Por Paulo Nogueira - de Londres
A China reagiu com frieza nesta quarta-feira a uma proposta
francesa de resolução do Conselho de Segurança da ONU para o controle
das armas químicas da Síria, dizendo que eventuais decisões devem se
basear num consenso e levar a uma solução pacífica.
A proposta redigida pela França dá 15 dias para que a Síria apresente
um inventário completo do seu programa de armas químicas, e que abra
imediatamente todos os locais relacionados a inspetores da ONU.
O texto, ao qual a agência inglesa de notícias Reuters teve
acesso, acrescenta que, em caso de descumprimento, o Conselho de
Segurança se reserva ao direito de “adotar novas medidas necessárias de
acordo com o Artigo 7º.” da Carta da ONU.
O artigo 7º. trata do poder conferido ao Conselho para impor sanções
ou intervenções militares. Essa referência, segundo diplomatas, deixou a
Rússia relutante em apoiar a proposta francesa.
O porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, não manifestou
explicitamente apoio ou reprovação à proposta chinesa, mas fez algumas
ressalvas.
“A China apoia o Conselho de Segurança da ONU desempenhando um
papel importante nas questões da paz mundial e da segurança, e está
disposto a permanecer em contato com todas as partes a respeito os
próximos passos pelo Conselho de Segurança”, disse.
- Também acreditamos que uma ação do Conselho de Segurança deve se
basear no consenso alcançado após discussões completas com todos os
lados, deve ajudar a melhorar a atua tensão na Síria, ser útil para
manter a paz e a estabilidade na Síria e na região, e ser útil para uma
solução política – acrescentou Hong.
Rússia e China já vetaram várias tentativas anteriores de impor
punições ao governo sírio por intermédio do Conselho de Segurança.
Hong repetiu a oposição chinesa a qualquer ação militar unilateral na
Síria, e disse que a proposta original da Rússia, prevendo a entrega do
arsenal químico sírio ao controle internacional, criou uma
“oportunidade importante” para uma solução política da crise.
- Esperamos que todas as partes possam aproveitar essa oportunidade e
se esforçar proativamente para resolver a questão síria por meios
políticos e diplomáticos – afirmou.
A proposta feita pela Rússia levou o governo dos EUA a reverem, ao
menos temporariamente, sua intenção de bombardear a Síria para punir o
governo de Bashar al Assad pelo suposto uso de armas químicas contra
civis. Assad nega ter cometido o ataque com gás sarin em 21 de agosto.
Fonte: Correio do Brasil
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