O mundo gira. Enquanto o governador do Estado do Rio de Janeiro,
provavelmente aconselhado por algum marqueteiro tenta posar de vítima,
quando na verdade não passa de um algoz dos jovens manifestantes, pelo
mundo acontecem fatos relevantes absolutamente ignorados pela mídia de
mercado, que segue desempenhando a função, não propriamente de quarto
poder, mas de aparelho ideológico de concepções conservadoras, como
diria o jornalista Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique.
Pois bem, na Venezuela, os opositores da revolução bolivariana assacaram uma deslavada mentira contra o presidente eleito Nicolás Maduro. Os golpistas, tendo por base declaração de um tresloucado ex-embaixador do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA), de nome Guillermo Cochez, segundo a qual Maduro não é venezuelano pois nasceu na Colômbia, na cidade de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, aproveitaram o embalo para mais uma vez tentar derrubar o Presidente que substituiu Hugo Chávez. O candidato derrotado, Henrique Capriles tentando criar um fato político, sempre com discurso ao estilo de outros golpistas na América Latina, exigiu que Maduro apresentasse sua certidão de nascimento e assim sucessivamente. Outros seguidores de Capriles chegaram a colocar em questão a constitucionalidade do mandato de Maduro, já que a legislação não permite que estrangeiros ocupem a Presidência da República da Venezuela. Mas a tramoia golpista durou pouco, porque o desmentido das próprias autoridades colombianas não demorou a aparecer. A denúncia foi rigorosamente investigada no setor do Registro Civil da cidade de Cúcuta, que chegou a conclusão, segundo informou Carlos Alberto Arias, diretor nacional do setor, que o documento apresentado pelo ex-embaixador panamenho na OEA era mesmo falso. A história da América Latina registra falsificações do gênero que serviram de pretexto ou para golpes de Estado ou tentativas de desestabilizar governos democráticos. No Brasil, o Plano Cohen, de responsabilidade do então capitão integralista Olimpio Mourão Filho em 1937 mostrava um suposto plano comunista de assalto ao poder, servindo de pretexto para o golpe do Estado Novo. Este mesmo Mourão Filho, 27 anos depois comandava tropas de Minas Gerais que culminaram no golpe que derrubou o presidente constitucional João Goulart e mergulhou o país em uma longa noite escura de torturas e assassinatos de oposicionistas. No anos 50, mais precisamente em 17 de agosto de 1953, o então famigerado deputado Carlos Lacerda inventava no seu jornal Tribuna da Imprensa uma falsa carta que recebeu a denominação de Brandy, em que um deputado argentino intermediava encontro secreto do então Ministro do Trabalho, João Goulart, como emissário do Presidente Getúlio Vargas. Ficou constatada a mentira, mas Lacerda continuou impune e posteriormente tornou-se um dos responsáveis pela tentativa de golpe de estado, em 1954, evitado porque Vargas saiu da vida para entrar para história ao se suicidar em agosto de 1954. Fatos históricos como os mencionados são importantes de serem lembrados, inclusive para tentar entender o momento presente, como o da Venezuela com a mentira apresentada pelo ex-embaixador do Panamá na OEA, Guillermo Cochez, o mesmo boquirroto que em janeiro deste ano havia investido contra a Venezuela em um discurso raivoso na entidade onde servia. Por estas e muitas outras, todo o cuidado é pouco em se tratando de setores conservadores e de direita. Até porque, sai ano entra ano, figuras como este Cochez, como Capriles e tantos outros pelo continente latino-americano não se cansam de tentar desestabilizar governos que não rezem pela cartilha de Washington. Na Venezuela, as tentativas golpistas não se resumem a falsa denúncia contra Maduro. O Ministro das Relações Interiores da Venezuela, Miguel Rodríguez Torres, informou que elementos da direita mantiveram contatos com setores ideológicos no exterior afinados com a doutrina golpista com o objetivo de assassinar o Presidente Maduro. E o Ministro deu nome aos bois, bem como os locais onde ocorreram reuniões conspiratórias que tiveram por objetivo assassinar o Presidente Nicolás Maduro. Segundo Rodriguez Torres, duas reuniões ocorreram no mês de abril em Bogotá e Miami. Participaram, entre outros, o ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, o ex-presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, um delegado enviado pelo terrorista Luis Posada Carriles*, um oficial colombiano da ativa e um oficial da Agência Central de Inteligencia dos Estados Unidos (CIA). O plano discutido previa "iniciar contato com a direita venezuelana e promover ações desestabilizadoras”. Naturalmente que essas informações não foram divulgadas até agora pela mídia de mercado e se o forem provavelmente serão manipuladas no sentido do leitor concluir que não passam de teorias conspiratórias da história. É o que acontece rotineiramente nos jornalões e telejornalões. (*) Terrorista responsável pela explosão de um avião da Cubana de Aviação nos céus da Venezuela matando dezenas de atletas que tinham participado de uma competição esportiva. Carriles foi condenado pela Justiça venezuelana, mas fugiu da prisão com a ajuda CIA . Fonte: InstitutoJoãoGoulart |
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segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Falsificações que visam golpes de estado
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