Inimigos históricos, o ex-deputado Roberto Jefferson e o ex-ministro José Dirceu tiveram destinos diferentes na Ação Penal 470, originada de denúncia feita por Jefferson. Enquanto o petista pegou 10 anos e 10 meses de prisão, que vão lhe valer ao menos 1 ano e 9 meses na cadeia, Jefferson responderá à pena de 7 anos e 14 dias em regime semiaberto; foi justo?
247 – Sete anos depois de feita a denúncia sobre o que seria celebrizado como o 'escândalo do mensalão', o delator do esquema, Roberto Jefferson (PTB), teve destino diferente de seu principal alvo, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Inimigos históricos desde o governo de Fernando Collor de Melo, Dirceu foi condenado a uma pena (10 anos e 10 meses) que o obrigará a cumprir pelo menos 1 ano e 9 meses na cadeia, enquanto Jefferson poderá cumprir seus 7 anos e 14 dias em regime semiaberto. A questão que vai perdurar após o veredicto do julgamento da Ação Penal 470 é: o resultado do embate entre Jefferson e Dirceu foi justo?
No início do julgamento, em agosto, o petebista admitiu que sua "luta era com o José Dirceu". "Ele me derrubou, mas eu salvei o Brasil dele", comentou, lembrando de sua cassação em 2005, acompanhada pela de Dirceu. "Isso para mim é satisfatório. Ele não foi, ele não é e não será presidente do Brasil. Caímos os dois. Não tenho no coração nenhum ódio, nenhum ressentimento contra ele", disse Jefferson.
"O meu octógono de luta com ele já se exauriu. A luta agora é de vocês (imprensa), da opinião pública e dos ministros. Estou satisfeito", completou o ex-deputado na época. Jefferson se referia a uma disputa que remonta ao início da década de 1990, quando o petebista liderava a 'tropa de choque' do governo Collor e Dirceu articulava denúncias contra o então presidente na CPI que confirmou a relação próxima do mandatário do país com Paulo César Farias.
Em 2005, quando cobrou um acerto de R$ 20 milhões (fora os R$ 4 milhões que já tinha recebido), Jefferson passou a ser denunciado em revistas como Veja e Época, e enxergou nas reportagens as digitais de Dirceu. A partir daí, adotou a tática kamikaze e foi para o tudo ou nada. Foi nessa época que surgiu sua famosa entrevista para a Folha de S.Paulo, em que o termo 'mensalão' se consolidou.
Na CPI dos Correios, em 2005, Jefferson seguiu com as investidas contra Dirceu, celebrizadas pelo famoso conselho: "Sai rápido daí, Zé. Pra não fazer réu um homem inocente, correto, que é o presidente Lula". Jefferson nunca explicou o que fez com os R$ 4 milhões que recebeu do PT em 2003. Além disso, disse que seu partido, o PTB, foi o único que fez caixa dois, enquanto todos os outros aderiram ao chamado 'mensalão'. Ainda assim, viu seu maior adversário ser condenado ao regime fechado, enquanto ele pegou o semiaberto, conseguindo a proeza de ter a pena reduzida sem ter aderido à delação premiada.
Nesta quarta-feira, o ex-deputado foi sucinto ao comentar a decisão do Supremo em seu blog: "Do ex-primeiro-ministro inglês Benjamin Disraeli: 'Never complain, never explain, never apologise' (literalmente, 'nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe').".
Brasil 247
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