Damasco (Prensa Latina) Poucos se atrevem a negá-lo: o oxigênio
do conflito que hoje sangra a Síria é insuflado por potências ocidentais
e países árabes que alentam e financiam uma moderada oposição ao
presidente Bashar Al Assad.
O argumento de que os cruentos confrontos em diferentes partes do país
são resultado de uma guerra civil entre os diferentes grupos
confessionais, é derrubado diariamente à medida que as forças armadas
capturam cada vez mais insurgentes e comprovam seu pertencimento a
outras nacionalidades.
Fontes oficiais estimam que ao menos 70
por cento dos insurgentes que combatem na nação levantina provêm de
nações como Arábia Saudita, Jordânia, Líbia, Argélia, Tunísia e Chade,
entre outros, junto a um número significativo de membros da organização
terrorista Al Qaeda.
Em um artigo recente, o analista Michel
Chossudovsky explicou como desde meados de março de 2011, grupos armados
islâmicos, secretamente apoiados por serviços de inteligência
ocidentais e israelenses, fizeram ataques terroristas contra edifícios
do governo sírio, incluídos incêndios premeditados.
Está
amplamente documentado que franco-atiradores e mercenários cometem atos
terroristas, incluindo a matança indiscriminada de civis, como parte de
uma iniciativa dos Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) e Israel dirigida a apoiar, capacitar e financiar
operativamente uma entidade armada dentro da Síria, agregou.
Armas e munições fluem sem controle nas mãos dos rebeldes através das
porosas fronteiras com a Jordânia, Líbano e Turquia, constatam
relatórios de imprensa.
Analistas apontam que se os insurgentes
carecessem da aparentemente ilimitada, contínua e aberta entrega de
dinheiro e armamento, o Exército sírio poderia liquidar aos insurgentes
em matéria de semanas, talvez meses.
Não obstante, tudo aponta a que continuará a entrega de contrabandos para sustentar o conflito de maneira artificial.
Em uma entrevista ao canal de informação Al-Alam, o ministro sírio de
Informação, Omran Azoghbi, analisou o fracasso da primeira fase da
planificada agressão contra seu país a qual, considerou, tentava uma
intervenção militar.
Por tal motivo, enfatizou, as nações hostis
tratarão de obter ganhos políticos mediante o prolongamento da crise na
Síria e manter à oposição externa como uma cravelha disponível para seu
uso.
A 11 de novembro, frações da oposição síria reuniram-se em
Doha, Catar, onde tentaram maquiar essa oposição externa mediante a
criação de uma nova entidade, a Coalizão Nacional das Forças da
Revolução e a Oposição Síria (Cnfros).
No entanto, a coalizão
recusou desde o primeiro momento "negociar ou conversar" com Damasco, e
enfatizou que o presidente sírio Bashar Al Assad deve demitir-se ou ser
deposto por meio da luta armada.
"Não só precisamos de dinheiro e
pão, também precisamos de armas para nos defender", solicitou depois de
sua eleição o clérigo Ahmed Muaz Al Jatib, chefe da organização.
França e Turquia, da mesma forma que países do golfo Pérsico e a
maioria das nações da Liga Árabe reconheceram de imediato à Cnfros como
"única representante legítima do povo sírio", segundo se autodenominou a
entidade ao ser constituída.
O ministro francês de Assuntos
Exteriores, Laurent Fabius, numa entrevista concedida à rádio gala RTL,
assegurou que seu governo apresentará ante a União Europeia uma proposta
para levantar o embargo sobre o envio de armas aos grupos opositores na
Síria.
O anterior supõe sérias preocupações no julgamento de
especialistas políticos, pois tal passo jogaria mais lenha ao candeeiro
da violência desenfreada que, segundo cálculos, tem marcado a vida de
mais de 35 mil sírios.
Líderes políticos coincidem em que deter a
entrega de armas aos insurgentes seria um primeiro e fundamental passo
para projetar qualquer iniciativa que conduza a uma resolução pacífica
do conflito.
Há os que querem o caos na Síria, e a Rússia
rechaça isso. Se não se detém o envio de armamentos, a evolução dos
acontecimentos na nação do Oriente Médio poderia levar ao caos, como
sucedeu em Líbia, previu o presidente russo Vladimir Putin dias atrás.
Na abertura da Conferência do Diálogo Nacional Sírio, que teve como
palco Teerã 18 e 19 de novembro, o ministro de Exteriores iraniano, Ali
Akbar Salihi, argumentou que a crise que vive a Síria atualmente tem
sido desencadeada do exterior.
A crise que por desgraça
presencia a nação levantina foi exportada e imposta por países
ocidentais, que antepõem seus interesses às vidas e ao sangue dos povos
da região, afirmou Salehi.
Por sua vez, o Líder Supremo da
Revolução Islâmica do Irã, Ali Khamenei, asseverou que a solução da
crise na Síria consiste em impedir o envio de armas a este país e que a
chamada "oposição" deponha as armas para poder fazer suas demandas ao
governo de Al Assad.
Fica por ver se as potências que hoje
tentam desmembrar a Síria e banhar no sangue de seu próprio povo decidem
deixar de soprar o candeeiro da violência, para que as chamas de um
conflito que nunca deveria ocorrer se extingam.
*Corresponsável da Prensa Latina na Síria. |
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