Por Heloisa Villela, de Nova York, no Viomundo
Para quem só entende a lógica capitalista, John Kirk explica: no
mundo globalizado, cada país vende aquilo que faz de melhor ou que tem
de excedente.
A Colômbia vende muito café, o Chile exporta frutas e Cuba hoje vende ao mundo serviços na área de saúde.
John Kirk é britânico, estudou na Espanha e é radicado no Canadá onde, há três décadas, tornou-se um dos mais respeitados professores de estudos espanhóis e latino americanos. É professor da Universidade Dalhousei.
Ele tem se dedicado a um assunto em particular: Cuba. Especialmente à política externa e ao sistema de saúde do país. Por isso se voltou para o que chama de internacionalismo médico.
Ele visita Cuba desde 1976 e se interessou pelo país porque sempre viajou muito pela América Latina.
Nas viagens, começou a encontrar mais e mais médicos cubanos por toda parte.
Há cinco anos ele escreveu o primeiro livro sobre este intercâmbio médico e está preparando o segundo. Desta vez, vai corrigir dois erros. Vai mudar de editora e de conclusão.
A University Press, da Flórida, empresa que distribui Cuban medical internationalism: origins, evolution and goals (Internacionalismo médico cubano: origens, evolução e metas) cobra mais de US$ 100,00 por cópia.
John Kirk desconfia que o objetivo seja dificultar ao máximo a venda.
Quanto à conclusão, expressa logo na abertura do livro, ele mudou de ideia. Ele achava, anteriormente, que o principal motivo para tanta dedicação de Havana à saúde alheia era uma forma de conquistar votos e apoio nas Nações Unidas.
Hoje, John Kirk está convencido de que o espírito humanitário, a noção de que é um dever ajudar quem precisa estão sedimentados na cultura cubana, além de fazer parte da Constituição do país.
No mundo capitalista globalizado, onde os interesses econômicos determinam as ações governamentais e vale tudo para conseguir novos negócios, até mesmo espionar governos amigos, soa irreal e ingênuo.
Mas Cuba investiu muito no programa, nos últimos 50 anos. E continua investindo.
A Colômbia vende muito café, o Chile exporta frutas e Cuba hoje vende ao mundo serviços na área de saúde.
John Kirk é britânico, estudou na Espanha e é radicado no Canadá onde, há três décadas, tornou-se um dos mais respeitados professores de estudos espanhóis e latino americanos. É professor da Universidade Dalhousei.
Ele tem se dedicado a um assunto em particular: Cuba. Especialmente à política externa e ao sistema de saúde do país. Por isso se voltou para o que chama de internacionalismo médico.
Ele visita Cuba desde 1976 e se interessou pelo país porque sempre viajou muito pela América Latina.
Nas viagens, começou a encontrar mais e mais médicos cubanos por toda parte.
Há cinco anos ele escreveu o primeiro livro sobre este intercâmbio médico e está preparando o segundo. Desta vez, vai corrigir dois erros. Vai mudar de editora e de conclusão.
A University Press, da Flórida, empresa que distribui Cuban medical internationalism: origins, evolution and goals (Internacionalismo médico cubano: origens, evolução e metas) cobra mais de US$ 100,00 por cópia.
John Kirk desconfia que o objetivo seja dificultar ao máximo a venda.
Quanto à conclusão, expressa logo na abertura do livro, ele mudou de ideia. Ele achava, anteriormente, que o principal motivo para tanta dedicação de Havana à saúde alheia era uma forma de conquistar votos e apoio nas Nações Unidas.
Hoje, John Kirk está convencido de que o espírito humanitário, a noção de que é um dever ajudar quem precisa estão sedimentados na cultura cubana, além de fazer parte da Constituição do país.
No mundo capitalista globalizado, onde os interesses econômicos determinam as ações governamentais e vale tudo para conseguir novos negócios, até mesmo espionar governos amigos, soa irreal e ingênuo.
Mas Cuba investiu muito no programa, nos últimos 50 anos. E continua investindo.
John Kirk |
Só
que agora, depois que Raúl Castro assumiu a direção do país, houve uma
mudança. Cuba passou a cobrar de quem tem, para continuar oferecendo
ajuda a quem não pode pagar. Assim, governos árabes, como o do Qatar,
pagam pela experiência dos médicos cubanos, enquanto o Haiti continua
recebendo todo o apoio de graça.
Para John Kirk, o sucesso incontestável do programa de saúde cubano, e da diplomacia médica, é o segredo mais bem guardado da história.
Segredo, diz ele, que os meios de comunicação ocidentais fazem questão de manter guardado. Muito bem guardado. Ele conta que observou com atenção o trabalho da imprensa internacional logo após do terremoto do Haiti, em 2010.
A imprensa não falava dos médicos cubanos, que já estavam na ilha antes do terremoto e estão lá até hoje.
Uma reportagem na rede de tevê a cabo americana CNN chegou a entrevistar um médico obviamente cubano, porque o sotaque não nega, que vestia uma camisa com o retrato de Che Guevara, e foi identificado como um médico espanhol, conta John Kirk.
O pesquisador britânico entrevistou mais de 70 profissionais de saúde cubanos em Cuba e no exterior, nos últimos sete anos.
Ele está escrevendo outro livro, que deve ficar pronto em janeiro. Mas adiantou ao Viomundo alguns resultados do estudo. Diz que hoje Cuba tem um número maior de profissionais de saúde trabalhando em missões de cooperação fora do país do que todos os países do G-8 somados.
Os médicos cubanos estão dando aulas em 15 países (entre eles Etiópia, Iêmen e Gana). Foram os profissionais de Cuba que, através do programa Operação Milagre, salvaram a vista de Mario Terán, o soldado boliviano que executou Che Guevara em outubro de 1967.
A informação foi confirmada pelo filho de Terán em carta enviada a um jornal boliviano.
John Kirk se mostrou indignado com reação de algumas organizações da classe médica, no Brasil, contra o programa que começa a levar assistência aos municípios que não têm profissionais de saúde para cuidar da população. Mas tem certeza de que, a exemplo do que já se passou em outros países, em breve a população brasileira, atendida pelos cubanos, vai mudar a opinião de quem ainda resiste ao programa.
VIOMUNDO – Por que você escolheu esse tema para suas pesquisas?
JK – Vou a Cuba desde 1976. Escrevi 13 livros sobre Cuba. Conheço bem o país e recentemente, quase todo o meu trabalho tem sido sobre a política externa de Cuba. Viajei muito pela América Latina e toda hora esbarrava em médicos cubanos.
Então escrevi um livro sobre internacionalismo médico há cinco anos. Agora estou escrevendo um segundo sobre internacionalismo médico analisando o que os médicos cubanos estão fazendo, onde estão e qual é o impacto do trabalho deles. É algo que me interessa muito e que é um dos segredos mais bem guardados do mundo.
VIOMUNDO – Por que a necessidade de um novo livro? O programa mudou?
JK – Com o Raul Castro, que assumiu o poder em 2008, como interino e depois como presidente, Cuba inaugurou uma política de cobrar dos países que podem pagar pelo serviço médico para cobrir ao menos pelo custo do programa. Antes disso, desde 1960, Cuba mandava delegações médicas, sem custo.
Em 1960 houve um terremoto no Chile. Cuba mandou uma delegação médica apesar de o governo do Chile, na época, ter péssimas relações com Cuba. Em 1972, o Somoza, na Nicarágua, um dos grandes inimigos do governo de Castro, sofreu um grande terremoto em Manágua. Cuba também enviou ajuda médica e vem fazendo isso sem cobrar nada.
VIOMUNDO – Mas este socorro de emergência não é o único projeto médico de Cuba no exterior…
JK – Eles também têm o programa Operação Milagre, as operações de vista que já recuperaram a visão de 3 milhões de pessoas na América Latina. Em Chernobyl, em 1996, quando o reator nuclear implodiu, Cuba tratou, de graça, 25.000 pacientes. Além disso, a ELAM, a Escola Latino Americana de Medicina, já formou 13.000 alunos, de graça.
Esse programa tem várias faces. Mais e mais, Cuba tem um excesso de médicos. O Brasil tem uma relação bem baixa, de 1,8 médicos para cada 1.000 habitantes, enquanto Cuba tem 6,7 para cada mil. Cuba tem um superávit de médicos e está usando a exportação de capital humano como forma de levantar recursos para a sociedade cubana.
VIOMUNDO – Então os médicos se tornaram um item importante da pauta de exportações?
JK – No ano passado, estima-se que o turismo rendeu 2,7 bilhões de dólares para a economia cubana e a exportação de serviços profissionais, 6 bilhões de dólares. Esses serviços profissionais significam, basicamente, médicos.
Para John Kirk, o sucesso incontestável do programa de saúde cubano, e da diplomacia médica, é o segredo mais bem guardado da história.
Segredo, diz ele, que os meios de comunicação ocidentais fazem questão de manter guardado. Muito bem guardado. Ele conta que observou com atenção o trabalho da imprensa internacional logo após do terremoto do Haiti, em 2010.
A imprensa não falava dos médicos cubanos, que já estavam na ilha antes do terremoto e estão lá até hoje.
Uma reportagem na rede de tevê a cabo americana CNN chegou a entrevistar um médico obviamente cubano, porque o sotaque não nega, que vestia uma camisa com o retrato de Che Guevara, e foi identificado como um médico espanhol, conta John Kirk.
O pesquisador britânico entrevistou mais de 70 profissionais de saúde cubanos em Cuba e no exterior, nos últimos sete anos.
Ele está escrevendo outro livro, que deve ficar pronto em janeiro. Mas adiantou ao Viomundo alguns resultados do estudo. Diz que hoje Cuba tem um número maior de profissionais de saúde trabalhando em missões de cooperação fora do país do que todos os países do G-8 somados.
Os médicos cubanos estão dando aulas em 15 países (entre eles Etiópia, Iêmen e Gana). Foram os profissionais de Cuba que, através do programa Operação Milagre, salvaram a vista de Mario Terán, o soldado boliviano que executou Che Guevara em outubro de 1967.
A informação foi confirmada pelo filho de Terán em carta enviada a um jornal boliviano.
John Kirk se mostrou indignado com reação de algumas organizações da classe médica, no Brasil, contra o programa que começa a levar assistência aos municípios que não têm profissionais de saúde para cuidar da população. Mas tem certeza de que, a exemplo do que já se passou em outros países, em breve a população brasileira, atendida pelos cubanos, vai mudar a opinião de quem ainda resiste ao programa.
VIOMUNDO – Por que você escolheu esse tema para suas pesquisas?
JK – Vou a Cuba desde 1976. Escrevi 13 livros sobre Cuba. Conheço bem o país e recentemente, quase todo o meu trabalho tem sido sobre a política externa de Cuba. Viajei muito pela América Latina e toda hora esbarrava em médicos cubanos.
Então escrevi um livro sobre internacionalismo médico há cinco anos. Agora estou escrevendo um segundo sobre internacionalismo médico analisando o que os médicos cubanos estão fazendo, onde estão e qual é o impacto do trabalho deles. É algo que me interessa muito e que é um dos segredos mais bem guardados do mundo.
VIOMUNDO – Por que a necessidade de um novo livro? O programa mudou?
JK – Com o Raul Castro, que assumiu o poder em 2008, como interino e depois como presidente, Cuba inaugurou uma política de cobrar dos países que podem pagar pelo serviço médico para cobrir ao menos pelo custo do programa. Antes disso, desde 1960, Cuba mandava delegações médicas, sem custo.
Em 1960 houve um terremoto no Chile. Cuba mandou uma delegação médica apesar de o governo do Chile, na época, ter péssimas relações com Cuba. Em 1972, o Somoza, na Nicarágua, um dos grandes inimigos do governo de Castro, sofreu um grande terremoto em Manágua. Cuba também enviou ajuda médica e vem fazendo isso sem cobrar nada.
VIOMUNDO – Mas este socorro de emergência não é o único projeto médico de Cuba no exterior…
JK – Eles também têm o programa Operação Milagre, as operações de vista que já recuperaram a visão de 3 milhões de pessoas na América Latina. Em Chernobyl, em 1996, quando o reator nuclear implodiu, Cuba tratou, de graça, 25.000 pacientes. Além disso, a ELAM, a Escola Latino Americana de Medicina, já formou 13.000 alunos, de graça.
Esse programa tem várias faces. Mais e mais, Cuba tem um excesso de médicos. O Brasil tem uma relação bem baixa, de 1,8 médicos para cada 1.000 habitantes, enquanto Cuba tem 6,7 para cada mil. Cuba tem um superávit de médicos e está usando a exportação de capital humano como forma de levantar recursos para a sociedade cubana.
VIOMUNDO – Então os médicos se tornaram um item importante da pauta de exportações?
JK – No ano passado, estima-se que o turismo rendeu 2,7 bilhões de dólares para a economia cubana e a exportação de serviços profissionais, 6 bilhões de dólares. Esses serviços profissionais significam, basicamente, médicos.
A construtora brasileira Odebrecht está renovando o porto de Mariel, em Cuba |
VIOMUNDO – Então o que o Brasil está fazendo com Cuba, no programa Mais Médicos, é uma troca comercial?
JK – Eu fui a Cuba quatro vezes no último ano e estou indo novamente no mês que vem. A empresa Odebrecht, do Brasil, é muito importante lá agora. O Porto de Mariel está todo sendo reformado pela Odebrecht.
Brasil e Cuba fecharam vários acordos na área de biotecnologia e transferência de tecnologia. Existem rumores de que uma grande empresa de ônibus vai se instalar no Porto de Mariel. Então, o Brasil e Cuba, no governo Lula e no governo Dilma, se tornaram excelentes aliados e parceiros comerciais.
VIOMUNDO – Algumas pessoas no Brasil reclamam que o programa, na verdade, é uma maneira de o Brasil financiar a revolução cubana…
JK – Na economia global, todo país exporta o que tem de excedente. A Colômbia tem muito café por isso exporta café, o Chile tem muita fruta e exporta isso. Nessa economia global, Cuba tem um excesso de serviços profissionais e os está exportando.
O Brasil, importando 4.000 médicos, está dando dinheiro para a revolução cubana? Claro que está. Mas como parceiro comercial de Cuba, a Odebrecht está ganhando dinheiro em Cuba desenvolvendo um grande programa de construção e Cuba está preocupada com uma tomada do capitalismo por causa de um império de construção brasileiro? Claro que não.
Na economia internacional, você troca aquilo que tem ou faz de bom ou tem em excesso. Neste sentido, Brasil e Cuba estão fazendo uma troca sensata de produtos e serviços.
VIOMUNDO – Essa nova maneira de usar o programa de medicina no exterior muda, de alguma forma, o programa em si, os objetivos, a maneira com que eles atuam em outros países?
JK – No momento, o país que não tem como pagar ainda recebe o serviço de graça e o melhor exemplo disso é o Haiti. Se o país pode pagar, o melhor exemplo é o Qatar. Existe um hospital cubano em Qatar. E vários países árabes, agora, contrataram os serviços médicos de Cuba.
Existem aproximadamente 40.000 agentes de saúde cubanos, no momento, trabalhando em 67 países do mundo. Majoritariamente na América Latina, no Caribe e na África. Porém, mais e mais nos países árabes que têm dinheiro para pagar pelo serviço.
VIOMUNDO – Essa mudança afeta, de alguma maneira, a filosofia do serviço médico cubano?
JK – Em nada. Eu passei dois meses em El Salvador e na Guatemala trabalhando com os médicos cubanos e o interessante é que eles adotam a mesma filosofia de medicina preventiva, promover a educação local. Os médicos cubanos vivem em meio à população, frequentam as mesmas lojas, são muito visíveis e ativos na comunidade.
Eles também são bem treinados. Quase todos já participaram de outras missões no exterior. Estão muito acostumados a viver em condições difíceis, ao contrário dos colegas brasileiros dos bairros mais ricos de São Paulo e Rio.
Esses médicos cubanos vão se dar muito bem no meio da Amazônia, especialmente porque já viveram em condições bastante difíceis em outros países do terceiro mundo. Eles não são elitistas, vivem com o povo.
É importante entender que depois de crescer em condições difíceis em Cuba, eles se adaptam muito bem a qualquer situação. Vendo a reação das associações médicas no Brasil, é importante ressaltar que entre 80 e 85% dos problemas de saúde podem ser diagnosticados com uma boa consulta, com a observação apropriada, ouvindo o paciente e conversando com a família dele.
Em outras palavras, a tecnologia que se encontra nos hospitais top dos grandes centros não existe nas cidades menores. E essa é compreensão da medicina que os cubanos têm. Os médicos que preferem que essas populações não tenham assistência nenhuma, ao invés de ter os cubanos, estão negando qualquer juramento que fizeram. É impressionante!
Mas aconteceu o mesmo em outros países onde os cubanos chegaram pela primeira vez. Em Honduras, foram depois de um grande furacão e os dois países não tinham relações. A associação médica reclamou, exigiu a revalidação dos diplomas, e a população se rebelou. O governo de direita teve que voltar atrás.
Na Venezuela, a Federação Médica também não queria porque é competição com uma filosofia totalmente diferente e a elite não queria perder o controle da situação. Os médicos cubanos mostram que atendem melhor a população do que essa elite médica.
VIOMUNDO – Mas essa mudança, que começa a levar em conta algum interesse financeiro, influencia de alguma forma o trabalho dos médicos cubanos?
JK – Deve haver algum impacto. Se Cuba não tivesse tantos médicos como tem, teria efeito adverso. Mas Cuba tem muitos, muitos médicos. Mais de 80 mil para uma população de 11 milhões. E acho que o Partido Comunista disse que vai continuar. Está na Constituição cubana, que enfatiza a necessidade de oferecer ajuda humanitária onde quer que seja necessário, especialmente na América Latina e no Caribe.
Isso vai continuar e não vão negar ajuda a países que não têm dinheiro. Porém, mais e mais, acho que os médicos que Cuba em excesso serão exportados. Acho que terá impacto, sem dúvida. Mas a política governamental, sob Raúl Castro, ele deixou bem claro, o aumento da exportação de serviços será canalizada para benefício da população.
Então, todo o dinheiro que os médicos ganham para o estado vai para os cofres do estado para comprar livros e penicilina para as crianças, por exemplo, e mais dinheiro para os médicos.
VIOMUNDO – Qual seria o melhor exemplo de mudança profunda em um sistema de saúde nacional por conta do contato com médicos cubanos?
JK – O Haiti talvez seja o melhor exemplo. Quando o país sofreu com um grande furacão, o George, os médicos cubanos foram para lá. Centenas deles.
Quando aconteceu o terremoto, em 2010, ainda havia 400 médicos cubanos trabalhando no Haiti, de graça.
Em termos de mortalidade infantil, acesso a médicos, qualquer estatística que você quiser usar, o Haiti é o melhor exemplo.
Mas se você observar qualquer outro país no qual os cubanos estiveram envolvidos, na Guatemala, em Honduras, onde você teve um grande número de médicos cubanos, se pegar as estatísticas da Organização Pan-Americana de Saúde, e olhar as áreas onde os médicos cubanos estiveram, vai ver que essas áreas desassistidas se beneficiaram tremendamente do papel de Cuba.
VIOMUNDO – E o sistema de saúde mesmo, muda também?
JK – Isso é mais difícil avaliar. Talvez a Venezuela porque com o apoio financeiro de Hugo Chávez e as ideias dos cubanos, existe agora uma segunda ELAM, Escola Latino Americana de Medicina que foi instituída na Venezuela. Ela começou a funcionar no ano passado.
Existem cerca de 30 mil agentes de saúde cubanos na Venezuela. Destes 30 mil, uns 13 mil são médicos e eles começaram a trabalhar nos bairros treinando jovens venezuelanos que não têm dinheiro para frequentar a faculdade de medicina.
No passado, muitos eram enviados para a ELAM, para estudar em Havana. Mas a combinação Chávez-Castro decidiu treinar as pessoas na Venezuela mesmo. Este ano, os primeiros 8 mil médicos treinados para se tornarem médicos comunitários integrais se formaram. Até agora, 50 mil médicos venezuelanos já foram treinados por médicos cubanos.
VIOMUNDO – Essa segunda ELAM vai aceitar alunos apenas da Venezuela ou também de outros países?
JK – De outros países também. Este ainda é um trabalho em andamento, sendo criado, mas a filosofia médica… se você puder imaginar, Chávez e Fidel fizeram um pacto para treinar 100 mil médicos da América Latina e do Caribe sem custo algum para os estudantes. Eles foram escolhidos porque têm uma origem pobre, ao contrário de muitos médicos de vários países — tenho certeza que o Brasil não é uma exceção, ou a Venezuela — que foram embora para Miami, para o Canadá ou para a Europa.
Esses outros não. Quando se formam, voltam para suas comunidades. Tem dado resultado e vai continuar dando resultado.
Acho que se a gente refizer essa entrevista dentro de 10 anos, você verá, por toda a América Latina, que os médicos que se formaram sob a forma de pensar de Cuba e da Venezuela, tanto em Havana como em Caracas, terão modificado a forma que se pratica medicina na América Latina.
VIOMUNDO – Quando o programa começou em 1960, a ideia básica era a ajuda humanitária ou também havia um viés ideológico ou o objetivo de conquistar votos na ONU?
JK – A introdução do meu livro fala que quando comecei a pesquisa, achava que Cuba estava fazendo isso por motivos políticos, para ganhar votos na ONU. Isso está bem na abertura do meu livro. Mas eu estava errado.
Claro que também é um fator. Mas se você analisa o papel de Cuba no Timor Leste, por exemplo, quando o país se tornou independente, tinha apenas 47 médicos.
O governo pediu a Cuba que fornecesse alguns médicos e 250 foram enviados. Mas Castro disse: no lugar de fornecermos uma solução band-aid, por que não treinamos pessoas das suas comunidades que não podem pagar uma universidade de medicina?
Então, no ano passado, 400 médicos já estavam formados, treinados tanto em Havana como na faculdade que agora existe em Díli, capital do Timor Leste. Eu menciono isso porque Cuba pode conseguir no máximo um voto na ONU com este investimento massivo em capital humano no Timor Leste, sem custo para os timorenses.
VIOMUNDO – Essa faculdade no Timor Leste foi montada por Cuba?
JK – Sim. Os cubanos decidiram que, por uma questão de eficiência e custo, seria melhor, ao invés de levar centenas de timorenses para Havana, estabelecer uma faculdade no Timor Leste para treinar os estudantes locais.
VIOMUNDO – Como funciona, o país forneceu o prédio e Cuba montou o curso, forneceu os professores?
JK – Exatamente. E o Timor Leste é um exemplo do que Cuba fez por motivos humanitários, por solidariedade. Eles não ganham muitos votos na ONU com isso, mas fizeram assim mesmo. Foi assim também quando enviaram pessoas a Honduras, El Salvador, depois de furacões, à Nicarágua quando nem tinham relações diplomáticas.
Nada disso foi para ganhar votos na ONU porque não tinham relações diplomáticas com esses países. Eu escrevi um artigo a respeito dos motivos pelos quais Cuba faz isso. E listei várias razões.
Primeiro, por causa de Fidel Castro. Eu tive a sorte de passar duas semanas com ele em 1994 e 1996.
O premier da minha província, a Nova Escócia, que é um médico de família, estava em Cuba para discutir trocas comerciais. Mas como o premier tinha muito interesse em saúde pública, era um médico bastante liberal que trabalhou com ajuda humanitária na Nicarágua na época dos sandinistas e na África, ele e o Fidel Castro ficaram muito amigos.
Eu estava traduzindo e ouvia os dois. A ideologia do Fidel Castro foi crucial desde o começo e continua sendo ainda hoje.
Segundo, existem razões históricas. Na guerra da independência, contra a Espanha, de 1868 a 1898, vários estrangeiros foram a Cuba dar apoio e lutar pela independência. Por outro lado, o contingente Henry Reeve foi uma brigada de 2.000 especialistas de emergência formada depois do furacão Katrina. O Henry Reeve era um norte-americano que lutou pela independência de Cuba.
Então, a tradição da solidariedade internacional era muito importante. O fato de que Cuba foi mantida pela ajuda da União Soviética e pelos países do Leste Europeu, entre 1960 e 1990, também é parte dessa solidariedade internacional.
Em terceiro lugar, a Constituição cubana faz referência à obrigação de Cuba de ajudar quem está em uma situação mais difícil do que ela mesma. Está dentro da Constituição cubana essa necessidade de prover solidariedade e cooperação.
Um quarto fator seria a possibilidade de ganhar apoio internacional. Cuba, como você sabe, foi eleita como líder do movimento dos países não alinhados duas vezes. Cuba foi eleita para presidir a Comissão de Direitos Humanos da ONU com o apoio de 135 países. O Canadá foi eleito com o apoio de 130. E os votos que você comentou, da ONU, condenando o embargo dos Estados Unidos.
Seria muita inocência dizer que Cuba não pensou nessa perspectiva internacional e na possiblidade de conquistar votos na ONU. Mas acho que não foi um fator primordial.
Por todos estes motivos, Cuba mandou missões médicas a vários países quando não era nem tão bom assim para ela. Esse é um processo que já tem mais de 50 anos. Agora acho que está sendo usado como uma forma de conseguir capital e também como uma oportunidade para dar os médicos cubanos a chance de ganhar um salário decente.
Como você deve saber, em Cuba eles não ganham um salário decente. Indo ao Brasil, terão a oportunidade de ganhar muito mais do que podem ganhar em casa.
Por todos esses motivos, Cuba se envolveu em um programa internacional de cooperação, principalmente por razões humanitárias no começo, o que ainda é o fator essencial, mas também, mais recentemente, como forma de manter a economia cubana em dia.
JK – Eu fui a Cuba quatro vezes no último ano e estou indo novamente no mês que vem. A empresa Odebrecht, do Brasil, é muito importante lá agora. O Porto de Mariel está todo sendo reformado pela Odebrecht.
Brasil e Cuba fecharam vários acordos na área de biotecnologia e transferência de tecnologia. Existem rumores de que uma grande empresa de ônibus vai se instalar no Porto de Mariel. Então, o Brasil e Cuba, no governo Lula e no governo Dilma, se tornaram excelentes aliados e parceiros comerciais.
VIOMUNDO – Algumas pessoas no Brasil reclamam que o programa, na verdade, é uma maneira de o Brasil financiar a revolução cubana…
JK – Na economia global, todo país exporta o que tem de excedente. A Colômbia tem muito café por isso exporta café, o Chile tem muita fruta e exporta isso. Nessa economia global, Cuba tem um excesso de serviços profissionais e os está exportando.
O Brasil, importando 4.000 médicos, está dando dinheiro para a revolução cubana? Claro que está. Mas como parceiro comercial de Cuba, a Odebrecht está ganhando dinheiro em Cuba desenvolvendo um grande programa de construção e Cuba está preocupada com uma tomada do capitalismo por causa de um império de construção brasileiro? Claro que não.
Na economia internacional, você troca aquilo que tem ou faz de bom ou tem em excesso. Neste sentido, Brasil e Cuba estão fazendo uma troca sensata de produtos e serviços.
VIOMUNDO – Essa nova maneira de usar o programa de medicina no exterior muda, de alguma forma, o programa em si, os objetivos, a maneira com que eles atuam em outros países?
JK – No momento, o país que não tem como pagar ainda recebe o serviço de graça e o melhor exemplo disso é o Haiti. Se o país pode pagar, o melhor exemplo é o Qatar. Existe um hospital cubano em Qatar. E vários países árabes, agora, contrataram os serviços médicos de Cuba.
Existem aproximadamente 40.000 agentes de saúde cubanos, no momento, trabalhando em 67 países do mundo. Majoritariamente na América Latina, no Caribe e na África. Porém, mais e mais nos países árabes que têm dinheiro para pagar pelo serviço.
VIOMUNDO – Essa mudança afeta, de alguma maneira, a filosofia do serviço médico cubano?
JK – Em nada. Eu passei dois meses em El Salvador e na Guatemala trabalhando com os médicos cubanos e o interessante é que eles adotam a mesma filosofia de medicina preventiva, promover a educação local. Os médicos cubanos vivem em meio à população, frequentam as mesmas lojas, são muito visíveis e ativos na comunidade.
Eles também são bem treinados. Quase todos já participaram de outras missões no exterior. Estão muito acostumados a viver em condições difíceis, ao contrário dos colegas brasileiros dos bairros mais ricos de São Paulo e Rio.
Esses médicos cubanos vão se dar muito bem no meio da Amazônia, especialmente porque já viveram em condições bastante difíceis em outros países do terceiro mundo. Eles não são elitistas, vivem com o povo.
É importante entender que depois de crescer em condições difíceis em Cuba, eles se adaptam muito bem a qualquer situação. Vendo a reação das associações médicas no Brasil, é importante ressaltar que entre 80 e 85% dos problemas de saúde podem ser diagnosticados com uma boa consulta, com a observação apropriada, ouvindo o paciente e conversando com a família dele.
Em outras palavras, a tecnologia que se encontra nos hospitais top dos grandes centros não existe nas cidades menores. E essa é compreensão da medicina que os cubanos têm. Os médicos que preferem que essas populações não tenham assistência nenhuma, ao invés de ter os cubanos, estão negando qualquer juramento que fizeram. É impressionante!
Mas aconteceu o mesmo em outros países onde os cubanos chegaram pela primeira vez. Em Honduras, foram depois de um grande furacão e os dois países não tinham relações. A associação médica reclamou, exigiu a revalidação dos diplomas, e a população se rebelou. O governo de direita teve que voltar atrás.
Na Venezuela, a Federação Médica também não queria porque é competição com uma filosofia totalmente diferente e a elite não queria perder o controle da situação. Os médicos cubanos mostram que atendem melhor a população do que essa elite médica.
VIOMUNDO – Mas essa mudança, que começa a levar em conta algum interesse financeiro, influencia de alguma forma o trabalho dos médicos cubanos?
JK – Deve haver algum impacto. Se Cuba não tivesse tantos médicos como tem, teria efeito adverso. Mas Cuba tem muitos, muitos médicos. Mais de 80 mil para uma população de 11 milhões. E acho que o Partido Comunista disse que vai continuar. Está na Constituição cubana, que enfatiza a necessidade de oferecer ajuda humanitária onde quer que seja necessário, especialmente na América Latina e no Caribe.
Isso vai continuar e não vão negar ajuda a países que não têm dinheiro. Porém, mais e mais, acho que os médicos que Cuba em excesso serão exportados. Acho que terá impacto, sem dúvida. Mas a política governamental, sob Raúl Castro, ele deixou bem claro, o aumento da exportação de serviços será canalizada para benefício da população.
Então, todo o dinheiro que os médicos ganham para o estado vai para os cofres do estado para comprar livros e penicilina para as crianças, por exemplo, e mais dinheiro para os médicos.
VIOMUNDO – Qual seria o melhor exemplo de mudança profunda em um sistema de saúde nacional por conta do contato com médicos cubanos?
JK – O Haiti talvez seja o melhor exemplo. Quando o país sofreu com um grande furacão, o George, os médicos cubanos foram para lá. Centenas deles.
Quando aconteceu o terremoto, em 2010, ainda havia 400 médicos cubanos trabalhando no Haiti, de graça.
Em termos de mortalidade infantil, acesso a médicos, qualquer estatística que você quiser usar, o Haiti é o melhor exemplo.
Mas se você observar qualquer outro país no qual os cubanos estiveram envolvidos, na Guatemala, em Honduras, onde você teve um grande número de médicos cubanos, se pegar as estatísticas da Organização Pan-Americana de Saúde, e olhar as áreas onde os médicos cubanos estiveram, vai ver que essas áreas desassistidas se beneficiaram tremendamente do papel de Cuba.
VIOMUNDO – E o sistema de saúde mesmo, muda também?
JK – Isso é mais difícil avaliar. Talvez a Venezuela porque com o apoio financeiro de Hugo Chávez e as ideias dos cubanos, existe agora uma segunda ELAM, Escola Latino Americana de Medicina que foi instituída na Venezuela. Ela começou a funcionar no ano passado.
Existem cerca de 30 mil agentes de saúde cubanos na Venezuela. Destes 30 mil, uns 13 mil são médicos e eles começaram a trabalhar nos bairros treinando jovens venezuelanos que não têm dinheiro para frequentar a faculdade de medicina.
No passado, muitos eram enviados para a ELAM, para estudar em Havana. Mas a combinação Chávez-Castro decidiu treinar as pessoas na Venezuela mesmo. Este ano, os primeiros 8 mil médicos treinados para se tornarem médicos comunitários integrais se formaram. Até agora, 50 mil médicos venezuelanos já foram treinados por médicos cubanos.
VIOMUNDO – Essa segunda ELAM vai aceitar alunos apenas da Venezuela ou também de outros países?
JK – De outros países também. Este ainda é um trabalho em andamento, sendo criado, mas a filosofia médica… se você puder imaginar, Chávez e Fidel fizeram um pacto para treinar 100 mil médicos da América Latina e do Caribe sem custo algum para os estudantes. Eles foram escolhidos porque têm uma origem pobre, ao contrário de muitos médicos de vários países — tenho certeza que o Brasil não é uma exceção, ou a Venezuela — que foram embora para Miami, para o Canadá ou para a Europa.
Esses outros não. Quando se formam, voltam para suas comunidades. Tem dado resultado e vai continuar dando resultado.
Acho que se a gente refizer essa entrevista dentro de 10 anos, você verá, por toda a América Latina, que os médicos que se formaram sob a forma de pensar de Cuba e da Venezuela, tanto em Havana como em Caracas, terão modificado a forma que se pratica medicina na América Latina.
VIOMUNDO – Quando o programa começou em 1960, a ideia básica era a ajuda humanitária ou também havia um viés ideológico ou o objetivo de conquistar votos na ONU?
JK – A introdução do meu livro fala que quando comecei a pesquisa, achava que Cuba estava fazendo isso por motivos políticos, para ganhar votos na ONU. Isso está bem na abertura do meu livro. Mas eu estava errado.
Claro que também é um fator. Mas se você analisa o papel de Cuba no Timor Leste, por exemplo, quando o país se tornou independente, tinha apenas 47 médicos.
O governo pediu a Cuba que fornecesse alguns médicos e 250 foram enviados. Mas Castro disse: no lugar de fornecermos uma solução band-aid, por que não treinamos pessoas das suas comunidades que não podem pagar uma universidade de medicina?
Então, no ano passado, 400 médicos já estavam formados, treinados tanto em Havana como na faculdade que agora existe em Díli, capital do Timor Leste. Eu menciono isso porque Cuba pode conseguir no máximo um voto na ONU com este investimento massivo em capital humano no Timor Leste, sem custo para os timorenses.
VIOMUNDO – Essa faculdade no Timor Leste foi montada por Cuba?
JK – Sim. Os cubanos decidiram que, por uma questão de eficiência e custo, seria melhor, ao invés de levar centenas de timorenses para Havana, estabelecer uma faculdade no Timor Leste para treinar os estudantes locais.
VIOMUNDO – Como funciona, o país forneceu o prédio e Cuba montou o curso, forneceu os professores?
JK – Exatamente. E o Timor Leste é um exemplo do que Cuba fez por motivos humanitários, por solidariedade. Eles não ganham muitos votos na ONU com isso, mas fizeram assim mesmo. Foi assim também quando enviaram pessoas a Honduras, El Salvador, depois de furacões, à Nicarágua quando nem tinham relações diplomáticas.
Nada disso foi para ganhar votos na ONU porque não tinham relações diplomáticas com esses países. Eu escrevi um artigo a respeito dos motivos pelos quais Cuba faz isso. E listei várias razões.
Primeiro, por causa de Fidel Castro. Eu tive a sorte de passar duas semanas com ele em 1994 e 1996.
O premier da minha província, a Nova Escócia, que é um médico de família, estava em Cuba para discutir trocas comerciais. Mas como o premier tinha muito interesse em saúde pública, era um médico bastante liberal que trabalhou com ajuda humanitária na Nicarágua na época dos sandinistas e na África, ele e o Fidel Castro ficaram muito amigos.
Eu estava traduzindo e ouvia os dois. A ideologia do Fidel Castro foi crucial desde o começo e continua sendo ainda hoje.
Segundo, existem razões históricas. Na guerra da independência, contra a Espanha, de 1868 a 1898, vários estrangeiros foram a Cuba dar apoio e lutar pela independência. Por outro lado, o contingente Henry Reeve foi uma brigada de 2.000 especialistas de emergência formada depois do furacão Katrina. O Henry Reeve era um norte-americano que lutou pela independência de Cuba.
Então, a tradição da solidariedade internacional era muito importante. O fato de que Cuba foi mantida pela ajuda da União Soviética e pelos países do Leste Europeu, entre 1960 e 1990, também é parte dessa solidariedade internacional.
Em terceiro lugar, a Constituição cubana faz referência à obrigação de Cuba de ajudar quem está em uma situação mais difícil do que ela mesma. Está dentro da Constituição cubana essa necessidade de prover solidariedade e cooperação.
Um quarto fator seria a possibilidade de ganhar apoio internacional. Cuba, como você sabe, foi eleita como líder do movimento dos países não alinhados duas vezes. Cuba foi eleita para presidir a Comissão de Direitos Humanos da ONU com o apoio de 135 países. O Canadá foi eleito com o apoio de 130. E os votos que você comentou, da ONU, condenando o embargo dos Estados Unidos.
Seria muita inocência dizer que Cuba não pensou nessa perspectiva internacional e na possiblidade de conquistar votos na ONU. Mas acho que não foi um fator primordial.
Por todos estes motivos, Cuba mandou missões médicas a vários países quando não era nem tão bom assim para ela. Esse é um processo que já tem mais de 50 anos. Agora acho que está sendo usado como uma forma de conseguir capital e também como uma oportunidade para dar os médicos cubanos a chance de ganhar um salário decente.
Como você deve saber, em Cuba eles não ganham um salário decente. Indo ao Brasil, terão a oportunidade de ganhar muito mais do que podem ganhar em casa.
Por todos esses motivos, Cuba se envolveu em um programa internacional de cooperação, principalmente por razões humanitárias no começo, o que ainda é o fator essencial, mas também, mais recentemente, como forma de manter a economia cubana em dia.
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