Manifesto do Movimento Consulta Popular
23 de junho de 2013
Nas Ruas pelo Avanço do
Projeto Popular
O que não podemos perder e o
que queremos ganhar? Não estamos
diante de uma ameaça de golpe! A direita pode e vai soltar boatos, mas seu
objetivo é desgastar o governo Dilma. Para as forças de direita, as
mobilizações e protestos devem ser canalizados para desgastar e desestabilizar
o governo federal, inviabilizando o favoritismo do PT nas eleições gerais de
2014. Eles querem recuperar a pauta neoliberal, fortalecendo os setores
rentistas, financeiros, retomando a subordinação internacional aos interesses
estadunidenses e rompendo as alianças com os governos progressistas da América
Latina. Para nós, a retomada da luta de massas, conjugando as lutas que já
vinham se acumulando com atos e marchas massivos que estão ocorrendo,
configuram o momento privilegiado para que o governo assuma compromissos com a
pauta das mudanças estruturais que conformam um projeto popular. Essa é a
disputa central que está se dando na definição das reivindicações, faixas e
itinerários nos atos, marchas e protestos. Esta é a disputa pela direção deste
processo que se dá entre a esquerda e a direita. É o nosso momento, que apenas
está se iniciando. O momento é de ofensiva. A conjuntura mudou e essa mudança é
favorável aos que defendem as transformações estruturais.
O momento é de intensificar ao
máximo nossa agitação e propaganda. Precisamos de ousadia e criatividade. As
forças de direita não conseguem organizar uma manifestação política expressiva
desde a “marcha pela família e a propriedade”, às vésperas do golpe de 1964,
quando também se cunhou o termo ' o gigante acordou'. Desde os anos de
enfrentamento com a ditadura militar as ruas são dos que defendem os interesses
populares. Agora, tentam instrumentalizar as atuais lutas que surgem por
reivindicações legítimas e progressistas. A direita tenta isolar a esquerda
organizada dos atos. Pequenos grupos de extrema direita insuflam palavras de
ordem e agressões que tentam nos impedir de promover essa disputa. É uma
batalha que disputa os corações e as mentes de milhares de brasileiros que
despertam sua indignação e assumem a coragem de lutar. Não podemos secundarizar
esse momento. Todas as nossas energias devem se voltar para essa disputa. O
que está acontecendo? O crescimento e a intensidade das mobilizações dos
últimos dias causam perplexidade e surpresa em todos que buscam entendê-la. A
correlação de forças se altera numa rapidez impressionante, com a entrada em
cena de mobilizações populares que não se colocavam desde a década de 80. Os
protestos são um exemplo pedagógico essencial, que marcam simbolicamente uma
nova fase histórica em nossa luta popular, superando os difíceis anos de
descenso que enfrentamos desde o início dos anos 90. A retomada da capacidade
de lutas, que já vinha sendo sinalizada por um crescimento continuo do número
de greves desde 2004, agora demonstra a presença de um elemento subjetivo, da
coragem de enfrentar a repressão e do ânimo de ganhar as ruas. Já não restam
dúvidas de que ingressamos numa nova etapa de reascenso da luta de massas. As
manifestações iniciadas em São Paulo e Porto Alegre se expandiram para todas as
grandes cidades e se alastram por todos os recantos do país. Ao contrário de
outros anos, a luta desencadeada pelo movimento Passe Livre pela redução das
tarifas, ao enfrentar uma truculenta repressão do governo Alckmin, ao invés de
se esvaziar, gerou uma imensa solidariedade, demonstrando uma mudança no ânimo
de luta de massas, que rapidamente se generalizou como exemplo pedagógico. Ao
contrário de outras situações históricas em que explodiram, em poucos dias,
intensas mobilizações sociais, como no "caracazo" na Venezuela em
1989, ou nos "panelaços" na argentina 2001, que converteram-se em revoltas
políticas, desta vez, não há um agravamento súbito das condições de vida das
massas, que proporcione as mesmas condições objetivas que construam uma
alternativa política popular. Os atos e marchas são predominantemente
progressistas até o momento, mas a disputa política e ideológica com as forças
de direita se acelera.
A reivindicação inicial que
teve o papel deflagrador, pela redução das tarifas de transporte público, é uma
bandeira popular, progressista, clara, precisa. As reivindicações que predominam
nas manifestações expressam a busca pela melhoria das condições de vida e a
ampliação do acesso às políticas públicas. Mas assistimos uma acelerada disputa
política e ideológica pelos rumos e direção política do movimento. Milhões de
pessoas vão às ruas protestar pela primeira vez, conquistando vitórias na
redução das tarifas, proporcionando elevação da autoestima e uma experiência
inigualável de protagonismo popular. O protagonismo da juventude, sempre
presente em todas as grandes retomadas de lutas de massa, é essencial. Mas não
esqueçamos que jovens têm um pertencimento de classe. O polo dinâmico que
iniciou as manifestações e ainda tem predomínio nas lutas de rua são setores
médios, os que menos ganharam nos últimos dez anos de governo petista e sua
frente neo desenvolvimentista Este setor social descolou seus ganhos tanto dos
mais ricos - que elevaram seus ganhos às alturas -, quanto dos mais pobres, que
também obtiveram ganhos, embora modestos, mas suficientes para diminuir a
distância entre a classe média tradicional e a baixa classe média. Essa perda
relativa do poder aquisitivo da classe média foi o elemento material que
conduziu parte dela a votar na oposição a Lula e Dilma. Estes setores, que até
então não haviam sido capazes de elaborar suas demandas econômicas, de dar
vazão à sua insatisfação e tampouco encontrar respostas nos partidos de
oposição, quer os da direita, quer os da esquerda, viram nas manifestações uma
possibilidade de expressar seus descontentamentos. É certo que as manifestações
e protestos se ampliam com muita velocidade, envolvendo outros setores sociais,
em particular, os jovens das grandes periferias, mas, até o momento, a classe
operária organizada e os trabalhadores rurais não ingressaram neste cenário. Ao
conquistar as ruas os manifestantes, por um lado, empreenderam uma derrota aos
setores conservadores que vinham impedindo atos e manifestações - pelo uso do
aparato repressivo policial e por mecanismos que criminalizavam os lutadores
(as) - e, por outro, demonstraram sua força, e estão contribuindo para resgatar
o sentimento de legitimidade da luta social diante da sociedade brasileira.
As crescentes manifestações
irrompem num momento em que o governo Dilma sinalizava, pressionada pelos
setores rentistas, pelo grande capital especulativo internacional, com um recuo
nas medidas progressistas que reduziram os juros, mudaram a política de câmbio
e criaram mecanismos para proteger e incentivar a indústria nacional. O recuo
foi ganhando forma desde final do ano passado, quando estes setores iniciaram
uma contra-ofensiva, com o amplo apoio da mídia, exigindo o ajuste fiscal e a
elevação de juros, sob a ameaça da inflação crescente.Isto veio de forma
articulada com uma "campanha" para derrubar o Guido Mantega.
Neste momento, portanto,
podemos afirmar que está deflagrada uma disputa pela aplicação dos recursos
públicos e que a conquista popular de redução das tarifas de transporte se
insere nesta disputa. Para que confirme como uma vitória dos setores populares,
os recursos para a sua efetivação devem sair do lucro das grandes empresas e/ou
dos recursos que são "poupados" para pagar o superávit primário, e
não dos programas sociais que contribuíram para a redistribuição de renda em
nosso país, no último período. Estas manifestações também são reflexo da
situação que se instaurou nos últimos anos, nas grandes cidades, com o avanço
da especulação imobiliária, o aumento no custo de vida - muito além dos
salários – e o baixo investimento em serviços públicos. Em muitas delas, eles
ficaram paralisados, gerando um sucateamento destes serviços, como podemos
identificar claramente na péssima qualidade dos transportes. Nos grandes
centros urbanos, a população, que vai para a escola e para o trabalho em ônibus
e metrôs apertados, perde de três quatro horas por dia no trânsito, tempo que
poderia utilizar para estar com a família, estudando ou participando de
atividades culturais. As mobilizações também têm expressado forte sentimento de
rejeição ao atual sistema político. Generaliza-se a percepção de que há uma
"blindagem" da política aos verdadeiros interesses do povo
brasileiro. Nesse contexto, os partidos políticos e os próprios políticos são
vistos como parte de uma mesma engrenagem subordinada aos interesses das elites
e a democracia representativa se apresenta, aos olhos da juventude, como um
mecanismo que impede a democracia efetiva. Mesmo as bandeiras de partidos de
esquerda passam a ser vistas como símbolos da burocracia, apesar de seu
histórico de lutas. Mas a atual crise não se limita aos seus aspectos
econômicos e sociais mais evidentes. O atual sistema político não possibilitou
que nossa sociedade superasse as principais características herdadas de sua
condição colonial. Seus diferentes ciclos de desenvolvimento sempre
reproduziram a desigualdade social interna e a dependência externa. A
arquitetura institucional brasileira e a configuração estrutural do capitalismo
deixam espaços exíguos para política. Pois o Estado burguês é reprodutor da
lógica de acumulação financeira, que permeia a sociedade como um todo. A
principal herança negativa deste ciclo é ter alimentado a confusão entre a
defesa das liberdades democráticas e a democracia burguesa. A bandeira das
liberdades democráticas pertence à esquerda e não à burguesia (que se apoderou dela
em razão dos problemas enfrentados nas experiências de construção do
socialismo). Todas as liberdades democráticas foram historicamente conquistadas
em lutas populares e constituem um patrimônio das forças revolucionárias. Quem
é o inimigo? Para que as atuais mobilizações alcancem as resoluções dos
reais problemas do povo brasileiro, é necessário que enfrentem seus verdadeiros
inimigos. Evidenciá-los nas ações é o nosso desafio. No plano político geral, o
inimigo é a burguesia brasileira subordinada e/ou associada aos interesses
imperialistas que, diferentemente de outras “burguesias nacionais”, em outros
momentos históricos, não pode garantir às massas populares o acesso à riqueza
nacional, sob pena de suicidar-se, desaparecer enquanto classe. No dia a dia da
população esse inimigo está nas grandes empresas de transporte, os monopólios
da comunicação, as empresas educacionais, os planos de saúde, os bancos, só
para citar alguns. Como o inimigo vem atuando? Nossos inimigos atuam
aplicando medidas que buscam acomodar as tensões sociais, camuflar os conflitos
de classe e, em determinadas conjunturas, promover compensações, sem nunca
alterar a estrutura social de nosso país. Isso faz com que as contradições se
acumulem. Nesse sentido, quando os banqueiros impõem o superávit primário estão
confrontando os interesses do povo e suas reivindicações de mais recursos para
transporte, educação e saúde. As empresas de transporte coletivo, enfrentam os
interesses do povo quando se recusam a baixar as tarifas, para não perderem
parte de seus lucros. Os donos do ensino privado impõem altas taxas de juros,
que consomem boa parte do orçamento federal, e confrontam os interesses do
povo, que quer ver seus filhos com educação gratuita e de qualidade. Quando as
grandes empresas dos meios de comunicação atuam na defesa do monopólio do setor
e sobrevivem de recursos da publicidade estatal, limitam o direito de liberdade
de expressão e comunicação.
Neste momento, as grandes
empresas de comunicação, atuando conforme interesses de sua classe,
caracterizam-se como um dos principais inimigos do povo. O enorme poder
concentrado da mídia passa a atuar como verdadeiro partido político da classe
dominante, interferindo nas mobilizações, premiando e fortalecendo a imagem de
"líderes" que se amoldam aos seus interesses e condenando aqueles que
denunciam os reais inimigos dos interesses do povo. Atuam na disputa pela
interpretação das mobilizações, sendo instrumentos poderosos para construir uma
leitura, influenciando nas pautas que vão para as ruas e promovendo líderes
adequados aos seus interesses. Um bom exemplo disso é o reforço que é dado à
pauta da corrupção e da luta contra a chamada PEC 37, cujo significado a
maioria desconhece e foi claramente plantada pela direita e seus porta-vozes –
grande mídia, tudo para desviar as mobilizações populares dos seus verdadeiros
inimigos.
Cumpre relembrar que a bandeira
do combate àa corrupção não é de direita. A direita tem convertido esse tema em
sua pauta para explorar os desgastes com o julgamento do chamado “mensalão”,
buscando restringir seu enfoque ao governo federal e ao PT. É a direita
bradando bandeiras que são historicamente contra ela, para desviar o foco das
mobilizações e dar ao conteúdo da pauta um sentimento de revolta generalizada e
contra o governo federal e o PT. Outra atuação de destaque é incitar a
participação de setores da extrema direita, para atuarem como provocadores e
também para rivalizar com os setores progressistas, buscando isolá-los do
trabalho de massas. Outro aspecto importante é que a direita brasileira,
representada no projeto neoliberal – financista, derrotada nas urnas, vem
ganhando projeção com a judicialização da política, por meio da ofensiva via
poder judiciário para criminalizar a luta social. Esse poder judiciário é
conivente com a impunidade da violência contra os setores populares em luta e
promove a amplificação de seu papel no cenário político via intervenções
diretas nos grandes temas, sempre iluminados pela grande mídia. QUAIS OS CENÁRIOS PROVÁVEIS? As resoluções
da IV plenária nacional Soledad Barret, realizada em novembro de 2012, afirmam
que se abrirá uma conjuntura favorável à construção do projeto popular.
Acreditamos que as recentes mobilizações de parcelas da juventude brasileira
confirmam esta assertiva, inaugurando um novo ciclo de lutas sociais em nosso
país. O atual momento na realidade brasileira introduz boas e novas
possibilidades para a construção da força próprio do projeto popular. Esse
processo, por óbvio, será acompanhado de contradições e situações complexas.
Como toda retomada de lutas sociais, ocorrerá com fluxos e refluxos, os quais
exigirão da militância do conjunto dos movimentos sociais e organizações do
nosso campo político, criatividade, ousadia, disciplina e inteligência para lidar
com o desenrolar dos acontecimentos. Tal como afirmávamos em nossas resoluções
a direita “desencadeia desde já um processo de ofensiva contra as forças
populares e contra o governo Dilma. Esta ofensiva se materializa pelas
seguintes vias: no campo da luta institucional, no campo da luta ideológica e
no campo da luta social”.
Os próximos períodos serão
seguidos de mobilizações das forças sociais que disputam o poder na sociedade
brasileira. A direita, através da mídia golpista, tentará construir uma força
política anti-Dilma e anti-PT, com o intuito de desgastar o governo federal na
sociedade, utilizando a tática de “ir sangrando o governo”, para apresentar uma
alternativa nas eleições presidenciais em 2014. Neste sentido, intensifica o
papel da disputa das ruas com vistas a ganhar as eleições e para isso poderá
fabricar novas lideranças e tentar construir uma pauta conservadora na
sociedade. Muito embora não seja tentado (no plano imediato), um possível
impeachment da presidenta, não devamos desconsiderar completamente essa
possibilidade. Desde já a direita articula palavras de ordem como fora-Dilma.
Deveremos seguir vigilantes e atuando na conjuntura de modo a impedir que
bandeiras como essas disputem os rumos das mobilizações e o seu caráter essencialmente
progressista. A tentativa de generalizar pautas anti-governos, seja federal,
estaduais e municipais, tende a crescer, e a imobilidade de setores
progressistas – dentro e fora dos governos – contribui para a empurrar o
processo de mobilização para a direita. Sobre as mobilizações As
mobilizações tendem a se generalizar. O seu estopim se deu em torno da luta
pelo transporte público e pela redução da tarifa de ônibus em diversas cidades,
porém, tendem cada vez mais a se universalizarem. Isso ocorrerá na medida em
que os setores da classe trabalhadora organizada se insiram nas mobilizações,
pautando o conjunto das suas reivindicações. Temos a clareza de que sem a
entrada dos milhares de trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade,
dos jovens negros e negras das periferias, esse processo não se desenvolverá a
ponto de demonstrar ao conjunto da sociedade brasileira quais são os reais
inimigos do povo - aqueles que longe de defenderem um projeto nacional, são
diretamente atrelados aos interesses do imperialismo, que nesse momento de
crise econômica mundial investe sobre a América Latina, para desestabilizar
governos progressistas e forjar golpes contra o povo.
Nos últimos períodos o projeto
imperialista venceu eleições na Guatemala, Panamá, Chile e México. Domina a
maioria dos governos da América Central, e impulsionou o golpe em Honduras e no
Paraguai. Neste momento, tentam investir na Venezuela para sabotar os rumos da
revolução bolivariana, o que tem exigido dos trabalhadores e trabalhadoras
venezuelanos ainda mais resistência e organização para seguir aprofundando as
transformações em curso. As forças imperialistas mantêm a hegemonia dos meios
de comunicação de massa e se articulam em todo o continente. Na economia,
buscam obter o controle das matérias-primas minerais e agrícolas em todos os países.
Controlar os recursos naturais e energéticos da região seguirá sendo uma forma
de atuação fundamental para garantir a recuperação das suas economias diante da
presente crise. Tem o objetivo também de aprofundar a nossa dependência, que
nos deixa fadados a transferir valor para o centro capitalista, para que ele
possa se refazer de modo ainda mais feroz da atual crise. Muito embora as
eleições gerais de 2014 não sejam o centro da luta, nesse momento histórico seu
resultado será decisivo e tende a conformar uma maior polarização na nossa
sociedade. Abrir-se-á uma oportunidade de pautarmos o programa do projeto
popular na sociedade, seja nas lutas atuais, seja no processo eleitoral de
2014, e seguirmos acumulando forças para a transformação da sociedade
brasileira. Importante lembrar que estamos em uma conjuntura bastante dinâmica,
típicas de momentos de acirramento e retomada de lutas. Portanto, ante a
previsível possibilidade de se alterar em pouco tempo, dificultando fazer
previsões e traçar cenários, tais mudanças que adicionem elementos novos e
significativos serão correspondidas com novas orientações e diretrizes. Outro
aspecto desse momento é que tais previsões, cenários e mudanças exigem das
nossas organizações ritmos de funcionamento adequados.Devemos aproveitar para
ajustar nossas instâncias e funcionamentos para que respondam a esse novo
momento, certamente exigindo maior ritmo de trabalho, maior profissionalismo,
dentre outros.
E o que devemos fazer? Incidir nos rumos
desse movimento de massas: - Os rumos dos protestos e mobilizações estão em
disputa. Nesse momento, as forças populares e as forças de direita travam uma
batalha decisiva na luta política brasileira, que influenciará no estado de
ânimo da classe trabalhadora para o próximo período. - Essa disputa ocorre em
três níveis: I - Nas ruas, através das mobilizações de massas; II - No campo da
luta ideológica; III - No campo institucional. A batalha das ruas é decisiva.
Deveremos investir centralmente na disputa das mobilizações de massas. Disputar
as massas onde elas estão e não construir pequenos atos isolados somente da
esquerda. - Devemos disputar a consciência das massas e os rumos da sociedade
brasileira. Isto será feito nas manifestações de massa e não separando as
forças de esquerda das grandes mobilizações e deixando as massas sob influência
da direita. 2- Incorporar outros setores da classe nesta luta: - A
disputa nas ruas somente será decidida a favor dos interesses populares se o
movimento operário organizado e a juventude das grandes periferias urbanas
ingressarem na luta. - Portanto, nossa tarefa central nesse momento passa por
contribuir para a inserção do movimento operário e da juventude em torno de
suas pautas estruturais. Como ponto de partida, devemos investir esforços para
garantir a participação nos protestos da base dos movimentos populares. - As
escolas secundaristas e as universidades são o espaço privilegiado para atingir
mais setores da juventude trabalhadora. Precisamos dedicar o máximo de esforço
nas atividades junto às escolas. 3- Fortalecer a unidade da esquerda: -
Fortalecer a coesão do nosso campo político (Consulta Popular, Levante Popular
da Juventude, MST, MAB, MPA, MMC, etc) nos proporcionará mais possibilidades de
intervir na conjuntura, assim como pode contribuir para a unidade do campo
democrático e popular. - Em cada cidade brasileira onde tivermos influência,
pautaremos a unidade dos movimentos sociais, entidades estudantis, partidos de
esquerda, centrais sindicais e pastorais sociais. Devemos aproveitar a
tentativa de apropriação do movimento pelas forças de direita para coesionar a
unidade das forças de esquerda. Construir plenárias para o amadurecimento da
pauta e para atuarmos conjuntamente na agitação e propaganda são fundamentais,
assim como envolver o máximo de entidades, movimentos e lideranças locais nas
lutas. - Faremos um esforço para construirmos uma jornada nacional de lutas
impulsionada pelas centrais sindicais e movimentos populares. O desafio é consolidar
uma plataforma programática pautada pelas reformas estruturais. A orientação é
manter e intensificar as mobilizações. 4- Politizar o Movimento a partir da
inclusão das nossas pautas: - Precisamos estar atentos às pautas que estão
ganhando força nas mobilizações de rua, para dialogarmos com o nível de
consciência das massas, e construirmos a partir disso a politização, para obter
conquistas e avanços progressistas, realizar o debate com a ideologia
conservadora e enfraquecer nossos inimigos. - Articular nossas pautas locais e
estaduais junto de uma unidade de ação nacional. - Lutarmos pelo direito de
manifestação e organização, Pela Liberdade de expressão, garantidos pela
democracia. Abaixo a repressão policial nas mobilizações. - Denunciar o
papel nefasto da grande mídia, que confunde o povo com a manipulação das
imagens, falas e palavras de ordem e criminaliza as lutas sociais. Nesse
sentido é fundamental agitarmos o “FORA REDE GLOBO!!!”, gritado em todos
os atos. Precisamos enfrentar também o monopólio da mídia, controlada por
apenas 11 famílias no Brasil, lutando pela Democratização dos Meios de
Comunicação. - Seguirmos em luta pela redução das tarifas e pela melhoria
da qualidade dos transportes públicos. - Lutarmos pelos 10% do PIB para a Educação
e por 100% dos royalties do Petróleo para Educação. - Lutarmos por mudanças no
nosso sistema político, pelo financiamento público das campanhas eleitorais e
regulamentação dos dispositivos de participação popular. - Seguirmos em luta
pela Redução da Jornada de Trabalho. - O ponto de partida para avançarmos na
mobilização pelas reformas estruturais passa inicialmente pela incorporação das
pautas locais. 5 - Fortalecer a construção do Levante Popular da Juventude -
O Levante deve ser a ferramenta organizativa que devemos projetar nesse
momento, pois é uma importante referência para uma parcela dessa massa. 6-
Convocação de “Assembleias Populares” - Estimular o debate político no seio
do povo, fora dos momentos eleitorais, possibilita a propagação de ideias e a
aproximação de novos militantes. - Estamos disputando a linha política desse
movimento, contudo, por sua dinâmica, não vai surgir uma liderança ou uma
organização própria dirigente. Portanto, entre nossas tarefas, temos que criar
experiências que possamos acumular no terreno organizativo e tentarmos
influenciar o movimento para além da nossa força social já constituída. - A
convocação de Assembleias Populares devem ser uma referência organizativa para
essa massa que está se movimentando. Não será propriamente uma nova
organização. Mas a convocação de espaços amplos, que aglutine gente, que
envolva os participantes, e que possibilite um espaço privilegiado para
incidirmos com a nossa linha política, bem como projetarmos o Levante como
referência de organização da juventude. - Estes espaços possibilitarão que
sistematizemos as demandas desses setores que estão em movimento,
articulando-as em um programa de reformas estruturais. - Precisamos saber
compreender e dialogar com as iniciativas espontâneas, que vão se construindo
na dinâmica desse movimento, que surgem nas redes sociais, que emergem das
lutas de rua. Não deve ser, necessariamente, uma iniciativa convocada por uma
organização ou uma força política. É um espaço de base e não de articulação de
forças. 7- Influenciar através da Agitação e Propaganda - Nesse momento
devemos potencializar todo o nosso acúmulo em Agitação e Propaganda
-
Nas manifestações devemos: a) disputar os itinerários das marchas para que os
alvos expressem a nossa linha política; b) dar ênfase às palavras de ordem que
sintetizem as nossas pautas; c) devemos levar faixas e
cartazes com as reivindicações e bandeiras do Projeto Popular. - Disputar o
sentimento de nação e os símbolos nacionais. Desde nosso surgimento enfrentamos
a rejeição da esquerda tradicional à bandeira e ao hino nacional. Não podemos
nos colocar contra estas simbologias, afirmando somente as simbologias de
esquerda. Devemos incidir na agitação para dar conteúdo político a este
sentimento nacional. Caso contrário, vamos entregar esta simbologia para a
direita. - As redes sociais, assim como em outros processos no mundo,
revelam-se uma ferramenta importante no processo da luta ideológica e
mobilização, por isso devem ser potencializadas ao máximo. 8- Incidir nas
linhas, mas preservando a segurança da militância - Devemos estar atentos
para as questões de segurança da militância diante dos enfrentamentos com
grupos de extrema direita. Vamos para as ruas! Sabemos quem é o inimigo, temos
unidade política e ideológica e boas possibilidades de materializar uma linha
política justa e apresentar um programa que traga soluções para os problemas
básicos do povo. É a possibilidade que temos de acumular forças para avançarmos
na construção de um Projeto Popular para o Brasil. Recordemos o ensinamento de
Carlos Marighella: “Lênin diz que o erro fundamental é render
culto ao espontaneísmo, pois quanto maior e mais poderoso seja o auge
espontâneo das massas, tanto mais se exige elevar a consciência do partido. Sem
isso não se pode dirigir todo o movimento. E de explosões
espontâneas nada se pode esperar, se não há liderança da vanguarda do
proletariado”. Ecletismo e Marxismo, Carlos Marighella, 1967.
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