Além de Aécio, são citados nos grampos os o ex-prefeito de Uberaba Marcos Montes (PSD) e Danilo de Castro, articulador político de Aécio no estado e secretário de Governo do governador Antonio Anastasia (PSDB).
Sabe aquela conversa sobre critérios técnicos e meritocracia como a
solução para combater “loteamento” de cargos públicos no governo
federal? Cabe bem ao discurso tucano em época de eleição, mas de perto o
assunto muda de figura – e a pimenta espirra no olho.
Pois a “meritocracia” defendida aos berros pela oposição passou longe
da escolha da diretora regional da Secretaria de Estado de Assistência
Social em Uberaba Mônica Beatriz Silva Vieira. Ela
assumiu o posto em 25 de maio do ano passado. Para chegar lá, o
currículo foi o que menos importou. Bastaram 12 dias e sete telefonemas
das pessoas certas na hora certa: um bicheiro, um senador pau mandado e
um ex-governador com pretensões de chegar à Presidência.
É o que apontam as escutas telefônicas da Polícia Federal reveladas
pelo jornal O Estado de S.Paulo. Nas conversas, interceptadas com
autorização judicial, o senador Demóstenes Torres
(DEM-GO) é escalado para levar um pedido do contraventor Carlinhos
Cachoeira ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). A ordem era para conseguir
um emprego para Mônica Vieira, prima do bicheiro. Aécio disse
desconhecer que o pedido favoreceria o contraventor.
Além dele, de acordo com a reportagem, são citados nos grampos os o
ex-prefeito de Uberaba Marcos Montes (PSD), ex-prefeito de Uberaba, e
Danilo de Castro, articulador político de Aécio no estado e secretário
de Governo do governador Antonio Anastasia (PSDB).
“É importantíssimo pra mim. Você consegue por ela lá com Aécio… em Uberaba, pô, a mãe dela morreu. É irmã da minha mãe”,
mendiga o contraventor em 13 de maio de 2011, na primeira vez em que
Aécio é citado. Demóstenes, então, responde. “Tranquilo. Deixa eu só
ligar pro rapaz lá. Deixa eu ligar pra ele.”
Quem tem amigo tem tudo. E o possível tráfico de influência pode ser
mais uma das tantas artimanhas da confraria Cachoeira a ser investigada
pela CPI mista do Congresso.
De toda forma, o contraventor, que usava Demóstenes para interceder
por seus interesses em Brasília, pode usar o antes santo nome do senador
para se livrar de uma possível condenação. Segundo noticiou a Folha de
S.Paulo, Cachoeira pediu à Justiça a anulação das provas obtidas pela
Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo com o argumento de que
Demóstenes, por ter foro privilegiado, não poderia ser investigado sem
autorização do Supremo Tribunal Federal.
O argumento é facilmente desmontável, já que a acusação pode alegar
que senadores e governadores foram apenas citados nos grampos, e não
alvo da investigação em si. Mas a história recente de um país que livrou Daniel Dantas da prisão com argumentos parecidos manda o alerta.
O pedido é assinado pelos dois advogados de Cachoeira, o ex-ministro
da Justiça Márcio Thomaz Bastos e Dora Cavalcanti. A Justiça ainda não
se manifestou.
Fonte: CartaCapital
Nenhum comentário:
Postar um comentário