247 - Antes de ser indicado ministro
do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa soube que o então
presidente Lula buscava um candidato negro para indicar à mais alta
corte do País. Barbosa já conhecia Frei Betto, amigo do ex-presidente, e
conseguiu que seu nome fosse incluído na lista de possíveis nomes,
submetida também ao ministro da Justiça daquela época, Marcio Thomaz
Bastos. Essa costura, no entanto, não era suficiente. E ele então
procurou o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, um dos mais
notórios de Brasília, conhecido como Kakay, para que providenciasse um
encontro com José Dirceu.
A história está revelada na edição deste sábado do jornal O
Globo, pelo próprio Kakay. "Ele me procurou e disse que era um sonho
seu chegar ao Supremo e que precisava do apoio do Zé Dirceu", afirmou o
advogado à repórter Maria Lima. Kakay disse que, antes de providenciar o
encontro, foi ao ex-ministro da Casa Civil. "Eu vou recebê-lo, mas nós
temos que mudar a forma de indicação dos ministros do Supremo Tribunal
Federal. Um pretendente ao STF não pode ter que pedir apoio a um
ministro da Casa Civil, até porque, em tese, ele terá que nos julgar no
futuro. Isso não é bom para o País", disse Dirceu, segundo o relato de
Kakay.
A profecia foi realizada e Barbosa liderou a condenação de
Dirceu a dez anos e dez meses de prisão, por corrupção ativa e formação
de quadrilha. Kakay não se surpreendeu. "Não esperávemos que fosse
diferente. Joaquim, desde o Ministério Público é esse cara infeliz,
preocupado em manter essa postura de salvador da pátria. Ninguém é duro
desse jeito sendo feliz. Eu só achava que ele seria mais gentil com seus
pares", disse Kakay, que foi um dos poucos advogados vitoriosos do
mensalão – ele defendeu Duda Mendonça, que foi inocentado.
Dias atrás, Kakay ofereceu um jantar a José Dirceu, onde
os dois teriam até se divertido ao comentar os votos de alguns
ministros. Ontem, o ex-ministro participou de um ato do PT em Osasco,
onde defendeu o "julgamento do julgamento".
Brasil 247
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