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sábado, 31 de agosto de 2013

OS MANIPULÁVEIS E OS MÉDICOS CUBANOS



Valter Xéu*


Aquelas manifestações de alguns brasileiros em todo território nacional e em algumas cidades do mundo, não foi assim uma coisa espontânea como muitos acreditam. A convocação foi jogada nas redes por quem tinha interesse e o povo (não o povão, pois esse não participou) muito bem vestido, com roupas de grifes atenderam ao pedido.
Você leitor acha que, por mais eficientes que sejam as redes na internet, elas têm a capacidade e condições de organizar em menos de 24 horas, depois da manipulação/manifestação em São Paulo, manifestações em Tóquio, Londres, Paris, Berlim, Nova Iorque?
Não tem!
Elas já estavam prontas, organizadas no gatilho para acontecer.
E isso foi só um ensaio geral do que vem por aí um pouco mais perto das eleições.
Veja que os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a corrupção, mas genericamente, pois tanto eu como você, sabemos que o nosso Congresso é formado na sua maioria por corruptos e o nosso Judiciário deixa muito a desejar.
Não se ouviu um pio nas ruas contra Sarney, Maluf, Barbalho. O fora Renan foi muito mais em função das estripulias dele com a Monica Veloso. Ele é um peixinho em comparação a muitos que lá estão.
O tal movimento do passe livre é outra cortina de um peça mais trágica. Acreditam que conseguindo isso terão um mundo e uma vida melhor. Não enxergam que o que Brasil paga de juros aos bancos em um mês, daria para resolver de uma vez por todas os problemas crônicos da educação e da saúde, mas isso é uma caixa preta e ninguém toca, nem mesmo os manifestantes/manipuláveis.
Os médicos cubanos.
A medicina cubana sempre foi elogiada ate por quem não nutria nenhuma simpatia pelo socialismo, mas bastou o Brasil mostrar interesse em contratar médicos da Ilha, para que as entidades medicas protestassem e tentasse desmerecer uma medicina que tratou o pessoal de Chernobyl, um contingente de 1300 médicos, postados no Aeroporto de Havana, com capacidade de chegar e prestar ajuda à população afetada pelo furacão Katrina aguardavam apenas autorização para o embarque, e em questão de 3 horas de vôo estariam em Nova Orleans salvando vidas. Esta autorização nunca chegou da Casa Branca. A resposta animalesca do presidente George Bush foi um sonoro NÃO à oferta de Cuba, (1) que tem médicos cuidando dos haitianos com a coordenação da ONU, médicos na África, Ásia e ate mesmo em países europeus como Portugal, Espanha e Áustria. A Organização Mundial de Saúde reconhece o sistema cubano como referência para outros países, incluindo aí o próprio EUAguardavam
Pelo mundo
Atualmente, quase 40% dos quase 235 mil médicos registrados no Reino Unido são estrangeiros. Grande parte deles vem das 20 nações mais pobres do mundo, incluindo a Libéria – que possuiu 0,014 médico por mil moradores – e o Haiti. A Índia é o principal fornecedor para os ingleses, com 25 mil profissionais.
Os Estados Unidos também são um grande importador. Em 2006, a cota de profissionais estrangeiros era de 25,9%. Uma grande parte deles vem de países como a Índia, que oferece apenas 0,6 médico por mil habitantes, do Canadá e do México.
A Noruega é outro exemplo de país que atrai mão de obra do mundo menos desenvolvido. Seu programa de importação de médicos é considerado um exemplo.
A parcela de médicos estrangeiros no país é de 16,3%. Com 4,2 médicos por mil habitantes, a Noruega também importa de países com um déficit maior que o seu. A maioria dos profissionais são da Alemanha (3,7), da Suécia (3,8), mas também da Polônia e do Iraque – com índices de 2,2 e 0,6 respectivamente.(2)
Curativa contra a preventiva
A ilha caribenha possui um dos maiores índice do mundo – são 6,7 médicos por mil habitantes. Somente neste ano, afirma o Ministério de Relações Exteriores, 10 mil estudantes de medicina estão concluindo o curso no país.
No Brasil onde a medicina praticada é a curativa e que faz a felicidade da indústria farmacêutica, vai na contra mão do modelo cubano cuja medicna é preventiva, ou seja. Faz de tudo para que ninguém fique doente e é ai que o bicho pega, pois e ninguém ficar doente, como é que a indústria vai vender remédio? Como é que o medico e familiares vão viajar para Europa com despesas bancadas pelo laboratório o que vendeu milhões e milhões de remédios receitados por esses médicos?
Segundo dados recentes do Ministério do Trabalho, existem hoje trabalhando no Brasil cerca de 70 mil engenheiros estrangeiros. Nenhuma gritaria foi feita. Neste caso, trata-se de petróleo e outros projetos, muito lucrativos para as multinacionais. Mas, quando se trata de salvar vidas, acendem-se todas as fogueiras do inferno da nova inquisição
Na reunião da Comissão de Educação da Câmara em Brasília quando se discutia uma maneira de revalidar o diploma dos estudantes brasileiros formados em medicina em Cuba, os maiores lobistas, eram os diretores das escolas particulares de medicina, e sisudos diretores da indústria farmacêutica que tem um lobby poderosíssimo dentro do Congresso e não eleições estão sempre apoiando pelos caixas 1, 2,3... aqueles que sempre votaram lá dentro de acordo os interesses dessas entidades.
Portanto meu caro. Não se iluda com essas manifestaçõezinhas de ruas, achando que o “gigante acordou” como muitos apregoam.
O gigante continua dormindo e para lhe provar isso, lhe digo que aguarde as eleições de 2014, quando esse povo vão mandar pra Brasília os pilantras de sempre e que em um país serio, estariam todos mofando nas prisões.
Alias o grande e genial Millôr Fernandez já dizia que o motivo de o melhor da nossa sociedade não estar atrás das grandes, são as péssimas condições carcerarias do país.
Notas
1 – Beto Almeida: Médicos cubanos: avança a integração da América Latina (www.patrialatina.com.br)
2 – DW: Planejada pelo Brasil, “importação” de médicos é fenômeno mundial (www.dw.de)
*Valter Xéu é jornalista e editor de Pátria Latina e Irã News

Comunistas russos recusam política agressiva dos EUA e da OTAN


Escrito por Camila Carduz de Prensa Latina


Moscou, 31 ago (Prensa Latina) O líder do Partido Comunista da Federação de Rússia (PCFR), Guennadi Ziuganov, exortou hoje ao mundo a levantar contra a política agressiva dos Estados Unidos e da OTAN, e respaldar a Síria.
Ziuganov disse em declarações a Prensa Latina que a aventura militar urdida pelo governo estadunidense e seus aliados do bloco ocidental "cheira a uma grande guerra", à qual há que se opor firmemente.
Estamos -os comunistas russos- não só categoricamente na contramão das ações militares, como exortamos ao mundo a se levantar contra essa política belicista, sublinhou o dirigente da segunda força política na Rússia. Ziuganov relembrou os bombardeios perpetrados pela OTAN, sob o amparo dos Estados Unidos, contra a antiga Iugoslávia, e como destruíram a uma série de Estados.

Converteram -listou o político- o Afeganistão em um centro do narcotráfico e das drogas na Ásia Central, e o Iraque em um palco permanente sangrento, em alusão às seguidas agressões levadas a cabo em 2001 e 2003.

Alertou nesse sentido que a anunciada aventura militar levará à destruição de todo esse imenso espaço (a região do Oriente Médio) e a gerar um caos belicista de consequências imprevisíveis.

Coincidiu o dirigente comunista russo em que o pretexto usado desta vez para bombardear a Síria, é outra mentira inventada, pois nenhum governo "seria capaz de empregar armas químicas na capital de seu próprio país, nem contra sua gente".

Ziuganov apreciou a firme posição da Rússia e da China mantida dentro do Conselho de Segurança de rejeição a uma intervenção estrangeira e o uso da força contra um Estado soberano.

Nossa tarefa comum é intervir ativamente contra os planos de agressão da OTAN e apoiar a Síria nestes momentos difíceis, reforçou.

Para o vice-presidente primeiro da Duma estatal (câmara baixa), Iván Melnikov, os Estados Unidos repetem o mesmo palco que levaram a cabo em uma série de países, em primeiro lugar no Iraque.

Enfatizaram naquele momento a existência de armas de destruição em massa, e sob esse argumento perpetraram uma agressão contra a nação do golfo Pérsico, recordou o também dirigente do PCFR.

Afirmou Melnikov a Prensa Latina que nem a ONU nem a comunidade internacional possuem absolutamente provas do emprego de armas químicas pelas autoridades sírias contra a população pacífica.

Nosso povo -enfatizou- recusa categoricamente o uso da força contra o governo legítimo da Síria, e "os comunistas apoiamos totalmente a postura oficial", expressou o segundo ao comando desse agrupamento, quem se postula para o cargo de prefeito de Moscou.

O presidente do movimento antiglobalização na Rússia, Alexander Ionov, opinou em declarações a esta agência que os Estados Unidos e seus aliados devem pensar bem antes de empreender outra aventura bélica.

Não se trata só, alertou o ativista russo, de mirar um golpe contra a Síria, senão também o direito internacional e à posição de outros atores internacionais de importância.

Vemos como os setores imperialistas de novo atiçam a possibilidade de uma intervenção militar direta, neste caso, na Síria, contra a Carta da ONU e as normas do direito internacional, abundou Ionov.

Coincidiu com especialistas e políticos em que um ataque ao país árabe provocará, sem dúvida, um conflito maior no Oriente Médio. Por isso, repito, os Estados Unidos devem repensar bem, antes de desatar uma guerra de envergadura nessa zona.

Ionov disse a Prensa Latina que em caso de uma intervenção militar dos Estados Unidos, ativistas do movimento penetrarão na embaixada norte-americana, em Moscou, numa ação de protesto.

"Bem-vindos, colegas cubanos"


Por Dr. Manoel Dias da Fonsêca Neto 

Estive em Cuba em 1986, junto com uma centena de brasileiros, para participarmos do I Seminário Internacional em Atención Primaria de La Salud, promovido pela Organização Panamericana de Saúde (OPS), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério de Saúde Pública de Cuba. Há quase 30 anos, o Programa de Saúde da Família de Cuba era o destaque deste Seminário Internacional, exemplo de estratégia de incorporação de baixa densidade tecnológica, centrada na pessoa humana, na família e no vínculo permanente de uma equipe com a população de um território, com resultados significativos na melhoria de indicadores de saúde.
Qual era o segredo desta estratégia? Os médicos cubanos aprendiam o que os nossos mestres Dr. Paulo Marcelo, Dr. Elias Salomão, Dr. Oto, Dr. Pessoa, Dr. Haroldo Juaçaba nos ensinavam: ouvir o paciente e sua história familiar, examiná-lo, palpá-lo, auscultá-lo, observando sinais e sintomas, fazer, enfim, uma anamnese e exame clínico detalhado e sistemático. Respeitando o ser humano que nos procura em sofrimento, a sua individualidade, com ética e humanismo. Os médicos cubanos são excelentes médicos de família e vêm aperfeiçoando o seu conhecimento há 30 anos.
Os brasileiros estarão em muito boas mãos aos seus cuidados. Fico muito triste ao presenciar expressões de xenofobia e até etnofobia, arrogância, preconceito e agressividade de presidentes de alguns CRMs, do CFM e AMB contra médicos estrangeiros, especificamente cubanos. Xenofóbico é quem demonstra temor, aversão ou ódio aos estrangeiros.
Será que esta não é uma forma camuflada de expressar aversão ou ódio aos pobres do Brasil? Por que tememos os médicos cubanos? Porque são disciplinados e cumprirão a carga horária contratada? Porque são excelentes médicos de família e cuidarão com carinho, respeito e sabedoria do nosso povo. Porque se fixarão num só emprego e dedicarão todo o seu tempo às famílias sob sua responsabilidade? Espero que nossos colegas médicos cubanos e demais estrangeiros não sejam hostilizados por senhores da “casa grande e senzala” da modernidade e sejam acolhidos com simpatia e respeito, como fui por eles, quando estive em Cuba há 30 anos.
Publicado na Gazeta do Oeste 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Guerra na Síria: declaração do Partido do Trabalho da Turquia

Guerra na SíriaO governo do AKP entusiasmado com a guerra na Síria
O governo do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento) da Turquia recebeu com entusiasmo a decisão dos imperialistas de lançar uma ofensiva armada contra a Síria, encabeçada pelos Estados Unidos e Inglaterra. O AKP espera que, com o ataque, seja possível levar a cabo uma intervenção militar direta.
Ahmet Davutoğlu, o ministro turco de Assuntos Exteriores, declarou que participaria sem vacilação em uma possível coalizão de intervenção na Síria. No entanto, apenas a Grande Assembleia Nacional de Turquia (TBMM), o parlamento turco, está autorizado em assuntos exteriores, como mandar soldados aos países estrangeiros e declarar a guerra.
O governo do AKP, antes de iniciarem os levantamentos populares no Oriente Médio, tinha a estratégia de desenvolver relações comerciais com os países da região e, mediante a pressão militar e econômica, aumentar sua força política na região sendo o principal aliados dos países imperialistas.
Depois dos levantamentos que se iniciaram primeiramente na Tunísia e que se estenderam por todos os países árabes, a Irmandade Mulçumana e outras forças religiosas conseguiram chegar ao poder na Tunísia, Líbia e no Egito. A partir dessa fase, o governo do AKP pretendeu-se protetor dos partidos políticos e governos islamitas-sunitas do Oriente Médio. Apoiou financeiramente os governos da Irmandade Mulçumana na Tunísia e no Egito. Transferido sua experiência de dez anos no governo, os ajudou a construir suas instituições policiais e agências de inteligência.
O primeiro ministro Recep Tayyip Ergdogan tinha relações íntimas com Bashar Al Assad antes dos levantamentos árabes, facilitando a obtenção de vistos entre ambos os países, organizando reuniões comuns do Conselho de Ministros, planificando aumentar o volume do comércio com a Síria, etc.
Após o ano de 2011 e das movimentações armadas de grupos com Al-Qaeda e Al-Nusra, virou as costas para Assad e se posicionou junto ao Qatar e a Arábia Saudita, os aliados mais importantes dos grupos terroristas islâmicos na região.
Enquanto o Qatar e a Arábia Saudita financiavam grupos terroristas, o governo do AKP lhes permitiu o estabelecimento de bases e acampamentos na Turquia e que realizassem ataques militares na fronteira da Turquia contra o Estado Sírio.
O AKP pretende colocar um governo islâmico-sunita na Síria, depois de já ter conseguido isto na Tunísia, Egito e na Líbia. Não obstante, a pesar do grande desejo de intervenção militar do governo do AKP, o povo da Turquia não apoia nenhuma intervenção militar na Síria. Pesquisas de opinião indicam que mais de 70% do povo está contra uma guerra com a Síria. Há 10 anos, antes da ocupação do Iraque, os Estados Unidos planejava usas as forças armadas da Turquia para intervir neste país. No entanto, em uma votação no parlamento foi rechaçada a autorização pedida pelo governo do AKP para enviar tropas ao Iraque. Naquele momento, inclusive, alguns deputados do governo votaram contra a proposta.
Hoje, todos os partidos políticos com representação no parlamento, exceto o AKP, estão contra a intervenção na Síria e a participação da Turquia em qualquer campanha militar contra este país. Desta maneira, o AKP pretende atropelar o parlamento para realizar a intervenção. Por isso, é muito provável que se produzam algumas provocações, a exemplo das que ocorreram antes com lançamento de morteiros a partir da Síria, a explosão de bombas que causaram a morte de 53 civis turcos em um distrito fronteiriço e vários disparos vindos do território Sírio que mataram civis turcos.
O EMEP, Partido do Trabalho da Turquia, está contra a intervenção na Síria e pede o fim do apoio imperialista às forças armadas não-sírias, ou seja, a grupos como Al-Qaeda e Al-Nusra.
Defendemos que o povo Sírio deve decidir sobre o futuro da Síria, de forma democrática e livre de qualquer ingerência externa.
Ante a situação política atual, nosso partido põe no centro de seu trabalho a luta pela paz, trabalhando pelo estabelecimento de uma frente popular de paz.
No dia 01 de setembro, o Dia de Paz, serão realizadas marchas pela Paz em Istanbul e em muitas outras cidades da Turquia. O Partido do Trabalho convoca a todos os partidos irmãos, às forças revolucionárias e democráticas a rechaçar a intervenção militar contra a Síria e apoiar a luta pelo estabelecimento da paz em todo Oriente Médio.
Emek Partisi (EMEP)
Partido do Trabalho
Turquia

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Autocrítica dos Black Bloc

Por Kiko Nogueira do Diário do Centro do Mundo

Os manifestantes fazem um exame de consciência e reclamam que sua conduta tem rendido fracassos e isolamento.
black blocs
Os manifestantes adeptos da chamada estratégia Black Bloc estão no meio de uma encruzilhada existencial. Nem a direita e nem a esquerda os vêem com simpatia. A origem do movimento é antiglobalização. Apareceram na Alemanha, na década de 80. Tinham um cunho anarquista. Sem liderança específica, se dizem uma organização horizontal.
Nos protestos, eles serviram, de certo modo, como escudo para o Movimento Passe Livre durante os enfrentamentos com a PM. Pouco depois começaram a aparecer os problemas. As pessoas que tinham certa consciência da tática BB (atacar símbolos do capital, como bancos ou filiais do McDonald’s), se viram acompanhadas de jovens apolíticos, violentos e a fim de depredar qualquer coisa, protegidos pelo anonimato da multidão. Como diferenciar uns dos outros?
Recentemente, a filósofa Marilena Chauí declarou que os black blocs tinham inspiração fascista. “Não é anarquismo”, disse ela. “Não usam violência revolucionária”. Eles também tiveram de lidar com uma virada na opinião pública. No Rio de Janeiro, se eles eram vistos com simpatia no início, agora os moradores dos edifícios lhes atiram garfos e colheres.
A situação chegou a tal ponto que os BB cariocas fizeram um exame de consciência e publicaram uma autocrítica em sua página no Facebook. “A destruição do patrimônio público e privado à “la bangu”, tem sido frenquente e muitas vezes de forma injustificável! Banca de jornal atacada? Por quê? Pra quê?”, diz o texto. “Estamos isolados, ao ponto de tacarem talheres dos prédios”.
O “comunicado oficial” do Black Bloc RJ:
Nas últimas semanas temos notado um aumento na rejeição da ação Black Bloc por parte da população em geral e até de alguns outros grupos que também possuem reivindicações que nós consideramos sérias. Alguns falarão: “E daí?” “Bando de Coxinhas” e etc… Será? Sabemos que boa parte dessa rejeição é devido à mídia, que é declaradamente contra o movimento, mas também é verdade que pseudo-ativistas que dizem usar a tática Black Bloc tem contribuído MUITO para esta má fama. Muitos destes para nós, não se diferenciam dos numerosos coxinhas que encheram a Presidente Vargas no famosos dia 20, pelo simples fato de não saberem o porquê de estarem nas ruas, “Querem se divertir” ou “Querem brigar com a PM” como ouvi outro dia. E desde quando esse foi o objetivo? A rejeição do povo não é boa, porque nós somos o povo e deveríamos representá-los.
A destruição do patrimônio público e privado à “la bangu”, tem sido frenquente e muitas vezes de forma injustificável! Banca de jornal atacada? Por quê? Pra quê? É compreensível quando arrancamos placas de trânsito e queimamos lixeiras para fazer barricadas contra o avanço da polícia porque nós sabemos o que eles fazem, mas o que temos visto é um descontrole, um corre-corre, perdoem-nos o termo, imbecil, que só faz dispersar o grupo tornando a palavra BLOCO, uma piada! E muitas vezes desse corre-corre temos como resultado carros danificados, lixo na rua, e patrimônio privado e público destruído sem justificativa alguma. E as pessoas que fazem isso ainda não perceberam que elas só estão facilitando o trabalho da oposição seja ela mídia, governo, polícia, etc… e atrapalhando outras pessoas assim como a gente ou você que está lendo esse texto agora, que trabalha e luta para tentar ser feliz. E os verdadeiros marginais continuam rindo em paz. É impressionante termos que tocar nesse assunto novamente, mesmo depois de produzirmos um vídeo que teve mais de 500 mil acessos só na primeira semana.
A cena dos “meninos” tirando fotos no Largo do Machado após quebrarem vidros de automóveis, derrubar banheiros químicos e destruir placas de rua foi patética. Se alguém conseguir nos apontar algum resultado positivo nisso, damos um prêmio!! E sinceramente, para nós não há a mínima diferença entre eles e os coxinhas que tiraram fotos com a cara pintada para colocar no Facebook no início das manifestações. Sabemos que isso foi tudo, menos uma ação BB, e sabemos que não foi ação de manifestantes que sabem a luta que é manter isso aqui de pé, mas como sempre, caiu na conta do Black Bloc, e mais uma vez, enfraqueceu o movimento, ao ponto de estarmos isolados. Quem está nas ruas e tem o mínimo de bom senso, sabe sobre o que estamos falando. 
O ponto precípuo da tática Black Bloc é dar resultados, antes de qualquer filosofada anárquica dos dissidentes de plantão. Se o que tem sido adotado até então não tem rendido mais frutos e sim fracassos, é hora de rever tal conduta, não? 
Para que o movimento fique mais forte, pessoas que não concordam com as ações BB, mas que gostariam de protestar, devem ter seu espaço, sim. Os coxinhas devem ter seu espaço! Assim como os demais grupos. Devemos lembrar antes de mais nada, que NÃO SOMOS DONOS DAS MANIFESTAÇÕES ALHEIAS e públicas, portando, não somos nós que devemos conduzi-las, nem devemos ser o motivo para que estas terminem antes que seus objetivos principais sejam concluídos, ainda mais por causa de adolescentes que ainda não conseguem controlar seus hormônios. 
Segundo, servimos de proteção aos manifestantes contra a ação repressiva da polícia, mas se o povo não concorda com nossa atuação não temos motivo de agir junto delas, nem razão para estarmos ali e por isso reafirmo que estamos isolados, ao ponto de tacarem talhares dos prédios. 
Quando nós fazemos nossas convocações, aí sim, devemos tomar as rédeas. O aumento do diálogo nas convocações é também fundamental. Essa notificação não é uma cartilha de como agir ou uma tentativa de impor coisa alguma. Simplesmente, é a visão de quem está nas ruas sempre dando a cara à tapa e tem visto mais fiascos do que vitórias ultimamente com o crescimento do grupo. E acreditem, isso cansa! Por isso ressaltamos, se metade do grupo tiver essa noção, a AUTO GESTÃO coletiva aparecerá espontaneamente e ela tem que aparecer. As ações estranhas à tática devem ser contidas pelo grupo, coloquem isso nas cabeças de vocês, se não o movimento apodrecerá de dentro para fora. E todos os fatores externos que querem nos derrubar sabem disso e estão rindo. A grande maioria cai que nem um patinho nas armadilhas feitas pelos nossos verdadeiros inimigos e simplesmente não conseguem ver isso.
Devemos rever a tática Black Bloc urgentemente e para isso, na próxima convocação, antes de sair de casa, pense nisso tudo que você acabou de ler aqui, para que tenhamos um diálogo produtivo, assim como uma ação produtiva. Pessoas que são contra a mudança das ações atuais, que concordam com as atitudes imaturas dos últimos protestos, favor não comparecer. Daqui em diante, só iremos comparecer nas nossas próprias convocações e quando formos convidados e/ou apoiados pelo grupo organizador. Portanto, coxinhas sintam-se à vontade para marcar o protesto que quiserem. Estamos mudando para tornar o Black Bloc RJ maior e mais forte, além de fugir desse caminho que temos seguido, o de um grupo de maratonistas sem ideal e sem união!
Para finalizar, ressaltamos a importância do diálogo para que haja organização e união entre os Black Bloc, portanto, dialoguem, dêem sugestão, critiquem o que houver de errado, porque acreditamos em uma horizontalidade – mesmo que teoricamente não sejamos um grupo – e que todos têm o direito – principalmente como cidadãos – de se expressarem e por fim e de tamanha importância, acreditamos piamente em uma grande melhora/evolução proveniente da consciência de cada um. Reflitam!


Bertolt Brecht: a cultura em favor de um mundo novo

Publicado no jornal  AVERDADE

Playwright Bertolt BrechtQual boletim de sindicato, de movimento popular, jornal ou outras publicações de esquerda não citaram o “Analfabeto Político”; não mencionaram que ninguém chama de violentas as margens que oprimem o rio; não alertaram para o individualismo e o comodismo de quem não se preocupa que alguém lhe tire uma rosa do jardim, que sequestrem o vizinho porque não tem nada a ver com isso, até que seja tarde demais; “Há homens que lutam a vida toda…”. Às vezes, sim, às vezes, não, escreve-se o nome de quem elaborou esses pensamentos tão profundos e eternos.
A mesma Alemanha que gerou Hitler para a destruição da Humanidade, produziu seu antídoto sintetizado pelo filósofo que não veio para interpretar, mas para transformar o mundo (Karl Marx) e no campo da cultura, pelo genial Eugen Bertholt Friedrich Brecht. Ele nasceu no dia 10 de fevereiro de 1898, em Augsburg, extremo sul da Alemanha. Mudou-se para Berlim no final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Viveu na juventude toda a efervescência e acirradas lutas de classes da República de Weimar.
Poucos e Frutíferos Anos
As perdas humanas e territoriais que a Rússia teve na Primeira Guerra Mundial foram compensadas pelo avanço que significou a Revolução Bolchevique (1917). Já o povo alemão, nada ganhou. Derrotada, a Alemanha teve de assinar o Tratado de Versalhes em condições humilhantes. Com o rabo entre as pernas, o Império (II Reich) saiu de cena e cedeu lugar à República, fundada na cidade de Weimar.
Nas condições em que surgiu, tendo de assinar a rendição, sem provocar alterações no sistema econômico (capitalista), o povo não entendeu a República como uma conquista. Consideravam-na fraca, elemento que seria muito bem explorado pelos nazistas para obter a adesão popular a um regime totalitarista que acenava com a perspectiva de uma nação forte, dominadora, e anunciava a superioridade da raça ariana e o resgate do seu poderio. O fim do regime republicano ocorre em 1933, com a ascensão de Adolf Hitler ao Governo e ao poder.
Mas foram anos intensos em que, influenciado pela Revolução Russa, o povo alemão viveu lutas memoráveis, inclusive uma tentativa de tomada do poder à bolchevique, com a Revolução Espartaquista (1919)(1). No campo da cultura, a efervescência dos anos 20 do século passado não teve precedente nem consequente.
Brecht, que já iniciara sua produção teatral no interior, bebe das fontes revolucionárias, representadas na Alemanha por Erwin Piscator, por meio do qual conhece, assimila e se aprofunda na teoria e na prática da Proletkult (Cultura Proletária) russa (1917-1926). Inspiram-no Emilevitch e Victor Chklovski , com sua teoria do estranhamento.
Isto é, tirar o convencional do palco, causar estranheza para provocar a reflexão. O público deixa de ser mero espectador para participar de todo o processo da produção teatral: montagem, ensaios, encenação, debates posteriores, sempre contribuindo, questionando, intervindo. O Construtivismo negava a arte pela arte, arte como simples entretenimento ou produto de mercado. O teatro épico se contrapõe ao teatro dramático, de origem grega, cuja definição se faz por ninguém mais, ninguém menos que Aristóteles, em sua Poética: “…conduz o espectador a uma ilusão da realidade e redução da percepção crítica”.(2) No teatro épico revolucionário a diferença não está apenas na objetividade do conteúdo, mas também na forma, dialeticamente relacionados: o proletariado vai para o palco (conteúdo) e o palco vem para o meio do proletariado (forma. A criação também se tornou prioritariamente coletiva; a esta prática, Brecht não aderiu inteiramente, dada a sua genialidade como autor.
Brecht não foi apenas dramaturgo. Foi poeta, pensador e pôs a mão no cinema. Nesses aspectos, as influências também são grandiosas e revolucionárias: o grande poeta Maiakovski (3), o não menos festejado cineasta Sergei Eisestein e as técnicas de colagem de Picasso (4)adaptadas para o teatro e o cinema(5).
Nos anos 20, o rádio era, ainda, uma experiência embrionária. Brecht previu sua importância como instrumento de educação, mobilização, formação de opinião do povo. Escreveu a TEORIA DO RÁDIO, à qual a esquerda não deu muita importância, infelizmente, porque Hitler soube utilizá-la magistralmente.
Com a subida de Hitler e do nazismo ao poder, qualquer sopro de criação, qualquer movimento de massa à esquerda foi esmagado sem dó nem piedade. Além de artista revolucionário, Bertolt Brecht se filiara ao Partido Comunista da Alemanha no final dos anos 20. Antes de ser massacrado pela bota opressora, exilou-se. Longe do movimento de massas, dedicou-se à reflexão sobre o teatro e a arte em geral, escreveu poemas e produziu peças. Nestas, sem abrir mão da objetividade revolucionária, deu ênfase também ao comportamento, aos sentimentos humanos, sem esconder que eles provêm da vida social. Foram as peças desse período que o tornaram conhecido mundialmente. Entre outras, A Mãe, O Casamento do Pequeno-Burguês, O Círculo de Giz Caucasiano, Os Fuzis da Senhora Carrar.
Passou pela Áustria, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia, Estados Unidos. Em 1947, dois anos após o término da Segunda Guerra Mundial, retorna à Alemanha, vivendo na parte oriental, que passou a compor o bloco socialista. Aí, fundou a Companhia Teatral Berlim Ensemble, que encenava, principalmente, suas peças, e publicou suas Obras Completas. Recebeu o Prêmio Stalin da Paz em 1954. Faleceu no dia 14 de agosto de 1956, aos 58 anos de idade.
Brecht no Brasil
A influência brechtiana no Brasil remonta aos anos 40 e teve seu auge nos anos que antecederam ao golpe de estado de 1964, com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, o Teatro de Arena, o Teatro do Oprimido, o Cinema Novo. Autores como Dias Gomes, Augusto Boal, IdibalPiveta, Glauber Rocha, Zé Celso Martinez têm maior ou menor referência em Brecht.
No período da ditadura, se a expressão é bem mais difícil, a referência continua forte e reflui nos anos 80/90. Ocorre que a redemocratização trouxe a ilusão de volta e a crença, tantas vezes refutada pela História, de que a via institucional é capaz de promover a transformação da sociedade. Assim, em vez de mobilizar, organizar e desenvolver a consciência de classe, a grande maioria da esquerda passa a preocupar-se com a conquista do voto. Esta guinada foi influenciada também pelo fim do bloco socialista soviético. A burguesia cantou vitória e afirmou: a História terminou.
Demorou pouco para a História seguir seu curso e para a Teoria Marxista comprovar seu caráter científico: enquanto houver divisão de classes, a luta será o motor da História. O capitalismo cava a própria cova, enredado em suas contradições insolúveis. A crise se instalou na periferia, atingiu o centro e não vislumbra solução dentro do sistema, e o povo oprimido saiu da acomodação tanto lá como aqui.
Mas nem todo mundo se rendeu (ou se vendeu) ao canto da sereia burguesa. Em 1997, nasce em São Paulo a Companhia do Latão7, com a proposta de resgatar Brecht, sem dogmatismo, pois isto seria trair a teoria brechteana. Em 1998, é celebrado o centenário de nascimento do grande dramaturgo e poeta, com encenação de peças, debates, conferências e outras atividades.
A proposta de um teatro, de uma arte, que não seja mero entretenimento para o “respeitável público” é mais atual do que nunca. É preciso que seja retomada não apenas como expressão da vida do povo, mas como meio de transformação a partir da reflexão, da participação, da organização.
A peça Ensaio sobre o Latão, encenada pela Companhia do Latão, termina com o Diretor falando: “…Queremos espectadores despertos capazes de sonhar em pleno dia…”. É dizer, não sonhar o sonho impossível, que acontece muitas vezes durante o nosso sono. Mas sonhar acordado, com os pés no chão, aquele sonho mobilizador de que falava Lenin, parodiando o poeta Pisarev. O sonho que não se sonha só, mas é um sonho coletivo, que nega a realidade em que vivemos, supera o comodismo e nos mobiliza em vista da sociedade sem classes que enxergamos numa revolucionária visão do futuro.
José Levino é historiador
Notas
1.  Sobre a Revolução Espartaquista, leia A Verdade, nº 59, no artigo da pg. 12, dedicado a Rosa Luxemburgo.
2. Citado por Camila HespanholPeruchi em Companhia do Latão, uma experiência com teatro dialético no Brasil – projeto de iniciação científica – Universidade Estadual de Maringá (PR).
3. Sobre Maiakovski, leia artigo em A Verdade, nº 149.
4. Sobre Pablo Picasso, leia A Verdade, nº 90.
5. Brecht, entre documentários e filmes de menor repercussão, produziu KuhleWampe, filme sobre a vida e os anseios da classe operária.
Louvor do Revolucionário
Bertolt Brecht
Quando a opressão aumenta
Muitos se desencorajam
Mas a coragem dele cresce.
Ele organiza a luta
Pelo tostão do salário, pela água do chá
E pelo poder no Estado.
Pergunta à propriedade:
Donde vens tu?
Pergunta às opiniões:
A quem aproveitais?
Onde quer que todos calem
Ali falará ele
E onde reina a opressão e se fala do Destino
Ele nomeará os nomes.
Onde se senta à mesa
Senta-se a insatisfação à mesa
A comida estraga-se
E reconhece-se que o quarto é acanhado.
Pra onde quer que o expulsem, para lá
Vai a revolta, e donde é escorraçado
Fica ainda lá o desassossego.

NA PRESSA PARA ATACAR A SÍRIA, EUA TENTA IMPEDIR QUE A ONU INVESTIGUE




Gareth Porter, InterPress Service
http://www.ipsnews.net/2013/08/in-rush-to-strike-syria-u-s-tried-to-derail-u-n-probe/
Depois de ter insistido, de início, que a Síria desse pleno acesso aos investigadores da ONU, até os locais onde teria havido um atentado com gás venenoso, o governo do presidente Barack Obama mudou de conversa no domingo; e passou a tentar, sem sucesso, que a ONU abortasse sua própria investigação.
Essa virada repentina, que aconteceu horas depois de Síria e ONU terem acertado os detalhes da ação dos investigadores, foi noticiada pelo Wall Street Journal na 2ª-feira e confirmada no mesmo dia, mais tarde, por um porta-voz do Departamento de Estado.
No encontro com a imprensa na 2ª-feira, o secretário de Estado John Kerry, que chegou a falar por telefone com o secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, para que suspendesse a investigação – a qual, segundo Kerry, teria chegado tarde demais para obter provas válidas do ataque que, para fontes da oposição síria, teria feito 1.300 vítimas.
A mudança repentina e a repentina aberta hostilidade contra a investigação da ONU, que coincidem com indicações de que o governo Obama planeja um grande ataque militar contra a Síria para os próximos dias, sugere que o governo Obama entende que a ONU esteja atuando como obstáculo para seus planos de atacar militarmente.
Na 2ª-feira, Kerry disse que, na 5ª-feira, havia alertado o ministro Moallem, de Relações Exteriores da Síria, para que desse acesso imediato à equipe da ONU e suspendesse os bombardeios naquela área, os quais, disse Kerry, estariam “sistematicamente destruindo provas”. Disse que o acerto entre Síria e ONU, que afinal deu pleno acesso aos investigadores, estaria acontecendo “tarde demais para ter credibilidade”.
Mas logo depois de o acordo ter sido anunciado no domingo, Kerry já havia telefonado a Ban, tentando cancelar completamente qualquer investigação.
O Wall Street Journal noticiou a pressão sobre Ban, mas sem mencionar Kerry.[1] Publicou que “funcionários não identificados do governo disseram ao secretário-geral que já não é seguro que os inspetores continuem na Síria e que a missão deles já não faz sentido.”
Mas Ban, que sempre foi visto como instrumento dócil das políticas dos EUA, recusou-se a retirar da Síria a equipe de investigadores e, em vez de obedecer, “manteve-se firme na defesa dos princípios” – como escreveu o WST. O que se sabe é que Ban ordenou que a equipe de investigadores da ONU “continue seu trabalho.”
O WST noticia que “funcionários dos EUA” disseram também ao secretário-geral que os EUA “não acham que os inspetores conseguirão obter provas aproveitáveis, dado que já transcorreu muito tempo e bombardeios subsequentes destruíram as provas que houvesse.
A porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, confirmou para jornalistas que Kerry, sim, falou com Ban durante o fim-de-semana. Também confirmou a mudança de posição dos EUA sobre as investigações. “Acreditamos que passou tempo demais e houve tal destruição na mesma área que a investigação não terá credibilidade” – disse ela.[2]
Essa mesma ideia apareceu também em declaração de “alto funcionário”, anônimo, no domingo, para o Washington Post, segundo a qual as provas teriam sido “significativamente corrompidas” por bombardeios subsequente, pelo regime, na mesma área.[3]
“Agora já não cremos que a ONU possa fazer investigação confiável sobre o que aconteceu” – disse Harf. – “Estamos preocupados, porque o regime sírio está usando a tática de atrasar as investigações, para continuar a bombardear e destruir provas na área.”
Mas Harf não explicou como o cessar-fogo que o governo sírio impôs na área a ser investigada e a decisão de dar pleno acesso aos investigadores da ONU poderiam ser interpretados como “continuar a bombardear e destruir provas na área.”
Apesar dos esforços dos EUA para fazer-crer que a política síria seria política de “atrasar”, a verdade é que o pedido formal da ONU para que a equipe chegasse ao local não havia sido encaminhado ao governo sírio, até que Angela Kane, Alta Representante da ONU para Temas de Desarmamento, chegou a Damasco no sábado; foi o que informou Farhan Haq, como porta-voz de Ban, em briefing à imprensa, em New York, na 3ª-feira.
Na 3ª-feira, o ministro sírio de Relações Exteriores Walid al-Muallem disse, em conferência de imprensa, que ninguém havia pedido à Síria qualquer autorização para que a ONU tivesse acesso à área de East Ghouta, até que o pedido afinal apareceu, encaminhado por Angela Kane, no sábado. No dia seguinte, a Síria informou que o pedido fora a aceito, bem como o cessar-fogo na mesma área.
Haq discordou frontalmente do que Kerry dissera sobre ser tarde demais para recolher provas sobre o incidente do dia 21/8. “O gás Sarin deixa rastros que podem ser detectados meses depois de o gás ser usado”, disse ele, como o New York Times noticia.[4]
Especialistas em armas químicas também sugeriram, em entrevistas para nosso InterPress Service, que a equipe de investigadores da ONU – coordenada pelo renomado especialista sueco Ake Sellström e reunindo vários especialistas requisitados da Organização para Prevenção de Armas Químicas – teria meio para confirmar ou descartar, em apenas alguns poucos dias, a acusação de ataque com gás de efeito neurológico ou por outra arma química na área investigada.
Ralph Trapp, consultor para temas relacionados à proliferação de armas químicas e biológicas, disse que se sentia “razoavelmente confiante” de que a equipe da ONU conseguirá esclarecer o que houve. “Eles podem oferecer resposta altamente confiável à questão de saber se houve ataque químico; e eles podem também dizer qual o produto químico usado como arma” – disse ele –, a partir de exame de amostras de sangue, urina e cabelo dos mortos e feridos. Há até “alguma chance” de recolher resíduos químicos, de pedaços de munição ou de cartuchos, nos locais investigados. E uma análise completa, disse Trapp, exige “vários dias”.
Steve Johnson, que dirige um programa de investigação forense de armas químicas, biológicas e radiológicas na Cranfield University na Grã-Bretanha, disse que até o final da semana a ONU já saberá se “houve mortes provocadas por agente químico de efeito neurológico”. Johnson disse também que, sendo absolutamente urgente, a equipe conseguiria produzir “alguma espécie de primeira estimativa tendencial” sobre a questão, no prazo de 24 a 48 horas.
Dan Kastesza, veterano que serviu durante 20 anos no Corpo de Armas Químicas do Exército dos EUA [orig. U.S. Army Chemical Corps] e foi conselheiro da Casa Branca sobre proliferação de armas químicas e biológicas, disse à InterPress Service que, de fato, não se procura traços de gás sarin em amostras de sangue, mas das substâncias químicas que são produzidas quando o gás sarin se decompõe. Kastesza disse também que, depois de recebidas as amostras, os especialistas podem saber, “no período de um ou dois dias”, se houve contato com gás sarin ou outro produto químico dos que se usam como arma.
A verdadeira razão da hostilidade do governo Obama contra a investigação pela ONU parece ser o medo de que a decisão do governo sírio, de dar livre acesso aos especialistas, indique que o governo sírio já sabe que os investigadores não encontrarão qualquer evidência de uso de gás de efeito neurológico.
Os esforços do governo dos EUA em 2013 para desacreditar a investigação dos especialistas fazem lembrar o que fez o governo de George W. Bush contra os inspetores da ONU, em 2002 e 2003, depois que não encontraram qualquer prova de que haveria armas de destruição em massa no Iraque; o governo Bush, daquela vez, recusou-se a dar mais tempo aos inspetores, de modo que não conseguissem demonstrar cabalmente, por prova irrefutável, que não havia no Iraque nenhum programa ativo de produção armas de destruição em massa.
Nos dois casos, o governo dos EUA já decidiu ir à guerra. E não permitirá que se produza informação que se contraponha à sua decisão.
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[1] http://online.wsj.com/article/SB10001424127887323407104579036173795495190.html
[2]http://www.scoop.co.nz/stories/WO1308/S00483/us-state-department-daily-press-briefing-august-26-2013.htm
[3] http://www.washingtonpost.com/blogs/right-turn/wp/2013/08/26/too-little-too-late-in-syria/
[4]http://mobile.nytimes.com/2013/08/28/science/not-easy-to-hide-a-chemical-attack-experts-say.html?from=global.home

Fonte: PÁTRIA LATINA

Fidel Castro: A mentira tarifada

De PÁTRIA LATINA

O que me move a escrever é o fato de que estão para ocorrer acontecimentos graves. Não transcorrem em nossa época 10 ou 15 anos sem que nossa espécie corra perigos reais de extinção. Nem Obama nem ninguém poderia garantir outra coisa; digo isto por realismo, já que somente a verdade nos poderia oferecer um pouco mais de bem-estar e um sopro de esperança. Em matéria de conhecimentos, chegamos à maior idade. Não temos direito a enganar nem a nos enganarmos.
Em sua imensa maioria a opinião pública conhece bastante sobre o novo risco que está às suas portas.
Não se trata simplesmente de que os mísseis de cruzeiro apontem para objetivos militares da Síria, mas que esse valente país árabe, situado no coração de mais de um bilhão de muçulmanos, cujo espírito de luta é proverbial, declarou que resistirá até o último alento a qualquer ataque a seu país.
Todos sabem que Bashar al Assad não era político. Estudou medicina. Graduou-se em 1988 e se especializou em oftalmologia. Assumiu um papel político com a morte de seu pai, Hafez al Assad, no ano 2000 e depois da morte acidental de um irmão, antes de assumir aquela tarefa.
Todos os membros da Otan, aliados incondicionais dos Estados Unidos e uns poucos países petroleiros aliados ao império naquela região do Oriente Médio, garantem o abastecimento mundial de combustíveis de origem vegetal, acumulados ao longo de mais de um bilhão de anos. Em contrapartida, a disponibilidade de energia procedente da fusão nuclear de partículas de hidrogênio, tardará pelo menos 60 anos. A acumulação dos gases de efeito estufa continuará, assim, crescendo a elevados ritmos e após colossais investimentos em tecnologias e equipamentos.
Por outro lado, afirma-se que em 2040, em apenas 27 anos, muitas tarefas que a polícia realiza hoje, como impor multas e outras tarefas, seriam realizadas por robôs. Imaginam os leitores quão difícil será discutir com um robô capaz de fazer milhões de cálculos por minuto? Na realidade era algo inimaginável há alguns anos.
Há apenas algumas horas, na segunda-feira, 26 de agosto, notícias das agências clássicas, bem conhecidas por seus serviços sofisticados aos Estados Unidos, dedicaram-se a difundir a informação de que Edward Snowden teve que se estabelecer na Rússia porque Cuba tinha cedido às pressões dos Estados Unidos.
Ignoro se alguém em algum lugar disse algo ou não a Snowden, porque essa não é minha tarefa. Leio o que posso sobre notícias, opiniões e livros que são publicados no mundo. Admiro o que há de valente e justo das declarações de Snowden, com o que, a meu juízo, prestou um serviço ao mundo ao revelar a política repugnantemente desonesta do poderoso império que mente e engana o mundo. Com o que eu não estaria de acordo é que alguém, quaisquer que fossem os seus méritos, possa falar em nome de Cuba.
A mentira tarifada. Quem a afirma? O diário russo “Kommersant”. O que é esse libelo? Segundo explica a própria agência Reuters, o diário cita fontes próximas ao Departamento de Estado norte-americano: “o motivo disso foi que no último minuto Cuba informou às autoridades que impediram que Snowden tomasse o voo da companhia aérea Aeroflot.
“Segundo o jornal, […] Snowden passou um par de dias no consulado russo de Hong Kong para manifestar sua intenção de voar para a América Latina, via Moscou.”
Se eu quisesse, poderia falar destes temas sobre os quais conheço amplamente.
Hoje observei com especial interesse as imagens do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, durante sua visita ao navio principal do destacamento russo que visita a Venezuela depois de sua escala anterior nos portos de Havana e da Nicarágua.
Durante a visita do presidente venezuelano ao navio, várias imagens me impressionaram. Uma delas foi a amplitude dos movimentos de seus numerosos radares capazes de controlar as atividades operacionais da embarcação em qualquer situação que se apresente.
Por outro lado, indagamos sobre as atividades do jornal mercenário “Kommersant”. Em sua época, foi um dos mais perversos veículos de imprensa a serviço da extrema direita contrarrevolucionária, a qual se aproveita do fato de que o governo conservador e lacaio de Londres envie seus bombardeiros à base aérea no Chipre, prontos para lançar suas bombas sobre as forças patrióticas da heróica Síria, enquanto no Egito, qualificado como o coração do mundo árabe, milhares de pessoas são assassinadas pelos autores de um grosseiro golpe de Estado.
É nesse clima que se preparam os meios navais e aéreos do império e de seus aliados para iniciar um genocídio contra os povos árabes.
É absolutamente claro que os Estados Unidos sempre tratarão de pressionar Cuba como faz com a ONU ou qualquer instituição pública ou privada do mundo, uma das características dos governos desse país e não seria possível esperar de seus governos outra coisa; mas não é vão que há 54 anos se resiste defendendo sem trégua — e o tempo adicional que for necessário —, enfrentando o criminoso bloqueio econômico do poderoso império.
Nosso maior erro é não termos sido capazes de aprender muito mais em muito menos tempo.
Fidel Castro Ruz
27 de agosto de 2013,

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A irresponsabilidade criminosa da política externa ocidental



Mal um dia tinha passado desde um aparente ataque com armas químicas na zona rural de Damasco e lá está o Ministro de Relações Externas britânico, William Hague, fazendo insinuações praticamente culpando o governo sírio, chegando a conclusões antecipadas como ele e seus parceiros fizeram na Líbia. Isso poderia ser rotulado de irresponsabilidade criminosa.

Já um indiciamento foi feito acusando William Hague e a liderança política dos países da OTAN de crimes de guerra na Líbia (*, em inglês); acrescentado a isso é a violação do direito internacional na Síria, financiamento, auxilio e apoio a grupos terroristas para desestabilizar o governo legítimo do país. Assim, após o histórico recente da OTAN, liderada pelo Eixo FUKUS (France-UK-US, ou França, Reino Unido e os EUA), depois das suas campanhas de mentiras, enganos, arrogância, intimidação, chantagem e chauvinismo, que são as palavras-chave da política externa da OTAN, e sempre foram, quem pode acreditar em uma palavra que eles dizem?

Lembram-se das armas de destruição maciça de Saddam Hussein? Lembram-se das "provas", produzidas pelos serviços de inteligência britânicos, que acabaram por ser uma tese de doutorado escrita uma década antes, copiada e colada da Internet, "melhorada" pelo regime de Blair e utilizado pelo regime de Bush na sua campanha de mentiras na ONU?

Lembram-se do urânio yellowcake que o governo iraquiano estava a procurar na "Nigéria" (excepto que o país que o vende é Níger, e Iraque não procurava coisa alguma)? Lembram-se da "ameaça imediata" representada pelo Iraque e as suas Armas de Destruição Maciça (que não tinha) justificando a cruzada ocidental contra esse país rico em petróleo e estrategicamente importante do Médio Oriente?

Então, agora, quando William Hague se dedica mais uma vez a uma campanha de demonologia que poderia ser considerado irresponsabilidade criminosa, insinuando que o governo do presidente Assad foi responsável por um ataque com armas químicas na zona rural de Damasco, quando ainda não há um pingo de provas, e quando por outro lado o dedo se aponta à "oposição" – terroristas que ele e sua Foreign and Commonwealth Office apoia, quem vai prestar atenção a aquilo que Hague e ou seus homólogos franceses dizem?
Afinal, eles estão apenas fazendo o trabalho de seu mestre no outro lado do Atlântico, esperando pacientemente com as suas tropas já na Jordânia enquanto o bichon da França e o caniche-chefe Grã-Bretanha preparam a opinião pública com mentiras.

Isso não é uma política externa responsável, é a pior forma de manipulação, sinistra, da verdade, tentando criar uma causus belli onde não existe. As declarações de William Hague devem ser examinadas por aqueles que têm o poder de fazer cumprir o direito internacional e, no mínimo, a sua incompetência absoluta para manter o seu cargo deve ser revelado. Suas observações quando não existem provas sobre quem lançou o ataque com armas químicas, afirmando que atacar isso deve abrir os olhos de algumas pessoas que não entendem a crueldade do governo de Assad, é uma tentativa muito pueril de repartir a culpa antes do curso do devido processo legal.
Ao fazer tal afirmação, William Hague está colocando-se contra qualquer forma de investigação legal ou qualquer processo de exame das provas, avaliação e julgamento antes de disparar, ou disparatar.

Na verdade, William Hague representa a caça à bruxa do passado Medieval, em que as mulheres foram sumariamente acusadas em público "Ela é uma bruxa!". Em seguida, foram colocadas em uma cadeira de bruxa e mergulhadas em um rio por cinco minutos. Se ela morreu, ela era uma bruxa, se ela sobrevivesse, ela era inocente. William Hague não é, portanto, competente para representar a política externa britânica, que é suposta ser baseada na ética e do Estado de Direito.
Qualquer ser humano inteligente, e Hague, não é, aparentemente, nem uma coisa nem outra, colocaria a questão que possível vantagem o Governo do Presidente Assad teria em dispor de armas químicas em uma área onde suas forças estão ganhando, na véspera da equipe de inspeção da ONU começar seu trabalho. Qualquer análise inteligente da situação iria questionar que vantagem seria adquirida para o Governo em gaseamento de crianças e civis.

Qualquer avaliação inteligente iria questionar por que os chamados vídeos contundentes apareceram no You Tube datada de 20 de agosto, quando os ataques teriam ocorrido em 21 de agosto. Qualquer exame equilibrado de todo o assunto teria levado em conta as declarações da própria ONU em maio que a "oposição" era de fato responsável por anteriores ataques de armas químicas, inclusive com gás sarin. Nenhuma vantagem para o Governo, de todas as vantagens para a "oposição".

Quem sabe o que passa se lembraria dos laboratórios da oposição descobertos no ano passado, nos quais os terroristas estavam a torturar coelhos vivos com agentes nervosos e quem sabe o que está a acontecer no terreno está bem ciente de que os grupos terroristas e seu mercenários albaneses/al-Qaeda/afegãos/líbios estão perdendo em todas as áreas de batalha e que já usaram armas químicas tentando colocar a culpa no governo.

E lá está William Hague dizendo que aqueles que apoiam do governo da Síria devem ver a sua "natureza assassina". Por isso, vamos pedir a William Hague para fazer uma declaração, agora, sobre o uso anterior de armas químicas pelas suas forças da "oposição", confirmados pela ONU em maio.

Mas não, ele vai permanecer em silêncio e vai continuar a comportar-se como um lacaio dos EUA, semeando interferência, ingerência, arrogância, representando uma política desactualizada, manipuladora, insolente e totalmente errada. Pode não haver ningu~em neste mundo agora que os julgue mas a posteridade escreverá seu epitáfio.

(*) Http://english.pravda.ru/opinion/columnists/06-11-2011/119534-indictment_nato-0/

Timothy Bancroft-Hinchey
Pravda.Ru

SÍRIA: A RÚSSIA TEM PROVAS DE QUE OS 'REBELDES' FIZERAM 'AQUILO'

De PÁTRIA LATINA


Khalil Harb, do jornal As-Safir, acaba de confirmar há alguns minutos, para o jornalista Claudio Gallo, meu grande amigo, o que foi publicado há dois dias, em árabe, citando uma fonte russa.

Segundo a fonte, o embaixador da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, Vitaly Churkin, já apresentou provas conclusivas (documentos e imagens de satélites russos) de dois foguetes carregados com produtos químicos, disparados de Douma, área ocupada pelos ‘rebeldes’ sírios, que explodiram em East Ghouta. Morreram ‘rebeldes’, além de civis – inclusive aquelas crianças que aparecem nas capas dos jornais e revistas da imprensa-empresa ocidental. A prova é conclusiva, diz a fonte russa. O próprio Lavrov, ontem, já dera indicações de que havia algo importante. Por isso, precisamente, não há resolução do Conselho de Segurança da ONU contra a Síria. E por isso, precisamente, Washington não quer que os inspetores descubram coisa alguma.

E isso, precisamente, foi o que
Paul Craig Robertsescreveu em sua coluna, nesta segunda. Acertou, na mosca.

Paul Craig Roberts parece doido, mas não é doido.
Afinal, nunca passou de liberal. Mas é liberal do tipo que despreza a imprensa-empresa (chama-a de 'presstitute', onde "press" é "imprensa" em ing., e o resto traduz-se facilmente) e que se sente sinceramente indignado com o que vê acontecer no mundo -- sem tomar conhecimento do que a imprensa-empresa tente inventar.

E se há coisa que não existe no Brasil é a indignação REAL de liberais REAIS: no Brasil, os liberais são "de segunda mão" (grande Roberto Schwarz!) e a respectiva ‘indignação ética’, idem. No Brasil, o que mais tem é ‘ético’ fascista metido a liberal, como D. Eliane ‘Navio Negreiro’ Cantanhede, e só esses têm voz nos veículos da imprensa-empresa local.

Então, PCR assusta os habituados à escrita 'jornalística' que se faz de 'isenta'. Mas ele é, sim, é muuuuuuuuuuuuuuuito bem informado (por isso o acompanhamos e traduzimos seguidamente).


Ontem, (segunda 26) PCR escreveu -- e traduzimos -- que os EUA temem que os inspetores da ONU descubram as pegadas dos EUA e seus aliados no ataque com armas químicas, na Síria. Parece coisa de doido (ou de esquerdista-doente-infantil). Afinal, os EUA & aliados nuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuunca fariam tal coisa -- como reza a ‘ciência’ de panacas como William Waack e Demétrio Magnoli.

Hoje, pelo Facebook, Pepe Escobar distribuiu a seguinte msg (https://www.facebook.com/pepe.escobar.77377?hc_location=stream).
Traduzido por Vila Vudu

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Álvaro Cunhal, os intelectuais, a cultura e o Partido*

Enviado por Miguel Goçalves Trujillo Filho
Filipe Diniz

“A adesão de intelectuais, de estudantes, de pessoas de origem social não proletária às ideias do socialismo e do comunismo tem antes de tudo de significar o reconhecimento do papel da classe operária e das massas trabalhadoras na revolução. Esse é o primeiro indício seguro da perda de preconceitos e ideias de superioridade de classe e da sua identificação com a causa dos trabalhadores”


Em 1938 Álvaro Cunhal escreve duas cartas a Abel Salazar. A primeira, escreve-a sob a impressão que lhe suscitara a visita a uma exposição da sua pintura, e ao contraste que identifica entre a forma como nela são representadas mulheres trabalhadoras e mulheres burguesas. A segunda, argumentando sobretudo em relação à afirmação de Abel Salazar (na resposta à primeira carta) de que “não tem classe”.
Abel Salazar tem então 49 anos. Médico, cientista e intelectual consagrado, é também um pintor de grande talento. Álvaro Cunhal é um jovem revolucionário de 25 anos, que conheceu já a experiência da vida clandestina, da prisão e da tortura. Que viveu pessoalmente o início da Guerra Civil em Espanha. Que assumia já elevadas responsabilidades de direcção na FJCP e no Partido, então atravessando uma grave crise.
É uma troca de correspondência cordial. Abel Salazar responde ao tratamento de “sr. Dr.” que Álvaro Cunhal utiliza na primeira carta sugerindo o de “camarada” e, correspondendo ao pedido deste de que lhe ofereça uma obra (Álvaro Cunhal lamenta “não poder comprar” uma) propõe-lhe que escolha a que quiser.
Que pretende Álvaro Cunhal com essas cartas? Pretende afirmar a necessidade de um compromisso de classe: “quem não tenha classe não pode compreender a luta de classes”(1), nem está em condições de definir “com exactidão” (seja através da pintura ou por qualquer outro meio) “os símbolos das classes antagónicas”. Abel Salazar “ama uma classe” (a classe trabalhadora), falta-lhe integrar-se nela.
Atrair os intelectuais à luta democrática e revolucionária
Nessa curta troca de correspondência está em germe uma linha de pensamento e de acção no que diz respeito aos intelectuais que Álvaro Cunhal manterá ao longo de toda a vida. Por um lado, no esforço para atrair intelectuais à luta democrática e antifascista, no combate à posição dos que se colocam “acima” ou à margem, imparcialmente, perante “a dor dos homens”. Ou que – e em relação a esses a crítica é duríssima – contrapõem à tragédia do ascenso do fascismo e do nazismo, à tragédia da exploração, da repressão, da pobreza e da guerra as suas “cogitações e problemas íntimos”. Por outro lado, a progressiva incorporação na avaliação do Partido e na sua orientação geral das questões da cultura artística e científica, da liberdade de criação e de investigação, da liberdade de ensinar e de aprender, do combate contra o obscurantismo como componente destacada do combate antifascista e, após o VI Congresso, como importante elemento integrante da Revolução Democrática e Nacional.
No final da década de 30, Álvaro Cunhal atribui aos escritores uma responsabilidade particular entre os intelectuais, antecipando o que em documentos mais recentes do Partido é formulado como “um papel particular na formulação e na intermediação da opinião”: “os escritores são, de todos os artistas, os que têm uma mais activa intervenção na formação dos pareceres alheios. Os escritores influenciam assim o caminho do mundo”(2). E, nesses termos, critica vigorosamente os que “fazem a pregação de uma arte alheia à vida”, e sublinha que os que assumem tal atitude a realizam mais na sua vida do que na sua arte porque, admita-o ou não o autor, “toda a arte exprime uma posição política e social”. Saúda os que tomam como objecto da criatividade não o seu eu, mas antes “a vida, os problemas, o sentir, as aspirações das classes trabalhadoras e do povo em geral” (3). Desenvolve ao longo da vida, de forma particularmente densa (e com uma profunda e invulgar compreensão da relação dialéctica entre o compromisso do artista, os meios estéticos e artísticos a que recorre, o quadro histórico em que se insere (4)) esta linha de pensamento, essa viva atenção em relação aos intelectuais e artistas, esse lúcido entendimento de quanto é estrategicamente fundamental para o proletariado a construção de uma aliança com essa complexa camada social.
A integração de intelectuais no Partido, reflexo e condição da aliança dos intelectuais com o proletariado
É interessante acompanhar através dos textos especificamente políticos de Álvaro Cunhal a evolução desse processo, nomeadamente segundo um aspecto central - que constitui ao mesmo tempo reflexo e condição para a construção de tal aliança -: o da integração de intelectuais no Partido. E é tanto mais interessante quanto a trajectória pessoal de Álvaro Cunhal (que é, em si mesma, o mais notável exemplo dessa integração) apenas numa circunstância – a da sua defesa perante o tribunal fascista em 2 de Maio de 1950 – é marginalmente invocada. Na carta para a organização comunista prisional do Tarrafal (Novembro de 1944) diz, dos quadros de direcção saídos da reorganização: “a maioria esmagadora são quadros operários […]. Há também camaradas vindos do campo intelectual (a alguns têm sido sobretudo atribuídas, até agora com pleno sucesso, tarefas de carácter técnico)”(5). “Filho adoptivo do proletariado”, não é como intelectual que se situa no Partido, mas como revolucionário profissional, como quadro leninista que, fazendo seus “a vida, os problemas, o sentir, as aspirações das classes trabalhadoras e do povo em geral”, organiza e dirige a acção e a luta em sua defesa(6). E, de algum modo, quaisquer que sejam as tarefas que assumam, é segundo esses termos que a integração de intelectuais no Partido se formula. “A adesão de intelectuais, de estudantes, de pessoas de origem social não proletária às ideias do socialismo e do comunismo tem antes de tudo de significar o reconhecimento do papel da classe operária e das massas trabalhadoras na revolução. Esse é o primeiro indício seguro da perda de preconceitos e ideias de superioridade de classe e da sua identificação com a causa dos trabalhadores”(7).
A partir dos anos 40, mas acentuando-se em finais da década de 50 e ao longo da de 60, ampliam-se as referências à acção progressista dos intelectuais, à perseguição que o regime fascista exerce sobre “alguns dos melhores valores da ciência e da arte”. O combate contra atitudes de alheamento e isolamento de intelectuais dá lugar a uma afirmação positiva da crescente integração de intelectuais na oposição democrática, no combate antifascista, na defesa da paz, na resistência clandestina. “Tudo quanto há de melhor na ciência, na literatura, na arte, nas profissões liberais, está pela democracia, a paz, o progresso social”(8). “Os intelectuais […] participando activamente nas batalhas políticas, lutando pela melhoria da sua situação económica […] alinham com o povo e constituem uma força revolucionária de primeiro plano”(9), afirmação que merece o sublinhado de o PCP incluir já então a dimensão económica na luta dos intelectuais, identificando precoce e justamente a tendência para a perda da condição de elite de importantes sectores desta camada.
Álvaro Cunhal aponta com precisão um aspecto essencial da acção dos intelectuais que permanece inteiramente válido: “as realizações culturais, o trabalho literário, artístico e científico são formas fundamentais da [sua] luta”(10). Se se verifica entre os intelectuais “um movimento tão amplo que, por muito surpreendente que pareça sob uma ditadura fascista, as ideias da democracia e do progresso dominam o panorama intelectual português”(11), tal situação resulta, em boa parte, da contraposição da actividade dos intelectuais nas suas esferas próprias à mediocridade e ao obscurantismo fascista. Então contra o fascismo, hoje contra a política de direita, a acção de cada intelectual na sua esfera própria de especialidade, a reivindicação dos intelectuais do direito ao livre exercício das suas competências, capacidade e criatividade próprias constituem eixos fundamentais de combate. A luta no plano da cultura, entendida na sua concepção mais ampla, foi, é, e continuará a ser uma frente de combate de primeiro plano. E se nela cabe uma especial responsabilidade aos artistas, aos cientistas, aos intelectuais em geral, é o Partido, no seu conjunto, quem deve assumir a sua organização, dinamização e desenvolvimento.
O processo da Revolução de Abril constituiu, no seu ímpeto criador e depois no longo período de defesa, resistência e refluxo, a clara confirmação da forte interdependência dos 8 pontos ou objectivos para a revolução democrática e nacional que o Programa aprovado no VI Congresso formulara, entre os quais se incluía a democratização de instrução e da cultura (5º ponto). Interdependência a que o actual Programa dá seguimento, afirmando o carácter indissociável das quatro componentes da democracia: política, económica, social e cultural. Na intervenção proferida na I Assembleia de Artes e Letras da ORL, em 1978, Álvaro Cunhal formula a luta em defesa da cultura segundo uma ampla perspectiva política. Já num quadro de forte ofensiva de recuperação capitalista, agrária e imperialista conduzida pelo governo PS/CDS, sublinha: “Quem restringe os bens materiais ao povo, restringe-lhe também os bens espirituais”(12) e, assim, “a frente de uma luta cultural integra-se na frente contínua de luta pela consolidação da democracia consagrada na Constituição”, é inseparável da luta pela consolidação das liberdades e das outras conquistas da Revolução, da luta em defesa de uma verdadeira independência nacional, da luta pela paz e pelo socialismo.
O Portugal de hoje, o Portugal das troikas (nacional e estrangeira), possui um panorama cultural em aspectos importantes diferente do de 1978. Mas em nenhum traço essencial perdeu validade a afirmação de Álvaro Cunhal então feita: “Os comunistas defendem a cultura e a arte com a mesma firmeza, a mesma convicção, a mesma paixão com que defendem as liberdades […] e as outras grandes realizações e conquistas da Revolução portuguesa.
Assim dão a sua contribuição […] para a construção da sociedade democrática e para que, conforme com a Constituição da República, a democracia portuguesa siga o rumo ao socialismo(13).
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2071, 8.08.2013
1 ACOE, Ed. Avante!, 2007, TI, p. 36
2 Id, ibid, p. 58
3 AC, “A arte, o artista e a sociedade”. Ed. Avante!, 1996, p. 95
4 E não apenas no que diz respeito à criação artística: vejam-se por exemplo os comentários acerca de Darwin e das “formas de selecção na sociedade dividida em classes” (Carta ao Director da Cadeia penitenciária de Lisboa de 6.10.1951, ACOE, Ed. Avante!, 2008, TII, p. 139)
5 ACOE, Ed. Avante!, 2007, TI, p. 336
6 Em retrospectiva, entretanto, AC destaca justamente no Prefácio aos documentos do IV Congresso, “o valor da luta revolucionária e o valor científico e artístico dos intelectuais comunistas nos anos da reorganização”. ACOE, Ed. Avante!, 2007, TI, p. 400
7 “Radicalismo pequeno-burguês”, ACOE, Ed. Avante!, 2013, TIV, p. 552
8 “Rumo à vitória”, ACOE, Ed. Avante!, 2010, TIII, p. 171
9 “Relatório da Actividade do CC ao VI Congresso”, ACOE, Ed. Avante!, 2010, TIII, p. 286
10 Id, ibid, p. 385
11 Id, ibid, p. 418
12 “Com a arte para transformar a vida”, Ed. Avante!, 1978, p. 206
13 Id, ibid, p. 214

Fonte: http://www.odiario.info/?p=2984

Cubanos: "Viemos para ser parceiros dos médicos brasileiros, respeitar e ser respeitados"




Oscar Martinez considera que a resistência de segmentos vai desaparecer com o bom trabalho
Cinco dos 176 médicos cubanos que desembarcaram em Brasília disseram não temer opiniões contrárias e demonstraram acreditar que, no final, trabalho será reconhecido

Por Hylda Cavalcanti, da RBA

As principais expectativas dos médicos cubanos recém-chegados ao Brasil consistem em trocar experiências com os demais profissionais e contribuir para melhorar a saúde pública no país. Mas eles demonstraram, desde que apareceram no saguão do aeroporto Juscelino Kubitschek, ontem (24) à noite, cuidado ao falar dos médicos brasileiros ao ressaltar que têm, como missão principal, zelar pelo trabalho em conjunto com os colegas da terra. Os cubanos também fizeram questão de citar detalhes sobre seus currículos, diante das críticas feitas por entidades médicas brasileiras a eles, nos últimos dias.

Muitos deixaram clara, ainda, a preferência em atuar no estado do Amazonas – pela grandiosidade e diversidade daquela unidade da federação e suas populações ribeirinhas – bastante mencionada durante a entrevista (com certo ar reservado, para não causar transtornos no caso de serem escolhidos para outros locais). Assim como por áreas do semiárido nordestino, como o interior do Ceará. Mas, repetindo o tom de cautela e diplomacia, frisaram várias vezes que não farão pedidos específicos e estão prontos para atuar em qualquer local do território brasileiro.

Nesta entrevista, cinco deles – a médica Yasiel Perez e os médicos Rodolfo Garcia,Oscar Martinez, Juan Rodriguez e Angel Perez – falam sobre o que os move na empreitada:

Qual a principal expectativa do trabalho a ser realizado por vocês no Brasil?

Yasiel Perez:
Sou médica, especialista em medicina geral integral. Como todos os médicos que agora estão chegando a este país, para nós é um prazer, algo muito grande para expressarmos. Sou a mais jovem da brigada, mas tenho 32 anos e muita experiência. Em meu país se estuda medicina durante seis anos consecutivos e se trabalha quatro anos com as famílias mais necessitadas, além de passar outros dois anos atuando no serviço social. Além dessa formação, trabalhei na Bolívia durante dois anos e quatro meses, com uma população muito difícil, bastante carente. Mediquei em lugares distantes, mas não é por isso que essa mulher que vocês veem hoje aqui voltou correndo para Cuba quando deparou com problemas.

Não temem protestos e manifestações de pessoas que se posicionem contrárias à vinda dos senhores ao país?

Yasiel Perez:
Vi e enfrentei muitas dificuldades na Bolívia e fiquei lá até o final da missão. Retornei ao meu país com uma qualificação satisfatória e é isso que quero repetir no Brasil, ao lado de todos os colegas. Queremos vencer, estamos contentes e esperamos cumprir nossa missão aqui. Esperamos que o povo brasileiro nos respeite como respeitamos a toda a população. Somente queremos ajudar, apoiar e contribuir para melhorar a saúde, para que a população tenha mais acesso aos serviços médicos. Somente queremos dar e receber amor.

Os senhores imaginam encontrar algo diferente do que já viram em outros países no trabalho a ser realizado agora, no interior do Brasil?

Rodolfo Garcia:
Tenho 36 anos como médico, já estive no Brasil e conheço bem o país. Uma turma de médicos que chega já conhece a região Norte do Brasil profundamente. Além disso, muitos dos colegas que compõem o grupo possuem mais de 20 anos formados como médicos, possuem mestrado e cursos de especialização e participaram de trabalhos diversos de cooperação em outros países da África e América Central, com participações no tratamento de vítimas de desastres naturais. Não acho que teremos qualquer dificuldade nesta missão.

Como os senhores avaliam os comentários de que médicos cubanos não estariam preparados para atender aos problemas de alta complexidade que possam vir a ser observados ao longo da missão?
Rodolfo Garcia: Viemos empolgados para a realização de um trabalho em regiões diferentes. Sabemos que no Brasil não há médicos em muitos lugares distantes. Sabemos também que há no Brasil muitos municípios carentes de médicos. Posso te assegurar que somos preparados e viemos com muita vontade de trabalhar e fazer a coisa andar. Cuba é um país pobre que não tem muitos recursos naturais, mas tem muitos médicos e especialistas que estão com disposição de ajudar o Brasil e fazer parcerias para aumentar a saúde do povo brasileiro. Estamos preparados, tenha a certeza.
E sobre a questão da remuneração que os senhores receberão, alvo de tantas polêmicas nas últimas semanas? O que têm a dizer sobre isso?

Rodolfo Garcia:
A primeira coisa que queremos que vocês compreendam é que o dinheiro, para nós, neste caso em questão, fica em segundo lugar. Vamos receber uma remuneração suficiente para ficar no Brasil. O restante do dinheiro vai voltar para Cuba, para ajudar hospitais, os doentes que estão precisando porque no nosso país a saúde é de graça. O nosso dinheiro está lá, nosso salário está sendo pago lá.

Na opinião dos senhores, o programa ‘Mais Médicos’, do governo federal, foi uma escolha acertada?
Rodolfo Garcia: Não estamos a par do projeto em sua totalidade, mas reconhecemos que o governo precisa de muita coisa e deu um bom passo na vinda dos médicos estrangeiros. Por tudo o que temos lido, a percepção que temos é de que estão sendo criadas condições para melhoria da saúde pública no país. Queremos fazer todo o esforço para caminhar juntos na resolução dos problemas e pela melhoria da qualidade de vida do povo mais carente do Brasil, aquele que não tem dinheiro para pagar médicos particulares, populações como as dos interiores mais distantes do Pará, Tocantins ou Amapá, onde muitos de nós já estivemos. Sinceramente, viemos com muita vontade de ajudar as pessoas.
Esperavam encontrar tamanha receptividade por parte das pessoas que vieram ao aeroporto recebê-los?

Rodolfo Garcia:
Não. É um prazer estar aqui. Estamos muito nervosos porque não esperávamos que vocês todos estivessem aqui, desse jeito. Mas estamos muito felizes também.
Como avaliam o estreitamento da cooperação entre Brasil e Cuba a partir deste trabalho?

Oscar Martinez:
Sem dúvida, como bastante positivo. Sou especialista em saúde da família, sou médico há 23 anos e há 19 concluí minha especialização. Não sei para onde vou, mas vim para fazer este trabalho. Queremos agradecer ao povo brasileiro. Os povos de Cuba e Brasil são irmãos há muito tempo, mas este trabalho de agora estreita muito mais os laços de cooperação e de irmandade entre nós. Temos várias expectativas boas. A mais importante é colaborar para haja acessibilidade para todos os que carecem de um serviço de saúde neste país.
Como imaginam que será a receptividade à chegada dos senhores pelo conjunto dos médicos brasileiros com quem vão trabalhar?

Oscar Martinez:
Viemos para trabalhar juntos. Nosso sentimento é de consideração para com os problemas dos médicos brasileiros. Vamos ter a oportunidade de trabalhar com eles, em lugares de acesso complicado, sabemos disso tudo, mas vamos acompanhá-los e trabalhar juntos pela nação brasileira. O principal objetivo nosso, a parte de trabalho como médicos, nesta missão, é estreitar a solidariedade do povo de Cuba com o povo brasileiro. Somos irmãos e a irmandade entre nós tem, agora, que ser mais forte.
E em relação aos protestos feitos por entidades medicas que são contrárias à chegada de médicos cubanos ao país? 
Oscar Martinez: Ainda estamos chegando no Brasil, não temos todos os elementos para responder completamente à sua pergunta. Só vou falar o seguinte: todas as questões ou programas, quando iniciados, estão sujeitos a críticas e compreendemos isso. Agora, vamos ficar aqui e esperar as últimas palavras sobre o nosso trabalho depois de algum tempo, quando nos conhecerem melhor. Certamente serão bem diferentes.
Alguns dos senhores têm preferência por algum estado específico para trabalhar?

Juan Rodrigues:
Conheço o Brasil, preferiria o estado do Amazonas, no Norte, ou estados nordestinos, mas tudo no Brasil nos interessa.
O que mais os incentiva na realização deste trabalho?

Angel Perez:
o exercício da profissão em regiões remotas e a cooperação médica. Estive recentemente em Honduras e em lugares também distantes e repletos de dificuldades, mas sempre trabalhando duro para que as pessoas possam desfrutar de boa qualidade de vida e a mesma coisa acontecerá no Brasil. Estamos vindo com o sentimento e o coração aberto para trabalhar junto com os médicos e todo o pessoal da área de saúde brasileira. Queremos ajudar a população e contribuir para melhoria da saúde pública no país.

Fonte: Solidários