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domingo, 2 de dezembro de 2012

Síria, um conflito oxigenado no exterior


Damasco (Prensa Latina) Poucos se atrevem a negá-lo: o oxigênio do conflito que hoje sangra a Síria é insuflado por potências ocidentais e países árabes que alentam e financiam uma moderada oposição ao presidente Bashar Al Assad.
O argumento de que os cruentos confrontos em diferentes partes do país são resultado de uma guerra civil entre os diferentes grupos confessionais, é derrubado diariamente à medida que as forças armadas capturam cada vez mais insurgentes e comprovam seu pertencimento a outras nacionalidades.

Fontes oficiais estimam que ao menos 70 por cento dos insurgentes que combatem na nação levantina provêm de nações como Arábia Saudita, Jordânia, Líbia, Argélia, Tunísia e Chade, entre outros, junto a um número significativo de membros da organização terrorista Al Qaeda.

Em um artigo recente, o analista Michel Chossudovsky explicou como desde meados de março de 2011, grupos armados islâmicos, secretamente apoiados por serviços de inteligência ocidentais e israelenses, fizeram ataques terroristas contra edifícios do governo sírio, incluídos incêndios premeditados.

Está amplamente documentado que franco-atiradores e mercenários cometem atos terroristas, incluindo a matança indiscriminada de civis, como parte de uma iniciativa dos Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e Israel dirigida a apoiar, capacitar e financiar operativamente uma entidade armada dentro da Síria, agregou.

Armas e munições fluem sem controle nas mãos dos rebeldes através das porosas fronteiras com a Jordânia, Líbano e Turquia, constatam relatórios de imprensa.

Analistas apontam que se os insurgentes carecessem da aparentemente ilimitada, contínua e aberta entrega de dinheiro e armamento, o Exército sírio poderia liquidar aos insurgentes em matéria de semanas, talvez meses.

Não obstante, tudo aponta a que continuará a entrega de contrabandos para sustentar o conflito de maneira artificial.

Em uma entrevista ao canal de informação Al-Alam, o ministro sírio de Informação, Omran Azoghbi, analisou o fracasso da primeira fase da planificada agressão contra seu país a qual, considerou, tentava uma intervenção militar.

Por tal motivo, enfatizou, as nações hostis tratarão de obter ganhos políticos mediante o prolongamento da crise na Síria e manter à oposição externa como uma cravelha disponível para seu uso.

A 11 de novembro, frações da oposição síria reuniram-se em Doha, Catar, onde tentaram maquiar essa oposição externa mediante a criação de uma nova entidade, a Coalizão Nacional das Forças da Revolução e a Oposição Síria (Cnfros).

No entanto, a coalizão recusou desde o primeiro momento "negociar ou conversar" com Damasco, e enfatizou que o presidente sírio Bashar Al Assad deve demitir-se ou ser deposto por meio da luta armada.

"Não só precisamos de dinheiro e pão, também precisamos de armas para nos defender", solicitou depois de sua eleição o clérigo Ahmed Muaz Al Jatib, chefe da organização.

França e Turquia, da mesma forma que países do golfo Pérsico e a maioria das nações da Liga Árabe reconheceram de imediato à Cnfros como "única representante legítima do povo sírio", segundo se autodenominou a entidade ao ser constituída.

O ministro francês de Assuntos Exteriores, Laurent Fabius, numa entrevista concedida à rádio gala RTL, assegurou que seu governo apresentará ante a União Europeia uma proposta para levantar o embargo sobre o envio de armas aos grupos opositores na Síria.

O anterior supõe sérias preocupações no julgamento de especialistas políticos, pois tal passo jogaria mais lenha ao candeeiro da violência desenfreada que, segundo cálculos, tem marcado a vida de mais de 35 mil sírios.

Líderes políticos coincidem em que deter a entrega de armas aos insurgentes seria um primeiro e fundamental passo para projetar qualquer iniciativa que conduza a uma resolução pacífica do conflito.

Há os que querem o caos na Síria, e a Rússia rechaça isso. Se não se detém o envio de armamentos, a evolução dos acontecimentos na nação do Oriente Médio poderia levar ao caos, como sucedeu em Líbia, previu o presidente russo Vladimir Putin dias atrás.

Na abertura da Conferência do Diálogo Nacional Sírio, que teve como palco Teerã 18 e 19 de novembro, o ministro de Exteriores iraniano, Ali Akbar Salihi, argumentou que a crise que vive a Síria atualmente tem sido desencadeada do exterior.

A crise que por desgraça presencia a nação levantina foi exportada e imposta por países ocidentais, que antepõem seus interesses às vidas e ao sangue dos povos da região, afirmou Salehi.

Por sua vez, o Líder Supremo da Revolução Islâmica do Irã, Ali Khamenei, asseverou que a solução da crise na Síria consiste em impedir o envio de armas a este país e que a chamada "oposição" deponha as armas para poder fazer suas demandas ao governo de Al Assad.

Fica por ver se as potências que hoje tentam desmembrar a Síria e banhar no sangue de seu próprio povo decidem deixar de soprar o candeeiro da violência, para que as chamas de um conflito que nunca deveria ocorrer se extingam.

*Corresponsável da Prensa Latina na Síria.

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