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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Potencial de economia dos Brics é inegável


     
Escrito por Camila Carduz

Havana (Prensa Latina) Apesar de a economia dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ter cambaleado durante 2013, ignorar ou recusar esse bloco, colocado no outro lado dos Estados Unidos, seria um erro monumental porque seu potencial é inegável e incontido.
Vários analistas concordam em que neste ano essas nações deixaram para trás a promessa de se converterem na esperança da economia mundial, pela desaceleração de seu crescimento, instabilidade em seus mercados financeiros e cambiais e conflitos sociais, elementos que veem com não poucos temores.

Mas outros consideram que esses são pretextos para não aceitar que os Brics constituem um gigante econômico emergente e se continuarem seu curso atual chegarão a controlar as funções econômicas do mundo.

Segundo o economista Chris Weafer, sócio da empresa de consultoria Macro Advisory, com sede em Moscou, esses países seguem sendo um motor essencial da economia mundial.

A abundância de finais da última década durou e manteve expectativas demasiado elevadas (...) acho que agora a percepção contrária vai muito longe, advertiu.

Outro tanto opina Jennifer Blanke, chefe de economistas do Fórum Econômico Mundial, que assegurou que "ninguém dúvida que esses países continuarão crescendo, (...) serão uma fonte importante de demanda para muitos bens e serviços das economias avançadas".

Ainda que menos do que em 2012, essas nações representaram neste ano 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, com a China à cabeça, pelo que seu crescimento é considerado de importância, ainda que com uma verdadeira desaceleração.

No caso do gigante asiático trata-se de uma moderação projetada pelas autoridades chinesas, para evitar reaquecimentos da economia e evitar assim um eventual plano de estabilização que teria efeitos traumáticos.

Com essa premissa, Beijing incrementou neste ano seu PIB em 7,6 por cento, desempenho marcado por uma série de reformas econômicas importantíssimas, abaixo dos 7,7 planificados.

O banco suíço UBS, em uma nota sobre as perspectivas de investimento em 2014, apontou que o impulso dos investimentos chineses alimentou a demanda de matérias primas e sustentou várias economias, mas não terá outra superpotência com um desempenho de dois dígitos capaz de substituir Beijing como motor da economia mundial.

A Índia, por sua vez, mostra um débil desempenho de 3,8 de incremento econômico, no meio de um difícil palco caracterizado por uma elevada corrupção, tendências monopólicas, discriminação, crescentes tensões sociais, graves desequilíbrios, deficiente infraestrutura geral, enorme déficit fiscal e uma dívida pública superior a 60 por cento do PIB.

Para a Rússia, 2013 deve fechar com um escasso aumento na economia de 1,5 por cento com um aumento da inflação e do déficit fiscal, alta dependência das exportações de matérias primas e energéticos, forte fuga de capitais domésticos e uma descapitalização preocupante por falta de investimentos.

O quarto do bloco, Brasil, está no meio de uma considerável desaceleração pela queda dos preços de suas principais exportações, fundamentalmente de mineral de ferro, soja e carne.

Tal situação contribuiu a que durante os últimos quatro anos a economia brasileira fosse a de mais baixo desempenho dentro dos Brics, por isso para o calendário que termina se perfila um PIB de 2,5 por cento, abaixo das previsões dos analistas.

Sobre a África do Sul os dados que são emitidos de Johannesburgo devem mostrar uma freada de menos de dois por cento, em grande parte pela queda do preço do ouro, o avultado déficit por conta corrente, que chega a sete por cento do PIB e a forte desvalorização da moeda local, o rand, considerada como uma das mais frágeis dentro dos emergentes.

Também se anotarão nas deficiências deste ano o setor elétrico e as infraestruturas, qualificados como as grandes contas pendentes da África do Sul, pelos débeis investimentos internacionais nestes campos.

A esta desaceleração dos Brics não pode se deixar de incluir os efeitos da instabilidade financeira mundial, pela qual bolsas e divisas de vários emergentes foram desertadas devido ao refluxo de capitais em massa provocado pela perspectiva de que o Federal Reserve estadunidense poria fim a sua política de estímulo monetário.

Também é significativo que ainda que nenhum dos Brics dependa hoje, como costumavam, das vendas às nações industriais, sofreram os efeitos dos problemas econômicos na Europa e nos Estados Unidos.

E um retrocesso é um problema potencial como estas economias têm populações grandes e em crescimento, o que representa que para aliviar a pobreza e ajudar a melhorar os níveis precisam continuar se expandindo o máximo possível.

Frente às previsões adversas, o poder das cinco nações dos Brics segue considerando-se como a próxima superpotência econômica do mundo desbancando os Estados Unidos.

Essas vozes especialistas sugerem também que para conseguir essa meta devem ter uma moeda própria forte a fim de competir e substituir o dólar estadunidense como principal reserva no mundo, pelo que cada vez mais utilizam seu próprio dinheiro.

Portanto, empregam mais suas próprias moedas nos acordos comerciais entre eles e outras nações, somado a isso aparece o projeto, junto com o Irã e a Venezuela, de estabelecer um novo banco central global que porá em marcha uma nova moeda, chamada bricso, para se opor ao cédula verde.

TEMORES SEM FORTES ARGUMENTOS

O pessimismo manifesto das grandes potências pelas debilidades da recuperação econômica global faz achar que o desempenho dos Brics é fraco e está em retrocesso, mas servidores públicos econômicos recusam a ideia de que estão perdendo seu atrativo.

"Nossa preocupação é que aos mercados emergentes está sendo dado todo tipo de apelações, como se fossem frágeis, quando aliás esse não é o caso", disse o ministro de Finanças da África do Sul, Pravin Gordhan, que assegura que os fundamentos do bloco são sólidos, apesar de que alguns enfrentam vulnerabilidades particulares.

É inegável que as enormes saídas de capital têm erodido severamente a balança de pagamentos de países como Índia e Brasil, e pressionam à baixa o valor de suas moedas a mínimos de vários anos e elevam as pressões inflacionárias.

No entanto, as nações emergentes afirmam que suas economias estão preparadas para enfrentar uma liquidez global menor com fortes reservas de dólares e contas fiscais saudáveis.

Inclusive, o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que apesar de todo o sucedido, as nações emergentes são um apoio à economia global.

*Chefe da redação Econômica da Prensa Latina.

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