247 - A reportagem está no pé da página A4 do jornal
Estado de São Paulo, mas seu conteúdo é explosivo. Um dia depois de
revelar, por carta ao jornalista Luis Nassif, que Marcos Valério
entregou à procuradoria-geral da República os nomes dos políticos
beneficiados pelo chamado mensalão tucano, ocorrido em 1998, na
tentativa frustrada de reeleição do governador Eduardo Azeredo, o
advogado Marcelo Leonardo voltou ao tema. E colocou o
ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, o mesmo que denunciou o
chamado mensalão petista, em maus lençóis.
No texto do jornalista Fausto Macedo, um dos mais
experientes profissionais da imprensa brasileira, está dito textualmente
por Marcelo Leonardo o que vai a seguir:
"Entreguei, na ocasião, a lista com os nomes de
parlamentares e ex-parlamentares, 79 nomes ao todo, com valores
recebidos e comprovantes. Mas ele (Antonio Fernando) entendeu que o
crime estava prescrito porque os fatos se deram em 1998. O procurador
considerou que, como crime eleitoral, já estava prescrito, e a pena é
pequena".
Ou seja: Marcos Valério entregou ao mesmo procurador que
denunciou o mensalão petista, que está sendo julgado, o nome de 79
políticos beneficiados pelo mensalão tucano. Mais: entregou recibos e
comprovantes de depósitos. Mas nada se fez a respeito.
Além de ouvir o advogado Marcelo Leonardo, Fausto Macedo
também entrevisou o ex-procurador Antonio Fernando, que foi sucedido por
Roberto Gurgel. "Faz tanto tempo que saí de lá, quase quatro anos, que
sinceramente não tenho lembrança desse caso específico", disse Antonio
Fernando, num surto de esquecimento. "Tenho quase certeza de que não se
tratou de crime eleitoral, mas acho que era a tal lista de Furnas sobre a
qual havia dúvida de sua autenticidade".
Não, Dr. Antonio Fernando. Na verdade, eram recibos de
depósitos apresentados pelo próprio depositante, Marcos Valério. Para
checar a autenticidade, bastaria buscar os registros bancários. Cabe,
agora, à procuradoria-geral da República informar o que foi feito com as
provas apresentadas por Marcos Valério contra 79 políticos beneficiados
pelo mensalão tucano, que foi abastecido com recursos das estatais
Copasa (R$ 1,5 milhão), Comig (R$ 1,5 milhão) e Bemge (R$ 500 mil).
Brasil247
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