Benedito Teixeira
Adital
Transformado em um dos grandes ícones do socialismo na América Latina,
o ex presidente do Chile Salvador Allende, há quase 40 anos, no dia 11 de
setembro de 1973, entraria para história. A data marca a deposição violenta de
seu governo pelos militares, liderados por um dos mais sangrentos ditadores
sul-americanos, Augusto Pinochet, cujo regime, que durou 17 anos, matou mais de
3 mil pessoas. Caiu um governo socialista e também seu presidente, que não
resistiu à pressão, cometendo suicídio nessa mesma data com uma metralhadora,
que teria ganhado do presidente cubano, Fidel Castro, dentro do Palácio La
Moneda, que àquela altura já estava sendo bombardeado com apoio da CIA, agencia
de inteligência dos Estados Unidos.
Allende, da Unidade Popular esquerdista, eleito democraticamente em 1970, com mais de 1 milhão de votos, em três anos de mandato, fez contundentes reformas no país. Destaque para a transferência do controle das minas de carvão, de cobre e dos serviços de telefonia da iniciativa privada para o Estado; de uma ampla intervenção nos bancos; do congelamento de preços; do aumento de salários dos trabalhadores; e, principalmente, começou a cumprir a promessa de reforma agrária, desapropriando grandes latifúndios, então improdutivos, e disponibilizando-os para os camponeses. Essas e outras medidas populares desagradaram profundamente a classe direitista do país, as grandes empresas e também o Governo dos EUA, que não queriam ter problemas com mais um governo socialista nas Américas, para além de Cuba.
Submetido a um forte bloqueio econômico por parte dos EUA, o Chile, e,
consequentemente, o governo do presidente Salvador Allende, mergulharam em uma
grave crise econômica, que culminou com o golpe militar, que sufocaria a via
chilena rumo ao socialismo. Vale lembrar que o governo estadunidense esteve por
trás de praticamente todos governos militares que tomaram à força o poder na
América Latina nas décadas de 1960 e 1970, entre eles Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador e Uruguai.
Durante todo o mês de setembro, atividades estão sendo
realizadas no Chile e em outros lugares do mundo para relembrar os 40 anos do
golpe de Estado e da morte de Allende. Segundo informações da Fundação Salvador
Allende, as homenagens ao ex-presidente chileno começaram nesta quarta-feira,
04 de setembro, com o aniversário do triunfo da Unidade Popular, cujo candidato
à Presidência, Salvador Allende, venceria as eleições realizadas no dia 04 de
setembro de 1970. Houve ainda lançamentos de livros que contam a história do ex
presidente e recuperam a memória do golpe militar.
Nesta sexta-feira, 06, está sendo realizado, em
Santiago, o seminario internacional "Salvador Allende: República, Democracia e
Socialismo”, que se estende até o sábado, 07. Propriamente no dia 11,
quarta-feira, será iniciada a Ação "Memórias Coletivas”, no Museu da
Solidariedade em Santiago, que contará, entre outras atividades, com o
lançamento de uma aplicação multimídia que reproduz as últimas palabras de
Allende antes do golpe e de sua morte.
Homenagens estão sendo prestadas em outras partes do
mundo, a exemplo do Arquivo Cinematográfico da Grécia, que, entre os dias 04 e
11 de setembro, realiza um festival com exibição exclusiva de 22 filmes em
memória da morte de Allende. Outras atividades acontecerão em Evere, na
Bélgica, Buenos Aires e em Madrid.
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