Novas informações questionam tanto a versão oficial do governo de Assad quanto à da oposição
Observador da ONU realiza investigação em Tremseh neste domingo (15/07)
A equipe de observadores das Nações Unidas voltou à Tremseh neste domingo (15/07) para continuar as investigações iniciadas ontem e desvendar o mistério sobre a violência que atingiu o vilarejo sírio na última quinta-feira (12/07).
Enquanto ativistas da oposição e moradores da região indicam a ocorrência de um massacre perpetrado pelo Exército e paramilitares de Bashar al Assad, observadores das Nações Unidas relataram ter encontrado indícios neste sábado (14/07) de um conflito assimétrico entre as forças do regime e guerrilheiros locais em Tremseh.
Logo após sua investigação na cidade síria, a equipe da organização internacional disse acreditar que forças de Assad investiram contra grupos e edifícios específicos de opositores na última quinta-feira.
Mesmo tendo visitado Tremseh, apenas neste sábado (14/07), o grupo encontrou um cenário devastador e diversos indícios sobre o que de fato teria acontecido no pequeno vilarejo. “Havia poças e respingos de sangue em cômodos de várias casas”, contou Sausan Ghosheh, a porta-voz dos observadores em Damasco, de acordo com o jornal The Guardian. Casas e escolas também foram destruídas.
Segundo Ghosheh, existem fortes evidências de que as forças do regime utilizaram armas pesadas, como artilharia e morteiros, e helicópteros contra opositores do regime munidos de armas leves. O número de mortos com o confronto não foi esclarecido pela equipe que deve voltar neste domingo (15/07) ao local para investigar as vítimas e conversar com moradores.
O governo sírio criticou a atuação da ONU neste domingo (14/07) e reafirmou a versão oficial de que não houve um massacre na última quinta, mas uma operação militar contra terroristas. “As forças do regime não utilizaram aviões ou helicópteros nem tanques e artilharia”, declarou Jihad Makdisse, porta-voz do Ministério Exterior, neste domingo (14/07).
“Ontem nós recebemos uma carta do senhor Kofi Annan sobre o ocorrido em Tremseh. O mínimo que pode ser dito sobre esta carta é que ela não se baseia em fatos”, acrescentou ele segundo o The Guardian. Para corroborar suas afirmações, o governo divulgou neste domingo (14/07) por meio da Sana, sua agência de notícias, as confissões de dois supostos opositores do regime que reconheceram a sua participação nos “assassinatos e atos de terrorismo” em Tremseh no último dia 12.
Relatos de moradores do vilarejo e de jornalistas que visitaram o local acrescentam novas informações e mais mistério à violência.
Em reportagem do The Observer, um residente de Tremseh confirmou as informações da ONU de que foram atacados por artilharia pesada do governo, outros negaram a presença de forças da oposição e uma testemunha disse que os rebeldes se juntaram ao conflito depois de seu início. “Eles atiraram em muitos civis na cabeça e queimaram seus corpos. Eles algemaram os civis e, em seguida, deram um tiro na cabeça deles. Eles queimaram lojas e casas com famílias dentro”, contou um morador. “Depois disso, membros do Exército Livre da Síria tentaram entrar dentro do vilarejo para ajudar de enterrar os mártires e cuidando dos feridos, mas não conseguiram”.
Agência Efe
Pessoas observam os danos causados pela violência do último dia 12 em Tremseh neste domingo (15/07)
O jornalista alemão Sander von Hoorn, que visitou Tremseh neste sábado (14/07), escreveu em seu twitter não acreditar que houve um massacre no local, apesar do alto número de mortes. “Difícil de confirmar a versão da oposição do que aconteceu, mas a versão do governo também pode ser descartada”, escreveu neste domingo (15/07).
Apesar de não existir consenso em relação ao número de pessoas mortas na última quinta-feira (12/07), observadores da ONU, representantes da oposição, moradores e o Observatório de Direitos Humanos na Síria concordam que a grande maioria das vítimas de Tremseh eram homens jovens. Esta informação indica que o que pode ter acontecido no vilarejo foi um enfrentamento entre forças de Assad contra membros da oposição armada, ativistas e locais que tentavam proteger sua terra, informou o jornal Washington Post.
Opera Mundi
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