Levantamento
revela que prefeitura pediu ajuda a PM para proteger sede, mas
corporação comandada por Geraldo Alckmin só apareceu após duas horas.
Redução de pagamentos da Prefeitura à PM, em razão de contagem rigorosa
de policiais na Operação Delegada, está por trás da recusa em atender
chamado
As relações entre o prefeito Fernando Haddad, do PT, e o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, azedaram. Há forte desconfiança entre os principais auxiliares do prefeito de que, propositadamente, a Polícia Militar demorou quase três horas para atender uma solicitação formal pela presença da tropa de choque diante da sede do poder municipal, para garantir sua integridade. Após quebrarem os vidros da sede da Prefeitura e incendiarem um carro de ao vivo da Rede Record, vândalos passaram a praticar saques em lojas da Rua Direita e, também, a fazer cerco no Teatro Municipal, onde mais de 200 pessoas assistiam a um espetáculo de ópera.
O pedido à PM de proteção à sede municipal ocorreu, efetivamente, pouco antes das 19h00, quando os vidros frontais do prédio da Prefeitura ainda não tinham sido quebrados pelos manifestantes. Foi feito na forma de um telefonema do coronel Falconi, chefe da segurança do prefeito Haddad. Oficial da PM, ele ligou para o comandante-geral da corporação, coronel Meira. O segundo dele, coronel Ribeiro, foi informado da solicitação. Estranhamente, para os responsáveis pela segurança da Prefeitura, a Tropa de Choque não apareceu até cerca de nove e quinze da noite. Uma demora considerada um verdadeiro boicote.
Dentro do prédio, com os manifestantes agora pressionando as pesadas portas de ferro, cerca de 200 funcionários públicos municipais encerravam seu expediente de trabalho. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) estava de prontidão com um contingente de 106 homens. Mas o número pareceu insuficiente para controlar a fúria dos vândalos.
BRIGA NA OPERAÇÃO DELEGADA
Na administração de Gilberto Kassab, as relações entre a GCM e a PM eram de amor profundo, principalmente por conta da criação da Operação Delegada, uma forma de remunerar o efetivo da tropa da Polícia Militar durante o período de descanso na escala, a pretexto de combater o comércio clandestino no centro da cidade. Com a chegada da gestão Haddad, os pagamentos regulares da ordem de R$ 14 milhões, que eram feitos por estimativa, passaram a ser feitos apenas mediante a apresentação de planilha que comprova o efetivo lotado. Com isso, os repasses diminuíram. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, a PM não conseguiu comprovar os 3.898 soldados destacados pela operação delegada. E os pagamentos caíram de R$ 14 milhões para R$ 11,7 milhões, R$ 10,9 milhões e R$ 11,1 milhões, respectivamente.Em abril, com o novo convênio assinado entre a Prefeitura e a PM, com o consenso do Governo do Estado de São Paulo, embora a Polícia Militar pudesse colocar um efetivo de 2.074 soldados na repressão aos camelôs, no primeiro mês colocou apenas 1.450. Isso gerou um pagamento de R$ 5,5 milhões. Em maio, 1.693, o que resultou em pagamento de R$ 6,5 milhões. A diferença de efetivo, de 1.800 soldados, que deveria ser deslocada para rondas no Centro, e nos bairros da Vila Formosa, M’Boi Mirim e Campo Limpo jamais foi disponibilizada. Apenas 114 soldados foram destacados para o Centro da cidade.
Por esta razão, os homens de confiança de Haddad não se surpreenderam com o fato de a Polícia Militar não ter atendido ao chamado da Prefeitura nesta noite. Ou que tenha cruzado os braços diante da violência na Virada Cultural, no mês passada. Eles também não isentam a PM de culpa no trato com as manifestações do Movimento Passe Livre. A Prefeitura foi quebrada por fora porque o Choque, chamado, não apareceu a tempo certo.
Brasil 247
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