Mais do que um capricho do
ex-presidente Lula, a conquista do Palácio dos Bandeirantes, anunciada
nesta segunda-feira pelo marqueteiro João Santana, é parte essencial do
projeto petista de poder. As cartas, pelo lado do PT, já estão na mesa:
Dilma é candidata à reeleição, Lula o nome para São Paulo e Fernando
Haddad a aposta para o futuro. Será que Geraldo Alckmin é páreo para
este exército? E o que José Serra e FHC podem fazer?
247 - Deve-se ao jornalista Fernando
Rodrigues, da Folha de S. Paulo, a revelação política mais importante do
ano – que já vinha sendo sussurrada em algumas rodas, mas jamais
confirmada. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República,
poderá ser o candidato petista ao governo de São Paulo, em 2014. A
sugestão foi feita por João Santana, marqueteiro oficial do PT. "Vou
fazer uma provocação. É uma pena o nosso candidato imbatível, Lula, não
aceitar nem pensar nesta ideia de concorrer a governador de São Paulo.
Você já imaginou uma chapa com Lula para governador tendo Gabriel
Chalita, do PMDB, como candidato a vice? E mais do que isso. Já imaginou
o que seria, para o Brasil, Dilma reeleita presidenta, Lula governador
de São Paulo e Fernando Haddad prefeito da capital? Daria uma aceleração
incrível no modelo de desenvolvimento econômico e avanço social que o
Brasil vem vivendo. [Mas] ele não aceita. Se isso sair publicado ele vai
xingar até a minha quinta geração", disse ele.
João Santana, que, além de marqueteiro, é também um
experiente jornalista, não diria o que disse à Folha se não tivesse a
certeza de que seria publicado. Mais: provavelmente o fez, com o
conhecimento do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Com a
entrevista, o PT praticamente colocou todas as suas cartas na mesa.
Dilma é candidata à reeleição, encerrando as especulações sobre uma
eventual volta de Lula em 2014, o ex-presidente é a carta na manga para a
conquista do Palácio dos Bandeirantes e Fernando Haddad será preparado
para futuras disputas presidenciais.
Diante desse exército, o PSDB corre o risco de sofrer um
golpe fatal em 2014. Nas últimas eleições municipais, o PT venceu nas
cidades mais ricas do estado, como a própria capital, além de São
Bernardo do Campo, Guarulhos, Osasco e São José dos Campos. Irá
administrar a maior parte dos orçamentos municipais paulistas e terá
plenas condições de organizar uma campanha poderosa rumo ao Palácio dos
Bandeirantes.
Do lado tucano, José Serra está desgastado pelas derrotas
que sofreu nas últimas eleições, Fernando Henrique Cardoso prega
renovação sem apontar novos quadros e Geraldo Alckmin irá desgastado
para a tentativa de reeleição. Pesquisa Datafolha publicada neste
domingo aponta queda acentuada de sua popularidade, em função da
escalada da violência em São Paulo.
Mais do que um simples capricho de Lula, a conquista da
maior fortaleza tucana em 2014 desmontaria a única máquina política que
hoje é capaz de rivalizar com o PT e tem grande influência sobre os
meios de comunicação. "Lula não tem um projeto pessoal de poder", disse
Paulo Okamotto, seu braço direito, no dia da comemoração da vitória de
Fernando Haddad. "Seu projeto é o PT".
Nos próximos meses, a guerra política tende a se acentuar,
com a intensificação dos ataques a Lula. Em 1946, Getúlio Vargas, que
era odiado pela elite de São Paulo, em razão das feridas de 1932,
concorreu pelo estado e foi o senador mais votado do País. Lula,
inspirado em Getúlio, pode estar tentando uma manobra ainda mais ousada
conta o partido do ex-presidente FHC, que falava em "enterrar a era
Vargas".
Brasil 247
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