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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ben Bella, primeiro presidente da Argélia, morre aos 96

 

Principal líder da luta pela indepedência de seu país diante da França, em 1962, foi um grande aliado cubano
O carismático Ahmed Ben Bella, símbolo da ideologia pan-arabista e do movimento anticolonial, primeiro presidente da Argélia, de 1963 até 1965, morreu nesta quarta-feira em sua casa, na capital Argel, aos 96 anos de idade. O comunicado da família não explica a causa da morte.
Aliado dos cubanos, na década de 1960, Ben Bella manteve encontros com Che Guevara antes de sua incursão no Congo, em 1965.
Mais do que isso, como o próprio Ben Bella contou em 2006, em entrevista à Silvia Cattori
"O Che tinha vindo a Argel trazer-me a mensagem de Fidel Castro, que tinha encontrado duas vezes. Pedia­‑nos para apoiar as lutas que se desenvolviam na América do Sul, porque Cuba não podia fazer nada; estava sob o controlo dos Estados Unidos, que ocupavam a baía de Guantanamo. Nada podia pois sair de Cuba, nem sequer uma caixa de fósforos, sem que os Estados Unidos o soubessem. Não hesitei um segundo. Foi a partir da Argélia, e com a participação do Che, que permaneceu entre nós durante seis meses, que foi criado o Estado­‑maior do exército de libertação da América do Sul. Posso dizê-lo agora: todos os combatentes que participavam na luta de libertação na América do Sul vieram à Argélia; foi de lá que todos os que lutavam partiram. Treinámo­‑los, arranjámo­‑nos de modo que as armas chegassem a eles, criamos redes. O Che veio em 1963, logo depois da minha chegada ao poder. Com o meu governo, comprometemo­‑nos a prestar a nossa ajuda às lutas de libertação nacional. Nesse momento, numerosos países eram ainda colonizados ou mal saíam da colonização. Toda a África praticamente estava nessa situação. Apoiamo­‑lo. Mandela e Amilcar Cabral também vieram à Argélia. Fui eu quem os treinou; depois partiram para conduzir a luta de libertação nos seus países. Para outros movimentos, que não estavam comprometidos na luta armada ou que tinham necessidade apenas de um apoio político, como o Mali, nós ajudávamo­‑los a outros níveis."
Após um golpe militar dado pelo então ministro de Defesa Houari Boumedienne, em 1965, Ben Bella ficou preso até 1980. Depois ele seguiu para um exílio na Suíça até retornar ao país em 1990.
Nascido no dia de Natal em 1916, Ben Bella cresceu em Marnia, na fronteira entre a Argélia e o Marrocos.


Fonte: Brasil de fato

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