvolvimento de qualquer tentativa de paz, nem teve uma
verdadeira discussão pública e também desconhece princípios básicos de direito
e de tratamento político que devem ser levados em conta para restabelecer as
mínimas condições para uma solução racional, participativa, não repressiva, nem
degradante”, manifestam.
A carta assinada pelo comandante Bautista
encerra animando Colombianos e Colombianas pela Paz a continuarem desenvolvendo
um trabalho diplomático, político e comunicacional que leve a verdadeiras
garantias de segurança e respeito a todos que devem participar no
desenvolvimento de um processo de paz.
Adital
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