Enviado por: Miguel Gonçalves Trujillo Filho
No
dia de hoje, jovens de 10 estados brasileiros realizam ações de
protesto pela memória e justiça no aniversário de 16 anos do Massacre de
Eldorado dos Carajás, acontecido no dia 17 de abril de 1996 no estado
do Pará.
21
cruzes brancas, em memória aos 21 trabalhadores do campo executados
pela Polícia Militar em Eldorado, foram colocadas em pontos estratégicos
nos estados do Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia,
Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo,
Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
A
ação, organizada pelo Levante Popular da Juventude, visa denunciar a
impunidade dos responsáveis políticos e materiais pela chacina e dar
visibilidade aos conflitos no campo, fruto da concentração de terra no
país. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, os conflitos no campo
aumentaram de 2001 a 2010, levando ao assassinato de 360 trabalhadores.
Eldorado dos Carajás
Há
16 anos, 21 trabalhadores do campo foram assassinados na cidade de
Eldorado dos Carajás, no Pará. Na tarde do dia 17 de abril de 1996,
cerca de 1100 sem-terra interditavam a rodovia PA-150 em marcha rumo à
capital para exigir a desapropriação da fazenda Macaxeira, em Curionópolis (PA), ocupada por 1.500 famílias havia 11 dias.
Do
gabinete do então governador Almir Gabriel saiu a ordem de
“desobstrução da via”, encaminhada pelo secretário de Segurança Pública,
Paulo Sette Câmara, e executada com truculência pela polícia militar do
estado do Pará, em ação comandada pelo Coronel Mário Colares Pantoja e o
Major José Maria Pereira Oliveira.
O uso abusivo e truculento de força policial é comprovado pelos depoimentos, fotos e laudos periciais sobre a tragédia. A
perícia judicial divulgou laudo onde concluiu que os sem-terra foram
executados com tiros à queima-roupa, pelas costas ou na cabeça, com
golpes de machado e facão no momento em que já estavam rendidos pela
polícia.
Impunidade
Dos 155 acusados, 142 foram absolvidos, 11 foram retirados do processo e apenas dois - o Coronel Mário Colares Pantoja e o Major José Maria Pereira Oliveira - foram
condenados. O então Governador e o Secretário de Segurança Pública,
responsáveis políticos pela chacina, não foram sequer indiciados.
Em
2002, o Coronel Mário Colares Pantoja e o Major José Maria Pereira
Oliveira foram condenados a 228 e 154 anos de prisão. No entanto, apesar
da sentença, os dois respondem em liberdade, sem previsão para execução
da pena.
Levante Popular da Juventude
O
Levante Popular da Juventude é um movimento social organizado por
jovens que visa contribuir para a criação de um projeto popular para o
Brasil. Não é ligado a partidos políticos.
Com
caráter nacional, tem atuação em todos os estados do país, no meio
urbano e no campo. Se propõe a articular jovens, militantes de outros
movimentos ou não, interessados em discutir as questões sociais e
colaborar para a organização popular.
O
Levante organiza a juventude para fazer denúncias à sociedade, por meio
de ações de Agitação e Propaganda. Recentemente, no dia 26 de março,
organizou manifestos pela responsabilização dos militares acusados de
tortura durante o período da Ditadura Civil-militar. O Levante Contra a
Tortura foi realizado em vários Estados do país através de ações de
escrachos em frente à casa e locais de trabalho dos militares.
O
movimento não tem bandeiras previamente definidas. A luta política se
dá pelas pautas escolhidas pelos próprios militantes, que realizam
atividades de estudo e debates, sistematicamente, por todo o país.
Contato:
Hellen Cris Leite de Lima (41) 96006416 – Curitiba - PR
Gisiane Pantoja (91) 83107173 – Belém - PA
Pablo Neri (94) 91431588 – Eldorado dos Carajás- PA
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