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terça-feira, 10 de abril de 2012
Encontro debate 40 anos da Guerrilha do Araguaia
O Memorial da Resistência de São Paulo e o Núcleo de Preservação da Memória Política promoverão o Sábado Resistente dedicado ao símbolo de luta e resistência dos 40 anos da Guerrilha do Araguaia, no dia 14 de abril de 2012,das 14h às 17h30, no Memorial da Resistência, em São Paulo (SP).
De acordo com o Núcleo de Preservação, o debate discutirá o legado domovimento guerrilheiro e espera obter esclarecimentos sobre as ações movidas nas últimas semanas pelo Ministério Público Federal (MPF), para desvendar as responsabilidades pelos crimes que o Estado cometeu na região em que ocorreu a atividade armada, atendendo às determinações da Sentença da Corte Interamericana dos Direitos Humanos.
A abertura será feita às 14h, por Katia Felipini, coordenadora do Memorial da Resistência e Ivan Seixas, presidente do Núcleo de Preservação. Em seguida, das 14h15 às 16h, serão ministradas palestras por Romualdo Pessoa Campos Filho, Professor da Universidade de Goiás e autor do livro Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas; Andrey Borges de Mendonça, procurador da República, integrante do Grupo Direito à Memória e à Verdade do Ministério Público Federal, mestre e doutor pela Universidade Pablo de Olavides e Paulo Abrão Pires Júnior, Secretário Nacional da Justiça e Presidente da Comissão de Anistia doMinistério da Justiça .
Para as 16h, está prevista a projeção de um vídeo em homenagem aos combatentes do Araguaia. Seguindo a programação, às 16h15, será prestada homenagem ao guerrilheiro assassinado, Antônio Guilherme Ribas, ex-presidente da União Paulista de Estudantes Secundaristas. O MPF, pela coragem em denunciar o coronel da reserva Sebastião Curió Rodrigues pelo crime de sequestro qualificado de cinco pessoas atuantes no Araguaia, estará representado pelo procurador da República em Ribeirão Preto, Andrey Borges de Mendonça. Os familiares dos mortos e desaparecidos serão representados por Dalmo Ribeiro Ribas.
Ao final da programação, às 17h, haverá o lançamento da segunda ediçãodo livro de Romualdo Pessoa Campos Filho,Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas, obra publicada pela Editora Universidade Federal de Goiás. O debate reunirá especialistas, militantes de causas libertárias, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão.
A Sentença de Corte Interamericana de Direitos Humanos condena o Estado brasileiro a uma série de ações com caráter imediato, visando a localização dos corpos ainda desaparecidos, à abertura de arquivos, bem como reparações às famílias das vítimas. Também exige do Estado medidas judiciais efetivas para a responsabilização individual pelos crimes cometidos, como outras de caráter mais geral, objetivando o resgate da Verdade Histórica sobre os fatos ocorridos.
A guerrilha
Movimento guerrilheiro existente na região Amazônica, ao longo do Rio Araguaia, entre fins da década de 1960 até a primeira metade de 1970, a Guerrilha do Araguaia, movimento de contestação armada à ditadura militar brasileira, que, embora derrotada, deixou uma lição de resistência e tenacidade.
A Guerrilha foi deflagrada por militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e contou com a participação de mais de 200 pessoas, entre elas camponeses da região, que combatiam a ditadura militar vigente à época. Mais de 60 pessoas foram executadas no conflito e até hoje não se sabe o paradeiro de seus corpos.
O Exército brasileiro, que levou quase 10 mil soldados à região, após três campanhas militares sucessivas de ataque às forças guerrilheiras, conseguiu sufocar o movimento que estava sob a liderança do dirigente comunista, Maurício Grabois, morto em combate em 1972. Grabois, em seu diário, relatou parte das ações da guerrilha pela Rádio Tirana, da Albânia.
“A Rádio Tirana, no dia 2, irradiou artigo do Cid, tendo como centro os acontecimentos ocorridos no Sul do Pará. Matéria curta e muito boa. É um chamamento à luta. Encarou os fatos com grande amplitude e mostrou o sentido político de nossa resistência armada. Na primeira oportunidade discutiremos esse artigo em todos os DD. Também ficamos satisfeitos por estar o Cid são e salvo. A 3, a mesma rádio transmitiu a reportagem a respeito do relatório do Bispo de Marabá sobre os maus tratos ao padre Roberto e à Irmã Maria das Graças. Matéria excelente. O relatório, indiretamente, projeta a nossa luta nacionalmente e fora de nossa fronteira. A resistência armada, aqui no Araguaia, aguça contradições entre a ditadura militar e a Igreja Católica. Corajosa a atitude do Bispo. Este, em seu relatório, fala de guerrilheiros das regiões de S. Domingos e S. Geraldo e informa que um tal major Odon afirmara que o tenente Alfredo , que torturou os religiosos, estava nervoso e cansado por ter passado uma semana na mata. Ficará mais nervoso ainda porque terá que enfrentar por muito tempo os guerrilheiros na selva”, relatou Grabois.
Sábados Resistentes
Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores,estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.
Fonte: Correio do Brasil
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