O Capital (Das Kapital), principal obra de Karl Marx, é publicado no dia 17 de julho de 1867. Desde então, a economia e a filosofia marxista foi objeto de estudos e polêmicas. Com base nelas foram fundados sindicatos e organizações, feitas revoluções e erigidos Estados
São mais de 2500 páginas escritas ao longo de 15 anos. Marx conseguiu
escrever na íntegra apenas o primeiro volume. Os outros dois tomos
foram concluídos após sua morte graças a fragmentos, bilhetes e
anotações deixadas ao amigo Friedrich Engels.
A obra desvendou as engrenagens do capitalismo. Muitos consideram-na o
marco do pensamento socialista marxista. Nela são expostos conceitos
econômicos complexos, como a mais-valia, capital constante e capital
variável. Há ainda a análise sobre salário, força de trabalho, teoria da
alienação, acumulação primitiva, ou seja, todos os aspectos do modo de
produção capitalista, inclusive uma crítica sobre a teoria do
valor-trabalho de Adam Smith e outras teorias dos economistas clássicos.
Preocupa-se amplamente com a questão da circulação do dinheiro, dos
valores de troca e de usufruto, das taxas de lucro e forças de
produtividade. Ele falava de “engolir de todos os povos pela rede do
mercado mundial” e da necessidade de eliminar as relações que escravizam
as pessoas.
O ideólogo da classe operária nunca vira uma fábrica por dentro. Para
a sua obra de três volumes, pesquisou exaustivamente na biblioteca do
Museu Britânico, em Londres. Lá, segundo suas próprias palavras,
“juntou-se enorme quantidade de material” sobre o tema.
Marx levou tempo até chegar à sua obra máxima. Cada vez mais
preocupado com os problemas econômicos, publica Miséria da Filosofia, em
1847, em resposta ao livro do autor anarquista Proudhon A Filosofia da
Miséria. Já demonstrava preocupação em erigir a economia política como
ciência.
Em 1859 publicou Contribuição para a Crítica da Economia Política,
que já continha dois capítulos: A mercadoria e A moeda, retomados em O
Capital. Os seus textos eram escritos em cadernos de rascunho conhecidos
como Grundrisse. A pequena Formações Econômicas Pré-capitalistas é uma
das obras derivadas desse volumoso trabalho que se desdobraria nos
Livros 1 a 3 de O Capital e no Livro 4, em que comenta teorias de outros
autores.
Entre as várias opções de caminhos para expor suas ideias, Marx
pensou publicar antes o Livro 4 e em unir o conteúdo do Livro 4 ao Livro
1. Decidiu, por fim, expor toda sua teoria primeiro para depois mostrar
a de outros autores. Em O Capital, construiu um gigantesco complexo
filosófico com os seus conhecimentos de Ciências Econômicas, História e
Sociologia, mesclados com os frutos de sua atuação política. Suas
conclusões foram apoiadas por numerosas notas de rodapé e citações de
referência.
A ideia central era a convicção da derrocada da sociedade
capitalista, à qual se seguiria a vitória do socialismo e depois do
comunismo, libertando a classe trabalhadora da exploração dos
capitalistas.
Com a publicação de O Capital, conquistou reconhecimento universal e,
ao lado de Engels, foi elevado à categoria de herói do socialismo
científico, para muitos um dogma irrefutável.
A bíblia do proletariado nunca se tornou realmente popular. É de
leitura difícil. Críticos neo-marxistas consideram-na superada pelos
acontecimentos reais e pela evolução da economia em âmbito global. Esses
críticos acreditam que o desenvolvimento transcorreu, sob muitos
aspectos, de forma diferente da que Marx esperava. Comparam a realidade
de hoje com as teorias de Marx e sua validade em relação ao
desenvolvimento real. Acreditam que exatamente assim é que se mantêm
fieis ao espírito crítico de Karl Marx.
Opera Mundi
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