Bogotá, (Prensa Latina) O máximo chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Rodrigo Londoño Echeverry, codinome Timoleón Jiménez, anunciou que se o Exército, a polícia e os paramilitares saírem do Cauca, a guerrilha sairá também. Se na Colômbia acabam as operações militares, os bombardeios e assassinatos, as emigrações forçadas de deslocados, o despojo da terra, os crimes contra o povo e a impunidade, não fará sentido a existência da guerrilha, assegura.
Assim o expressa em um comunicado dirigido à Associação de Cabidos Indígenas do Cauca, datado 20 de julho nas montanhas dessa região do sudoeste do país e publicado na página das FARC-EP.
Nós achamos que o Exército deve sair não só das comunidades indígenas, senão de todo o campo colombiano, declara.
A missão natural é guarnecer as fronteiras em defesa da soberania nacional, expõe, mas as classes dominantes converteram o Exército em uma máquina a serviço de poderosos interesses estrangeiros, dirigida diretamente por generais estadunidenses.
Em resposta às demandas das comunidades autôctonas que exigem às FARC não usar as armas, pondo em risco a população civil, Jiménez explica:
"Nós somos uma população civil à qual a violência estatal e paramilitar obrigou a se levantar. Jamais poderíamos nutrir a ideia de afetar gente inocente", declara. "Nisso compartilhamos completamente e temos plena disposição para evitar que aconteça. Mas o que fazer com as forças terroristas de ocupação?", pergunta.
"As FARC, argumenta, não estão integradas por soldados assalariados nem recrutas, mas sim por gente singela do povo da Colômbia; camponeses, indígenas, negros e mestiços que decidimos enfrentar a agressão com as armas".
O problema de vocês, agrega, não pode ser examinado só a partir do aspecto da presença do exército ou da guerrilha em certas regiões, "porque como diz (presidente Juan Manuel) Santos, o Exército jamais vai abandonar suas bases".
Ao invés, sua presença encarna, explica Jiménez, um modelo de dominação nacional, continental, de aspirações mundiais.
O que há de fazer é derrotar esse modelo, e para isso começar pela mudança de regime, manifesta. É nossa luta e a de milhões de colombianos. O assunto agora é unir forças, não separar, ressalta o líder guerrilheiro.
Depois de expressar que as FARC-EP sentem um sincero respeito pela oposição dos indígenas ao uso da violência como mecanismo de luta, afirma que "em uma humanidade civilizada, alheia aos interesses de classe, seguramente tal pretensão seria generalizada".
Mas não é menos verdadeiro, acrescenta, que as realidades da Colômbia, governada secularmente por uma casta violenta e agressora, terminaram por produzir a resposta digna dos de abaixo.
Essa também é uma forma respeitável de luta, que não pode ser condenada logo no começo sem apagar de supetão a história e chegar aos limites da utopia, explica o texto.
Compartilhamos completamente todas as aspirações das comunidades indígenas e, de fato, as estamos apoiando e com isso arriscando nossa própria vida, mas a força dos fatos históricos demonstra também que os indígenas não são as únicas comunidades violentadas e perseguidas na Colômbia, propõe.
Em todo o país cresce um barulhento clamor pela paz, por uma saída política do confronto. Essa tem sido entre todas, a mais velha de nossas bandeiras, afirma o chefe guerilheiro.
É o regime, reflexiona, que jamais se prestou a acabar com sua preferência pela violência e abrir um diálogo.
Vocês, que sofrem mais que nunca com o estilo característico de responder na Colômbia às aspirações de paz, são bem-vindos a trabalhar por ela, sublinha.
Foto: Rodrigo Londoño Echeverry, codinome Timoleón Jiménez
Fonte: Pravda.ru
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