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segunda-feira, 9 de julho de 2012

O mistério da “ponte escura”

 


Boris Pavlischev
 
O mistério da “ponte escura”
© Colagem: Voz da Rússia

Pela primeira vez, cientistas obtiveram uma prova convincente da existência de uma “ponte” de matéria escura entre dois aglomerados de galáxias. Esta ligação pode ser parte de uma enorme rede de matéria escura, que, segundo a maioria dos cientistas, é um “esqueleto” do Universo, segurando em si a matéria regular visível – estrelas e galáxias.

Cientistas começaram a falar sobre o fenômeno da matéria escura várias décadas atrás, quando notaram a rotação das galáxias. Com o aumento da distância de seus centros não diminuem as velocidades das estrelas, ao contrário dos planetas do sistema solar. Isto pode ser explicado apenas pela presença de uma grande massa escura, distribuída ao longo de todo o plano galáctico, diz o astrofísico do Instituto Astronômico Sternberg da Universidade Estadual de Moscou, Vladimir Surdin.
"Além da matéria comum, existe ainda algo que tem gravidade. Nós sentimos esse algo pela atração para ele de estrelas e planetas, mas não o vemos. Foi por isso que o chamamos de “escuro”. Esse algo não emite luz e não se manifesta de forma alguma, com exceção da gravidade. Esta matéria existe no universo em quantidades muito superiores às da matéria habitual. Foi a matéria escura que, no início da evolução do universo, criou a sua estrutura, sobre a qual, em seguida, foram colocadas, como contas num fio, as estrelas e galáxias normais. Nós sempre sentimos a presença da matéria escura lá, onde há grandes quantidades dela. Por exemplo, em aglomerados de galáxias. Mas durante muito tempo não conseguíamos provar que ela permeia todo o universo."
Coágulos de matéria escura se comportam como uma lente – com sua gravitação desviam partículas de luz que passam através deles a vindas de objetos distantes, de modo que um observador na Terra já vê uma imagem distorcida. Este fenômeno os cientistas chamaram de “lente gravitacional”. Foi ele que ajudou a revelar a “ponte” fina de matéria escura.
Jörg Dietrich de Munique, estudou o espaço entre dois aglomerados de galáxias na constelação de Cetus a 2,7 bilhões de anos-luz da Terra. Esse intervalo distorceu a imagem de 40.000 galáxias que estavam no fundo. Pelo grau de distorção foi calculada a massa do intervalo inteiro. Estrelas, gás intergaláctico e poeira deram em soma não mais de 19%. Por consequente, os restantes 81% são matéria escura: nada mais poderia explicar um tão grande desvio dos raios de luz. A propósito, a localização dos aglomerados de galáxias ajudou muito os cientistas. A “ponte” entre eles está disposta ao longo da linha de vista de um observador terrestre, o que aumenta várias vezes a refração da luz.
Segundo o interlocutor da Voz da Rússia, a descoberta confirma o modelo cosmológico padrão – a visão comum sobre o desenvolvimento do universo, no qual a matéria escura desempenha um papel fundamental. Além disso, foi obtida evidência confiável da existência dessa matéria.

ruvr.ru

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