Maria do Carmo Luiz
Caldas Leite, da Fundação
Maurício Grabois, via Solidários
Depois do triunfo da
Revolução, em 1959, nenhum outro fato marcou tão intensamente a história de
Cuba, como a batalha da Praia Girón. Organizada pela CIA, a operação começou a
14 de abril de 1961, com a chegada dos barcos da brigada 2.506, armada e
treinada na Nicarágua e na Guatemala.
Compañeros de
historia,
tomando en cuenta lo
implacable
que debe ser la verdad,
quisiera preguntar
– me urge tanto
–,
¿qué debiera decir, qué
fronteras debo respetar?
Si alguien roba
comida
y después da la vida,
¿qué hacer?
¿Hasta donde debemos
practicar las verdades?
¿Hasta donde
sabemos?
Que escriban, pues, la
historia, su historia,
los hombres del «Praia
Girón».
(De Silvio
Rodríguez)
No dia 15 de abril de
1961, seis bombardeiros B-26, com as cores da Força Aérea cubana tentaram
destruir a pequena aviação revolucionária. Na tarde de 16, durante os funerais
das sete vítimas destes ataques aéreos, Fidel, então com 34 anos, afirmou
publicamente o caráter socialista da Revolução:
“O que os imperialistas
não podem perdoar-nos, é que nós tenhamos feito uma revolução socialista,
debaixo do nariz dos Estados Unidos”.
Os invasores, apoiados
pelos serviços secretos norte-americanos, de 17 a 19 de abril, atingiram as praias da
Baía dos Porcos, a 200 quilômetros de Havana. A
três milhas da costa, uma esquadra, que incluía porta-aviões e infantaria de
marinha, analisava o desenvolvimento da contra-ofensiva revolucionária e dos
invasores, permanecendo pronta a intervir. Naquela que foi a primeira grande
derrota do imperialismo na América Latina, soldados e milicianos dominaram, em
72 horas, um contingente de 1.400 cubanos exilados, que tentavam retroceder a
vitória do Movimento 26 de Julho.
Das raízes da Praia Girón
aflora uma grande questão: o que teria acontecido se Cuba fosse invadida no ano
de 1961? Em meio a essas elucubrações, à custa de muita meditação, emergem as
lembranças 200 mil pessoas mortas na República da Guatemala, segundo alguns
historiadores, índios em sua maioria. Quantos mortos haveria em Cuba, com mais
habitantes, melhor armados e com tradição de lutas? A mesma política
intervencionista, que gerou 30 mil vítimas na Nicarágua, contou com a
cumplicidade da máfia do narcotráfico aliada aos “contras” nicaraguenses. Na
década de 1980, em meio à onda de intervenções nos países da América Central,
foram enviadas tropas à ilha caribenha de Granada, com o “objetivo” de evitar a
expansão do comunismo na América Latina.
“Que cheguem sempre que
quiserem! Ficaremos à espera deles com os fuzis na mão. Nossa história é plena
de dias de glória, que ninguém poderá apagar, de recordações dos que deram suas
vidas generosas combatendo em qualquer canto da ilha ou do mundo”, como relatou
em inesquecível depoimento o cubano Emilio Rodriguez Montesinos, uma das muitas
testemunhas de tão memoráveis feitos.
Fonte: Síntese Cubana
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