É imperativo formatar uma matriz produtiva regional, especialmente entre Brasil e Argentina, na qual o custo da energia facilite uma proteção efetiva da produção independente das oscilações cambiais. Para isso, um trabalho comum entre YPF e Petrobras na produção e extração de petróleo off shore no Atlântico pode ser um passo importante, acompanhado de planos energéticos mais amplos com vistas a uma acumulação de longo prazo para o conjunto da Unasul. O artigo é de Mario E. Burkún.
Mario E. Burkún (*)
Buenos Aires - A decisão do governo
argentino de nacionalizar 51% do capital da companhia YPR-Repsol tem um
impacto muito significativo na atualidade econômica argentina e
internacional. Na etapa atual da globalização a disputa pelas matérias
primas é uma das bases de sustentação dos conflitos nas relações
internacionais. Dentro destas matérias primas não renováveis, o petróleo
e o gás são os principais componentes de incerteza na projeção dos
volumes de utilização assim como da evolução dos preços.
A posse destes insumos influencia o custo de produção empresarial e termina sendo um componente chave para a guerra comercial em um comércio cada vez mais protegido e submetido à incerteza do movimento da especulação financeira e das dificuldades monetárias.
Para a Argentina voltar a poder regular o mercado nacional de petróleo e gás tem como objetivo poder orientar a renda petroleira na direção do mercado de investimento produtivo, limitando a sucção do rendimento empresarial da Repsol via a descapitalização da companhia e a não utilização de parte do lucro para garantir uma exploração no longo prazo.
A mudança mais significativa será observada no médio e longo prazo, quando mudar a política energética nacional. É uma necessidade mudar a matriz energética, dirigindo o investimento à exploração e à obtenção da autossuficiência da indústria nacional para sustentar o crescimento evitando o estrangulamento da balança de pagamentos pela importação de energia.
Ao mesmo tempo, é imperativo formatar uma matriz produtiva regional, especialmente entre Brasil e Argentina, na qual o custo da energia facilite uma proteção efetiva da produção independente das oscilações cambiais. Para isso, um trabalho comum entre YPF e Petrobras na produção e extração de petróleo off shore no Atlântico pode ser um passo importante, acompanhado de planos energéticos mais amplos com vistas a uma acumulação de longo prazo para o conjunto da Unasul.
O outro campo significativo é o chamado combustível proveniente do shale gas (gás de xisto) e do shale oil (óleo de xisto), que poderia converter a região em um provedor internacional de energia. Isso significa ter a tecnologia adequada que, até os últimos três anos, era monopólio do Canadá e dos EUA, mas que pode ser desenvolvida no momento em que a mesma passa a ser rentável conforme os preços internacionais dos combustíveis previstos para a próxima década.
Sustentar em nossos países a taxa de crescimento dos últimos anos é imprescindível para seguir o caminho político da inclusão social e da evolução dos setores médios para um mercado de consumo em expansão.
A reprodução do capital com uma estrutura produtiva que incorpore a valorização de nossos recursos naturais não renováveis é um ponto de apoio fundamental para uma integração regional que tenha por objetivo o desenvolvimento de nossa sociedade, na perspectiva de um plano antropológico cultural de longo prazo.
(*) Mario Burkún é Doutor em Ciências Econômicas da Universidade Pierre Mendes France, de Grenoble, França. Professor de Ciências Econômicas na Universidade de Buenos Aires e na Universidade de La Matanza.
Tradução: Katarina Peixoto
A posse destes insumos influencia o custo de produção empresarial e termina sendo um componente chave para a guerra comercial em um comércio cada vez mais protegido e submetido à incerteza do movimento da especulação financeira e das dificuldades monetárias.
Para a Argentina voltar a poder regular o mercado nacional de petróleo e gás tem como objetivo poder orientar a renda petroleira na direção do mercado de investimento produtivo, limitando a sucção do rendimento empresarial da Repsol via a descapitalização da companhia e a não utilização de parte do lucro para garantir uma exploração no longo prazo.
A mudança mais significativa será observada no médio e longo prazo, quando mudar a política energética nacional. É uma necessidade mudar a matriz energética, dirigindo o investimento à exploração e à obtenção da autossuficiência da indústria nacional para sustentar o crescimento evitando o estrangulamento da balança de pagamentos pela importação de energia.
Ao mesmo tempo, é imperativo formatar uma matriz produtiva regional, especialmente entre Brasil e Argentina, na qual o custo da energia facilite uma proteção efetiva da produção independente das oscilações cambiais. Para isso, um trabalho comum entre YPF e Petrobras na produção e extração de petróleo off shore no Atlântico pode ser um passo importante, acompanhado de planos energéticos mais amplos com vistas a uma acumulação de longo prazo para o conjunto da Unasul.
O outro campo significativo é o chamado combustível proveniente do shale gas (gás de xisto) e do shale oil (óleo de xisto), que poderia converter a região em um provedor internacional de energia. Isso significa ter a tecnologia adequada que, até os últimos três anos, era monopólio do Canadá e dos EUA, mas que pode ser desenvolvida no momento em que a mesma passa a ser rentável conforme os preços internacionais dos combustíveis previstos para a próxima década.
Sustentar em nossos países a taxa de crescimento dos últimos anos é imprescindível para seguir o caminho político da inclusão social e da evolução dos setores médios para um mercado de consumo em expansão.
A reprodução do capital com uma estrutura produtiva que incorpore a valorização de nossos recursos naturais não renováveis é um ponto de apoio fundamental para uma integração regional que tenha por objetivo o desenvolvimento de nossa sociedade, na perspectiva de um plano antropológico cultural de longo prazo.
(*) Mario Burkún é Doutor em Ciências Econômicas da Universidade Pierre Mendes France, de Grenoble, França. Professor de Ciências Econômicas na Universidade de Buenos Aires e na Universidade de La Matanza.
Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Carta Maior
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