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Três comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) afirmaram que a paz só será possível no país depois de haver transformações institucionais e políticas. Em entrevista a Hernando Calvo Ospina (Martianos-Hermes-Cubainformació) Rodrigo Gandra, Iván Márquez (foto) e Pablo Catatumbo declararam que as Farc estão otimistas com a determinação de buscar uma solução política para o confronto com o governo, que já se aproxima dos 50 anos.
"Como eles não podem nos derrotar militarmente, nem nós podemos derrotá-los, devemos buscar uma alternativa. Também as circunstâncias, a realidade de hoje, tanto na Colômbia como no continente, indicam que é o momento de buscar uma saída. As guerras não são eternas. E neste plano faremos todos os esforços que sejam necessários para chegar ao entendimento com o governo”, afirmou Márquez.
Para ele, mesmo sentados na mesma mesa dois grupos com visões muito desencontradas, quase antagônicas, é necessário a tolerância para o entendimento. ”Em uma mesa de negociações se deve observar um respeito pela outra parte, e acredito que isso se faz reciprocamente. Existem momentos com discussões acaloradas, fortes, mas muito cedo as coisas voltam ao seu nível, pois sabemos que devemos chegar a entendimentos”, acrescentou o guerrilheiro.
Márquez disse ainda que o governo sempre busca a paz através da submissão da guerrilha, e não por intermédio de mudanças estruturais. O mais importante para a Colômbia seria garantir uma democracia real, em que o soberano, que é o povo, determine as políticas estratégicas; em que a opinião das pessoas seja levada em conta sem que se estigmatize e assassine, disse o comandante.
Por sua vez, Rodrigo Granda, destacou que o presidente Juan Manuel Santos parece se acovardar em alguns momentos. "É como se estivesse com medo do ex-presidente Álvaro Uribe, dos pecuaristas, do poder narco-paramilitar e do poder das Forças Armadas. Santos se acovarda, apesar de ter o apoio de um setor importante, dos industriais, banqueiros e das Igrejas”, observou , revelando que as Farc sabem que Uribe tem preparado 13 mil paramilitares, que são conhecidos extra-oficialmente como "exército anti-restituição de terras”.
Já Pablo Catatumbo acredita que, de todas as maneiras, Santos e Uribe têm a mesma ideia sobre as negociações: um processo de paz por submissão. "Estão cegos, surdos e bem errados, ainda eu acreditem que são muito inteligentes. E é aí onde nós devemos seguir com sabedoria para lhes demonstrar que estão bem equivocados, e que assim a guerra continuará”.
De acordo com os comandantes, as Farc têm feito algumas propostas, como as 100 do sistema agrário, que são um projeto de modernização do campo colombiano. Para eles, a principal intransigência do governo nos acordos de paz é o de não tocar nas propriedades dos latifundiários, cuja maior parte tem sido conquistada através da desapropriação violenta. "Eles estão com medo dos agricultores e latifundiários, de tocar em apenas um terço dos 30 milhões de hectares que possuem, embora nem as vacas passem por lá ", afirmaram.
A entrevista completa pode ser lida em
http://www.cubainformacion.tv/index.php/america-latina/51339-comandantes-de-las-farc-somos-optimistas-es-el-momento-de-buscar-la-paz
Com informações de Hernando Calvo Ospina, escritor-jornalista colombiano vive na França/ Martianos-Hermes-Cubainformación
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